História da Música VI CMU 244 Módulo V Realismo romântico Liszt Prof. Diósnio Machado Neto

Anos de formação Inicia carreira como solista aos 9 anos Aos 11, conhece Beethoven. Estuda em Viena com Czerny e Salieri É recusado no Conservatório de Paris por ter descendência húngara. Durante muitos anos excursiona pela Europa, como concertista Além dos principais centros, esteve na Espanha, Rússia e Turquia.

Estilo do primeiro período (1826-39) Os 12 Estudos Transcendentais para piano (3 versões – 1826; 39 e 52) Os Estudos foram dedicados a Czerny São comparáveis aos Etudes de Chopin e aos Caprices de Paganini Caracterizam-se pelo grande virtuosidade técnica No entanto, alguns tem um estilo mais sutil, poético, por ex., "Harmonies du soir“ Vários são inspirados em temas literários ou pinturas Mazzepa (que mais tarde foi transformado em poema sinfônico, para orquestra) foi baseado em poemas de Byron e Hugo que contavam a história de um líder cossaco. Existe a presença embrionária do “tema em transformação”, que viria ser a principal concepção formal de Liszt O tema principal se repete freqüentemente, mas sempre algo transformado seguindo, muitas vezes, um enredo. Influência de Berlioz (Sinfonia Fantástica) Prenúncio de um estilo inovador Harmonia cromática que antecipa Franck e especialmente Wagner Predileção por encadeamentos de 7ª diminuta Algumas passagens evocam a sonoridade que será desenvolvida por Debussy Texturas rítmicas que antecipam a música do século XX Annees de Pelerinage (“Anos de Perigrinação") Livro I (Suíça) , II (Itália) compostos em 1838; Livro III composto após 1869. Algumas peças incorporam harmonia modal, cromatismo livre e dissonâncias sem resolução Existem também sugestões de escalas de tons inteiros, que, seriam referenciadas na música húngara. Livro II conclui com a Sonata Dante Atualmente uma "Fantasia quasi sonata" baseado em um poema de Hugo "Apres une lecture de Dante" Outras obras para piano Grand Galop Chromatique Estilo de música de circo que contém grandes surpresas dissonantes Valsa Mephisto Experimentos com harmonias de quintas (acordes construídos em quintas, no lugar das terceiras).

Segundo Período (1839-47) Período marcado por extensas viagens Poucas composições, mas uma intensa atividade de transcrição de outros compositores (Schubert, Beethoven e outros) para usar em seus concertos. O principal trabalho é a séria das Rapsódias Húngaras Mostra a influência do estilo de improvisação dos músicos ciganos A forma, no entanto, Liszt herda de Schubert Rosen afirma que as Rapsódias representam o “lado menos respeitável”. Eram peças de exibição, sem preocupação com as inovações harmônicas ou temáticas

Terceiro período (1848-61) – A República de Weimar Aceita o cargo de diretor artístico e regente do teatro de Weinar Organiza e dirige óperas e concertos Intensa produção de música e idéias. Obras para Piano Várias obras para piano são influenciadas por Chopin (por ex. Polonaises e Balladas). Sonata em Si menor (1853) Liszt transporta um tema do primeiro movimento aos demais. Um tema é tocado em duas maneiras diferentes; transformação dramática do caráter. Técnica diferente de Beethoven - a energia geradora do material é revelada e explorada. Na sonata de Liszt, ao contrário de Beethoven que põem o material temático à serviço da estrutura formal, "os temas são transformados menos em respostas às demandas da forma harmônica do que ao modo de como o cenário dramático segue, requerendo contrastes dramáticos de estilo". Três trabalhos para piano e orquestra Concerto em Mib maior Peça escrita em quatro movimentos com relações cíclicas e tema em transformação Concerto em La maior Em um mov. emprega dois temas contrastantes, sendo que aplica a transformação temática no primeiro Conhecido pelas progressões cromáticas, assim como pelo lirismo e profundo sentimentalismo. Totentanz Livre variações sobre o canto “Dies Irae” Lieder Obras pouco executadas, não possuem a sofisticação das composições de Schubert e Schumann O acompanhamento de piano é, por vezes, inusitavelmente dominante Algumas concepções harmônicas antecipam os usos que vigorariam no final do século XIX.

Poemas Sinfônicos Muitos são inspirados em literatura ou arte Em Weimar surgem os Poemas Sinfônicos de Liszt e o Drama Lírico de Wagner, que materializam os ideais da música do futuro – manifesto lançado por Liszt e Wagner Os poemas sinfônicos caracterizavam-se por ser escrita para grande orquestra, maior do que as aberturas, mas não é multipartita como as sinfonias (um movimento) Derivam das aberturas de concerto de Beethoven (Leonora, Coriolano, etc) e Mendelshoon (As grutas de fingals) e das sinfonias programáticas de Berlioz (Sinfonia Fantástica) e Sphor Um movimento contínuo, porém com diferentes seções que podem contrastar em tempo e caráter Geralmente baseadas em um ou dois temas que são repetidos ou transformados Muitos são inspirados em literatura ou arte A Batalha dos Unos (pintura) Mazeppa e Les Preludes (poemas) Hamelt (drama) Orpheus (mitologia) O próprio Liszt dizia que o programa indica, serve de preparação das idéias e sentimentos que será personificado pelo músico na obra. A obra movimenta uma percepção, um estado da alma incutido por um programa. O programa não pretende substituir a música pura pela pictórica, "nem eliminar uma arte interior, subjetiva e sintética para implantar outra arte exterior, objetiva e analítica“ Os Poemas 12 poemas foram escritos entre 1848-58, o último em 1882 Ampliação da capacidade sonora e colorística da orquestra beethoviniana. Sinfonias Sinfonia Fausto é o principal sucesso da música orquestral de Liszt. Os temas principais são tratados no princípio da transformação temática. Baseado na técnica desenvolvida por Berlioz na sua Sinfonia Fantástica Os movimentos são baseados nos personagens do livro I – Fausto II – Gretchen (Margarida) III "Mephistopheles" O movimento "Mephistopheles" é dominado por uma grotesca transformação do tema do Fausto O tema de "Gretchen" aparece inalterado IV (agregado posteriormente): Coral baseado no tema de Gretchen

Cristão diletante Oratórios Obras para órgão Os quartos e quintos períodos (1861-81) são marcados por um profundo catolicismo Parte de Weimar para Roma Dedicação à música religiosa Missas Esztergom Mass (1855) Missa choralis Usa poucos recursos (coro e órgão) e evita qualquer dramaticidade Oratórios Oratório de Sta. Elisabeth (1866) Operístico Christus Oratorio Mais constrito Obras para órgão Inclui temas das fantasias e cantatas de Bach Em sua Fantasia e Fuga retira a melodia do coral da grande ópera “"La Prophete“ de Meyerbeer Quinto período Se torna um respeitado professor e um elo vivo com o passado, no entanto sua obra já não é mais apreciada Principais obras Cantata Via Crucis Uso combinado de modalidade, cromatismo e escalas de tons inteiros Livro III Annees de Pelerinage Notável trabalho com dissonâncias, livre cromatismo e modalidade (incluindo o uso da tríade aumentada) Uso de quintas paralelas, 5ª diminutas, e escalas de tons inteiros que podem ser associadas à música impressionista Efeitos “pré-impressionista” encontra-se na obra "Les Jeux d'Eau a la Villa d'Este"

A influência de Liszt nas futuras gerações Um músico progressista Amplia consideravelmente as fronteiras da linguagem musical Cromatismo livre e uso de modos são algumas das contribuições para a ramática musical O desenvolvimento do tema em transformação Influência em muitos compositores do final do século XIX e começo do XX O estilo “diabólico” (Valsa Mephisto) influenciou Mahler, Prokofiev e Stravinsky O estilo “pré-impressionista” sugerido no uso de modos afeta um grande número de compositores, de Debussy a MacDowell O enfraquecimento da direção tonal é um importante legado para as futuras gerações O cromatismo livre, a dissonância não resolvida, que muitas vezes sugere um “atonalismo” influencia Schoemberg, Bartok e outros.