IDADE MÉDIA – PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA CRISTANDADE

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Transcrição da apresentação:

IDADE MÉDIA – PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA CRISTANDADE IGREJA E PODER IDADE MÉDIA – PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA CRISTANDADE

HERESIA Heresias, na sua origem, eram divergências que se estabeleceram no próprio seio do Cristianismo por oposição a um pensamento eclesiástico que tivera sucesso em se fazer considerar “ortodoxo”. A palavra “Ortodoxia”, neste caso, estará em referência à ideia de um “caminho reto” associado a um pensamento fundador original, no caso do Cristianismo a um pretenso pensamento que derivaria do Cristo e de seus apóstolos, bem como dos textos bíblicos naquelas de suas interpretações que se queriam considerar as únicas corretas.

Intenção de classificar pensamentos heréticos que se desviam da “ortodoxia”, isto é, do pensamento que pretensamente descenderia em linha reta do pensamento de Cristo ou dos primeiros Padres da Igreja conforme as autoridades eclesiásticas dominantes.

Para Inácio de Antioquia, morto em Roma no início do século II – e também para Ireneu de Lyon (130-202), cuja principal obra foi um tratado Contra as Heresias – a palavra “heresia” refere-se aos “falsos profetas, falsos mestres que introduzem no seio da comunidade doutrinas danosas, dúbias ou que não se compaginam com a doutrina dos apóstolos” (INÁCIO DE ANTIÓQUIA, Ad Trallianos 6,1; IRINEU DE LYON, Adv. Haer, III, 12, 11-13). O herético é, portanto, não apenas aquele que está no erro, mas também aquele que induz ao erro.

Isidoro de Sevilha- séc Isidoro de Sevilha- séc. VII – distingue claramente a ideia de heresia do posicionamento pagão ao afirmar, em Etimologias, que o herético é não apenas aquele que se encontra no erro, mas que nele se obstina. Ou seja, o herético é o desviante que conhece a fé cristã, e fala de seu interior – e não o pagão que ainda não foi cristianizado – e que, uma vez alertado ou desautorizado pela Igreja em seu desvio em relação à verdadeira fé, insiste no erro.

Depois de um período em que não ocupou mais uma centralidade no pensamento religioso, a noção de “heresia” tendeu a se referir em meados do século XII principalmente a um desvio ou rompimento em relação à Igreja enquanto Instituição concretamente estabelecida, ao seu projeto universal, à sua legitimidade como único guia da religiosidade na cristandade ocidental. PREGAÇÕES NÃO-AUTORIZADAS (cátaros e valdenses)

A chegada de Inocêncio III (1198-1216) ao papado, em 1198, também recoloca a questão herética em nível mais complexo. Embora este papa tenha sido o principal estimulador da Cruzada anticátara, por outro lado logo teve sensibilidade para a necessidade de se fazer uma distinctio entre grupos que fossem realmente incompatíveis com o projeto de alargamento da unidade cristã e grupos que poderiam ser reabsorvidos ou incorporados na estrutura da Igreja. Inocêncio III foi talvez o primeiro a perceber muito claramente a: diferença entre os dois filões heréticos – um que trazia incontornáveis rupturas ao nível da doutrina, e outro que, via de regra, correspondia meramente a problemas disciplinares de leigos que desejavam viver uma radical vida apostólica e pregar por conta própria.

É bem interessante notar que, no contexto político-religioso que em breve se seguiria, logo seriam aproximadas por um fundo de repressão em comum – já sob a égide de uma Inquisição que passa a ser confiada em 1233 aos monges dominicanos – tanto as heresias como as persistências pagãs, particularmente aquelas que poderiam ser compreendidas como práticas de feitiçaria. O Papa Alexandre IV (1254-1261) confia aos inquisidores, além dos casos de heresia, “os casos de sortilégios e divinações com cheiro de heresia”. Da igual maneira, a Summa do Ofício da Inquisição, elaborada por Bento de Marselha em 1270, já consagra um capítulo inteiro à “forma e maneira de interrogar os augures e idólatras” (SCHMITT, 2002).

NEUTRALIDADE “Heresia é escolha. O espírito, frente a um elemento/ordem que se apresenta como intrinsecamente homogêneo, decide dissociar essa unidade objetiva para eliminar, segundo seu julgamento próprio, tais e tais elementos, dos elementos em causa.” (Marie Dominique Chenu – Anais. Ortodoxia e Heresia - o ponto de vista do teólogo, 1963).

“IGREJA E O PODER: REPRESENTAÇÕES E DISCURSOS” Francisco José Silva Gomes In:A Vida na Idade Média (org. Maria Eurydice de Barros Ribeiro/UNB) CRISTANDADE: sistema único de poder e de legitimação da Igreja e do Estado: -----Medeiam as relações com a sociedade------ = sistema de relações da Igreja e do Estado na sociedade. P.34

CARACTERIZANDO: PAX ECCLESIA - conciliação constantiniana Cristianismo – religião de Estado – o Estado assegurava à igreja a presença privilegiada na sociedade e o monopólio sobre a produção dos bens simbólicos, constituindo um aparelho de hegemonia do sistema. A Igreja assegurava ao Estado e grupos dominantes a legitimação de sua hegemonia e dominação. Hegemonia – elemento positivo de dominação - direção intelectual e moral de toda a sociedade segundo os desígnios das classes dominantes. ====direção intelectual e moral de toda sociedade

Religião com tendência a unanimidade, A Igreja legitimava seus discursos/intelectuais (clero) por uma extensa rede clerical e paroquial e, em algumas conjunturas era contestada. Religião com tendência a unanimidade, mas com caráter polivalente (heresias) *No contexto medieval, acentuou-se muito mais a situação de unanimidade e conformismo, obtida por um consenso social homogeneizador e normatizador, consenso este favorecido pela constituição progressiva de uma vasta rede paroquial e clerical. As instituições todas tendiam, pois, a apresentar um caráter sacral e oficialmente cristão.

A religião sacralizava o poder, autoridades e ordem vigente. Relações sociais materializadas, necessárias, servis (como atos voluntários, morais e religiosos) - respeitar a ordem natural garantida pela ordem divina. A igreja dos 1º séculos tentou tirar a divindade dos imperadores, deuses e do Estado = ídolos. A Igreja, no entanto, posteriormente, identificou o reino de Deus com a instituição eclesiástica / universalismo.

O Imperador passa a ter uma função vicarial, era a imagem visível do deus invisível, do senhorio de Cristo; seu poder torna-se a imagem da monarquia divina ------ propagar o reino de Deus e defendê-lo de seus inimigos, assim como manter a unidade da fé (presidir Concílios). MODALIDADES DA CRISTANDADE: a) FORMA-SE UM IMPÉRIO CRISTÃO

IMPERADOR CONSTANTINO II E A IMPERATRIZ ZOÉ/MOSAICO SANTA SOPHIA/CONSTANTINOPLA ANO 1030/BIZÂNCIO