PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS DE SAÚDE MENTAL

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Transcrição da apresentação:

PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS DE SAÚDE MENTAL Paulo Amarante - Fiocruz

Sobre o conceito de saúde mental Saúde Mental como tipo psicológico (ou bio-psicossocial) ideal (Durkheim, Boltanski, Caplan) Saúde Mental como campo (Bourdieu) Saúde Mental como processo social complexo

Final do Século XVIII A medicalização se acentua A medicalização do hospital. O hospital como laboratório para a produção de uma nova forma de saber médico. O hospital é medicalizado e a medicina “hospitalizada” (institucionalizada) O nascimento da clínica Charcot e a produção da histeria “Dizer o que está sendo visto, fazer ver o que está sendo dito” (Foucault)

Final do Século XX Inicio do Século XXI A medicalização como política de mercado POLITICA DE SAUDE X POLITICA DE MERCADO

Medicamentos ou goma de mascar Sobre as pesquisas Os laboratórios farmacêuticos simplesmente não permitem que os resultados sejam publicados, quando não são favoráveis aos medicamentos que produzem (Marcia Angell, 2005, p. 17) Contratação de empresas privadas para realizarem pesquisas e universidades publicas, para obterem legitimidade

Ainda sobre as pesquisas Os médicos que participam recebem grossas recompensas, que insinuam que ultrapassam o valor da mera pesquisa, mas sim como compra dos resultados e pagamento da cumplicidade O mesmo ocorre na autoria de pesquisas, artigos, conferencias, livros, etc etc etc

disease-mongering "fabricação de doenças“ Termo criado em 1992 por Lynn Payer.  Redatora médica, Payer listou os dez mandamentos para a fabricação bem-sucedida de uma nova doença:

Mas medicalização não se reduz a farmacologização ou medicamentalização Complexo medico-industrial, equipamentos, exames diagnósticos, consultórios...terapias...dietas... etc

As pesquisas epidemiologias induzem as doenças Naomar Almeida Filho – pesquisa sobre os screenings As pesquisas da OMS - ... Em 2020 cerca de 20% da população terão depressão... Na verdade produz, induz, doenças Muito prazer, Fulano de Tal, bipolar!

Cerca de 5 milhões de crianças têm sintomas de transtornos mentais JB Online BRASÍLIA - Como anda a saúde mental da criança brasileira? Para responder essa pergunta, a Associação Brasileira de Psiquiatria realizou, em parceria com o Ibope, uma pesquisa nacional que estimou a prevalência de sintomas dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17 anos) e as formas de atendimento mais utilizadas. Entre 15 e 19 de agosto de 2008, foram realizadas 2002 entrevistas, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil. Segundo a pesquisa, 12,6% das mães relataram ter um filho com sintomas de transtorno mental importante ao ponto de necessitar tratamento ou auxílio especializado. O número equivale a cerca de 5 milhões de crianças. Dessas, 28,9% não conseguiram ou não tiveram acesso a atendimento público; 46,7% obtiveram tratamento no SUS e 24,2% através de convênio ou profissional particular. Segundo a coordenadora da pesquisa, Tatiana Moya, o resultado é preocupante, mas não surpreendente. - Os dados do Ministério da Saúde mostram que existem apenas 264 unidades de atendimento público (Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil - CAPSI) especializados no atendimento em saúde mental para crianças e adolescentes em todo o país - Para atender a demanda apontada pelo estudo, cada CAPSI precisaria atender 21 mil pacientes. A capacidade média dos centros, entretanto, é de 240 crianças e adolescentes por ano. De acordo com a localização, a carência de serviços é ainda maior. Em toda a Região Norte, por exemplo, existem apenas seis CAPSI; no Centro-Oeste há 13 centros. Para Tatiana, especialista em psiquiatria da infância e adolescência, a pesquisa reforça o que os profissionais vivenciam na prática. -Não temos onde atender, encaminhar e dar assistência. É um cenário triste, pois a falta de tratamento traz conseqüências sérias. Crianças que não conseguem tratamento se desenvolvem mal e se tornam adultos vulneráveis, com dificuldades de manter sua autonomia, estabilidade econômica e cuidados com os filhos, que também ficam mais vulneráveis - alerta.O presidente da ABP, João Alberto Carvalho, explica a importância da pesquisa.- Não foi sem propósito que escolhemos este tema. A criança não toca só nosso coração, mas principalmente nosso compromisso ético. Pesquisar a saúde mental da criança é pensar prevenção, educação, informação e combate ao estigma. É ação comunitária, compromisso com o país - Incidência A maior parte das crianças e adolescentes apresenta sintomas para mais de um transtorno mental. Mais de 3 milhões (8,7%) têm sinais de hiperatividade ou desatenção; 7,8% possuem dificuldades com leitura, escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem), 6,7% têm sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e 6,4% apresentam dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade. Sinais importantes de depressão também aparecem em aproximadamente 4,2% das crianças e adolescentes. Na área dos transtornos ansiosos, 5,9% têm ansiedade importante com a separação da figura de apego, 4,2% em situações de exposição social e 3,9% em atividades rotineiras como deveres da escola, o futuro e a saúde dos pais. 11/10/2008

Um modelo de screening

O papel da sociedade e do Estado democratico e etico Lutar pela autonomia das publicações (critérios CAPS), congressos e pesquisas (comitês de ética!!!), totalmente independentes dos interesses do CMI Fundo nacional de pesquisa. Proibição de pesquisas privadas ou financiadas pelo CMI

Política mais rigorosa Financiamento de congressos, revistas, brindes, etc... Conflito de interesses (que conflito!?)

Indústria farmacêutica e medicalização Luta pela quebra de patentes, para a flexibilização das patentes, para o controle social dos custos dos medicamentos (as mentiras sobre o custo das pesquisas)

DESOCIALIZAR O SOFRIMENTO 3 Fetichismos: coisificação do paciente e personificação das nosologias e os medicamentos.  

Políticas de Saúde Mental Não devem ser reduzidas a políticas de reorganização/reorientação (OPAS) do modelo assistencial Conceito de reforma psiquiátrica como processo social complexo – a construção de um outro lugar social para os sujeitos em sofrimento

Problemas no nível da assistência em saúde mental Persistência do modelo asilar psiquiátrico – manicomial Fragilidade da rede substitutiva (de serviços e demais dispositivos) No momento chama a atenção a questão das drogas – pp. p crack Baixa articulação entre a rede de saúde mental e ESF Falta de formação de profissionais para a política de reforma psiquiátrica

Problemas no nível da assistência em saúde mental 2 Falta de articulação com os outros setores das políticas públicas (próximo slide) Baixa participação social na gestão e avaliação do sistema Predominância do modelo biomédico nas práticas “substitutivas”

Saúde Mental e Políticas Públicas Cultura e Diversidade Cultural Trabalho Direitos Humanos Educação Lazer Redes Sociais Práticas Solidárias na vida cotidiana

Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial Fiocruz Av. Brasil 4036/506 21040-361 Manguinhos-RJ Tel. 21-38829105 laps@ensp.fiocruz.br