J Pediatr (Rio J) 2010;86(6):480-487 Apresentação: Paula Balduíno Coordenação: Dr. Filipe Lacerda Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília/SES/DF.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Monografia apresentada ao Programa de Residência Médica em Pediatria
Advertisements

MENINGITE CONCEITO: Inflamação das meninges,causada por um organismo viral, bacteriano ou fúngico.
PREVENÇÃO DAS DEFORMIDADES DA COLUNA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
MENINGITES NA INFÂNCIA
Aspectos gerais A doença diarreica aguda ainda é um dos grandes problemas de saúde pública no mundo, sendo uma das principais causas de morbidade e.
Diagnóstico da Tuberculose pulmonar com baciloscopia negativa
PNEUMONIAS CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Natália Silva Bastos Ribas R1 pediatria/HRAS
Pneumonia adquirida na comunidade
Desenvolvimento neurológico de prematuros com insuficiência respiratória grave descrito em estudo randomizado de Óxido Nítrico Inalatório Hintz SR et.
Gripe Escola EB 2/3 de Beiriz Ano Lectivo 06/07.
EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE EM ARACAJU/SE NO PERÍODO DE 1984 A 2006
Pneumonia em institucionalizados
MÉTODOS DE COLETA DE INFORMAÇÕES
A criança internada na Unidade Intermediária
Casos Clínicos Antibióticos
TUBERCULOSE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO NA INFÂNCIA E ADOLESCENCÊNCIA
Bronquiolite aguda Ana Paula Rosa
Perfil clínico epidemiológico do vitiligo na criança e adolescente
Acometimento renal na Síndrome de Sjögren
Convulsões no recém-nascido de extremo baixo peso são associadas com
Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio ou Síndrome de Hughes
EPIDEMIOLOGIA Prof Ms Benigno Rocha.
Adenomegalias em pediatria: o que fazer?
Raquel Adriana M. Salinas S. Takeguma Orientador: Dr. Jefferson A. P. Pinheiro Brasília, 06 de dezembro de ARTIGO DE MONOGRAFIA.
CONDUTA EXPECTANTE NO PNEUMOTÓRAX EM NEONATOS SOB VENTILAÇÃO
PSEUDOTÍNEA AMIANTÁCEA: estudo de 7 casos
Infecções virais respiratórias associadas à assistência à saúde em pediatria Felipe T de M Freitas NCIH /HMIB Brasília, 12/6/2012.
BRASÍLIA, 3 de novembro de 2010
Atendimento do paciente com Síndrome de Down de 5 a 13 anos no Distrito Federal Natália Silva Bastos Ribas Orientador: Dr. Fabrício Prado Monteiro
Alterações radiográficas em pacientes com a co-infecção vírus da imunodeficiência humana/tuberculose: relação com a contagem de células TCD4 + e celularidade.
Apoio ao diagnóstico Prof. Enfº Roger Torres.
Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal Hospital Regional da Asa Sul ATENDIMENTO DO PACIENTE COM SIBILÂNCIA NA EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL.
Uso clinico de novos métodos no diagnóstico da Tuberculose
CORRELAÇÃO CLÍNICA DA ESCALA DE BORG NO TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA   Autores: GOMES, L.O.R.S.;
Pneumonia ADQUIRIDA NA ComuniDADE
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Introdução Objetivo Metodologia Conclusão Resultados Referências
Osteoartrose Disciplina Fisioterapia em Reumatologia
Bronquiolite INTERNATO EM PEDIATRIA
“GRIPE” A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório que tem distribuição global e elevada transmissibilidade. Classicamente,
TRANSTORNOS ALIMENTARES EM UNIVERSITÁRIAS DA ÁERA DA SAÚDE DE UNIVERSIDADE DO SUL DO BRASIL Pereira, Luiza do Nascimento Ghizoni 1 ; Schuelter-Trevisol,
Monografia apresentada ao Programa de Residência Médica em Pediatria
Tuberculose.
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
Orientadores: Dr. Nivaldo Pereira Alves
Medidas de Saúde Coletiva
DOENÇA DE CHAGAS Histórico Oswaldo Cruz
HTLV.
DERRAMES PLEURAIS PARAPNEUMÔNICOS Maurícia Cammarota Unidade de Cirurgia Pediátrica do HRAS/SES/DF 18/4/2008.
Avaliação da Eficácia da Cirurgia de Varizes em Pacientes Idosos
Acadêmico(a): Julia Amorim Cruz Coordenação: Carmen Lívia
IMPORTÂNCIA DOS TESTES SOROLÓGICOS NA PATOLOGIA CLÍNICA
1 Médica Residente em Clínica Médica do Hospital Regional de Cacoal. 2 Médica dermatologista e Preceptora do Programa de Residência em Clínica Médica do.
Radiografia Simples do Tórax Prof a. Alessandra Carla de A. Ribeiro Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC Faculdade de Medicina e Ciências da.
PNEUMONIA NA INFÂCIA: VELHOS E NOVOS DESAFIOS MARIA REGINA ALVES CARDOSO.
Aluna: Lara Pereira Orientador: Dr Jefferson Pinheiro Brasília, 2 de dezembro de 2015 ABORDAGEM INADEQUADA DO HPV NA INFÂNCIA:
Dong Soon kim, Curr Opin Pulm Medicine, 2006 Paula Miguel Lara - Reumatologia – Santa Casa de São Paulo.
Tuberculose na Infância
Incluir aqui a capa da publicação: “Recommendations for management of common childhood conditions”
Diarreia em crianças FUPAC – Araguari Curso de medicina.
Secreções Respiratórias
INFECÇÃO HUMANA PELO VÍRUS INFLUENZA A (H1N1)
Bronquiolite viral aguda APRESENTAÇÃO: BRUNA CAIXETA COORDENAÇÃO: DRA CARMEN MARTINS INTERNATO EM PEDIATRIA – 6ª SÉRIE-FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE.
Programa de Pós-Graduação em Medicina (Ciências Cirúrgicas) Coordenador: Prof. Dr. Alberto Schanaider.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL SUBMETIDOS A TRATAMENTO CIRÚRGICO PARA CORREÇÃO DE PÉ TORTO NO SERVIÇO DE ORTOPEDIA DO HOSPITAL.
SARCOMA DE ÍNTIMA CARDÍACO EM PACIENTE PEDIÁTRICO Oliveira JM 1,2, Cunha IW 2, Torres FAL 2,Araujo NCFD 1,2, Favaro MG 1,2,Netto-Montemor MR 1,2, Merlini.
Sequela da infecção adquirida pós-natal pelo citomegalovírus nos recém-nascidos de muito baixo peso Sequelae Following Postnatally Acquired Cytomegalovirus.
Apresentação: Paula Balduíno Coordenação: Dr. Filipe Lacerda
Transcrição da apresentação:

J Pediatr (Rio J) 2010;86(6): Apresentação: Paula Balduíno Coordenação: Dr. Filipe Lacerda Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília/SES/DF Brasília, 11 de junho de 2013

Introdução Apenas em 40 a 60% das pneumonias o agente etiológico é identificado. Mycoplasma pneumoniae (MP) é um dos principais agentes etiológicos de pneumonia adquirida na comunidade. O tratamento empírico é baseado nas características epidemiológicas, clínicas, radiológicas e laboratoriais associados a determinados microorganismos. É necessário incluir o MP no diagnóstico diferencial já que não responde aos antibióticos habitualmente usados (betalactâmicos).

Introdução Para o diagnóstico de MP são necessários exames específicos (sorologia e PCR) já que o microorganismo não cresce nas culturas habituais de bactérias, não é observado através de microscopia óptica, não se cora pelo método de Gram e não é detectado na bacterioscopia do escarro.

Objetivo Descrever o perfil clínico, hematológico e radiológico das crianças hospitalizadas por pneumonia causada pelo MP e compará-lo com aquele cuja pneumonia foi causada por outros agentes etiológicos.

Método Estudo transversal, observacional Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, Vitória, ES. 190 crianças entre 3 meses e 16 anos com diagnóstico de pneumonia comunitária radiologicamente comprovada, internados no período de 2000 a 2005.

Método Critérios de inclusão: – Idade entre 3 meses e 16 anos – Ambos os sexos – Pnemonia comunitária Critérios de exclusão: – Doenças neurológicas, mal formações congênitas, imunodeficiências primárias ou adquiridas, cardiopatias, displasia broncopulmonar, neoplasias, bronquiolite obliterante, fibrose cística e outras doenças pulmonares crônicas com sequela pulmonar.

Método O diagnóstico clínico de pneumonia foi feito com base nos critérios clínico-radiológicos propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Definiu-se como pneumonia por MP, a presença de IgM positivo pelo método de ensaio imunoenzimático (ELISA).

Método Os pacientes foram divididos em dois grupos: – 95 crianças com pneumonia por MP – 95 crianças com pneumonia causada por outros agentes etiológicos – Posteriormente foi utilizado o escore descrito por Moreno et al. para a subdividir o grupo 2 em quadros sugestivos de etiologia bacteriana (n = 75) ou viral (n = 20).

Método Para análise das características da pneumonia, foi utilizado o escore descrito por Moreno et al. Parâmetros do escore: idade, temperatura axilar, contagem de neutrófilos e bastonetes, aspecto radiológico. Etiologia bacteriana se > = 4 pontos Etiologia viral se < 3 pontos

Método Para análise das diferenças clínicas, hematológicas, radiológicas e de pontuação do escore entre os dois grupos foram utilizados os testes qui-quadrado, Fisher, t de Student e Mann-Whitney. Fixou-se em 0,05 ou 5% (p < 0,05) o nível de rejeição para a hipótese de nulidade.

Resultados Em pacientes com idade inferior a 9 meses é mais comum pneumonia bacteriana por outros agentes e não por MP. (p<0,01) Pneumonia por MP foi mais comum no sexo feminino (p<0,01). Tosse seca foi mais frequente em pneumonia por MP (p<0,01).

Resultados As alterações extra pulmonares foram mais comuns nas pneumonias por MP (p<0,01). Sendo as alterações cardíacas as mais frequentes.

Resultados: Comparação entre MP e outros agentes bacterianos Temperatura > 39 C foi mais frequente em pneumonias por outras bactérias (p<0,02). Neutrófilos imaturos (>5%) foram mais frequente em pneumonias por outras bactérias (p<0,01). MP apresentou maior frequência de infiltrado menos definido ou difuso e intersticial A efusão pleural foi mais importante nas pneumonias por outros agentes bacterianos.

Resultados: Comparação entre MP e vírus Em crianças com menos de 9 meses foi mais frequente pneumonia por vírus (p<0,01). Neutrófilos imaturos (>5%) foi mais frequente nas pneumonias por MP. (p= 0,04) Infiltrado difuso, interticial foi mais frequente nas etiologias virais. (p< 0,01)

Discussão A média de idade foi maior no grupo com pneumonia por MP Segundo a British Thoracic Society, as pneumonias bacterianas são mais comuns em crianças acima de 3 anos; os vírus, em crianças mais jovens; e o MP, em crianças de idade escolar. No grupo com MP 75,8% dos casos eram menores de 5 anos de idade, o que pode ser explicado pelo fato das internações serem mais frequentes nessa faixa etária.

Discussão Neste trabalho a frequência do sexo feminino foi maior no grupo com MP positivo, o que corresponde com dados da literatura. Na pneumonia por MP os sintomas aparecem de forma gradual e persistem por semanas ou meses. No grupo com sorologia positiva ocorreu maior tempo de evolução (120 dias). As manifestações extra pulmonares na infecção por MP é vastamente descrita na literatura No estudo 51,58% dos pacientes com MP apresentaram acometimento extra pulmonar, número superior ao descrito, provavelmente devido à gravidade dos pacientes internados e características do hospital.

Discussão O escore para diferenciação entre pneumonia bacteriana e viral, ao ser aplicado para diferenciar pneumonias por MP e por outras bacterias mostrou que, as variáveis clínicas, laboratoriais e radiológicas da pneumonia por MP ficaram com médias intermediárias entre processos bacterianos e virais com mais variáveis que o diferenciam dos vírus que das bactérias.

Discussão A média da pontuação do escore nas pneumonias por MP foi menor que nas pneumonias com escore para bactéria e maior que nas pneumonias com escore para vírus; entretanto, foi mais próximo das pneumonias bacterianas.

Discussão Segundo a literatura, o MP tem aspecto radiológico entre o aspecto viral e o bacteriano. No presente estudo, o infiltrado foi mais lobar, lobular e definido nas pneumonias com escore para bactérias, menos definido nas pneumonias por MP e mais difuso, intersticial e peribronquial nas pneumonias provavelmente de etiologia viral

Discussão Os resultados sugerem que algumas características clínicas, hematológicas e radiológicas presentes podem contribuir para o diagnóstico presuntivo de pneumonia por MP e auxiliar na diferenciação das determinadas por outros agentes etiológicos.

Discussão Na indisponibilidade de recursos para se confirmar o diagnóstico de MP, a presença de escore sugestivo de etiologia bacteriana e a ausência de resposta aos antibióticos comumente empregados para o tratamento inicial de pneumonias comunitárias levantam a possibilidade de pneumonia por MP, e a substituição do antibiótico em uso por macrolídio deve ser considerada.

Limitações do estudo Este estudo teve como potencial limitação a população estudada, que foi de pacientes hospitalizados em um hospital terciário, muitas vezes referenciados de outros serviços. O escore utilizado foi elaborado apenas com pesquisa etiológica para vírus e bactérias típicas, e não para o MP.

Obrigada!