Polineuropatias nas doenças tropicais

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
V SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA
Advertisements

Julho Programa Estadual de Prevenção e Controle das Hepatites Virais do Estado da Bahia.
SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO (STC)
Galan, Noêmi Garcia de Almeida* Bonini, Ariane Gasparotto**
Cancer Burden in the year The global picture
II SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA DO HSPE-SP
Síndrome de Guillain Barre
FISIOTERAPIA NA HANSENÍASE
Transmissão do HIV e Tratamento da Aids
Neuropatias Periféricas
Paralisia de Bell Carlos Augusto Mauro Luís Gustavo da Silva Batalini.
SITUAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DAS DOENÇAS EXANTAMÁTICAS NO ESTADO DE GOIAS
Comparação da pressão arterial, aferida por MAPA após sessão de hemodiálise, em pacientes submetidos à avaliação clínica ou bioimpedância, para determinação.
OLIVEIRA, Edio Wilson Garcia
EPIDEMIOLOGIA E RASTREAMENTO
Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus.
REFLUXO VESICOURETERAL Nefropatia do refluxo fatores prognósticos
Avaliando a tuberculose infecção e a necessidade de quimioprofilaxia
Marco A M Robles, Dangelo Ivo de Campos, José A Garbino
Diretrizes para abordagem diagnóstica das neuropatias em serviço de referência em doenças neuromusculares Dr. Werner Garcia de Souza Ambulatório de.
Obesidade Infantil em Portugal
Dimensão e características da epidemia em Portugal: o que sabemos e o que precisamos de saber Dados epidemiológicos em UDI e em reclusos Raquel Lucas Faculdade.
HANSENÍASE.
AUTOMEDICAÇÃO EM ESTUDANTES DE MEDICINA
HANSENÍASE COMPONENTES: JOSANE GOMES ITAIARA PEREIRA KELLY SHABRINA
Parceria Universidade / Empresa : Desenvolvimento de medicamento 100 % nacional para uma doença negligenciada Bartira Rossi Bergmann Forum de Inovação.
POLINEUROPATIA PERIFÉRICA
Exame Dermato- neurológico e Prevenção de complicações da Hanseníase
Neuropatia Hansênica.
2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE HANSENOLOGIA RIBEIRÃO PRETO JULHO
Eficácia da PQT 12 doses para os casos Multibacilares e Recidivas.
Tratamento das Reações : O que devemos e o que podemos fazer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Incapacidade física e participação social em pessoas acometidas pela hanseníase após alta da poliquimioterapia Igor Eli Balassiano Natalia Regina.
PLANO INTEGRADO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS de eliminação da hanseníase, filariose e oncocercose como problema de saúde pública, tracoma como causa de cegueira.
X Insuficiência terapêutica recidiva em hanseníase multibacilar
EXPERIÊNCIA DA FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE COM O TESTE NAT José Eduardo Levi
Pé Diabético:Ações da equipe multiprofissional de saúde
Hanseníase Dra. Nadia Almeida CRE Metropolitano – Curitiba PR.
NEUROPATIAS PERIFÉRICAS
VIII Simpósio Nacional De Eletromiografia - IICS - SP
IV SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA
III SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA DO HSPE-SP
Dr.SABRI LAKHDARI Especialista em Geriatria - SBGG/AMB
ENVOLVIMENTO RENAL NA INFECÇÃO PELO HIV.
Exposições Ambientais e Impacto na Saúde
 2012 Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health Joanna Cohen, PhD Diretora, Instituto para Controle Global do Tabaco Professora de prevenção a doenças,
HANSENÍASE: casos novos detectados nas sessões de matriciamento em dermatologia na estratégia de saúde da família Caroline Omram Ahmed, Gustavo Amorim,
SairPróximo Itens de Seleção Probabilidades e Combinatória Cálculo de Probabilidades. Regra de Laplace. ITENS DE SELEÇÃO DOS EXAMES NACIONAIS E TESTES.
SairPróximo Itens de Seleção Probabilidades e Combinatória Cálculo Combinatório. Problemas de Contagem. ITENS DE SELEÇÃO DOS EXAMES NACIONAIS E TESTES.
Tuberculose Mundo. SVS Mortes Causadas por Doenças Infecciosas em Adultos no Países em Desenvolvimento ( ) TB 51.4% Inf. Respiratórias 10.0%
Eletroneuromiografia - subsídios à conduta nas síndromes compressivas
Hanseníase tuberculóide (HTT)
AVALIAÇÂO DOS COMUNICANTES DE HANSENÍASE
II SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA DO HSPE-SP
Desenvolvimento de carcinoma epidermóide em sequela de Hanseniase
Manejo da Criança Exposta ao HIV
HANSENÍASE DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Projeção da população por sexo e idade: Brasil
Tuberculose e Hanseníase
Série Histórica dos coeficientes de Prevalência e de detecção de hanseníase no Brasil por Unidade Federada. (1990 – 2007) INTRODUÇÃO (cont.) Fonte:
PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE DE HANSENÍASE
Profª Karen Borges de Andrade Costa
Enio R. M. Barreto Paulo Machado
Muitas vezes nem precisamos de palavras para identificar uma situação.
AMPLITUDE DE MOVIMENTO EM CINTURA ESCAPULAR DE MULHERES TRATADAS CIRURGICAMENTE POR CÂNCER DE MAMA, SUBMETIDAS À RADIOTERAPIA Dias, Mirella*; Ramos, Daysi**
Centro de Convenções Rebuças São Paulo - SP, 28 de Abril de 2016
6º. Simpósio Brasileiro de Hansenologia Ribeirão Preto Dor neuropática auxílio da neurofisiologia Garbino, J. A. Sociedade Brasileira de Hansenologia.
Experiência de Bauru: Neuropatia Três décadas buscando entender, tratar e ensinar sobre o comprometimento neurológico da hanseníase Garbino - ILSL Secretaria.
UMA DOENÇA INFECCIOSA CRÔNICA UMA NEUROPATIA INFLAMATÓRIA SUBAGUDA
Transcrição da apresentação:

Polineuropatias nas doenças tropicais XXIV Congresso Brasileiro de Neurofisiologia Clínica e XXXIV Reunião da Liga Brasileira de Epilepsia XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROFISIOLOGIA CLINICA Mesa: NEUROPATIAS ADQUIRIDAS Polineuropatias nas doenças tropicais Garbino Rio- 2013

Doenças tropicais Mieloneuropatias tropicais: pés queimantes e paraparesia espástica em 1887 1 A designação doenças tropicais surgiu sem data fixa no século XIX com a implementação colonização dos trópicos, clima em populações paupérrimas 2 Afrânio Peixoto na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro: não existem doenças climáticas 2 Afrânio Peixoto: rival histórico de Carlos Chagas, sendo um dos responsabilizados por sua não-laureação ao Nobel Roman Gc. Tropical Myeloneuropathies. In Dyck P J, Thomas, P K. Peripheral Neuropathy. 4th ed., Elsevier, 2005 Camargo EP. Doenças tropicais. Estud. av. vol.22 no.64 São Paulo Dec. 2008

As 8 doenças tropicais “negligenciadas/neglected diseases" da OMS 1 Oito doenças que ocorrem exclusiva ou especialmente nos trópicos, em condições climáticas quentes e úmidas causadas por protozoários como a malária, as leishmaniose, a doença de Chagas e a doença do sono causadas por vermes como a esquistossomose2, a oncocercose e as filarioses linfáticas. Viral: a dengue Camargo EP. Doenças tropicais. Estud. av. vol.22 no.64 São Paulo Dec. 2008 Matas SLA. Neuroesquistossomose. Rev. Neurociências , 2001

Neuropatia da doença de Chagas crônica Chagas Disease: “The New HIV/AIDS of the Americas” 1 2 a 5 milhões de infectados, Hotez PJ et al, 2012 Presente em 36% do território brasileiro, Após fase aguda 30 a 40% evolui para cardiopatia e megas: neuropatia autonômica central Pouco frequente evolui para o nervo periférico Desnervação motora fase aguda, De Faria e cols, 1979 Neuropatia sensitivo e motora fase crônica n: 41, De Faria e cols, 1988 Achados neurofisiol pouco consistentes, n: 49, Tese de Santos EC, UFMG, BH, 2001 Biopsia de nervo: infiltrado inflamatório e perda axonal, Nascimento e cols, 1991 1. http://www.plosntd.org/article/info:doi/10.1371/journal.pntd.0001498

Outras “negligenciadas” da OMS TDR Programm for Research and Training in Tropical Diseases Bacterial infections Treponematoses (Bejel,Pinta, Bartonella Syphilis, Yaws) Bovine Tuberculosis in Humans Buruli Ulcer Fungal Infections Cholera Mycetoma Enteric pathogens Paracoccidiomycosis (Shigella, Salmonella, E. coli) Leprosy Ectoparasitic Infections Scabies Leptospirosis Myiasis Relapsing Fever Trachoma PLoS Negleted Tropical Diseases Morel CM. Doenças Tropicais. Simpósio Regional do Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Ciências, 2010

London School of Hygiene and Tropical Medicine, 1909 Hoje edita a revista de maior impacto sobre Hanseníase Leprosy Review

O tamanho do problema hanseníase [Lepra] Dados – OMS em 2011 e 2012 Prevalencia por 10.000 Incidencia por 100.000 Mundo trendes 192.246 (0.34) 228. 474 (3.93) 11 232. 857 ↑ 12 Américas 34. 801 (0.40) 11 36. 832 (4.18) 11 36. 178 12 Brasil - 33. 955 (2011) 33. 303 (2012) Estimativa da Prevalência acumulada no Brasil: 30-40 000 desde 2002 = X 10 = 300.000 a 400.000 WHO Weekly epidemiological record, No. 35, 30 AUGUST 2013, 88th year

A neuropatia da hanseníase é uma mononeuropatia múltipla Subclínico O ML infecta a C Schwann + amielinicas 5 até 10 anos ↘ Reações agudas Processo inflamatório difuso acomete todos os tipos de fibras até 10 anos ↓ ↑ Fibrose intraneural difusa destrói todas as fibras/ todo o nervo Terminal Evolução muito crônica

marcadores clínicos importantes < → 2) ↑ ↑ ↑ Mononeuropatia ou Mononeuro múltipla Mista: desmielinizante → axonal Sindromes compressivas nos túneis Nervos espessados > → 1) Sabin TD et al. Leprosy – Neuropathy Associated with infections.In: Dyck PJ and Thomas PK. Peripheral Neuropathy, 2005 Garbino JA. Neuropatia Hanseniana. In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. 2000

peculiaridades marcantes à neurocondução Mononeuropatia sensitiva dos ramos digitais da mão 1,2 , “mosaico” 1 Dispersão Temporal ↑↑e VC ↓↓↓ De Faria CR, Silva IM. Electromyographic diagnosis of leprosy. Arq. NeuroPsiquiatr, 1990 Garbino JA. Eletroneuromiografia em Hanseníase. In: Duerksen, F. & Virmond, M. Cirurgia Reparadora e Reabilitação em Hanseníase. 1997 Vital RT et al. Isolated median neuropathy as the first symptom of leprosy. MUSCLE & NERVE, August 2013.

Hanseniase modelo de síndrome compressiva / entrapment Septum Epicondylus retinaculum ↓ ↓ Garbino J. A. Clinical Neurophysiology Approach To Leprosy Neuropathy. Leprosy Mailing List, April 2008.

Prymary neural leprosy – systematic review – SciELO São de interesse para o neurofisiologista a hanseníase neural er suspeitos de HNP  Pacientes que apresentem o comprometimento nervoso periférico como primeira manifestação: mononeuropatia, mononeuropatia múltipla ou “polineuropatia” sem lesão de pele identificável clínica e laboratorialmente com história de contato e sem outra etiologia suspeita na anamnese www.projetodiretrizes.org.br/.../hanseniase_neural_primaria Prymary neural leprosy – systematic review – SciELO

Hanseníase neural primaria – HNP primarily neuritic leprosy, pure neuritic leprosy, neuritic leprosy, polineuritic leprosy Excesso de diagnósticos/desconhecimento: conhecimento insuficiente do diagnóstico diferencial (neuro) e a investigação da pele deficiente (derma) Frequência em algumas séries de pacientes c/ neurites: Van Brakel W (1994) 8.6% (n: 703) Grimaud et al (1994) 3.9% (n: 228) Garbino JA (1998) 4% (n:256)    Frequência entre suspeitos de HNP no ILSL Garbino JA e col (2004) < 1/1000 (entre todos os pacientes vistos durante o ano de 2004 no ILSL) Garbino JA (2007) em 162 biópsias de nervo (1985-2005) no ILSL: 1,7/50 casos novos/ano 3,4%

Causas de Mononeuropatias e M Múltiplas Ulnar (túnel do cotovelo) e fibular (túnel retro-fibular) compressivas crônicas /entrapments Notalgia, cheiralgia e a meralgia parestésicas (Theuvenet et al,1993) compressões crônicas tumores: neuromas e neurilemomas Mononeuropatia Múltipla inflamatórias: colagenoses e vasculites não sistêmicas; metabólicas: diabetes, hipotireoidismo e disfunção hipofisária; Infecciosas: HCV, HIV e SBY Baggio-Yoshinari/Lyme congênitas ou hereditárias: siringomielia/siringobulbia, neuropatia hereditária por susceptibilidade a paralisias por pressão (neuropatia tomaculosa) tumores: neurofibromatose

Avaliação Imunológica: testes disponíveis Mitsuda: não é diagnóstica - auxilia a classificação Mitsuda + na maioria da população, se infectada pelo M Leprae → paucibacilares (PB). PGL-1 (glicolipideo fenólico 1) : auxilia o diagnóstico, seguimento e classificação ML-Flow positivo em 97,4% nos MultiBacilares; 40% nos PB, 28,6% nos contactantes domiciliares, e 9,8% em grupo controle. Especificidade de 90,2%. Tendencias PB: Mitsuda +/PGL-1 -; MB: Mitsuda - /PGL-1 +

Pacientes submetidos à biópsia de nervo de 1985-2005 no ILSL n =162 49 outra etiologia Suspeitos de HPN n =113 34 cases de HPN 3 % 79 outras causas GARBINO, JA. O paciente com suspeita de hanseníase primariamente neural. Hansen Int, v. 32, p. 925-2720-1-PB, 2007

Amostra dos diagnósticos encontrados nos 79 finais/162 Associada ao alcoolismo 25% Neuropatia diabética 15% Síndrome do túnel ulnar 15% Hereditárias 10% Colagenose e vasculite 10% Desfiladeiro torácico/não específicos 1,5% Sem diagnóstico etiológico: 23,5%

Padrão histopatológico na HNP definido Infiltrado inflamatório virchoviano multibacilar Inf inflamatório dimorfo PB ou MB Inf inf com padrão Tuberculóide provável Desmielinização isoladamente Inf Inf inespecífico e desmielinização In Inf inespecífico endo e perineural ≠ Chagas possível Desmielinização e hialinização e fibrose endo e perineural fibrose endo e perineural Sem alterações Achados comuns na literatura brsileira: Jardim et al, 2004 and Garbino et al, 2004 www.projetodiretrizes.org.br/.../hanseniase_neural_primaria

Após a introdução do teste imuno - histoquimico com antígeno anti - BCG os Inf Inf inespecificos, se positivos, passam a diagnóstico definido 1 definido Infiltrado inflamatório virchoviano multibacilar Inf inflamatório dimorfo PB ou MB Inf inf com padrão Tuberculóide Inf Inf inespecífico e desmielinização BCG+ In Inf inespecífico endo e perineural BCG+ provável Desmielinização isoladamente possível Desmielinização e hialinização e fibrose endo e perineural fibrose endo e perineural Sem alterações 1. Garbino et al. Clinical and diagnostic aspects of the primarily neural leprosy. Hansenologia Internationalis (Impresso), Bauru, São Paulo, Brasil, v. 29, n.2, p. 130-136, 2004

Algoritmos para a investigação de HNP Dermato MI Hansenologia Baciloscopia e biópsia de pele EXTENSIVAS Anamnese = neuropatia + pele negativa Neurologia Anamnese Mononeuropatia múltipla + ENMG positiva Biópsia de nervo www.projetodiretrizes.org.br/.../hanseniase_neural_primaria Prymary neural leprosy – systematic review – SciELO

Instituto Lauro de Souza Lima Secretaria Estadual da Saúde do ESP BAURU – SP