A usabilidade das urnas eletrônicas brasileiras

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Projeto Qualified Curriculum
Advertisements

Orientandos Christiano Lima Santos Frederico Santos do Vale Orientador
EVOLUÇÃO SOCIAL Todo grupo necessita de um líder. Nos primórdios, o mais forte comandava. A evolução social foi gerando formas mais complexas.
Gerência Executiva dos Sistemas Computacionais da Advocacia da União/GESICAU 1 SICAU – Sistema Integrado de Controle das Ações da União Funcionalidades.
Metodologia de testes Nome: Gustavo G. Quintão
INTRODUÇÃO  O cartão de CPF é o documento que identifica o contribuinte pessoa física perante a Secretaria da Receita Federal (SRF). O CPF armazena as.
Versão Premium Janeiro de 2003
UNIJUÍ- UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL CURSO DE HISTÓRIA TEORIA DO ESTADO CONTEMPORÂNEO PROFESSOR: DEJALMA CREMONESE.
A longa luta pelo direito do voto
TÍTULO ELEITORAL.
Os Critérios Ergonômicos para Interfaces Humano-Computador
Walter de Abreu Cybis Novembro, 2003
Para cada criança Saúde, Educação, Igualdade, Proteção FAZENDO A HUMANIDADE AVANÇAR.
Apresentação do Órgão A Justiça Eleitoral Brasileira administra a maior eleição informatizada do mundo; Números: 27 TRE; Zonas Eleitorais;
AUDIÊNCIA PÚBLICA TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MATO GROSSO
AUDIÊNCIA PÚBLICA TRE-MT TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MATO GROSSO
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE
TIPOS DE TESTES APLICÁVEIS E NÃO APLICÁVEIS AO PROJETO
Software Acessível Introdução O objetivo deste trabalho é fornecer noções básicas sobre os principais sistemas de acessibilidade de deficientes visuais.
MANUAL CAF – CONTROLE ACADÊMICO FINANCEIRO
Sistema de Eleições Desenvolvimento próprio: Departamento de Tecnologia da Informação Desenvolvedor: João Antonio da Cruz Júnior Implantado em 03/2009.
Engenharia de Usabilidade
Seminário de Engenharia de Usabilidade
Planejamento e Execução da Auditoria
Estudo de Caso: Técnicas de Teste como parte do Ciclo de Desenvolvimento de Software Aline Pacheco Patric Ribeiro Diego Kreutz.
Diagrama de Casos de Uso (Use Case)
COMISSÃO ELEITORAL FEDERAL - CEF Quem é o eleitor? O ELEITOR É o profissional registrado e em dia com as obrigações perante o Sistema Confea/Crea.
Eleições 2012 Biometria e Urna Eletrônica
Extranet GRD – Guia de Remessa de Documentos
Engenharia de Usabilidade
(Classificação de cartões)
Saúde Mental População Outubro/ 2007.
Tecnologia Assistiva para Pessoas com Dificuldades Visuais
DIREITO ELEITORAL.
De que lado você pretende estar?? 1 PRIMEIRO VÍDEO: “Mãe Gentil” Alguma dúvida?? Pergunte!!
Sistema eleitoral brasileiro e a urna eletrônica
Um projeto do Movimento Paraná Sem Corrupção
Lilian l. bonfim costa e tatiane b. da silva
Documentação de Software
SISTEMAS ELEITORAIS E REFORMA POLÍTICA
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE RONDÔNIA INDIFERENÇA!!!
Título de Eleitor.
Observação Eleitoral Internacional Jacques Drouin 8 de setembro de 2011.
Voto Facultativo x Voto Obrigatório
Algoritmos e Estrutura de Dados I
Mais uma vez, o mundo se curva e o Brasil toma a dianteira na
PACTO PELA JUVENTUDE:. O QUE É O PACTO PELA JUVENTUDE?  O Pacto pela Juventude é uma proposição do Conselho Nacional de Juventude aos governos (federal,
TÍTULO DE ELEITOR ANA PAULA CÁSSIA JULIANA JOCELEI JYLLIANE RAQUEL.
Cada questão vale 6,1 pontos,
O que é? É o processo de investigação técnica com intuito de identificar a qualidade, a segurança e a exatidão do software desenvolvido. A validação do.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE AULA 5
1 Clovis Torres Fernandes Análise da Segurança e Integridade da Urna Eletrônica Brasileira O Caso de Alagoas-2006 Clovis Torres Fernandes Marcos Carvalho.
Prof. Ricardo Justo.
DIREITO ELEITORAL.
informacao/o-que-e-e-como-fazer-uma-avaliacao-heuristica.
Título da apresentação Nome do palestrante Cargo e/ou setor e/ou janeiro/2010 RS Móvel Alessandra Nunes Portal de Serviços.
Tarefa 5 Análise PAM Diagrama de Ontologias IC/Unicamp MO622 Luciana, Marcelo e Martha Novembro de 2007.
Apresentação do Protótipo Telecentro de Serviços ao Cidadão Grupo LMM – Luciana, Marcelo, Martha Novembro de 2007.
Iniciar o sistema de votação Mesário e Urna
Educação e Mídias na Educação Matemática
Urna electrônica Grupo GERBRACOL. Urna eletrônica Problemas/Críticas  Diferença entre voto branco e nulo  Voto nulo só através de voto inválido  Voto.
NOÇÕES DE TESTE DE HIPÓTESES (I) Teste de hipóteses para a proporção populacional.
Análise e Redesign da Urna Eletrônica Breno Piva Ribeiro Dineide Dario Joana Gonzales Grupo: “Los Amautas”
Programa Eleições Informatizadas 2010 Giuseppe Dutra Janino Secretário de Tecnologia da Informação Agosto/2010.
Novo Cadastro Pessoa Física Nota Fiscal Paulista.
TESTES DE SOFTWARE – AULA 1 Prof. Me. Ronnison Reges Vidal
Instituições Políticas Brasileiras Prof. Octavio Amorim Neto EPGE/FGV-RJ.
1 APROVAÇÃO DA URNA ELETRÔNICA VALORES EXPRESSOS EM % BASE AMOSTRA: – Aprova – 97% Desaprova – 3%
Checklist para Avaliação de Usabilidade de Interfaces para Portadores de Visão Sub-normal - Ciências Exatas e da Terra Vera R. Niedersberg Schuhmacher,
Segurança da informação no processo eletrônico de votação e apuração Daniel Wobeto Secretário de Tecnologia da Informação
Transcrição da apresentação:

A usabilidade das urnas eletrônicas brasileiras Estudo de Caso A usabilidade das urnas eletrônicas brasileiras Alexander Guimarães Bruno Serra Geovani Morais Kleider Torres

Histórico A urna eletrônica começou a ser implantada no ano de 1996 em 57 municípios brasileiros. Em Santa Catarina ocorreram eleições informatizadas nos municípios de Florianópolis, Joinville e Brusque (homenageado pelo pionerismo em votações eletrônicas). Naquele ano, um total de 32.488.153 eleitores votaram em urnas eletrônicas, sendo 1.390.313 eleitores de Santa Catarina.

Histórico Nas eleições de 1998, 61.111.922 eleitores já votaram pelo sistema eletrônico em 537 municípios, por meio de 166.937 urnas eletrônicas. Em Santa Catarina, 13 municípios foram alcançados pelo voto eletrônico, utilizando-se naquele ano 4.462 urnas eletrônicas.

Histórico Já no ano 2000, 100% do eleitorado brasileiro utilizou-se da urna eletrônica para a votação, totalizando 353.737 equipamentos no Brasil e 14.342 urnas eletrônicas em nosso Estado.

Histórico Para as eleições de 2002, a Justiça Eleitoral Brasileira contou com 406.746 urnas eletrônicas. Nessa eleição, foi testado o sistema de voto impresso em todo o Distrito Federal, no estado de Sergipe e em municípios distribuídos pelo país, num total de 149 municípios mais o DF, abrangendo 7.128.233 eleitores, o que correspondia à 6,18% do eleitorado brasileiro.

Histórico Nas eleições municipais de 2004, o quantitativo de urnas no Brasil aumentou para aproximadamente 482 mil e Santa Catarina recebeu 1.186 urnas modelo 2004, totalizando 16.838. Destas, 15.114 foram preparadas e remetidas aos cartórios eleitorais para atender a 3.996.828 eleitores distribuídos em 13.602 seções.

Questões a serem abordadas Qual a população-alvo da urna eletrônica? Modelo antigo das eleições brasileiras. A interface / Modelo atual. A usabilidade.

População-alvo É evidente que, no caso da urna eletrônica, a diversidade de categorias de usuários é muito forte. O perfil de sua população-alvo distancia-se das categorias clássicas de iniciantes-experts empregadas normalmente em ergonomia de IHC. A interface da urna deve ser de fácil acesso a qualquer pessoa que tenha o direito do voto, independente de classe social, cultural ou intelectual.

Modelo de eleição antigo Escrevia-se nas cédulas os nomes ou números de candidatos, e às vezes até desenhos de símbolos de campanhas ou partidos eram considerados válidos. Nas eleições majoritárias, bastava fazer uma cruzinha na frente do nome do candidato.

Funcionalidades esperadas da interface A interface da urna deve fornecer os seguintes recursos: - Seleção de candidato ou legenda. - Correção de erro. - Opção de voto nulo e branco.

Interface atual A interface atual da urna é constituida por quatro partes: - Tela monocromática de fundo branco. - Teclados com teclas com relevo em braile. - Impressora. - Microterminal com monitor de cristal líquido e teclado.

Interface atual Seleção é feita por digitação de número. Correção é feita por tecla. Voto branco é feito por tecla. Voto nulo é feito pela confirmação de uma entrada inválida.

Usabilidade A interface com o usuário/eleitor da urna eletrônica, apresentava problemas ergonômicos evidentes relacionadas principalmente à condução, ao feedback, ao caracter explícito de controle, à proteção contra os erros e ao significado das denominações.

Usabilidade Problemas com o seleção do candidato. - Digitação do número do canditado restringe o voto dos analfabetos e cegos (apenas 15% praticam o braile). - Feedback da seleção dos candidatos não atende pessoas com problemas visuais (tela monocromática com fundo branco e fontes pretas). - O feedback sonoro só ocorre após a confirmação do voto. - Carga mnésica

Usabilidade Problemas com a correção. - Após digitar todos os números a confirmação é requerida, o que causa confusão nos eleitores quanto a possibilidade de correção. - A correção apaga todo o campo, impossibilita a correção de apenas um número. - Se o voto for confirmado de maneira inadequada não há possibilidade cancelar o voto.

Usabilidade Voto branco e nulo. - O voto branco possui uma tecla separada, porém cai no mesmo problema das teclas em braile para usuários cegos. - O voto nulo é desencorajado, é necessário confirmar uma entrada inválida para anular o voto.

Análise Empírica Erros observados [Lima S., et al 2003]: - Os sujeitos navegam com o olhar fixo no teclado, não na interface como se esperava. - Os sujeitos sentiram estranheza na tela de Senador. A poluição visual e a inconsistência desta dela pode gerar um problema de usabilidade. - Ao final da votação, alguns sujeitos focaram o olhar na impressora e por vezes esqueceram de confirmar pela segunda vez a votação.

Análise emprírica A poluição visual gerada pela tela de senador foi corroborada por documento da Justiça Eleitoral de Santa Catarina onde demonstra que a votação para senador obteve disparidades em relação aos dados dos outros cargos.

Soluções propostas Projetar uma versão com verbalização da digitação, juntamente com fones de ouvido (manter sigilo). Inversão do contraste da tela. Possibilitação de zoom na tela.

Conclusão Os erros de projeto identificados na inspeção ergonômica e dificuldades observadas nos ensaios de interação, com uma amostra de eleitores idosos e deficientes visuais, demonstram serem pequenas, as possibilidades desses cidadãos expressarem corretamente suas intenções de voto.

Referências Cybis W., Michel G., A interferência das novas tecnologias e os perigos de sua generalização: uma avaliação ergonoômica do voto eletrônico no Brasil, UFSC. Lima S., Ergonomia Cognitiva e a Interação Pessoa-Computador: Análise da usabilidade da urna eletrônica 2002 e do módulo impressor externo.