O Realismo nas Relações Internacionais

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Transcrição da apresentação:

O Realismo nas Relações Internacionais

Plano de Discussão O Realismo Clássico: “Politics Among Nations” de Hans Morgenthau O Realismo Científico: “Man, State and War” de Kenneth Waltz A reação Neorealista: “Theory of International Politics” de Kenneth Waltz Neorealismo e Realismo Estrutural? O Realismo Neoclássico e a reação ao fim da Guerra Fria.

O Realismo Clássico: “Politics Amond Nations” de Hans Morgenthau I Morgenthau e a influência da Europa, do Direito e do geopolítica. Morgenthau organizou as bases do realismo nas Relações Internacionais, e lhe deu respeitabilidade. Morgenhtau insistia na natureza humana como principal fator para explicar seu pessimismo/realismo nas relações internacionais. A herança de Morgenthau é fundamental para entender a evolução do realismo e vai além dos seis princípios pelos quais ele é famoso : o Estado como ator racional, a tradução dos interesses em termos de poder, a política como esfera independente, os princípio da moral internacional como sendo diferentes dos princípios da moral nacional, e a objetividade das leis que governam a política internacional são conceitos que têm marcado o realismo até os dias de hoje. Morgenthau definiu também a política em termos de observação da Balança de Poder, conceito chave das relações internacionais. A balança de poder, produto da ação de estadistas, é o principal mecanismo de manutenção da paz, da estabilidade e da segurança do Estado no mundo das relações internacionais.

O Realismo Clássico: “Politics Amond Nations” de Hans Morgenthau II A influência do Leviatã de Thomas Hobbes no conceito de natureza humana de Morgenthau é fundamental. Dele decorre também a equivalência que os realistas operam entre o estado de natureza hobbesiano e a anarquia internacional John Herz, também um imigrante judeu alemão da mesma forma que Morgenthau, foi o primeiro a definir o Dilema de Segurança, que decorre também diretamente da existência da anarquia internacional –definida em termos Weberianos como sendo a ausência de uma autoridade que tenha o monopólio do uso legítimo da violência-, e que define de maneira definitiva a evolução da política internacional em termos competitivos e de desconfiança permanente.

O Realismo Científico: “Man, State and War” de Kenneth Waltz A tese de doutorado de Kenneth Waltz (1954) tornou-se um best-seller (1956) –recentemente traduzido ao português- e uma obra influente na TRI. Produto da revolução Behaviorista nas Ciências Sociais, a tese traz os conceitos de sistemas e subsistemas para as relações internacionais. Para explicar o fenômeno da guerra, Waltz recorre ao que ele chama de três imagens do sistema internacional: o indivíduo, o Estado e o Sistema internacional. Para ele, diferentes autores procuram explicações para as causas da guerra dentro de uma destas três imagens. David Singer, em um artigo de 1961, reduziu as três imagens do Waltz ao que ele chamou de Dois Níveis de Análise: o Estado e o sistema internacional. Para ele, cada um tem suas vantagens e desvantagens, e o analista precisa optar por qual nível estudar e manter sua consistência metodológica.

A reação Neorealista: “Theory of International Politics” de Kenneth Waltz I Em 1974, Stephen D. Krasner publicou um livro no qual argumentou que a principal função do Estado nas relações internacionais é defender o interesse nacional. Isto era uma resposta às críticas dos liberais e pluralistas da década de 70. No seu livro de 1979, Waltz defendeu o nível do sistema como o único nível no qual se possa teorizar não apenas as relações internacionais, mas todas as outras Ciências Sociais, inclusive a Ciência Política. A este respeito, a comparação que ele produz entre o sistema político norte americano e o sistema político britânico é fenomenal! Com isso, no debate agente-estrutura, acabou privilegiando a estrutura, e chamando todos aqueles que lidam com as explicações no nível do Estado de reducionistas. Observa-se que o raciocínio estrutural era da esquerda, e visava explicar a inevitabilidade da mudança, mas Waltz o usou para explicar a CONTINUIDADE.

A reação Neorealista: “Theory of International Politics” de Kenneth Waltz II Sua observação central era que havia dois fenômenos permanentes nas relações internacionais: a anarquia internacional e a guerra. Portanto, para explicar a guerra, há de se debruçar sobre a anarquia internacional como explicação sistêmica. O sistema, qualquer sistema, pode ser definido em termos de três elementos cardinais: o Princípio organizador, a caracterização das unidades (like units e auto-ajuda) e a distribuição das capacidades entre as unidades O sistema tem a capacidade de moldar e limitar a ação dos atores no sistema internacional, e consegue cumprir esta função através de dois mecanismos: a Socialização e a competição.

Neorealismo e Realismo Estrutural? As críticas a Waltz floresceram na década de 80, e variaram de ele ser um defensor do status quo, a ele ignorar a história, e dele ser incapaz de explicar a mudança –esforço que Robert Gilpin tomou para se- a ele ser incapaz de explicar a cooperação no sistema internacional. Em 1994, veio a resposta de Barry Buzan, Richard Little e Charles Jones: segundo eles, parte dos problemas de Waltz vem da confusão que ele faz entre sistema e estrutura, assim como dele desdenhar a importância dos processos e da interação. Os três propuseram uma Lógica da Anarquia diferente que lhes permitiu negar os automatismos da teoria de Waltz, e principalmente aqueles referentes ao efeito da anarquia sobre as unidades e sobre a auto ajuda. De acordo com eles, seu realismo é realmente estrutural, e eles propuseram o conceito de Deep Structure para lidar com as insuficiências do argumento do Waltz.

O Realismo Neoclássico e a reação ao fim da Guerra Fria A culpa de Waltz na incapacidade dos realistas de preverem o fim da Guerra Fria: seu afastamento da política e da história, e sua definição da política como sendo separada das demais esferas. A defesa dos Waltzianos: a importância da teoria elegante de Waltz e sua validade. Seu acerto em torno da Balança de Poder como inerente a qualquer sistema político internacional, independentemente da ação dos estadistas. Indo além de Waltz: Stephen Walt (que fala da balança do medo) e John Mearsheimer, dois importantes teóricos da atual década, procuram manter o raciocínio estrutural sistêmico de Waltz, mas lhe acrescentam uma grande dose de história para falar de diferentes tipos de equilíbrios no sistema, e na necessidade de entender que nem todos os sistemas são parecidos, e que a agressividade inerente a certos sistemas não se verifica necessariamente em outros.