Marinha no 25 de Abril de 1974 Antecedentes. Sumário Antecedentes Relacionados com a Marinha enquanto ramo das FAs. Os movimentos associativos, culturais,

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Transcrição da apresentação:

Marinha no 25 de Abril de 1974 Antecedentes

Sumário Antecedentes Relacionados com a Marinha enquanto ramo das FAs. Os movimentos associativos, culturais, políticos, sindicais que envolveram oficiais de Marinha no período de 1968 a 1974 A Marinha o Movimentos dos Capitães e o MFA. O Programa do MFA

Antecedentes relacionados com a Marinha enquanto ramo das FAs.

Período 1945 a 1957/1958 – período NATO Período de extrema importância na História da Marinha face à dimensão e profundidade das alterações produzidas, que poderemos sintetizar em três áreas principais. Área tecnológica. A electrónica faz a sua entrada em força nas unidades navais Táctica naval. Nova doutrina, novos conceitos de táctica naval, novos procedimentos, novas publicações. Organização e gestão. Novos conceitos de organização, administração e gestão a todos os níveis.

Os contactos externos Tão grande necessidade de mudança implica um vasto processo de formação de pessoal, que possa garantir não só a correcta condução dos equipamentos, mas também a sua manutenção. Muitas das novas áreas tecnológicas são pioneiras no país, pelo que muita da aprendizagem vai ser feita no estrangeiro. A intensidade dos contactos externos, então verificados, constituíram uma exigência para que se processasse a transferência de conhecimentos, a vários níveis e respeitantes a diversas matérias, necessários para formar quadros que sustentassem tecnicamente as profundas alterações que então se produziram. Os contactos internacionais e estadias no estrangeiro vão ter origem não só em acções de formação, mas também, na recepção e modernização dos navios e nas manobras internacionais. São contactos externos de grande dimensão que atingem todos os níveis da oficialidade, desde os oficiais subalternos aos quadros superiores da hierarquia.

Os oficiais de marinha constituíram uma das poucas classes sócio- profissionais que quebraram o isolamento que a ditadura impunha à generalidade dos portugueses. Os contactos externos

Conclusões referentes ao periodo Nas unidades da Armada, com especial relevância para as câmaras dos navios, um saudável ambiente de abertura e de liberdade vai-se impondo. Os normais constrangimentos existentes na sociedade portuguesa da época, de medir as palavras em público, de ler ou discutir abertamente autores fora dos cânones ou colocados no índex, ler e discutir a imprensa escrita estrangeira, criticar os governantes ou as medidas por eles tomadas, não se fazem sentir nas câmaras dos navios. Este conjunto de contactos com os países ocidentais, vai permitir a muitos oficiais de Marinha criar defesas e imunidades em relação aos valores e à propaganda do regime e, em contrapartida, passar a apreciar e a valorizar o exercício da liberdade e a vida das sociedades democráticas, tornando-se mais exigentes em relação ao valor da liberdade, em relação à informação que gostavam de obter, mais exigentes em relação aos livros que gostavam de ler, mais exigentes em relação à qualidade das diversas formas de manifestação cultural que gostavam de desfrutar.

Marinha - a Guerra Colonial Com o início da guerra em 1961 a Marinha irá definir as suas novas missões em função do conflito em África, definido, no entanto, que não abandonaria algumas das suas antigas missões nomedamente o controlo e fiscalização das águas territoriais do Continente Açores e Madeira e manteria, ainda que em menor nível, os contactos internacionais com a NATO. A Marinha não se empenhará a 100% na Guerra em África.

Marinha - a Guerra Colonial - Conclusões Vai conseguir manter o seu pessoal com elevados níveis de preparação tecnológica, face aos novos meios navais adquiridos, muito mais sofisticados que os anteriormente existentes – Fragatas Comandante João Belo, e Almirante Pereira da Silvae submersíveis classe Albacora Vai conseguir manter os níveis de actualização de táctica naval, pela permanência de unidades em missões NATO, principalmente na Stanavforlant. A Marinha vai conseguir manter os contactos externos, ao adquirir novos meios navais de tecnologia actual, e com a participação em manobras e exercícios NATO Muitos oficiais de Marinha, sobretudo os embarcados em fragatas e corvetas, face à natureza das suas missões, participa no esforço de guerra nos teatros de operações, sem, no entanto, entrar directamente no combate. A Guerra Colonial não vai impedir, antes pelo contrário, vai incrementar, o gosto de muitos oficiais da Armada, pelos valores da liberdade e da democracia, que já se vinha verificando.

Marinha - Conclusões As missões da Marinha, os contactos internacionais, a preparação técnica, o profissionalismo, o papel da Marinha na guerra, vão propiciar o aparecimento de gerações que começam a colocar em causa o regime e a guerra. O ambiente de liberdade e abertura que sempre existiu nas câmaras dos navios vão ajudar a propagação de novas ideias.

Antecedentes relacionados com os movimentos associativos, culturais, políticos, sindicais que envolveram oficiais de Marinha no período de 1968 a 1974

As primeiras manifestações concretas de descontentamento com o regime e com a evolução da guerra, fazem-se sentir com os muitos pedidos de passagem à reserva, sem direito a pensão, que muitos oficiais requerem à administração sem que, durante alguns anos lhes seja concedida. Entre 1967 e 1969 desertaram 10 oficiais dos quadros permanentes As primeiras manifestações de descontentamento

O Clube Militar Naval – CMN Em 1968 a Direcção cessante do CMN resolve constituir uma lista e propô-la aos sócios, nessa lista era indicado para Presidente da Assembleia Geral o almirante Henrique Tenreiro o que vai provocar um movimento para evitar que essa lista fosse eleita, tentando constituir uma lista alternativa. Esse movimento criou um slogan: Não queremos um clube a cheirar a peixe. Foi constituída uma lista alternativa em que como Presidente da Direcção figurava o Comte. Manuel Lopes de Mendonça. No dia da Assembleia Geral eleitoral (22 de Fevereiro de 1968) foi apresentada uma proposta de moção, para adiamento das eleições, que foi aprovada, propondo ainda que as listas concorrentes apresentassem programas de acção

O Clube Militar Naval – CMN

O Clube Militar Naval - CMN

O Clube Militar Naval – CMN Colóquios promovidos pela direcção em 1968 Aspectos técnicos da FFs Almirante Pereira da Silva Cinema e Juventude – João Bénard da Costa Literatura e Juventude – Urbano Tavares Rodrigues Crises monetárias – Sérgio Ribeiro Maio de 1968 em França Encontravam-se vários navios em construção em França (3 fragatass e 3 submarinos) as guarnições vão ser influenciadas pelas movimentações verificadas então. Oficiais deslocam-se a Paris. Greve nos estaleiros

Escola Naval Movimentos políticos em torno das eleições Propaganda da CDE – Sector X Incidente Diário da Manhã Recolha de fundos

CMN Colóquios promovidos pela direcção em 1969 Os submarinos classe Albacora; A Crise na Checoslováquia Preocupações profissionais Marx e o estruturalismo – Correia Jesuíno

Ministro da Marinha autoriza passagem à Reserva Ab – sem direito a pensão Despacho n.º 2, de 2 de Janeiro de 1969 Os que saem pela barriga e os que saem pelos livros

CMN Colóquios promovidos pela direcção em 1970 O Clube; A Mulher na sociedade Moderna – Isabel da Nóbrega Livros – Nelson Trindade Ensino – Ortigão Neves e Martins Guerreiro Proposta para a criação de uma Comissão Cultural, aprovada por aclamação Direcção de Magalhães Martinha integra cadetes da Escola Naval e elege uma Comissão Cultural Crise do cartaz – fim de uma etapa

Actividade Política Início de movimentações para a constituição de uma organização politica. Martins Guerreiro, Almada Contreiras e Miguel Judas, elementos dinamizadores Reunião clandestina alargada – cerca de 30 oficiais e cadetes Fundação de uma organização clandestina de oficiais – plataforma socialista, estruturada por zonas de residência Um grupo pequeno de oficiais adere ao PCP Avante.pdf Escola Naval reunião com o Comandante de Corpo de Alunos sobre a guerra

Actividade Política Início de aulas a praças no Ministério e Cova da Piedade Orientação para a criação de bibliotecas a bordo e jornais de parede Início do movimento de cursos Incidentes na véspera do juramento do bandeira do curso Diogo Gomes

Actividade Política Movimento de Cursos Aproveitando a tradição dos jantares de curso a Organização política dos oficias da armada vai lançar o movimento de cursos. Para lá dos convívios cada curso aproveitava a reunião para debater os problemas da Marinha, condições de vida e trabalho, remunerações, assistência às famílias … Reconhecendo-se a necessidade de estabelecer contactos com outros cursos Cada curso elege uma comissão representativa que se articula numa comissão inter-cursos Muitos cursos começam a editar Boletins de Curso com a informação sobre o movimento e sobre outras matérias, como bibliotecas de bordo, jornais de parede, aulas a praças … A comissão inter-cursos preocupa-se na primeira reunião com o seu funcionamento, que será definido como amplamente democrático. Estarão representados 10 cursos. Criam-se diversos grupos de trabalho como a Comissão Promotora da Unidade e a Comissão Coordenadora para o Problema Económico Vão ser feitas muitas reuniões entre dois ou mais cursos, reuniões das diversas comissões e estão referenciadas 3 reuniões amplas inter-cursos – 16 Junho, 30 Junho e 13 de Julho

Actividade Política Movimento de Cursos São feitos vários estudos sobre as condições de vida, é lançado um inquérito sobre despesas mensais e é feito um estudo sobre o Orçamento da Marinha e o seu melhor aproveitamento em despesas sociais. Em 30 de Setembro de 1972 Ministro da Marinha emite o Despacho 115 que vai proibir o movimento de cursos. Depois da proibição vão ser constituídas três comissões que vão ao Ministro explicar a natureza do movimento e algumas das conclusões e estudos produzidos Este movimento associativo, aberto, vai movimentar algumas centenas de oficiais, vai promover o debate, a prática democrática e a capacidade de reflexão colectiva sobre problemas de índole profissional e laboral. Após a proibição do movimento muitos oficiais adquiriram hábitos de organização democrática e de intervenção

Actividade Política Movimento de Cursos

Actividade Política Movimento de Cursos

Actividade Política Movimento de Cursos

Actividade Política Movimento de Cursos

Actividade Política A Organização de oficiais decide tentar promover uma lista para a direcção do CMN que garanta o desenvolvimento de actividades associativas e culturais, o que veio a acontecer. Foi eleito presidente da direcção o então comandante Pinheiro de Azevedo e como vogal Martins Guerreiro. A Organização de oficiais decide arrancar com um novo modelo de organização, por unidades, aproveitando a movimentação que se havia gerado com o movimento de cursos. Criam-se de imediato núcleos no G1EA em Vila Franca, Esquadrilha de Submarinos e Base Naval (navios) Entrega de abaixo assinado ao ministro, pretexto a PIDE invadira a casa de um oficial de Marinha. CMN – Colóquios O Cinema – António Pedro de Vasconcelos A Mulher na sociedade portuguesa – Maria Lamas e Maria Emília Correia Criação de um parque marítimo nacional – Ramos Rocha Teatro – A Comédia Moscheta - Bonecreiros

Actividade Política Em Abril de 1973, 13 oficiais de Marinha e 2 cadetes da Escola Naval participam no 3º Congresso da Oposição Democrática em Aveiro.

A Marinha o Movimentos dos Capitães e o MFA. O Programa do MFA

O Movimento dos Capitães A Marinha mantém contactos com o Movimento dos Capitães, quase desde o seu início. O primeiro contacto é feito por Costa Correia, e o movimento de oficiais vai nomear mais três oficiais para se juntarem a Costa Correia, que são: Almada Contreiras, Vidal Pinho e Pedro Lauret. O interlocutor por parte do Exército será inicialmente o Major Hugo dos Santos. Nas primeira reuniões do Movimento - Alcáçovas em 9 de Setembro e quadripartida em 06 de Outubro – os problemas situavam-se ainda no âmbito corporativo, ainda que se manifestasse crescente determinação por parte dos oficiais do Exército, como é comprovado pela decisão dos pedidos de demissão Nas reuniões de 24 de Novembro em S. Pedro do Estoril e depois 1 de Dezembro em Óbidos, inicia-se claramente uma segunda fase em que a hipótese de golpe militar se coloca claramente embora ainda não assumida. Quando se inicia o Movimento dos Capitães, em Julho/Agosto de 1973, a organização politica dos oficiais da Armada, tinha maturidade politica, organização, e quadros suficientes para efectuar adequadamente ligação ao movimento dos camaradas do Exército

O Movimento dos Capitães Na reunião de Óbidos a 1 de Dezembro de 1973 são formuladas 3 hipóteses de vias de actuação: 3.a Hipótese - «Utilização de reivindicações exclusivamente militares, como forma de alcançar o prestígio das Forças Armadas, e de pressão sobre o Governo, com vista à obtenção da 2a hipótese». 1.ª Hipótese - «Conquista do poder para, com uma Junta Militar, criar no país as condições que possibilitem uma verdadeira expressão nacional (democratização)»; 2.a Hipótese - «Legitimação do Governo, através de eleições livres, devidamente fiscalizadas pelo Exército, seguindo-se um referendo sobre o problema do Ultramar»; seguindo-se um referendo sobre o problema do Ultramar»; É ainda aprovada a necessidade de escolher chefes prestigiados. Feita a contagem dos votos já recolhidos nas unidades do Exército pelos respectivos delegados, verifica-se que o mais votado é o general Costa Gomes, o segundo é o general António de Spínola e o terceiro é o general Kaúlza de Arriaga Em Dezembro o general Kaúlza de Arriaga tenta um golpe de estado

O Movimento dos Capitães A Marinha encara com apreensão a situação, em primeiro lugar por se encarar a hipótese de golpe militar sem se formular qualquer ideia de programa ou projecto político. O facto de se falar em eleições livres ou de eleições fiscalizadas pelo Exército não eram garantias nenhumas de democratização do regime. O referendo sobre o Ultramar como processo de decisão revelava o conceito de que a solução para o problema dependia apenas de Portugal. A necessidade de escolher chefes militares prestigiados e de terem sido eleitos três generais do regime e um deles da extrema direita mais apreensão causa. A organização de oficiais de Marinha vai decidir que fundamentalmente o seu papel deverá ser tentar influenciar o Movimento dos Capitães para que seja adoptado um programa politico que conduza a uma viragem para um regime democrático e que qualquer solução para o Ultramar deve partir do pressuposto da aceitação do princípio do direito dos povos à autodeterminação. A organização de oficiais da Armada reconhecia a grande rapidez com que os camaradas do Exército se estavam a organizar – abaixo-assinados, reunião de Óbidos com representantes das unidades, comissão das unidades de força – mas também receava que se falasse em golpe sem definir objectivos politicas claros e coerentes

O Movimento dos Capitães A 5 de Fevereiro de 1974, em casa do coronel Marcelino Marques, é efectuada uma reunião para discussão do primeiro esboço de programa político. Estão presentes, pela primeira vez, Garcia dos Santos, Costa Brás e Melo Antunes. A reunião vai ser muito confusa e o documento apresentado - eventual programa politico - é rejeitado, em consequência, é eleita uma comissão encarregada de nova redacção. Constituem-na Costa Brás, Melo Antunes, José Maria Azevedo e Sousa e Castro.

Aproximadamente a 7 de Fevereiro Leal Loureiro apresenta Melo Antunes a Martins Guerreiro e Almada Contreiras em Algés. A partir daí acordam na necessidade de produzir um programa político e de tentar que o Movimento se vincule a ele. Guerreiro e Contreiras, em representação do movimento de oficiais da Armada, e Melo Antunes fazem várias reuniões e chegam a uma redacção provisória de um projecto de programa, que deveria ser apresentada ao Exército e claro contaria com a aprovação da Marinha Neste ambiente de entendimento com Melo Antunes, os elementos de ligação da Marinha participam na redacção do documento O Movimento as Forças Armadas e a Nação que vai ser apresentado em reunião preparatória em casa do capitão Seabra em Algés, vindo a ser aprovado um projecto com alterações. O documento virá a ser aprovado na reunião de Cascais a 5 de Março. Melo Antunes sai profundamente desanimado da reunião, com o mesmo tipo de apreensões das sentidas pelos oficias de Marinha. Um aspirante miliciano, Leal Loureiro, conhecido de Almada Contreiras vai ter uma conversa com Melo Antunes e refere-lhe que a Marinha partilha das mesmas preocupações e prontifica-se a pô-los em contacto, o que efectivamente vai acontecer. O Movimento dos Capitães

A 9 de Março dá-se a prisão de vários oficiais do exército, entre eles Vasco Lourenço que viria a ser transferido para os Açores. São efectuadas várias reuniões em casa de Vítor Alves e Almada Contreiras para discussão do programa. Melo Antunes parte para os Açores a 22 de Março. A comissão de ligação ao Exército é agora constituída por Vítor Crespo, Almada Contreiras e Pedro Lauret. São passados a Almada Contreiras as ligações de Melo Antunes aos órgãos de comunicação social. Grandes dificuldades para se atingir uma versão final do programa. A desconfiança da Marinha subsiste e reforça-se com o golpe das Caldas. O general Spínola não se queria comprometer com qualquer programa político. A posição de alguns importantes dirigentes do movimento não fica clara em relação ao golpe. A 13 de Março aprovado com 125 votos uma moção de solidariedade da Marinha com os oficiais do exército presos e afastados. É assumida a posição de princípio de garantir que a Marinha nunca tomaria qualquer posição militar contra o Exército.

O Movimento dos Capitães O movimento de oficiais da Armada contacta várias forças politicas nomeadamente: PCP, CDE, PS, católicos progressistas e outras forças de esquerda, dando-lhes a conhecer as linhas gerais do programa do movimento e as suas apreensões relativas à situação politica. A organização de oficiais da Marinha define a sua posição em relação ao movimento: garantir que nenhuma unidade da Armada saia em circunstância alguma contra o Exército. Posição que ficou conhecida por neutralidade activa A organização de oficiais da Marinha consegue atingir, em cooperação com Melo Antunes, o seu objectivo de dotar o MFA com um programa politico, que correspondia, em linhas gerais, aos grandes objectivos que há anos as diversas oposições vinham defendendo. O programa do MFA é factor distintivo da revolução de Abril.

O dia 25 de Abril A Marinha entrega a versão original do programa do MFA ao jornal República que o publica na sua edição de 26 de Abril. Cortes no programa do MFA na madrugada de 26 de Abril. As consequências. A Gago Coutinho e a ida à PIDE. Vítor Crespo representa a Marinha no posto de comando. Como se esperava o general Spínola tenta desarticular o MFA e afirma que não é necessário programa do MFA. A intervenção de Vítor Crespo e de Franco Charais, vai ser determinante para que o programa não seja rasgado pelo general Spínola na noite de 25 de Abril. Como se esperava o general Spínola tenta desarticular o MFA e afirma que não é necessário programa do MFA. A intervenção de Vítor Crespo e de Franco Charais, vai ser determinante para que o programa não seja rasgado pelo general Spínola na noite de 25 de Abril.

O Programa do MFA Os 3 Ds a sua origem A realização de eleições no prazo de 1 ano, objectivo estratégico A oposição democrática e os 3 Ds

FIM

Área de serviço da apresentação

Os novos desafios tecnológicos A evolução tecnológica que se processa ao longo do conflito mundial e seus desenvolvimentos do pós-guerra, com destaque para a evolução vertiginosa da electrónica, reflectem-se em novas gerações de equipamentos que integram as novas unidades navais: Comunicações mais sofisticadas, com equipamentos proporcionando mais rápidas, seguras e automatizadas comunicações, fazendo uso de novos procedimentos; Novos sensores com relevância para os radares – de aviso de superfície, aviso aéreo e de tiro - e os sonares; Novas direcções de tiro e armamentos (de superfície, antiaéreos, anti-submarinos); Novos sistemas de comando e controlo; Novos sistemas propulsores;

Para que as unidades navais se pudessem integrar com sucesso em forças navais multinacionais compostas por navios de várias nacionalidades, navegando e coordenando os seus movimentos, executando as manobras de acordo com doutrina e tácticas especificas adequadas ao cenário operacional de cada momento, foi necessário a introdução na Marinha de: nova doutrina, nova organização operacional, novos procedimentos, novas publicações. Nova Doutrina, nova Táctica Naval Por um período de mais de 10 anos as unidades navais da Marinha vão participar anualmente activamente em inúmeros exercícios e manobras integradas em forças NATO. A Marinha passa de uma organização nacional, pequena e limitada, fechada, para se constituir num parceiro de uma aliança militar em que participavam as mais avançadas marinhas do mundo. A Marinha internacionaliza-se

Os Sistemas de Gestão Os novos navios e os novos equipamentos, bem mais complexos, de quatro procedências diferentes, com um elevado nível de componentes e sobressalentes, vão exigir a introdução de novos sistemas de gestão e a mecanização e automatização dos processos logísticos, tendo para tal, sido introduzidas importantes inovações na área da gestão do material.

Os novos desafios Tão grande necessidade de mudança implica um vasto processo de formação de pessoal, que possa garantir não só a correcta condução dos equipamentos, mas também a sua manutenção. Muitas das novas áreas tecnológicas são pioneiras no país, pelo que muita da aprendizagem vai ser feita no estrangeiro. A necessidade de multiplicar e generalizar os conhecimentos adquiridos fora, obriga ao aparecimento de novas escolas, aptas a formarem oficiais, sargentos e praças, quer em novas áreas tecnológicas, quer nos novos sistemas de combate. Para fazer face a tão grandes desafios a Marinha é obrigada a modernizar-se aumentando exponencialmente a eficiência global da sua organização, conseguida pela adopção de novos modelos de organização e gestão, a todos os níveis, e pelo enorme esforço de formação de pessoal.

Os novos desafios Tão grande necessidade de mudança implica um vasto processo de formação de pessoal, que possa garantir não só a correcta condução dos equipamentos, mas também a sua manutenção. Muitas das novas áreas tecnológicas são pioneiras no país, pelo que muita da aprendizagem vai ser feita no estrangeiro. A necessidade de multiplicar e generalizar os conhecimentos adquiridos fora, obriga ao aparecimento de novas escolas, aptas a formarem oficiais, sargentos e praças, quer em novas áreas tecnológicas, quer nos novos sistemas de combate. Para fazer face a tão grandes desafios a Marinha é obrigada a modernizar-se aumentando exponencialmente a eficiência global da sua organização, conseguida pela adopção de novos modelos de organização e gestão, a todos os níveis, e pelo enorme esforço de formação de pessoal.

Marinha - a Guerra Colonial A Marinha vai definir como principais missões para a Guerra as seguintes: Garantir a liberdade e segurança da navegação oceânica entre o continente e os territórios ultramarinos. Controlar a navegação costeira em cada um dos territórios permitindo a utilização das suas águas aos navios amigos e interditando-a aos movimentos de libertação. Controlar as águas interiores – rios, braços de mar e lagos - permitindo a sua utilização pela navegação amiga e interditando- a aos movimentos de libertação. Realizar acções de assalto do meio aquático sobre objectivos em terra. Executar patrulhamento ofensivo de águas costeiras ou cursos de água. Participar em acções anfíbias com os outros ramos das Forças Armadas. Realizar acções de assalto e destruição em navios no mar ou em portos.

Marinha - Plano Naval A Marinha irá concretizar um vasto Plano Naval compreendendo a construção de inúmeros novos navios muitos deles construídos em estaleiros nacionais. Fragatas classe Comandante João Belo (4) construídas em França nos estaleiros de Nantes; Corvetas da classe João Coutinho (6), 3 construídas na Alemanha, Hamburgo e 3 construídas em Cartagena Espanha; Submersíveis classe Albacora (4) construídos em França nos estaleiros de Nantes; Lanchas de Fiscalização Grandes (20) em estaleiros nacionais; Lanchas de Fiscalização Pequenas (36) a maioria construída em estaleiros nacionais; Lanchas de Desembarque Grandes (6) em estaleiros nacionais; Lanchas de Desembarque Médias e Pequenas (96) em estaleiros nacionais; Fragatas classe Almirante Pereira da Silva (3), construídas em Portugal com participação americana e para uso exclusivo NATO; A Marinha irá reactivar as unidades de Fuzileiros e constituir unidades de Mergulhadores Sapadores

Sumário Antecedentes Relacionados com a Marinha enquanto ramo das FAs. Período 1945 a 1957/1958 – período NATO Período de 1958 a 1974 a viragem para África, a Guerra Colonial Os movimentos associativos, culturais, políticos, sindicais que envolveram oficiais de Marinha no período de 1968 a 1974 A Marinha o Movimentos dos Capitães e o MFA. O Programa do MFA

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