Psicologia do Desenvolvimento II

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Transcrição da apresentação:

Psicologia do Desenvolvimento II SEMINÁRIO: AGIR O problema do agir e da passagem ao ato Grupo: Carolina Vieiros, Julia Ruttimann, Julia Mello e Larissa Cordeiro

INTRODUÇÃO: NA ADOLESCÊNCIA, O AGIR É CONSIDERADO UM DOS MODOS DE EXPRESSÃO MAIS IMPORTANTES NOS CONFLITOS E NAS ANGÚSTIAS. SE MANIFESTA NA VIDA COTIDIANA DO ADOLESCENTE E TAMBÉM NO NÍVEL PSICOPATOLÓGICO EM TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO, QUE REPRESENTAM UM DOS MOTIVOS DE CONSULTA MAIS FREQÜENTES A PSIQUIATRAS DA ADOLESCÊNCIA.

O modelo de compreensão clínica e fenomenológica: Ato: é uma conduta espontânea com uma elevada dimensão positiva; geralmente rápida e sem reflexão, mas nem por isso totalmente irrefletido. Passagem ao ato: é quase sempre violenta e agressiva, com um caráter freqüentemente impulsivo e delituoso. Impulso: designa, por sua vez, a ocorrência súbita, vista como uma urgência, a cumprir este ou aquele ato. Se realiza fora de qualquer controle e geralmente sobre o domínio da emoção. Compulsão: é um tipo de conduta que o sujeito é impelido a cumprir por uma imposição interna (implica sempre uma luta interior). Diferente do impulso, a compulsão pode se manifestar em uma ação, mas também em um pensamento, uma operação defensiva...

No modelo de compreensão psicanalítica: “acting out”: distingue ações que na maioria das vezes apresentam uma característica impulsiva relativamente em ruptura com os sistemas de motivações habituais do sujeito. Representa uma das vicissitudes da transferência e opõe-se à verbalização e à rememoração. “atos-sintomas”: são o verdadeiro compromisso que revela, ao mesmo tempo em que oculta suas origens e seus elementos, a existência de um conflito. Eles são prévios ao tratamento psicanalítico no qual tendem a ser substituídos pela verbalização.

Fatores que favorecem o Agir: O agir não é próprio apenas dos adolescentes que apresentam transtornos psíquicos, é antes uma característica de todo o adolescente. Fatores Ambientais - A mudança de status social (criança  adulto) - O conteúdo desse status social (liberdade, independência, etc.) - Os estereótipos sociais (o adolescente, de uma certa forma, afirma a visão que os adultos têm sobre ele) - A interação social (formação de grupos) - Restrições excessivas da realidade

o adolescente encontra em si mesmo as condições favoráveis ao agir. Fatores Internos o adolescente encontra em si mesmo as condições favoráveis ao agir. - Excitação pubertária - A angústia (o agir se torna uma ação de escape) - O remanejamento do equilíbrio pulsão-defesa (pulsão sexual: Para S. Freud, a característica essencial da passagem ao ato é a noção de deslocamento da descarga pulsional). - A antítese atividade-passividade (o medo da passividade ao remeter a submissão infantil e às tendências homossexuais, também conduzem o adolescente a recorrer a ação – e a auto-afirmação para negar esta passividade). - As modificações instrumentais: a linguagem e o corpo (o ato da palavra, como por exemplo, o grito)

Lugar da passagem ao ato nos principais quadros patológicos A passagem ao ato assinala uma patologia de condutas externas agidas. É uma das respostas privilegiadas da adolescência às suas situações de conflito. - Os diferentes modos de passagem ao ato: furto, agressão, fuga, suicídio, automutilação, conduta sexual, uso de drogas, etc. Seu aspecto isolado ou repetido: se o aspecto isolado não assinala uma patologia, a repetição das passagens ao ato e, sobretudo, da mesma passagem ao ato, leva a descrever transtornos que se assemelham a patologia do suicida, de toxicômano, de delinqüente ou mesmo de ladrão ou fugitivo. Sua ligação com outras manifestações ou com uma estrutura psicopatológica determinada; pode ocasionar um estado delirante, de uma melancolia ou um surto maníaco, assim como as clássicas passagens ao ato dos epiléticos.

Alguns autores diferenciam o “acting out” dos delinqüentes, toxicômanos e psicóticos do “acting out” dos neuróticos: Os do primeiro grupo teriam atitudes violentas, irracionais e impulsivas assim como os do segundo grupo; diferenciando apenas na ausência de atitudes imprevisíveis e caóticas dos neuróticos. Mais especificamente na adolescência, 3 eventualidades diagnósticas são evocadas: 1) As crises na adolescência cujas manifestações são variadas, mas onde a passagem ao ato ocupam um lugar de escolha, quer se trate de diferentes formas de crises juvenis ou da crise de identidade. 2) As condutas graves na adolescência, grupos nos quais se situam as tentativas de suicídio, as toxicomanias e os atos de delinqüência. Essas condutas inserem-se no quadro de condutas anti-sociais já organizadas como tais desde a adolescência. 3) A depressão na adolescência, merece atenção especial. Adolescente introduz uma dimensão particular, se manifesta na forma de passagem ao ato. A desaceleração psicomotora presente na depressão dos adultos é substituída pela busca de estimulação pela hiperatividade, alternadas por períodos de fadiga e passagem ao ato.

As significações Psicológicas e Psicopatológicas do Agir: O agir como estratégia interativa: o agir é considerado aqui como um meio indireto de adquirir, de dissimilar ou de revelar uma informação por meio de um encontro interpessoal com um outro adolescente ou com um outro adulto. Com o adulto, o adolescente procurará essa interação por intermédio do agir para deixá-lo embaraçado, para atrair sua atenção, para fazer o que o adulto faz mas que ainda é proibido ao adolescente, como por exemplo, fumar, beber ou “matar aula”. Com seus iguais, procura igualmente essa interação para pertencer ao grupo, manter e defender sua auto-estima. O agir como mecanismo de defesa: o agir pode acompanhar ou representar uma mentalização. É o caso do ato de masturbação e da fantasia associada a ele. Além disso, o agir e a passagem ao ato podem ser considerados como a expressão de um mecanismo de defesa. Nisso, eles têm uma função de restituição com relação ao Ego. O “acting out” do adolescente pode ser concebido como uma forma de ação experimental a serviço da adaptação do Ego (desse ponto de vista é considerado a resolução de um problema).

“ é preferível não desejar nada a desejar sem realização imediata” O agir como entrave da conduta mentalizada: Na concepção psicanalítica, o paciente age para evitar sentir, evitar o sofrimento. O acting out é avaliado então como uma conduta de fuga em face do afeto ou da representação desagradável à consciência do sujeito. A recusa do agir: essa “inércia ativa” representa uma tentativa de expulsar o objeto de desejo a fim de melhor controlar, secundariamente, a resistência interna. “ é preferível não desejar nada a desejar sem realização imediata”

Fatores de Resiliência em face da Passagem ao Ato: Quais são os fatores que podem proteger um adolescente de sua propensão à passagem ao ato? A tolerância à frustração: adquirida durante a infância, a tolerância à frustração traduz a capacidade do sujeito de aceitar em si mesmo um estado de insatisfação interna freqüentemente acompanhado pela angústia. 2. A capacidade de adiar: o adolescente investe no futuro da história familiar e na sua própria história, visando que nessas condições, a expectativa se tornará possível. Essas cenas fantasmáticas permitem ao adolescente adiar a sua necessidade de satisfação imediata. 3. A capacidade de deslocamento: o adolescente investe em hobbies, assim como no período de latência, que a sua sexualidade era deslocada para o desejo de aprender coisas novas, curiosidade e etc. 4. O lugar do jogo: por intermédio da atividade lúdica, podemos observar a maneira com que o adolescente maneja o agir.

Fugas e Errâncias: Uma das representações mais concretas da ruptura do adolescente com o seu contexto familiar ou institucional é a partida do meio onde vivia. Os diferentes modos de partida dos adolescentes: Descrição Clínica - A viagem: uma partida preparada, normalmente feita em grupo e com previsão de retorno. Os objetivos são os mais variados: viagem escolar, universitária ou política; remetem também o desejo de descoberta, o gosto pela aventura, ou fuga da vida rotineira. A estrada: trata-se de partir e de romper com o meio anterior do que se interessar por um aspecto particular ao longo do seu trajeto. Uma característica do “mochileiro” é manifestar um certo conformismo em seu anticonformismo a partir da maneira como se veste, fala, aonde vai, etc. - A fuga: é uma partida impulsiva, brutal, na maioria das vezes solitária e limitada no tempo (cerca de uma noite). Geralmente sem uma meta precisa, normalmente em uma atmosfera de conflito (pode ser na família, na escola, na justiça, vítima de algum tipo de violência e até tentativa de suicídio).

O furto: O furto representa a conduta delinqüente mais freqüente na adolescência (95 a 96%) Condutas de furto mais freqüentes: furto de veículos motorizados (35% dos casos) furto nos hipermercados (15% dos casos) furtos de locais habitados (14% dos casos)

A violência na adolescência: Como o adolescente experimenta muitas vezes uma grande violência nele e em torno dele, esse sentimento que quase sempre aparece como uma resposta potencial à ameaça narcísica e à depressão. A heteroagressividade Violência contra os bens Atos de vandalismo Condutas destrutivas solitárias: são raras, mas com um maior desvio psicopatológico; como por exemplo a conduta piromaníaca e a crise da violência do adolescente no apartamento da família. - Condutas heteroagressivas em formas excrementícias: encontrado na maioria dos casos em instituições de acolhimento e clínicas de desintoxicação, os adolescentes urinam e defecam em locais diversos.

A violência contra as pessoas Os “tiranos familiares” O agressor A família, os pais O âmbito educativo A vítima O tipo de violência Violência extra familiar A auto-agressividade As automutilações As automutilações impulsivas