TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS DE C&T NO BRASIL Aula 5 – Algumas experiências de produção de C&T.

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Transcrição da apresentação:

TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS DE C&T NO BRASIL Aula 5 – Algumas experiências de produção de C&T

Instituto Bacteriológico de São Paulo Com a proclamação da república, transferência aos estados da execução da educação, saúde e outras atividades Com as descobertas de Pasteur no campo da bacteriologia, há o reconhecimento que muitas doenças eram provocadas por microorganismos Mudança da medicina puramente clínica para uma medicina de laboratório Nessa linha e tendo como referência o Instituto Pasteur de Paris, um dos mais importantes e bem sucedidos do gênero, é fundado em São Paulo o Instituto Bacteriológico, sob a direção de Adolfo Lutz.

A ascensão da cidade de São Paulo São Paulo acelera seu crescimento econômico e população na década de 1870, em grande parte em decorrência da expansão cafeeira Em 1893 São Paulo contava com habitantes e o Rio de Janeiro com Em 1900: São Paulo e RJ Mais de 50% da população da cidade de São Paulo era de imigrantes Em 1907 só os italianos excediam os brasileiros na proporção de 2 para 1

A ascensão da cidade de São Paulo São Paulo, possivelmente em virtude de sua altitude, ficou imune à epidemia da febre amarela Doenças trazidas pelos imigrantes: cólera, escarlatina e tifo Emílio Ribas, sanitarista e diretor da saúde pública no ESP: grandes progresso no saneamento e controle de doenças, com o decréscimo significativo do coeficiente de mortalidade

Áreas de investigação do Instituto Bacteriológico 1ª) surto da cólera asiática em 13 de agosto de 1893 na Hospedaria dos Imigrantes – Lutz confirmou o diagnóstico da doença em apenas 1 dia 2ª) Investigação da febre tifóide ou “febres paulistas” 3ª) Investigação e vacinas contra a peste, que apareceu no Porto de Santos 4ª) Investigação de Lutz das causas e do controle da febre amarela

Surto da cólera asiática Resistência da comunidade médica paulista e paulistana (Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo) a aceitar o diagnóstico de Lutz Intoxicação alimentar na hospedaria dos imigrantes em 1894, com 2 mil pessoas doentes. Diagnóstico de Lutz não aceito pela mesma comunidade médica confirmada por Laboratório de Hamburgo.

Surto de febre tifóide “Grande parte da classe médica e da imprensa diária desta cidade revelou pouca inclinação para formar uma opinião objetiva sobre os assuntos médicos do dia. Em vez disso, se opunham sistematicamente a todo progresso, baseando suas ideias em trabalhos de autores que não eram competentes ou estavam superados. Esses fatores estiveram especialmente presentes durante as discussões relativas às febres paulistas” (Adolfo Lutz, apud Stepan, 1976)

Surto da peste O reconhecimento do surto fez o estado buscar imediatamente meios para a produção de antídotos na forma de soros e vacinas, nascendo assim o Instituto Butantan “O aluno de Lutz no Instituto Bacteriológico, o Dr. Vital Brasil, foi nomeado para dirigir a nova instituição”. Com esse projeto os caminhos de Lutz, Ribas e Oswaldo Cruz, então diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, se cruzam. Lutz posteriormente sairá do Instituto Bacteriológico e irá trabalhar como pesquisador em Manguinhos.

Investigação de Ribas sobre as causas e o controle da febre amarela Ribas concluiu, após observações sobre condições de contágio, “que as más condições sanitárias, mais do que o contato direto, eram responsáveis pela transmissão, e deu ordens para se realizar um programa geral de saneamento e obras públicas na cidade, com a cooperação dos médicos residentes. Ruas e esgotos foram limpos, poças de água doce e estagnada foram secadas e os prédios anti higiênicos condenados. Já que algumas dessas medidas resultaram na destruição dos locais de reprodução dos mosquitos a febre amarela desapareceu gradualmente, embora os motivos exatos desse desaparecimento ainda não fossem compreendidos” (Stepan, 1976, p.135)

A relação entre o Instituto Bacteriológico, Manguinhos e a campanha da vacina A confirmação, em 1903, de que o mosquito aedes era o único transmissor da febre amarela, obtida pelos paulistas Ribas e Lutz, foi fundamental para que a campanha de saneamento baseada na vacina fosse desencadeada no Rio de Janeiro em 1904.

A trajetória do Instituto Bacteriológico Período áureo do Instituto: de 1893 a 1903 Dificuldades para a realização da pesquisa na Instituto vivenciadas por Lutz: Tarefas rotineiras concorrendo com o tempo de dedicação à pesquisa Restrições orçamentárias Instalações e equipamentos precários Rotatividade de pessoal Em 1908 Lutz trocou São Paulo pelo Rio de Janeiro, quando o Instituto Oswaldo Cruz foi estabelecido como Centro de Medicina Experimental.

A trajetória do Instituto Bacteriológico Lutz permaneceu como diretor nominal do Instituto até 1913 Apesar de algumas tentativas de reativação, o Instituto não mais se recuperou, tendo sido fechado em 1925 O Instituto foi reaberto em 1931, sob o nome de Adolfo Lutz

Reflexões sobre a trajetória do Instituto Relacionamento com os órgãos “cliente”, ou que usam as pesquisas produzidas Recrutamento e treinamento de estudantes Desenvolvimento da pesquisa Necessidade de inter relacionamento entre essas áreas As falhas no recrutamento e treinamento de pessoal e no desenvolvimento da pesquisa, além da não integração das 3 pontas num sistema científico, impediu a continuidade do instituto.

Reflexões sobre a trajetória do Instituto A inexistência de uma faculdade de medicina em São Paulo até 1912 foi decisiva para a não implementação do recrutamento e do treinamento de novos pesquisadores As restrições orçamentárias e a falta de autonomia do Instituto perante o governo estadual atuavam contra seu crescimento e modernização Sua função essencialmente prática – combater doenças, atuar como braço da política estadual de saneamento – não estimulou pesquisas teóricas e de longo prazo A perda de sua principal liderança para o Rio de Janeiro, que desfrutava de condições diferentes, também atuou no sentido de esvaziar o Instituto.