A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais

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Transcrição da apresentação:

A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais Max Weber

O fenômeno científico, a intencionalidade da ciência, não pode prescindir da orientação cultural. Inicialmente em seu texto Weber apresenta alguns apontamentos acerca da economia. Isso ocorreu para que ele delimitasse o objeto que delimitaria a revista.

A objetividade nas ciências sociais Para Weber a história não está encadeada com um certo sentido, uma certa lógica. O desenvolvimento da sociedade é caótico, não tendo sentido em si mesmo. Quem imputa sentido a essa sucessão de eventos é o sujeito cognoscente.

O trabalho do cientista é atribuir sentido ao que não possui sentido em si mesmo, sendo que o objeto é uma construção da razão científica. As conexões objetivas são conexões conceituais que são uma construção que não está presente no mundo. No entanto, não se constituem numa construção arbitrária.

É necessário analisar uma constelação de fatores, uma configuração de eventos para se obter uma explicação, portanto, Weber é completamente contra explicações mono-causais. Citar página 88.

O sujeito cognoscente quando se põe em atitude reflexiva de busca, de apreensão de um objeto cognoscível vê-se diante da invasão da realidade infinita; a diversidade de variáveis e fenômenos diante da intencionalidade do sujeito que busca conhecer a singularidade do objeto cognoscível.

Como escolher o que é digno de ser conhecido? Como selecionar o objeto? O que é “digno de ser conhecido” é determinado pelas idéias de valor que determinam, orientam, a seleção do objeto.

Os dois momentos do conhecimento Para Weber o conhecimento tem dois momentos distintos: o primeiro privilegia a objetividade e o segundo a subjetividade. 1) o primeiro é a escolha, a seleção que é feita em relação à valores e em função desses valores são atribuídos significados constituindo o momento da “arbitrariedade” subjetiva. Esse momento não deve ser entendido como uma escolha aleatória. É um momento no qual o que é “digno de ser

escolhido” baseia-se no conceito de valor, que são valores culturais, espirituais e o conhecimento histórico das leis gerais. Para que se dê a escolha o cientista tem que possuir uma imaginação metodicamente educada. Esta é alimentada pelo seu conhecimento pessoal e histórico das leis gerais para que essas funcionem como meio e não com fim. (Citar página 96)

“O conhecimento científico-cultural tal como o entendemos encontra-se preso, portanto, a premissas ´subjetivas’ pelo fato de apenas se ocupar daqueles elementos da realidade que apresentem alguma relação, por muito indireta que seja, com os acontecimentos a que conferimos uma significação cultural.” (WEBER, 1996, p. 98)

2) O segundo momento que Weber privilegia é a “objetividade” nas ciências sociais. Este é o momento central: o estudo da objetividade. Uma vez consentido o seleção a ser seguida através das idéias de valor faz-se a análise objetiva através da metodologia e da construção do tipo-ideal. E em que consiste o tipo-ideal?

O tipo ideal é uma construção utópica que realça alguns aspectos unilateralmente de acordo com a ação racional, no interior do tipo as conexões causais são estabelecidas, não podendo haver em seu interior, na sua construção, nenhuma contradição. São utópicos na medida em que são usados para comparar a realidade empírica, servindo como instrumento quase que de medição.

Portanto, o tipo-ideal não constitui uma exposição da realidade e sim um meio para compreendê-la. Nesse sentido, o tipo ideal é um conceito limite, uma idéia-limite, que estabelece fronteiras dos fenômenos, delimitando-os e os individualizando. Assim, no método e na construção do tipo ideal, o cientista tem que ser isento da subjetividade. no qual o que é “digno de ser

Outro atributo do tipo ideal é que se “trata de pensamento e não de realidade histórica, e muito menos de realidade autêntica, e não serve de esquema no qual se pudesse incluir a realidade à maneira exemplar. Tem antes um significado de um conceito limite puramente ideal, em relação ao qual se mede a realidade a fim de esclarecer o conteúdo empírico de alguns elementos importantes, e com o qual está é comparada.” (WEBER, 1996, p. 109)

A “objetividade do conhecimento no campo das ciências sociais depende antes do fato de o empiricamente dado estar constantemente orientado por idéias de valor que são as únicas a conferir-lhe valor de conhecimento, e ainda que a significação dessa objetividade apenas se compreenda a partir de tais idéias de valor, não se trata de converter isso em pedestal de uma prova empiricamente impossível da sua validade.” (WEBER, 1996, p. 126)

Não há para Weber um conhecimento definitivo. O conhecimento deve ser sempre superado, sendo os conceitos provisórios. A ciência avança através da superação dos conceitos e conhecimentos vigentes.