O PROBLEMA É O COMANDANTE QUE ESTABELECE O RUMO DE TODA A INVESTIGAÇÃO

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Transcrição da apresentação:

O PROBLEMA É O COMANDANTE QUE ESTABELECE O RUMO DE TODA A INVESTIGAÇÃO

“A identificação de um problema pode considerar-se a fase mais difícil de um processo de investigação” (p. 22) “O PROBLEMA SUPORTA TODO O EDIFICIO DA INVESTIGAÇÃO – SE ELA OCORRE”

O PROBLEMA a) Toda a investigação deve resultar numa resposta precisa, suscitada por uma questão precisa. b) Questões demasiado gerais, demasiado globais não podem ser susceptíveis de uma investigação de carácter empírico ou experimental.

O PROBLEMA EM INVESTIGAÇÃO, A METODOLOGIA PRESSUPÕE A ESCOLHA DE UM TEMA. CABE, ENTÃO, PERGUNTAR: O QUE É UM TEMA, UM PROBLEMA E/OU O OBJETIVO DE PESQUISA? A RESPOSTA É SIMPLES: UM PROBLEMA DE PESQUISA É UM FATO, UM OBJECTO OU FENÓMENO, QUE POR NÃO ESTAR DEVIDAMENTE EXPLICADO, NEM POR UMA TEORIA, E TAMPOUCO PELA PRÁTICA, NOS MOTIVA REALIZAR O ESTUDO. Esse estudo visa uma sistematização através de fundamentações com base na realidade e à luz de conhecimentos já produzidos. Ou seja, é a tentativa de encontrar uma explicação através da recolha de dados na realidade empírica, realizando um estudo aprofundado através da sistematização de conhecimentos já existentes e de novas descobertas através da realização de pesquisas. 77777777

PROBLEMA “UMA QUESTÃO PARA RESOLVER POR MEIO DE PROCESSOS CIENTÍFICOS; DÚVIDA; PROPOSTA DUVIDOSA. FIGURATIVAMENTE, TUDO O QUE É DIFICIL DE EXPLICAR.” (Dic. Lelo Univ. 1979) «O coxo que toma o caminho certo ultrapassa o corredor rápido que toma o mau caminho» (Bacon, The New Organon, Indianáoplis, Bobbs-Merril, 1981, Book 1: LXI.

O problema surge em investigação educacional devido à necessidade de: O problema é a pergunta para a qual desejamos saber a resposta. A investigação é a procura dessa resposta. O problema surge em investigação educacional devido à necessidade de: Esclarecer uma lacuna no conhecimento pedagógico (Barquero, 1989); Estudar um fenómeno educacional novo (McGuigan, 1977); Testar programas, metodologias e técnicas educacionais (Mouley, 1978); Analisar as relações pedagógicas (Estrela, 1986)

REGRAS PARA A FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Na formulação do problema deve-se evitar dar opiniões, fazer suposições ou afirmações subjetivas e não provadas, bem como defini-lo de modo negativo (o método A de leitura, por ser muito antigo, não suscita o interesse dos alunos) R E G A #1

O problema deverá ser formulado de modo positivo e interrogativo, como uma pergunta, o que leva a precisar a questão e a clarificar a interrogação. (O método A suscita o interesse dos alunos pela aprendizagem da leitura?) R E G A #2

R E G A #3 O problema deverá ser escrito em modo CCC (curto, claro e completo), em poucas palavras, de forma concisa, com terminologia precisa, inequívoca, em linguagem técnica, sem ambiguidades e sem lacunas de informação. (O método A proporciona uma boa compreensão da leitura?)

R E G A #4 O problema deverá ser devidamente limitado a uma dimensão viável, procurando precisar-se os limites do seu âmbito e fugir-se a formulações tão vagas ou amplas que tornem impraticável qualquer pesquisa satisfatória. (O método A proporciona uma boa compreensão da leitura, em crianças do 1º ano de escolaridade?)

R E G A #5 O problema deverá definir com clareza as relações entre as variáveis. O exemplo “O método A proporciona uma boa compreensão da leitura, em crianças do 1º ano de escolaridade?” está correto deste ponto de vista, uma vez que a variável dependente “compreensão” depende das variáveis “método” e “nível de escolaridade” dos sujeitos.

R E G A #6 O problema deverá ser formulado de tal modo que permita uma articulação lógica das respostas que hipoteticamente se poderão oferecer.

«O problema é o ponto fulcral para o qual convergem todos os esforços de investigação […] É a partir de um enunciado não equívoco do problema que a investigação se inicia.» (Leedy, Practical research, Nova Iorque, Macmillan, 1989, pp. 45 e 46)

CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA QUESTÃO DEVE SER FORMULADA CLARAMENTE DE PREFERÊNCIA NA INTERROGATIVA (PRECISA, CONCISA E UNÍVOCA) DEVE SER UMA PERGUNTA PERTINENTE DEVE SER EXEQUÍVEL (TESTÁVEL POR MÉTODOS EMPÍRICOS. REALISTA) DEVE ESTABELECER UMA RELAÇÃO ENTRE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS.

Franz Rudio (1986) aponta três características principais na formulação de um problema: Enunciar uma questão cujo melhor modo de solução seja uma pesquisa (por exemplo: não carece de pesquisa a formulação - Quantos dias tem o ano civil?) 2. Apresentar uma questão que possa ser resolvida por processos científicos (por exemplo: a ciência não possui meios capazes de medir a quantidade de telespectadores que haverá no ano 2100, para responder à formulação - No ano 2100 haverá o mesmo índice de audiência aos programas de TV que houve em 2002? 3. Ser exequível, tanto em relação à competência do investigador, quanto à disponibilidade de recursos.

Formular o problema consiste em dizer de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando as suas características (Rudio, 1986) Portanto, o objetivo da formulação do problema é torná-lo individualizado, específico, inconfundível. Normalmente é apresentado sob a forma de uma proposição interrogativa. Exemplo:

A implementação de um clima de motivação na sala de aula produzirá o aumento de rendimento académico na turma? Ou então: Deseja-se saber se a implementação de um clima de motivação provoca aumento de rendimento académico na turma.

Uma definição mais satisfatória: Em sentido geral, um problema é uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução. Mas esta definição é insatisfatória para finalidades científicas. Uma definição mais satisfatória: “Um problema é uma questão que pergunta como as variáveis estão relacionadas”.

PROBLEMAS DE INVESTIGAÇÃO Exemplos: “O reforço intensivo aumenta o desempenho em leitura entre crianças negras carentes?” “Mães de diferentes classes sociais usam tipos diferentes de criação?” “O tempo de desmama de crianças difere nas classes média e trabalhadora?” “Qual é o efeito de diferentes tipos de incentivo no desempenho dos alunos?” “O conflito aumenta ou impede a eficiência de organizações?” “Como o clima organizacional afecta o desempenho administrativo?”

PORTANTO… Um problema de pesquisa científica é uma questão, uma proposição em forma interrogativa Uma questão que geralmente pergunta alguma coisa a respeito das relações entre fenómenos ou variáveis A resposta à questão é procurada na pesquisa. Cark e Walberg, baseando-se em suas descobertas, puderam afirmar que o reforço intensivo melhorava a leitura de crianças negras carentes. Miller e Swanson puderam afirmar que as mulheres da classe média tinham tendência a desmamar seus filhos mais cedo que as mães da classe trabalhadora.

Três critérios de bons problemas de pesquisa e proposições de problemas podem ajudar-nos a compreender problemas de pesquisa. Primeiro, o problema deve expressar uma relação entre duas ou mais variáveis. Pergunta: “A está relacionado com B?” “Como A e B estão relacionados com C?” Segundo, o problema deve ser apresentado em forma interrogativa. A interrogação tem a virtude de apresentar o problema directamente.

O terceiro critério é mais complexo O terceiro critério é mais complexo. Exige que o problema seja tal que implique a possibilidade de testagem empírica. Testagem empírica significa que seja obtida evidência real sobre a relação apresentada no problema. Obter evidência na questão incentivo-desempenho significa manipular (ou medir) incentivos, medir o desempenho do aluno e avaliar o suposto efeito do incentivo sobre o desempenho. Ás vezes é difícil

Obter evidência na questão “ Qual é o efeito de diferentes incentivos no desempenho dos alunos?” significa manipular (ou medir) incentivos, medir o desempenho do aluno e avaliar o suposto efeito do incentivo sobre o desempenho. As principais dificuldades com questões não-testáveis são o facto de não serem enunciados de relações “O que é o conhecimento?” “Como se deve ensinar a ler?, ou seus construtos ou variáveis serem difíceis ou impossíveis de definir de maneira a serem manipulados ou medidos. Isto está relacionado com o seguinte tipo de questões:

Questões de valor e moral Questões que indagam sobre: - o certo e o errado das coisas; suas qualidades ou defeitos; sua desejabilidade ou indesejabilidade. Exemplos de juízos de valor: “A democracia é o melhor de todos os sistemas de governo”; “Igualdade é tão importante quanto a liberdade”; “O casamento é bom”. Os juízos de valor não são testáveis cientificamente.

Nenhum procedimento científico pode conter uma resposta sobre a relativa desejabilidade de uma coisa. As afirmações científicas dizem simplesmente: “se isto for verdade, então provavelmente acontece aquilo”; “se se frustram as pessoas, elas provavelmente agredirão outras, agredirão objectos ou elas próprias”. Neste sentido, a ciência é neutra. Não é neutra por haver alguma virtude especial em ser neutra. É simplesmente a natureza da ciência, que está em testar relações empíricas entre fenómenos ou variáveis – e, para fazer isto, exige que o fenómeno seja de natureza a ser observado, manipulado ou medido.

“O capitalismo é bom” “A propriedade privada é sagrada” O cientista não pode estudar proposições que incluam julgamentos éticos ou morais. Simplesmente não há maneira de chegar aos referentes empíricos de palavras como “deveria”, “conviria”, “bom”, “mau” e “precisaria”.

«Que questão é esta que me mergulha na dúvida, na incerteza e que me obriga a suspender o meu juízo e a procurar uma explicação satisfatória?» M.L. Conclusão: A formulação do problema ocupa precisamente o centro e o fundamento da investigação. É o fundamento de qualquer projeto de investigação, seja ele qual for. Como tal, o problema convida a delimitar mais concretamente o ambiente da investigação. Condiciona de certa maneira a metodologia a adoptar. Esta etapa do processo de investigação ocupa uma posição de charneira entre os fundamentos teóricos da investigação e a prática científica. Procurar e pensar são dois atos complementares do processo de investigação. Exige abertamente um «ato completo de pensamento»

“It has been my experience that the most unattractive problem becomes absorbingly interesting when one digs into it… When you realy get acquainted with a problem, you are apt to fall in love with it” E. E. Reid (In Invitation to chemical research)