II Seminário de Geopolítica do Petróleo e Direito Internacional da EGN

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Transcrição da apresentação:

II Seminário de Geopolítica do Petróleo e Direito Internacional da EGN Escola de Guerra Naval II Seminário de Geopolítica do Petróleo e Direito Internacional da EGN Vulnerabilidade do Produtor de Petróleo: A OPEP, o Brasil e as expectativas do pré-sal Fernanda Delgado Julho, 2010

Assim como os países consumidores podem ser vulneráveis ao fornecimento de petróleo, os grandes produtores e exportadores de petróleo também podem se tornar vulneráveis por sua dependência sócio-econômica ao petróleo. Ao se analisar indicadores de vulnerabilidade sócio-econômica de países exportadores de petróleo derivam-se implicações sobre restrições às suas estratégias de preço e oferta no mercado internacional de petróleo .

Compreender as restrições de manobra dos países membros da OPEP, como expoentes dos maiores exportadores de petróleo, e antever suas estratégias contribui para prever os próprios movimentos de oferta e preços do mercado internacional de petróleo. A intenção é traçar paralelos e derivar chaves de compreensão econômica para as intenções exportadoras do Brasil.

Esses indicadores dizem respeito aos aspectos: Físico – R/P em anos Produtivo – VA/PIB em % Comercial – exportações de óleo/exportações em% Macroeconômico – dívida pública/PIB em % Fiscal – arrecadação do setor/PIB em % Social – taxa de desemprego em %

Cenários da Indústria Demanda por óleo e gás crescente, atenuada por desaceleração/ recessão americana, aumento da eficiência energética e diversificação das fontes de energia; Capacidade ociosa de produção de óleo, e secundariamente gás, manutenção da volatilidade dos preços; Pressões ambientais favorecendo combustíveis limpos e renováveis; NOCs crescentemente controlando as grandes reservas de óleo e gás; Novas condições de mercado e tecnologias viabilizando novas fronteiras de E&P: águas ultraprofundas, reservatórios ultraprofundos, regiões inóspitas, regiões ambientalmente sensíveis, recuperação melhorada, micro-plays (áreas maduras, prospectos sutis, pequenos volumes); Escassez de equipamentos e materiais críticos; Escassez de recursos humanos especializados.

Comparações: Vulnerabilidade Física

Comparações: Vulnerabilidade Produtiva

Comparações: Vulnerabilidade Comercial

Comparações: Vulnerabilidade Macroeconômica

Comparações: Vulnerabilidade Fiscal

Comparações: Vulnerabilidade Social

O Play Pré-sal Extensão e Volumes divulgados Área Total: 112.000 km2 38% já sob concessão 62% ainda disponíveis Potencial Estimado Total – 56 Bboe Fonte: Anuário Estatístico ANP, 2008

Empresas operando no Cluster de Santos Tupi Descoberta – julho 2006 Perfuração – outubro 2006 Potencial Estimado – 5 a 8 Bboe Paraty Descoberta – julho 2005 Perfuração – julho 2007 Potencial Estimado – N.D. Iara Descoberta – agosto 2008 Perfuração – ongoing Potencial Estimado – 3 a 4 Bboe Bem-Te-Vi Descoberta – março 2008 Perfuração – maio 2008 Potencial Estimado – N.D. Júpiter Descoberta – janeiro 2008 Perfuração – julho 2008 Potencial Estimado – 5 a 8 Bboe Caramba Descoberta – dezembro 2007 Perfuração – dezembro2007 Potencial Estimado – N.D. Guará Descoberta – junho 2008 Perfuração – ongoing Potencial Estimado – N.D. Carioca Descoberta – agosto 2007 Perfuração – julho 2007 Potencial Estimado – N.D.

Brasil Produção projetada Fonte: Petrobras, 2009

Brasil Produção projetada Fonte: Petrobras, 2009

Brasil Produção projetada Fonte: Petrobras, 2009

Brasil Produção projetada ~ 4.3 MMboepd ~ 2.6 MMboepd ~ 1.3 MMboepd Fonte: Cera, 2009

A geologia do Pré-sal O play abrange os reservatórios carbonáticos lacustres de porção superior da Formação Guaratiba. Mb. Ilhabela Fm. Ariri (Sal) Fm. Guaratiba

A geologia do Pré-sal

Produção de óleo e gás natural da Petrobras

Cenários Tecnológico: Principais Desafios Garantia de Escoamento Reservatórios • Definição de qualidade do reservatório carbonático a partir de dados sísmicos; • Caracterização interna do reservatório, com foco nas principais heterogeneidades; • Recuperação secundária: viabilidade técnica da injeção de água e/ou gás; • Geomecânica das camadas adjacentes aos reservatórios; • Otimização da geometria dos poços. Poço • Desvio de poços dentro da zona de sal; • Poços de longo afastamento; • Fraturamento hidráulico em poços horizontais; • Materiais de poços resistentes a elevados teores de CO2; • Aumento da taxa de penetração no reservatório. Garantia de Escoamento • Deposição de parafinas ao longo das linhas de produção; • Controle de hidratos; • Controle de incrustações. Logística para o aproveitamento do gás • Projeto e instalação de gasodutos de grande diâmetro em lâmina d’água de 2200 m; • Longa distância até a costa (300 km); • Cenário para novas tecnologias de aproveitamento de Gás em ambiente offshore: GNL, GNC, GTL, GTW , entre outros.

Cenários Político-Fiscal • Provável atraso nas decisões acerca do marco regulatório das novas áreas. • Modelo adotado pode manter regras atuais (licitação), ou incorporar modalidades de partilha de produção e contratos prestação de serviços, que também podem ser feitos com licitação. • Empresa estatal para gerir as participações da União no pré-sal • Favorecimento da Petrobras no acesso às novas áreas. • Modificação de alíquotas dos tributos existentes ou criação de novos tributos sobre a renda petroleira. • Enorme dificuldade em redistribuir a renda petroleira capturada entre União, Estados e Municípios

Características do óleo do Pré-sal (Tupi): VREC : 5 a 8 Bilhões boe Profundidades dos reservatórios: 5.000 a 6.000 m Temperatura do óleo no reservatório: 64 ºC Camadas de sal com até 2.000 m de espessura Qualidade do óleo: 28 o API Viscosidade: 1,14 cP Teor de CO2 no gás: 8 a 12% Dois poços perfurados, produção experimental começou em 2009, e só em 2014 o campo deverá entrar em ritmo de produção comercial.

Lições a Partir da OPEP Diversidade de estratégias entre os países da OPEP os leva a uma heterogeneidade de comportamento – dependendo da sua população, do seu volume de reservas, da sua posição financeira; Dependência dos recursos naturais – Doença Holandesa; The paradox of plenty; Baixo grau de diversificação Industrial; Sensibilidade à dinâmica do mercado internacional em relação a preços; Alta dependência dos empregos gerados pelo setor petrolífero – estado como generoso provedor; Reação à viabilização de algum tipo de backstop technology.

Considerações Finais Reforçar o desempenho macroeconômico de forma a garantir algum nível de estabilização econômica sustentável e proteger a economia da volatilidade associada com os preços internacionais do petróleo – reserve funds; Solucionar questões sobre governança e transparência em relação à gestão da riqueza mineral do país; Promover o desenvolvimento do setor privado e melhorar a prestação dos serviços públicos de forma a conseguir aumentar o estado de bem estar social através das despesas públicas e da prestação de serviços sociais e econômicos

Considerações Finais Não se pode deixar contagiar por uma falsa euforia em relação aos recursos naturais como uma tábua de salvação econômica. Como a lança de Peleu, grandes jazidas de recursos naturais são capazes de curar, mas também de ferir em igual ou maior proporção, as economias onde estão inseridas.

fernandadelgado@gmail.com.br Laboratório de Estudos do Tempo Presente - UFRJ