INTELECTUAIS E BRASILIDADE MODERNA

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Transcrição da apresentação:

INTELECTUAIS E BRASILIDADE MODERNA (MODERNISMO AO ESTADO NOVO)

Modernismo Periodização clássica (Lafetá): fase estética; fase política – ano de clivagem 1924 1924-1928- Confluência entre modernismo e nacionalismo 1928 – Cisão entre esquerda e direita modernistas (Antropofagia e Verde-Amarelismo ou “Grupo da Anta”) Variáveis: Projeto orgânico de Mário de Andrade; Projeto Antropofágico de Osvald de Andrade; modernismo-conservador (Grupo da Anta); modernismo católico (Revista Festa-RJ)

Modernismo - eventos Semana de Arte Moderna (fevereiro / 1922) Banquete antropofágico (Parque Trianon/SP) Bandeira futurista – Rio de Janeiro (out/1922) Viagem a Ouro Preto/MG (1924) Graça Aranha rompe com a ABL (jun/1924) – “O espírito moderno” – projeto de aderir à civilização, ao progresso, devendo a raça superar os limites da mestiçagem, da razão e da fé, pelo rompimento dinâmico com o passado” (formulação que é criticada por Mário de Andrade) “Salão de 1931” – Exposição Geral de Belas Artes (ENBA) – triunfo do modernismo como “novo cânone” das artes visuais. Revistas: Klaxon; Terra Roxa e outras terras (jan-set 1926); Revista do Brasil (set 26 a jan 27); Verde (Cataguases/MG) –1927; Antropofagia (1928/29); Festa (“nacionalismo e modernismo temperado pelo “espiritualismo” e “universalismo” da arte – novos simbolistas (Dario Veloso, Andrade Muricy, E.Perneta, Nestor Vitor); Novíssima (jul 25 a jan 26 – Menotti e Cassiano)

Modernismo – Problemas e debates Intelectual do pós-I Guerra no Brasil dividido entre a “torre de marfim” e o espírito missionário. (Impacto do livro de Julien Benda – Le Trahison de Clercs, 1928) “O questionamento da ordem fazia-se com base num ângulo de visão genericamente modernista que, buscando o ‘brasileiro’ recoloca com muita força a preocupação com o ‘nacional’ e com a forma do ‘popular’ (p.94), desembocando nos anos 1930 em uma pedagogia estética e cultural para formar o povo e reformar a nação. Para o intelectual - Moderno será sinônimo de nacionalismo e aproximação com o popular – paradigma que vigorará até os anos 60. (REFERÊNCIA - LAHUERTA, Milton. “Intelectuais e os anos 20: moderno, modernista, modernização” IN: LORENZO, Helena e COSTA, Wilma (orgs). A década de 20 e as origens do Brasil moderno. São Paulo, UNESP/FAPESP, 1997, 93-114)  

Bibliografia - clássica ANDRADE, Mário de. “O movimento modernista”. Aspectos da literatura brasileira. São Paulo: Livraria Martins/INL, 1972 (Conferência de 1942). CAVALHEIRO, Edgar (org). Testamento de uma geração. Porto Alegre, Globo, 1944 BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo, Cultrix CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo, Publifolha, 2000 INOJOSA, Joaquim. Os Andrades e outros aspectos do modernismo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/MEC, 1975 LOPEZ, Telê P. Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo, Duas Cidades, 1972 TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. Petrópolis, Vozes, 1973 LAFETÁ, João L. 1930. A crítica e o modernismo. São Paulo, Editoria 34 MORAES, Eduardo J “A questão da brasilidade” IN: A brasilidade modernista. Sua dimensão filosófica. Rio de Janeiro. Graal, 1978, 71-109

Bibliografia – revisões e ampliações MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). São Paulo, Editora 34 (original 1978) MICELI, Sérgio. Intelectuais à brasileira. São Paulo, Companhia das Letras (original 1979) VASCONCELLOS, Gilberto. Ideologia curupira: análise do discurso integralista. Brasiliense, São Paulo, 1979 CONTIER, Arnaldo. Brasil Novo: música, nação e modernidade. Tese de Livre Docência, USP, 1986 PRADO, Antonio A. 1922: Itinerário de uma falsa vanguarda. São Paulo, Brasiliense, 1983 CHIARELLI, Tadeu. Um Jeca nos vernissages. São Paulo, EDUSP, 1995 MICELI, Sérgio. Nacional-Estrangeiro. História social do modernismo crítico em São Paulo. Companhia das Letras, 2003 GRAMMONT, Guiomar. Aleijadinho e o aeroplano. O paraiso barroco e a construção do herói nacional. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008 ALAMBERT, Francisco. A reinvenção da semana. Revista USP, 94, 2012

A Negra – Tarsila do Amaral 1925

Operários – Tarsila do Amaral 1933

Abaporu – Tarsila do Amaral 1928

Antropofagia – Tarsila do Amaral 1929

Manifesto Antropófago 1928 Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. (...) Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. (...) Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. (...) Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará. Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia. (...)

Manifesto Antropófago (1928) Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro. (...) Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas. (...) Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz. A alegria é a prova dos nove. No matriarcado de Pindorama. (...) Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo. A nossa independência ainda não foi proclamada. (...) Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.. Osvald de Andrade, Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

Nheengaçu Verde-Amarelo (Grupo da Anta A descida dos tupis do planalto continental no rumo do Atlântico foi uma fatalidade histórica pré-cabralina, que preparou .o ambiente para as entradas no sertão pelos aventureiros brancos desbravadores do oceano. A expulsão, feita pelo povo tapir, dos tapuias do litoral, significa bem, na história da América, a proclamação de direito das raças e a negação de todos os preconceitos. (...) Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova. Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro e o seu grande sentimento de humanidade. Seu totem não é carnívoro: Anta. E' este um animal que abre caminhos, e aí parece estar indicada a predestinação da gente tupi.

Nheengaçu Verde-Amarelo (Grupo da Anta Toda a história desta raça corresponde (desde o reinol Martim Afonso, ao nacionalista `verdamarelo', José Bonifácio) a um lento desaparecer de formas objetivas e a um crescente aparecimento de forças subjetivas nacionais. .O tupi significa a ausência de preconceitos. O tapuia é o próprio preconceito em fuga para o sertão. O jesuíta pensou que havia conquistado o tupi, e o tupi é que havia conquistado para si a religião do jesuíta. O português julgou que o tupi deixaria de existir; e o português transformou-se, e ergueu-se com fisionomia de nação nova contra metrópole: porque o tupi venceu dentro da alma e do sangue do português. O tapuia isolou-se na selva, para viver; e foi morto pelos arcabuzes e pelas flechas inimigas. O tupi socializou-se sem temor da morte; e ficou eternizado no sangue da nossa raça. O tapuia é morto, o tupi é vivo. (...) Todas as formas do jacobinismo na América são tapuias. O nacionalismo sadio, de grande finalidade histórica, de predestinação humana, esse é forçosamente tupi. Jacobinismo quer dizer isolamento, portanto desagregação.

Nheengaçu Verde-Amarelo (Grupo da Anta) A Nação é uma resultante de agentes históricos. O índio, o negro, o espadachim, o jesuíta, o tropeiro, o poeta, o fazendeiro, o político, o holandês, o português, o índio, o francês, os rios, as montanhas, a mineração, a pecuária, a agricultura, o sol, as léguas imensas, o Cruzeiro do Sul, o café, a literatura francesa, as políticas inglesa e americana, os oito milhões de quilômetros quadrados... Temos de aceitar todos esses fatores, ou destruir a Nacionalidade, pelo estabelecimento de distinções, pelo desmembramento nuclear da idéia que dela formamos. Como aceitar todos esses fatores? Não concedendo predominância a nenhum. (...)

Nheengaçu Verde-Amarelo (Grupo da Anta Não há entre nós preconceitos de raças. Quando foi o 13 de Maio, havia negros ocupando já altas posições no país. E antes, como depois disso, os filhos de estrangeiros de todas as procedências nunca viram os seus passos tolhidos. (...) Não há também no Brasil o preconceito político: o que nos importa é a administração, no que andamos acertadíssimos, pois só assim consultamos as realidades nacionais. Os teoristas da República foram os que menos influíram na organização prática do novo regime. No Império, o sistema parlamentar só se efetivou pela interferência do Poder Moderador. Dentro da República os que mais realizam são os que menos doutrinam. (...) Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas. Nosso nacionalismo é 'verdamarelo' e tupi. (a) Plinio Salgado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Correio Paulistano, 17 de maio de 1929.

Burocracia da cultura SEMA (Secretaria de Educação Musical e Artística), sob a direção de Villa Lobos INCE – Instituto Nacional do Cinema Educativo (Roquette Pinto) INL – Instituto Nacional do Livro SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), sob a direção de Rodrigo Mello Franco – a partir de projeto modificado de Mário de Andrade Rádio MEC; Rádio Nacional; Jornal “A Manhã” e “A noite”; Revista Cultura Política; Revista Ciência Política Museus: Museu Histórico Nacional, Museu da Inconfidência, Museu Imperial

Intelectuais e Estado Novo Nos anos 1930, conforme LAHUERTA o tema da “organização nacional [antes mesmo do Estado Novo] desemboca num ‘frenesi pedagógico que pretendia renovar a sociedade, pela educação, criando técnicos e renovando as elites” (LAHUERTA, Milton. “Os intelectuais e os anos 20: moderno, modernista, modernização IN: LORENZO, Helena e COSTA, Wilma (orgs). A década de 20 e as origens do Brasil Moderno. UNESP, 1997, p. 88).

Intelectuais e Estado Novo “O apoio de intelectuais e artistas ao Estado Novo e a convivência pacífica dos que se opunham ao governo autoritário com o Ministério da Educação representam uma das características peculiares do regime, que se explica, segundo alguns autores, pela postura controvertida de Gustavo Capanema à frente desse ministério” (CAPELATO, Maria Helena. Multidões em cena. Propaganda política no varguismo e no peronismo. Ed. Papirus, 1998, p.121). “Apesar do significativo índice de participação dos intelectuais na política cultural do Estado Novo, não se pode dizer que a produção literária engajada tenha sido relevante. Também não se tem notícia de obras antivarguistas publicadas no período, até porque este era o limite de tolerância do regime: a presença e a colaboração de intelectuais e artistas não implicavam liberdade para o exercício da crítica” (CAPELATO, 1998, 122)

Intelectuais e Estado Novo Intelectuais adesistas: Cassiano Ricardo (verde-amarelista), Cecilia Meireles (católica modernista), Oliveira Vianna (positivista e eugenista), Jorge de Lima, Gustavo Barroso (fascista), Ronald Carvalho Intelectuais de oposição – Jorge Amado (comunista), Graciliano (comunista), José Lins do Rego (próximo do comunismo), Dionélio Machado (socialista), Erico Veríssimo (liberal), Murilo Mendes (católico)

Intelectuais e Estado Novo O que se pode afirmar é que o longo governo Vargas, em suas diversas fases, procurou agrupar os intelectuais e artistas, ainda que heterogêneos, procurando menos a sua uniformização ideológica e mais sua adesão à “causa nacional” como interlocutores do Estado. Quando não era possível, o recurso era a neutralização enquanto atores políticos junto às “classes fundamentais”.

Intelectuais e Lutas Culturais Questão que se desdobra em dois vetores: a) lutas endógenas no seio do campo intelectual/letrado pela condução institucional e hegemonia na política cultural; b) tensão entre projetos intelectuais (e dos intelectuais entre si) e dinâmicas mais amplas da vida cultural brasileira (cultura popular comunitária, cultura urbana massificada). WILLIANS, Daryle. Cultural Wars in Brazil. Duke Univ. Press, 2001 Papel dos intelectuais em um contexto autoritário “pouco mobilizador”: reconstruir o Estado (quadros burocráticos); teorizar a ‘questão nacional’; projetar a educação das massas; mediação simbólica e política entre “povo” e Estado (PECAUT, Daniel. Intelectuais e política no Brasil. Entre o povo e a nação. Ed. Ática, 1990).

Intelectuais e Estado Novo Conforme Angela de Castro Gomes, a “engenharia social ideológica” construída pelo Estado Novo, voltada para as campanhas nacionalistas, embora tenham sido feitas por uma “minoria ativista” foram socializadas para um público maior, visando produzir uma adesão das massas aos valores do regime autoritário, único porta-voz da nacionalidade, ensejando um “nacionalismo estatal” (GOMES, A. História e historiadores. Ed. FGV, p. 20). A autora, portanto, compreende esta “fabricação” protagonizada por intelectuais, como uma operação que vai alem da manipulação arbitrária das consciências por parte de um Estado, posto que seus valores fundamentais estão, em alguma medida, ancorados nas memórias e práticas sociais, ao mesmo tempo em que pode causar “efeitos não previsíveis” no âmbito de sua recepção social e cultural (GOMES, A.C.. Op.cit.p.23). Eixo do legado: cultura nacional-popular moderna e marcos identitários (“brasilidade”) que serão incorporados pelas esquerda.