CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE SALVADOR-BA, 04 E 05/05/2006.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Funções Essenciais de Saúde Pública: a experiência em Goiás
Advertisements

Ações Estratégicas na Atenção Básica
Os desafios atuais da participação popular
A Gestão Social pode ser vista como...
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
APOIO INTEGRADO À GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUS – SANTA CATARINA
TENDENCIAS DAS POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE NOS PAISES DO MERCOSUL Vera Maria Ribeiro Nogueira Apoio CNPq.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA SAÚDE E GESTÃO PARTICIPATIVA
Pacto pela Saúde Consolidação do SUS
DIRETORIA DE GESTÃO DO PLANEJAMENTO E DESCENTRALIZAÇÃO DA SAÚDE
Estratégia para Fortalecimento do Controle Social no SUS
Pacto pela Saúde no Estado de São Paulo: Avanços e Desafios
ATUAÇÃO DOS AGENTES DE CONTROLE SOCIAL.
ATUAÇÃO DOS AGENTES DO CONTROLE SOCIAL
O CHAMADO “TERCEIRO SETOR” E O CONTROLE SOCIAL
Educação Permanente em Saúde :
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SUAS
Caderno de Textos: Subsídios para debates
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Secretaria Estadual de Saúde Departamento de Ações em Saúde Coordenação Estadual de Atenção Básica - Saúde da Família Política Estadual para Atenção Básica.
Plano de Auto-Formação Local Comissão Gestora.
Política Nacional de Humanização
I Reunião - Preparatória Coordenadoria da Mulher
Prof. Adjunto I Curso de Serviço Social
Como Fortalecera Governança para o Crescimento?  Utilizar a agenda de aprimoramento do Sistema de Gestão Regulatória para melhorar o ambiente de negócios.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP
Superintendência de Recursos Humanos da Saúde
Ministério da Cultura.
TEMA – “Participação e Controle Social no SUAS”
PROJETOS SOCIAIS IMPORTÂNCIA PARA A SUSTENTABILIDADE
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
RESPONSABILIDADE DOS ENTES DA FEDERAÇÃO E FINANCIAMENTO DO SUS
Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar - CONDRAF Grupo Temático: Educação do Campo.
Síntese das Conferências Estaduais - Berenice Rojas Couto
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS.
1º ENCONTRO DA REGIÃO NORDESTE DE FARMACÊUTICOS NO CONTROLE SOCIAL DA SAÚDE O Controle Social na Saúde e o Farmacêutico.
SEMINÁRIO DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E MOBILIZAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA Brasília, dezembro de 2005.
Processos legislativos e hierarquias de lei CarlosNeder Carlos Neder ENCONTRO DE IMERSÃO NA LEGISLAÇÃO BÁSICA PARA OS CONSELHEIROS ESTADUAIS DE SAÚDE MODALIDADES.
Controle Social: Papel e Organização da Sociedade Civil
Programa URB-AL Cooperação entre as cidades da América Latina e da União Européia.
Eixo 2: Estado, Políticas Públicas e Democracia 1ª PARTE
Gestão Descentralizada e Compartilhada A NOVA GOVERNANÇA Salão Nacional- JULHO 2009 Silvana Parente Consultora do MTUR - IADH Com respeito ao Plano Operativo,
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP
GT das Grandes Cidades Brasília, agosto de 2008
FÓRUNS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO SUS AVANÇOS: O Pacto de Gestão comprometeu.
LIDERANÇA E GESTÃO DE PESSOAS
FÓRUNS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO SUS AVANÇOS Apreciação para aprovação.
Curso de Especialização para Formação de Gestores e Equipes Gestoras do SUS Módulo I: Políticas de Saúde e os Desafios Contemporâneos Para a Gestão do.
Plano Estadual de Saúde e Planos Operativos Anuais – 2008 a 2011 Contexto, Alcances e limites Ou “A retomada do planejamento” II Mostra SES, 04/11/2008.
SISTEMA ÚNICO de SAÚDE SUS.
Sistema Único de Saúde - SUS
Fórum Brasileiro de Economia Solidária= FBES
1 Oficina Técnica AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS
Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Unidade de Prevenção Insumos Brasília, novembro 2009.
O CONTEXTO DE EMERGÊNCIA DA REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA
Kátia Souto Consultora Técnica do PNCH/SVS/MS Curitiba/ 2009
Seminário de Capacitação das Equipes dos Serviços de Atendimento ao Cidadão em matéria de Direitos Humanos Brasília, 20 a 23/06/2006 Seminário de Capacitação.
Bahia 2008 Superintendência de Recursos Humanos da Saúde Diretoria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Estratégia para Fortalecimento da Gestão.
Territórios Etnoeducacionais
A Reforma Sanitária e SUS Antonía Alizandra Gomes dos Santos AVAN.
CONTROLE SOCIAL FINANCIAMENTO DO SUS LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE Vide Lei nº 8.689, de 1993 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão.
LEI Nº 8.142, DE 28/12/1990 CONTROLE SOCIAL
FÓRUNS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO SUS AVANÇOS: Maior integração entre.
Gestão dos Serviços, Programas e Projetos – Eixo 4 – Valéria Reis Ribeiro Representante da Legião da Boa Vontade – LBV Conselheira Nacional de Assistência.
EVOLUÇÃO DA POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Qualificação da Gestão. O QUE É O SUS Instituído pela Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde – SUS é formado pelo conjunto das ações e serviços.
PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS
FÓRUNS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO SUS AVANÇOS: Descentralização das.
SETAS Controle Social da Política de Assistência Social.
Transcrição da apresentação:

CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE SALVADOR-BA, 04 E 05/05/2006

O CONTROLE SOCIAL NO SUS José Ivo Pedrosa Coordenação Geral de Apoio à Educação Popular e Mobilização Social Departamento de Apoio à Gestão Participativa Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Ministério da Saúde

I - DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA EM SAÚDE AO CONTROLE SOCIAL NO SUS: UMATRAJETÓRIA DE MUDANÇAS 1. Conjuntura política da América Latina 2. Características dos movimentos sociais a partir de 70 e Nas relações do países centrais com os periféricos – políticas neoliberais

1. Conjuntura política na América Latina Transição de regimes de ditadura militar para democracias representativas Intensificação das desigualdades e exclusão social pelo acúmulo de capital e concentração de poder por parte das elites Emergência do conceito de sociedade civil como sinônimo de mobilização contra o Estado militar.

MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES DITADURA – negação do Estado militar, reivindicação da autodeterminação e autonomia para organização da sociedade civil PÓS-1995 – abertura de respostas institucionais a demandas populares e atuação em arenas decisórias. Movimento para a sociedade política ATUALMENTE – tendência de mobilização para participação na construção de um projeto popular para a sociedade 2. CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

3. Relações do países centrais com os periféricos – políticas neoliberais Crise no estado de bem estar Aumento da dívida externa e influência do Banco Mundial como formulador e financiador de políticas sociais Racionalidade dos gastos públicos – políticas focalizadas Rearranjos organizacionais: descentralização, regionalização e utilização dos recursos da comunidade

II - PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA EM SAÚDE – anos 70 Medicina comunitária –Funções: alívio das tensões sociais medicalização da sociedade mercado de consumo Movimento de fora para dentro – projetos de extensão universitária – participação utilitarista Fetiche e despolitização a partir do ideal de “comunidade” – homogênea e sem conflito Aumento nos gastos da saúde previdenciária – crise no setor

Década de 80 - Democratização da sociedade a)Emergência da saúde coletiva e organização de seus intelectuais orgânicos b)Mobilização da sociedade em torno da questão saúde c)Reorganização da assistência médica previdenciária: ações integradas de saúde d)VIII Conferência Nacional de Saúde – saúde como direito e)Constituição Brasileira – Saúde ampliada Definição de espaços de participação da sociedade CIPLAN CIS CIMS CLIS Movimento Sanitário Brasileiro Reforma Sanitária SUDS

O ideário da Reforma Sanitária a) Os direitos sociais e a cidadania b) O conceito ampliado de saúde c) Seguridade social – proteção social: previdência, assistência social e atenção à saúde d) Participação social e o aprimoramento da democracia

Elementos para uma política participativa e democrática a) Sus – como sistema de atenção e cuidado à saúde de todo cidadão brasileiro sob os princípios da universalidade, equidade e integralidade b) A descentralização da gestão c) Participação e controle social

Os (des)caminhos da institucionalização da política participativa em saúde a) Sus – descolado da idéia de seguridade social. Políticas neoliberais. Programas focalizados. Gerência orçamentária fragmentada b) A descentralização da gestão: emergência dos municípios c) Participação e controle social: conferências e conselhos de saúde

Década de 90 a) Institucionalização dos espaços de controle social – Lei Conselhos de saúde e Conferências c) NOB/93 e NOB/96– municipalização e a existência de Conselhos como condição essencial para a habilitação d) X Conferência Nacional de Saúde (1996) – aprofundamento do controle social sobre a gestão e a participação mais direta do usuário

Qual o significado de controle social no SUS por meio de conselhos? Significado subjetivo – socialismo/utopia do controle da sociedade sobre o Estado/soviet Significado objetivo – conselhos de saúde, participando da implementação e fiscalizando da política de saúde III - O CONTROLE SOCIAL NO SUS

1. Características das práticas de controle social nos espaços instituídos a)Formação da vontade política de participar e contribuir para as mudanças na sociedade nas areans de embate b)Direcionadas ao controle do poder administrativo do Estado c)Práticas que visam subordinar os valores de mercado. De produção e consumo de serviços de saúde aos valores de autonomia, integralidade e dignidade de vida

2. O Conselho como sistema de produção de deliberações sobre a política de saúde Demandas desejos Problemas reivindicações Pressões Interesses CONSELHO DELIBERAÇÕES DA POLÍTICA A SER IMPLANTADA DEMANDAS INFORMAÇÕES RESULTADOS

3. O CONSELHO COMO CAMPO DE PODER PODER SIMBÓLICO os usuários necessidades/ demandas PODER BUROCRÁTICO Prestadores públicos Insumos e regras PODER ECONÔMICO Prestadores privados Dinheiro e tecnologia PODER TÉCNICO Trabalhadores de saúde Informações PODER POLÍTICO

IV - ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL: a)Qualificação da participação da sociedade civil b)Ampliação da esfera pública c)Fortalecimento da participação e do controle social nos espaços instituídos

1. Sociedade civil Espaço social onde circula movimentos, grupos e organizações da sociedade que através de lutas e reivindicações atuam na perspectiva da igualdade dos direitos e direito à diferença Esfera pública – espaço de ampliação da democracia e do significado de cidadania. É o espaço da definição e da luta pela INCLUSÃO Esfera privada – espaço colonizado pela relações de mercado; de trocas determinadas pela posição que os coletivos ocupam na produção e no consumo OPERAM

2. A LUTA PELA INCLUSÃO ESFERA PRIVADA – reivindicações/lutas coorporativas. É reforçada quando a sociedade civil não participa. A inclusão se faz via mercado. O conceito é POBREZA ESFERA PÚBLICA Direitos de cidadania, coletivos. Espaço de formulação de políticas A inclusão se faz via social. O conceito é DESIGUALDADE SIGNIFICADO POLÍTICO: controle público na gestão das coisas públicas. Conflito da representatividade SIGNIFICADO CULTURAL: a formação da consciência cidadã e a construção coletiva de várias cidadanias

3. ESPAÇOS DE CONTROLE SOCIAL INSTITUCIONALIZADOS NO SUS - GESTÃO PARTICIPATIVA 1.Conselhos de Saúde 2.Conselhos de Gestão Participativa nas unidades de saúde 3.Sistema de Ouvidoria do SUS 4.Sistema de Auditoria 5.Monitoramento e avaliação

4. SITUAÇÃO DOS CES FRENTE AOS INDICADORES QUE COMPÕEM O ÍNDICE DE AUTONOMIA DOS CONSELHOS IndicadorsituaçãoObservações Regimento interno100% - Sim Independência entre os 3 poderes 2,1% (3) têm representante do Poder Legislativo Estadual CE, PI, MG Capacitação de conselheiros 63% sim

Eleição do Presidente 78% não elegem Mesa Diretora52% possuem; 93% definem em plenário A paridade só é encontrada no ES, PR, RS Dotação orçamentária própria 63% (10)- sim Elaboração do orçamento 78,58% (12) Gerenciamento do orçamento 52,94%

Secretaria Executiva100% possuem Equipe de apoio administrativo 85% - sim Ação dos CES frente a resoluções não cumpridas 22% apresentam resoluções não cumpridas CES/RS – cobrou do gestor; CES/MG – promotoria; CES/GO – inerte; CES/AP – ministério público; CES/RR – desistiu; CES/CE – sem manifestação Articlação com o MP96% Sim Sede78% - sim

Avaliação da sede51.9% boa; 22,2% ruim; 22,2% ótima; 3,7% péssima Linha telefônica100% - sim Computador+ de 2 – 51,85% 2 – 22,2% 1 – 25,9% 3,7% não possuem pelo menos 1 computador para uso exclusivo Acesso a Internet96% Sim Fonte: Acompanhamento e apoio aos CMS e CES – ENSP/FIOCRUZ/MS, 2005

EstadosIacsClassificação Bahia0,39Incipiente Piauí0.53c/ dificuldades Sergipe0.58c/dificuldades Alagoas0,59c/dificuldades Paraíba0.59c/dificuldades R.G do Norte0.59c/dificuldades Pernambuco0.73Bom Maranhão0,76Bom 6. ÍNDICE DE AUTONOMIA DOS CES DA REGIÃO NORDESTE Ceará0.82Ótimo

V - ESPAÇOS DE CONTROLE SOCIAL AMPLIADO 1.Articulação com os movimentos sociais – fóruns, coletivos organizados e “rodas de conversa” 2.Direito à Saúde – discussão com grupos excluídos por sua origem étnica e orientação sexual 3.Formação de atores para o controle social – movimentos populares

A RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS 1/1 Riscos/limites  Profissionalização excessiva das entidades e movimentos – as mudanças dos modos de organização dos coletivos precisam de novas formas de organização (hierarquia, burocracia, os que pensam e os que fazem, etc)  Desresponsabilização do Estado  Descontinuidade das ações – não sustentabilidade  Existência de lideranças que se consideram “donos” dos movimentos  Correlação de forças desiguais – cooptação  Fragmentação e dificuldade do trabalho conjunto  Parcialização de determinados problemas e homogeneização do que é heterogêneo

A RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS 1/2 Questões que se evidenciam  Lutas políticas versus demandas concretas da população  Universalização versus focalização das políticas públicas  Novos sujeitos e atores políticos (gênero, raça, sexualidade, juventude) e a permanência de velhos métodos. Novas linguagens e pedagogia  Naturalização das desigualdades sociais  Definição do ator/sujeito das transformações  Lutas locais/nacionais e articulações com movimentos internacionais  Conceituação de políticas públicas e dos espaços de participação  O processo de formação política

A RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS 1/3 Potencialidades/possibilidades  Aumento da efetividade do controle social nas políticas públicas  Influência na formulação e gestão das políticas públicas  Politização dos movimentos e práticas populares  Configuração de movimentos populares organizados e articulados em redes e fóruns coletivos  Constituição de canais de co-gestão com o Estado  Articulação de lutas políticas e lutas institucionais para o acesso a bens, serviços e direitos  Construção de agendas comuns dos movimentos populares  Alargamento da esfera pública de construção e pactuação das políticas públicas

A RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS 1/4 5. Potencialidades/possibilidades  Priorização da formação política utilizando metodologias que compartilhem o saber, o poder e o fazer.  Sistematização e registro da memória das experiências, resgate da memória e comunicação e compartilhamento da história  Atuação nas políticas públicas e na mudança de valores da sociedade.