Maria Adélia Aparecida de Souza

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Transcrição da apresentação:

Maria Adélia Aparecida de Souza A geopolítica do desenvolvimento sustentável: panorama mundial. O planeta e as metáforas Maria Adélia Aparecida de Souza

Introdução A compreensão do discurso da sustentabilidade, como ele é construído e adere aos desígnios do modo de produção. O reino permanente do mercado, logo a busca incessante da escassez, não comporta a sustentabilidade. Os modos e meios de vida não conseguem jamais superar o modo de produção, a não ser quando se transformam em coadjuvantes, o caso do consumo.

A sustentabilidade é, hoje, o discurso político poderoso e falacioso, como foi outrora aquele do desenvolvimento, no qual os países pobres acreditaram por mais de meio século. O modo de produção que tem na sua essência a preocupação com o mercado e não com a humanidade, ou seja, a vida no planeta. O caminho político do modo de produção: a busca do lucro, a extração da mais-valia, processo de segregação socioespacial.

Falar da geopolítica do desenvolvimento sustentável é falar da essência da dinâmica do funcionamento das empresas. Outro modelo civilizatório: a vida no lugar, aproveitando-se das condições dadas pelo global, pelo mundo.

Objetivo: o futuro da humanidade

Hipótese: Meio ambiente e desenvolvimento sustentável são falsos problemas de investigação O que devemos investigar são os processos geográficos e geológicos interagentes, especialmente aqueles sobre os quais a sociedade pode ter controle. A questão ambiental e o desenvolvimento sustentável constituem-se em metáforas e ideologias as quais se fundamente o discurso que sustenta, hoje, o modo de produção capitalista.

Questão: Cuidando da natureza promoveremos o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da humanidade?

1. A relação sociedade-natureza De que se trata essa relação sociedade – natureza? Princípios norteadores da compreensão sociedade-natureza: a Terra e sua evolução, e o mundo, a sobrevivência da humanidade

Hoje, o conceito de espaço social e não mais com a dicotomia sociedade-natureza. Discussão: - temos a possibilidade de cuidar do mundo para cuidar do planeta, ou é o inverso? - Cuidar do planeta é cuidar da sociedade ou é exatamente o inverso à questão central? - O foco da discussão é o planeta ou a sociedade?

2. A globalização, a questão ambiental e as metáforas do capitalismo O que reconhecemos no mundo de hoje (conjunto de possibilidades) são espaços preferidos pelo processo de globalização, quais sejam o espaço da riqueza, o espaço das empresas. Os territórios usados pelos ricos, pelas empresas que, pela sua natureza, constituem-se em espaços privilegiados para o funcionamento do mundo globalizado.

Não existe uma questão ambiental e que sustentabilidade é a nova palavra de ordem para tudo e para todos. O que temos e o agravamento da questão social como produto de requerimento dessas poucas áreas do mundo disponibilizadas para o funcionamento da globalização.

Depois de 1970, a grande teleobjetiva do mundo deslocou-se da sociedade para a natureza O poder mundial deslocou o foco da discussão da sociedade para a natureza num momento histórico importante da humanidade. Magistral saída política do mundo capitalista: a montagem de um poderoso discurso fundamentado numa falácia: a defesa do planeta, do verde, dos animais em extinção, em detrimento da discussão dos avanços da história humana em benefício da maioria.

Nesse processo houve uma naturalização da política, a sociedade deixa de ter papel central para ser coadjuvante na salvação do planeta. A natureza, que hoje é social, torna-se “ambiental”, ecológica... fala-se, mesmo, astuciosamente, em “ecosocialismo”!

A Conferência de Estocolmo (1970) criava o conceito de ecodesenvolvimento. Comissão Brundtland: criou o conceito de desenvolvimento sustentável. A preocupação com a sustentabilidade e com o planeta supera a preocupação com os males da sociedade que se agravam, até mesmo com a globalização.

Lidar com a sustentabilidade do planeta é lidar, hoje, com um dos temas políticos mais densos da atualidade. Ecologia política: essa ecologia não cuida apenas do ambiente (natureza). Ela trata, ao mesmo tempo, da espécie humana e de suas atividade e do meio técnico, científico e informacional.

A globalização é uma faca de dois gumes: pode estar tanto a serviço do capital grande, como um dos processos geradores mais importantes, quanto de seus fundamentos essenciais, especialmente baseados na difusão dos sistemas técnicos.

Entramos no período histórico promissor, capaz de compreender que o futuro do planeta está nas mãos da sociedade e não das empresas apenas. Novo papel da informação e da comunicação entre os sobreviventes do século XX

Novo tempo: período popular da história. Trata-se da organização do mundo a partir “dos de baixo”, a partir dos lugares. Lugar - espaço do acontecer solidário, único ponto de construção da resistência para a existência. - A única possibilidade efetiva dos de “baixo” construírem a resistência.

Ecologia política: contém a necessidade e premência a uma promoção da relação da espécie humana, conforme um sistema de valores éticos e não apenas econômicos, como quer a “globalização”.

Totalidade dinâmica: o mundo e planeta se constituem na morada do ser humano. A abordagem da ecologia política é um novo passo para o movimento de emancipação da humanidade. Exemplo: a questão da água: tema ambiental agudo, ideais de autonomia, solidariedade e responsabilidade são propósitos que não podem deixar de juntar-se aos princípios éticos de lida com o planeta Terra.

Como aceitar cinismos metafóricos como globalização, segurança alimentar, sustentabilidade, num mundo ainda devorado pela hegemonia do capital grande (financeira) diante do aumento do número de pobres e excluídos, do aumento da fome e do afunilamento da pirâmide de distribuição da riqueza?

3. Questão ambiental X questão social Paisagem e ambiente: - Paisagem é o documento material e visível da diversidade do mundo ao longo da história. É o testemunho material da história do trabalho humano. - Ambiente é produto da intersubjetividade.

Questão ambiental, sustentabilidade são poderosos elementos formuladores de discurso político. - Mas seria esse o discurso necessário para a vida humana e do planeta hoje? - Afinal, o que e quem causa danos ao planeta? A humanidade ou uma subcategoria denominada empresa? - Quem se constitui no sujeito dessa questão: o planeta? - Vale dizer a poluição dos rios, mares, do ar, o desmatamento? Ou os segmentos sociais que praticam esses atos criminosos?

Nas periferias urbanas, onde o lixo é jogado a céu aberto, o que interessa é “educação ambiental” ou educação política para que esses sujeitos passem a existir como seres humanos e compreendam a sua verdadeira natureza humana? O ambiental valoriza a natureza e não o ser humano Sutil desvio de objetivo que implica e contribui num processo acelerado de segregação socio-espacial, numa tentativa poderosa de descaso com a pessoa humana... Que se esquece de si, de suas condições de vida e de seus direitos.

Quando examinamos e reconstituímos o surgimento da “questão ambiental”, verificamos que ela está atrelada ao interesse das grandes e poderosas potências e do grande capital.

O período técnico, científico e informacional trouxe para a humanidade a possibilidade de superar a maioria dos obstáculos até então oferecidos pela natureza. Terremotos, tornados, vendavais, tsunamis, surpreendiam a todos. Hoje, eles surpreendem apenas as pessoas e nações pobres, aqueles que não dispõem de informação e conhecimento técnico. Esse é o sentido da técnica: criadora permanente de exclusão, pois a informação é o motor da política. E o que é a política no nosso modo produção, hoje, quase hegemônico no mundo?

4. Novos nexos territoriais fundamentados nas relações sociais

Reflexões finais Vivemos um período política e mentalmente regressivo. A política reduzida à economia e às idéias fragmentadas e gregárias Quando se evoca a globalização, no seu discurso o mundo real é ignorado. A globalização significa o surgimento de problemas comuns e específicos para toda a humanidade, mas, lamentavelmente, a idéia de humanidade é rejeitada.

Dá-se importância ao global e menospreza-se o local, lugar Dá-se importância ao global e menospreza-se o local, lugar. Lugar, espaço do acontecer solidário onde um novo período histórico brota fundamentado em práticas existenciais de sobrevivência, de novas experiências, novas exigências e uma nova política...

Por que não enfrentar os gigantescos desafios que toda política deveria considerar hoje? Por que não considerar nosso mundo tal como ele se apresenta hoje, em função de uma finalidade política maior, que é aquela de transformar-nos em cidadãos e seres civilizados?