Autor – obra - recepção Júlio Plaza.

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Transcrição da apresentação:

Autor – obra - recepção Júlio Plaza

OBRA ABERTA artesanal (imagens de 1º geração) industrial (imagens de 2º geração) eletro-eletrônica (imagens de 3º geração) ABERTURA DE 1º GRAU POLISSEMIA AMBIGUIDADE MULTIPLICIDADE DE LEITURAS RIQUEZA DE SENTIDOS ABERTURA DE 2º GRAU “ARTE DA PARTICIPAÇÃO” inclui processos de manipulação e interação física com a obra ABERTURA DE 3º GRAU INTERATIVIDADE TECNOLÓGICA – relação homem / máquina Mediação por interfaces técnicas

A ARTE INTERATIVA, DENTRO DO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS, SERIA UMA NOVA CATEGORIA DE ARTE, OU APENAS A EXPANSÃO DAS NOÇÕES DE ARTE? No decorrer do século XX: A função POÉTICA do artista FUNDE-SE com A função ESTÉTICA receptora (através da hibridização de poéticas e atitudes artísticas)

DADAISTA FUTURISTA FLUXUS Marcel Duchamp afirma “é o espectador que faz a obra” A participação do espectador é um tema que caracteriza todos os manifestos da arte moderna. DADAISTA FUTURISTA FLUXUS

Quando, em 1922, Moholy Nagy, decide pintar um quadro por telefone, inaugura-se de forma pioneira, o universo da interatividade. PARTICIPAÇÃO DO ESPECTADOR NA OBRA SEGUE AS SEGUINTES LINHAS: PARTICIPAÇÃO PASSIVA Contemplação, percepção, imaginação, evocação, etc. (Bridget Riley) PARTICIPAÇÃO ATIVA Exploração, manipulação do objeto artístico, intervenção, modificação da obra pelo espectador (Robert Irwin) PARTICIPAÇÃO PERCEPTIVA Arte cinética e interatividade, como relação entre o usuário e um sistema inteligente ( Abraham Palatinik)

ABERTURA DE 1º GRAU POLISSEMIA AMBIGUIDADE MULTIPLICIDADE DE LEITURAS RIQUEZA DE SENTIDOS Segundo Júlio Plaza, nos anos vinte e no campo dos estudos da linguagem, a obra de Mikhail Bakhtin inaugura o dialogismo: “ todo signo resulta de um consenso entre indivíduos socialmente organizados no decorrer de um processo de interação....que não deve ser dissociado da sua realidade material, das formas concretas da comunicação social”. Afirma ainda que a primeira condição da intertextualidade é que as obras se dêem por INACABADAS, isto é, que permitam e peçam para ser prosseguidas, prenunciando o conceito de “hipertexto”. INTERTEXTUALIDADE: é caracterizada por um novo modo de leitura – não linear. (intermusicalidade, intervisualidade, intersemioticidade) “a intertextualidade fala uma língua cujo vocabulário é a soma, ou a combinação, dos textos existentes”

Os fundamentos da situação comunicativa são: o remetente – o destinatário – e o discurso (transitando entre a linguagem prática ou a orientação para o seu significado, e a linguagem emotiva ou a orientação para a função poética, considerando as linguagens verbais e não-verbais. É a partir dos anos cinqüenta que se constituem, no campo da arte, tendências que traduzem e antecipam as mudanças produzidas pelas tecnologias. O artista busca nova forma de comunicação Romper com o contexto mass-mediático unidirecional Requer a participação do espectador para a elaboração da obra Modificando, assim, o estatuto desta e do autor

Com o uso do computador, as primeiras obras que obedecem ao conceito de “abertura da obra” referem-se a “arte permutacional” 1962. Por exemplo, a poesia concreta brasileira, permitia vários percursos de leitura, na horizontal, na vertical, possibilitando o a combinação. Ex..Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo, Waldemar Cordeiro.. Surge a “poesia de participação” e os poemas semióticos – Décio Pignatari. Surge a poesia de processo. Poema: objeto físico. Surge a arte criada a partir de processos aleatórios que se utilizam do computador para gerar imagens. Busca-se O PROVISÓRIO, O RELATIVO, A SENSAÇÃO DE COMUNICAÇÃO CONTRA O CONTEMPLATIVO.

Estas chaves foram incorporadas ao ocidente pelas vanguardas, acelerando a arte experimental. Reticência e sugestão: busca elevar a percepção. Sugerir. O que se sugere não se deve dizer. Mallarmé dizia: “Creio necessário que não haja mais que alusão. Nomear um objeto é suprimir tres quartas partes do gozo de um poema.” Ritmo vital: energia, espontaneidade. J. Pollock dizia: “ Eu não pinto a natureza, eu sou a natureza.” Vazio: não é algo a ser preenchido (como na visão ocidental), mas algo que seria “gestalt” forma, ou unidade de percepção. Algo cheio de potência, de onde nascem todas as formas. (o buraco negro) Intervalo: o espaço entre. Ver Volpi, Escher, Morandi e Mondrian. O intervalo não é um vazio, é antes, aquele espaço/tempo de interpretação entre um texto e seus referentes.

A ABERTURA DE SEGUNDO GRAU “ARTE DA PARTICIPAÇÃO” inclui processos de manipulação e interação física com a obra As noções de “AMBIENTE” e “participação do espectador” são propostas poéticas típicas da década de 60. AMBIENTE: lugar de encontro dos fatos físicos e psicológicos. Acrescidos da participação do espectador, contribuem para o desaparecimento e desmaterialização da obra de arte. Surge daí a situação perceptiva: a percepção como re-criação da obra.

A OBRA DESMATERIALIZA-SE É O PRINCÍPIO DA CRIAÇÃO COLETIVA TEATRO, DANÇA, POESIA, ARTES PLÁSTICAS, MÚSICA, CINEMA, ETC, nivelam-se e a transferência da responsabilidade criativa para o público se acentua. A ATIVIDADE CRIATIVA TORNA-SE MULTIDISCIPLINAR

SURGEM AS INSTALAÇÕES É o corpo do espectador, não somente seu olhar que se inscreve na obra. O objeto artístico clássico perde importância face à confrontação do ambiente com o espectador. A noção de “arte de participação” pretende encurtar a distância entre criador e espectador. O espectador é convocado à manipulação e exploração do objeto artístico ou de seu espaço.

Esses ambientes visam aproximar ARTE E VIDA Meta-arquitetural (ambiental) Expressivo (pessoal, individual) Social (participação) Esta tendência está presente na arte, por ex... No teatro (living theater) Na música experimental ( J. Cage, Stockhausen, Pierre Boulez) Na dança (Merce Cunninham)

No campo da literatura, surge a estética da recepção No campo da literatura, surge a estética da recepção. Na teoria da recepção, “nenhum texto diz apenas aquilo que deseja dizer”- o sujeito da recepção e o sujeito da produção não são isolados, mas apenas como social e culturalmente mediados. As questões relacionadas com a abertura da obra de arte, fazem tradicionalmente parte do oriente – arte taoísta, por exemplo, que sempre deu ênfase as relações entre a obra de arte e a recepção, através de chaves estéticas como: ressonância, ritmo vital, reticência e vazio, incorporadas ao ocidente pelas vanguardas.

A abertura de segundo grau inclui também A manipulação de elementos plásticos – Calder, Soto (ambientes), Lygia Clark, Hélio Oiticica (os penetráveis e os parangolés de H. Oiticica, onde o espectador penetra ou veste objetos Lygia Clark:” no meu trabalho, se o espectador não se propõe a fazer a experiência, a obra não existe”.

O conceito de “arte para todos” e “ do it yourself” sugem a partir da participação lúdica. A participação ativa, que inclui o acaso, como os happenings – criação e desenvolvimento em aberto pelo público, sem começo, meio e fins estruturados. Ex. J. Cage, Alan Kapprow, Grupo Fluxus. A arte tende à: produção coletiva anônima sem mercadorias artísticas arte do diálogo contra a produção unilateral

Os processos artísticos sofrem gradativa transformação a partir da Op-art e arte cinética. Posteriormente, pela holografia e raio laser, acentuando o lado perceptivo. No meio brasileiro da arte, o debate típico dos anos 50 CONCRETO X NEOCONCRETOS resulta em vertentes de obras que se identificam mais com a tecnologia (concretos), ou mais com a temática (social, orgânica, psicológica) para promover atos de liberdade do espectador.

Abertura de terceiro grau INTERATIVIDADE TECNOLÓGICA – relação homem / máquina Mediação por interfaces técnicas Se expõe pela primeira vez, obras criadas com a ajuda do computador, na exposição “Cybernetic Serendipity” Londres, 1968. A questão que se colocou na época era: “Pode o computador criar obras de arte?” “Estas obras possuem valor estético?” Neste contexto, tendências maneiristas – dando ênfase mais aos meios e técnicas que propriamente ao resultado – remetiam ao conceito Mcluhiano “o meio é a mensagem”

As noções de interação, interatividade e multisensorialidade alimentam as relações entre arte e tecnologia. A arte das telecomunicações, a telepresença, e mundos virtuais partilhados, a criação compartilhada, a arte em rede (herdeira da mail-art) relacionam-se com os processos tecnológicos. Neste tipo de produção artística, a multisensorialidade é caracterizada pelo uso de múltiplos meios, códigos e linguagens (hipermídia), que colocam problemas e novas realidades de ordem perceptiva nas relações virtual/atual. O artista da comunicação e sua obra interativa, só existem pela participação efetiva do público, o que torna a noção de autor, mais problemática.

Neste contexto, Ted Nelson considerado o inventor do termo HIPERTEXTO, conceitua o mesmo como: Um conjunto de escritas associadas, não seqüenciais, com conexões possíveis de seguir e oportunidades de leitura em diferentes direções.

HIPERMÍDIA A hipermidia, é uma forma combinatória interativa da multimídia, onde o processo de leitura é designado pela metáfora de “navegação” dentro de um mar de textos polifônicos, que se justapõem, tangenciam e dialogam entre eles, FORMANDO SUA PRÓPRIA TEIA DE ASSOCIAÇÕES SUBJETIVAS, atingindo a construção do pensamento interdisciplinar. ABERTURA COMPLEXIDADE IMPREVISIBILIDADE MULTIPLICIDADE REPRESENTA O FIM DA ERA DA AUTORIA INDIVIDUAL

Associações O hipertexto possibilita associações entre vários tópicos de informação de acordo com o rítmo natural do pensamento humano, por: Contigüidade Similaridade Blocos de texto e imagens interligados, estimula o encadeamento de idéias e contextos de forma não linear.

INTERATIVIDADE A INTERATIVIDADE É CRITICADA COMO UMA ILUSÃO DE RECIPROCIDADE. Esta noção é percebida como incitação/valorização da “atividade” em detrimento da “passividade”. É necessário apreender a interatividade como categoria da comunicação, ou seja, um modo singular de comércio entre subjetividades, obedecendo à particularidades, onde sua programaticidade é a sua principal condição. Cria o espectador / autor

O USO DA INTERATIVIDADE NO FENÔMENO ARTÍSTICO, DEVE TER EM CONTA A DISTINÇÃO ENTRE A ESTRUTURA DA OBRA DE ARTE E O PROCESSO CRIATIVO QUE A ENGENDROU ( A POÉTICA), E AINDA A RELAÇÃO ENTRE O ESPECTADOR E A OBRA DE ARTE (ESTÉTICA).

Co-autor e co-produtor As noções de co-autor e co-produtor parecem muito imprecisas. Entre escrita (produção de sentido) e leitura (apropriação de sentido), há diferenças, pois LER É REESCREVER PARA SI O TEXTO E ESCREVER É O ENCADEAMENTO DE LEITURAS. TODA LEITURA É UMA REESCRITA INTERNA DO TEXTO LIDO ENTRE A APREENSÃO DO SENTIDO E A CRIAÇÃO, NA ESCRITA, INTERPÕEM-SE A CAPACIDADE E A COMPETÊNCIA COM A LINGUAGEM.

Desestabilizando o terreno cultural que viu crescer a importância do autor, Pierre Levy cita grandes obras anônimas sem autor, já que esta figura emerge de uma ecologia das mídias de uma configuração econômica, jurídica, ideológica e social bem particular A proeminência do autor não condiciona nem o alastramento da cultura nem a atividade artística.

Para Antônio Risério, que desorganiza o coro dos contentes e partidários da dissolução do autor, diz: O autor existe. Sempre. Mesmo as criações coletivas são feitas por criadores individuais, conhecidos ou não.

Em pleno CIBERESPAÇO... Todo mundo é autor, ninguém é autor...somos todos produtores – consumidores, ou seja, está indo por água abaixo a velha distinção entre quem faz e quem frui. No entanto, JP diz; alterar textos, diagramá-los, rediagramá-los, realizar operações de corte e montagem, executar scripts, etc.não faz de ninguém um autor, no sentido genuíno da expressão.

Para E. Couchot, 1997. A obra de arte não é mais fruto apenas do artista, mas se produz no decorrer do diálogo, quase instantâneo, em tempo real. Entre modalidades de linguagem visual, sonora, gestual, táctil, escrita. O leitor não está mais reduzido ao olhar. O autor delega ao fruidor uma parte de sua autoridade, responsabilidade e capacidade para fazer crescer a obra.

C. Baudellaire, no início do século, dizia; “ o público é, comparado ao gênio, um relógio que atrasa”. Agora, no entanto, artista e público estão intimados a ler a hora no mesmo relógio e pêndulo. E o artista perde seu papel antecipador.

A “esfera artística” multifacetada apropria-se e interage com o resto das esferas.