EPI 810: INTRODUÇÃO Á EPIDEMIOLOGIA.

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Epidemiologia Palavra de origem grega Epi-sobre Demos-população Logos-tratado.
 Dengue  Hipertensão  5 diferenças Traumatismos (acidentes/violências) Doenças genéticas Doenças relacionadas à assistência da gestação e parto Deficiências/carências.
Transcrição da apresentação:

EPI 810: INTRODUÇÃO Á EPIDEMIOLOGIA. NIGEL PANETH, MD, MPH. Tradução da 1ª parte do curso de Epidemiologia I, realizada por Maria Rita Barros Justino, Farmacêutica Bioquímica, pós-graduada em IMUNOPATOLOGIA, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

LEITURAS TEXTOS REQUERIDOS: 1) RAJ BHOPAL: Concepts of Epidemiology. 2) Artigos: Na biblioteca do Departamento de Epidemiologia, etiquetado como EPI 810 ARTICLES ALTAMENTE RECOMENDADOS: Last J. M.: A DICTIONARY OF EPIDEMIOLOGY, 4ª edição, 2000 2) Chin J.: Control of Communicable Disease Manual, 17th Edition (required for EPI 817)

O QUE É EPIDEMIOLOGIA? Qual o conceito atual de epidemiologia?

AS DUAS DEFINIÇÕES DE UMA EPIDEMIA 1 AS DUAS DEFINIÇÕES DE UMA EPIDEMIA 1. LAST, JM – A DICTIONARY OF EPIDEMIOLOGY – 3rd Ed. A ocorrência em uma região ou comunidade de casos de uma doença; condutas relacionadas a doenças específicas, ou outros eventos claramente relacionados à saúde além daquele esperado. 2. From the Babylonian Talmud (Tractate Taanid 21A) Uma cidade que tem 1500 homens em idade militar como AKKO, e que ocorrem 9 mortes em 3 dias; o que é considerado uma PRAGA. Uma cidade com 500 como AMIKO, e tem 3 mortes em 3 dias , é considerado uma PRAGA.

DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA-1. Oxford English Dictionary O ramo da ciência médica que trata das epidemias. Kuller LH: Am J. Epid, 1991:134:1051 EPIDEMIOLOGIA é o estudo das epidemias (doenças) e sua prevenção. Anderson G. quoted in Rothman KL: Modern Epoidemiology. EPIDEMIOLOGIA: o estudo da ocorrência da doença.

DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA-2. Last JM: A Dictionary of Epidemiology. O estudo da distribuição e determinantes dos estados e eventos relacionados à saúde em populações e a aplicação desse estudo no controle de problemas de saúde. Lilienfield A.: in Foundations of Epidemiology. O estudo da distribuição de uma doença ou uma condição fisiológica em populações humanas e dos fatores que influenciam esta distribuição.

QUAL É A ÚNICA FERRAMENTA DOS EPIDEMIOLOGISTAS?   MEDIR A FREQÜÊNCIA DE UMA DOENÇA NAS POPULAÇÕES.

MEDIR A FREQÜÊNCIA DAS DOENÇAS TEM VARIOS COMPONENTES: Classificar e caracterizar a doença. Saber qual o componente de um caso de uma doença. Encontrar uma fonte para busca de casos. Definir a população de risco da doença. Definir o período de tempo do risco da doença. Obter permissão para estudar a pessoa. Fazer medidas das freqüências da doença. Relacionar casos à probabilidade na população e tempo de risco.

DOIS TIPOS DE EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA Exame da distribuição de uma doença em uma população e observação dos acontecimentos básicos de sua distribuição em termos de TEMPO, LUGAR E PESSOAS. TIPOS TÍPICOS DE ESTUDO: Saúde comunitária (sinônimo de estudo transversal, estudo descritivo). EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA Provando uma hipótese específica acerca da relação de uma doença a uma causa, conduzindo estudos epidemiológicos que se relacionem à exposição de interesse com a doença. TIPOS DE ESTUDOS TÍPICOS: COORTE, CASOS CONTROLES.

A TRIADE BÁSICA DA EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA. As três características essenciais das doenças nós observamos na Epidemiologia Descritiva. TEMPO LUGAR PESSOA

TEMPO MUTÁVEL OU ESTÁVEL? VARIAÇÃO SAZONAL AGRUPADO (EPIDÊMICO) OU UNIFORMEMENTE DISTRIBUIDO (ENDÊMICO). PROPAGADO OU DE UMA SÓ FONTE.

LUGAR GEOGRAFICAMENTE RESTRITO OU DISPERSO (PANDEMICO).   GEOGRAFICAMENTE RESTRITO OU DISPERSO (PANDEMICO).   RELACIONADO À ÁGUA OU A ALIMENTOS.   GRUPOS MULTIPLOS OU SOMENTE UM?

PESSOA IDADE CONDIÇÃO SÓCIO-ECONÔMIICA SEXO ETINIA / RAÇA   IDADE CONDIÇÃO SÓCIO-ECONÔMIICA SEXO ETINIA / RAÇA COMPORTAMENTO

EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA é um antecedente necessário da epidemiologia analítica. Para empreender um estudo epidemiológico analítico você deve primeiro: Saber onde observar. Saber o que devemos controlar Ser capaz de formular hipóteses compatíveis com as evidencias laboratoriais.

Um erro comum em epidemiologia é transportar para a epidemiologia analítica sem ter uma base sólida da epidemiologia descritiva da condição. Assim, as primeiras três, das cinco seções deste curso tratará da EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA.

HOSPEDEIRO AGENTE AMBIENTE. Define host, agent? A TRÍADE BÁSICA DA EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA. OS TRÊS FENÔMENOS GERALMENTE AVALIADOS EM EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA SÃO: HOSPEDEIRO AGENTE AMBIENTE.

AGENTES: Nutrientes Tóxicos e/ou venenos Alérgenos Radiação Trauma físico Micróbios Experiências psicológicas

FATORES DO HOSPEDEIRO CARGA GENÉTICA ESTADO IMUNOLÓGICO IDADE CONDUTA PESSOAL

MEIO AMBIENTE AGLOMERAMENTO AR ATMOSFÉRICO MODOS DE COMUNICAÇÃO – fenômeno no meio ambiente que reúne o hospedeiro ao agente, tal como: VETOR VEÍCULO RESERVATÓRIO

OS EPIDEMIOLOGISTAS DEVEM TER CONHECIMENTOS DE SAÚDE PÚBLICA, MEDICINA CLÍNICA, FISIOPATOLOGIA, ESTATÍSTICAS E CIENCIAS SOCIAIS. SAÚDE PÚBLICA – devido a ênfase na prevenção de enfermidades. MEDICINA CLÍNICA – devido a ênfase na classificação das doenças e seus diagnósticos. FISIOPATOLOGIA – devido a necessidade de entender mecanismos biológicos básicos da doença. ESTATÍSTICA – devido a necessidade de quantificar a freqüência das doenças e sua relação com os antecedentes. CIÊNCIAS SOCIAIS – devido a necessidade de entender o contexto social no qual a doença ocorre e se apresenta.

OS PROPÓSITOS E USOS DA EPIDEMIOLOGIA Jeremiah Morris: USES OF EPIDEMIOLOGY: 1.    Entender a história da doença (e prever os modelos da doença). 2.    Diagnóstico comunitário – medir a carga da doença numa comunidade. 3.    Avaliação de risco para o individuo. 4.    Estudos da efetividade dos serviços de saúde. 5.    Completando o quadro clínico. 6.    Identificação dos sintomas. 7. Seguindo pistas sobre as causas. Lilienfield A e Stolley: em Foundations of Epidemiology. 1. Esclarecer a etiologia. 2. Avaliar a freqüência com as hipóteses de laboratório. 3. Prover as bases para prevenção.

DIFERENÇA ENTRE CIÊNCIA DE LABORATÓRIO E DE CAMPO NO LABORATÓRIO: Sempre experimental Variáveis controladas pelo investigador. Todas as variáveis conhecidas. Fácil reprodutibilidade Resultados validados Significado dos resultados para seres humanos sem clareza. Pouca necessidade de manipulação estatística de dados. Altamente equipado.

DIFERÊNÇAS ENTRE CIÊNCIAS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO NO CAMPO: Mais observação Variáveis controladas pela natureza Algumas variáveis desconhecidas Difícil reprodução: impossível reprodução exata Resultados um pouco duvidosos Claro significado dos resultados para seres humanos Controle estatístico muito importante Trabalho intensivo.

TRIUNFOS DA EPIDEMIOLOGIA Identificação da ÁGUA como o maior reservatório e veículo das doenças comunicáveis, tais como: cólera e febre tifóide (1849 – 1856). Identificação de ARTROPODES vetores de muitas doenças – malária, febre amarela, doença do sono, tifo (1895 – 1909). Identificação do portador assintomático como um importante vetor da febre tifóide, difteria e poliomielite (1893 – 1905).

MAIS TRIUMFOS DA EPIDEMIOLOGIA TABAGISMO encontrado como a causa principal do câncer pulmonar, enfisema e doença cardiovascular. Erradicação da VARÍOLA (1978). Infecção perinatal do HBV como causa de carcinoma hepatocelular (câncer comum na China e África Meridional (1970 – anos 80) Identificação da AIDS, prognóstico das causas por um vírus transmitido via sexual (1981 – 3), e desenvolvimento das medidas preventivas ANTES da identificação do vírus.

O QUE CAUSOU A MORTE DISTO? CADA RESULTADO EM SAÚDE TEM ALGUMA CARACTERÍSTICA EPIDEMIOLÓGICA INTERESSANTE E ÚTIL. O QUE CAUSOU A MORTE DISTO? Men Women Children Total 1st class 67% 3% 38% 2nd class 92% 14% 59% Go to the next lecture of the course: "Disease transmission and context" 3rd class 84% 54% 66% 62% Total 82% 26% 48% 62% Taxas de mortes por classe social de uma certa causa entre 1.316 pessoas.