A economia americana, o padrão dólar flexível e a expansão mundial nos anos 2000 Franklin Serrano 30/11/09.

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A economia americana, o padrão dólar flexível e a expansão mundial nos anos 2000 Franklin Serrano 30/11/09

O objetivo principal deste trabalho é discutir criticamente diversos aspectos do funcionamento da economia Americana e do padrão dólar flexível no contexto da expansão da economia mundial dos anos 2000. Após analisar as visões da maioria dos autores para a causa da crise Americana ou para a perda de poder dos Estados Unidos, o autor apresenta uma visão diferente que nega todas essas analses às quais estamos acostumados. 30/11/09

Prognósticos feitos pelos que acreditam na decadencia do poder americano: Os Estados Unidos vivem acima dos seus meios com grandes déficits em conta corrente e são o maior país devedor do mundo. Estes déficits externos ocorrem não só porque o governo com frequência está em déficit, mas principalmente porque cada vez mais as famílias americanas não poupam. As famílias americanas não poupam porque a política monetária excessivamente expansionista produz bolhas nos preços de ativos financeiros e booms de crédito Os déficits externos são financiados por investidores externos públicos e privados, especialmente pelos países asiáticos que adotam uma estratégia mercantilista de acumulação de reservas externas e câmbio subvalorizado Com o estouro da crise financeira associada ao Mercado imobiliário subprime e a desvalorização do dólar, estes investidores vão parar de financiar o deficit Americano. 30/11/09

Prognósticos feitos pelos que acreditam na decadencia do poder americano (cont.): 6. Isto levará a uma forte e descontrolada desvalorização do dólar (“hard landing”) 7. A desvalorização do dólar levará a um grande aumento das taxas de juros americanos, aumento da inflação e forte recessão nos Estados Unidos (e talvez no mundo 8. Finalmente, esta crise geral dos Eua levará ao progressivo abondono do dólar como moeda internacional (possivelmente substituído parcialmente pelo euro) e para muitos marcará o fim do poder economic Americano, que se sustenta em parte no poder do dólar. Como mencionado anteriormente, neste trabalho será apresentada uma avaliação bem diferente desse prognóstico com relação ao padrão dólar, as tendências da economia e a politica economica Americana e a relação entre a economia e a politica econômica Americana com a economia mundial. 30/11/09

A forma de análise de Serrano se destoa das outras por dois aspectos diferentes: 1. Enquanto os outros autores focam suas análises em mudanças de curto prazo, Serrano prefere se concentrar nas mudanças que parecem mais persistentes, afinal, sempre ocorrerão flutuações no sistema, mas que serão sempre oscilações e nada mudam de significativo. 2. A maioria dos autores não levam em conta que praticamente a totalidade dos passivos externos americanos é denominada em dólares e praticamente todas as importações de bens e services dos Eua são pagas exclusivamente em dólar. Só este simples fato gera uma enorme assimetria entre o ajuste externo dos Estados Unidos e dos demais países. 30/11/09

E o esquema de análise teórico do autor que tem três aspectos principais, sendo eles: 1. A tendência do crescimento das economias capitalistas normalmente é puxada pela evolução da demanda efetiva. A idéia básica é que a expansão sustentada do Mercado final (gastos em consumo, gastos públicos, exportações e investimento residencial), em última instância, explica a tendência de crescimento do investimento que cria capacidade para o setor privado da economia, e portanto, do produto potencial. 2. Independentemente da fortissima volatilidade de curto prazo de diversos mercados, a tendência da inflação e também das mudanças de preços relativos (nacionais e internacionais) depende necessariamente dos custos de produção, que são determinados pela evolução da tecnologia e das variáveis distributivas (salários, impostos indiretos e rendas de diversos tipos). Estas variáveis distributivas, por sua vez, são fortemente influenciadas por fatores politicos e institucionais. 3. Além de o Banco Central fixar diretamente a taxa básica de juros de referência de curto prazo, as taxas de juros de títulos públicos de prazos mais longos, embora determinadas pelo Mercado, são fortemente atreladas às expectativas do mercado sobre o curso future das taxas curtas fixadas pela autoridade monetária, o que implica que o Banco Central tem o poder de influenciá-las decisivamente. 30/11/09

Superstars do Capitalismo: Trata das questões do comportamento dos gastos e consumo dos americanos e da idéia muito difundida que se tem da queda da poupança das famílias americanas. Argumento Principal: forte aumento da desigualdade da distribuição de renda e riqueza, com fortissima concentração de ganhos no topo da distribuição. A distribuição da renda pessoal concentra-se com baixíssmo crescimento dos salários reais dos trabalhadores menos qualificados em geral (muito abaixo das relativamente altas taxas de crescimento da produtividade) e a tendência ao crescimento acelerado das remunerações dos chamados Superstars. Superstars: os CEOs (Chief Executive Officers), atletas e artistas, advogados de grandes empresas e altos gerentes de bancos de investimento e outras instituições financeiras 30/11/09

Causas do baixo crescimento dos salários reais de base: - Fatores ligados à imigração Crescente abertura comercial - Redução do poder dos sindicatos e à perda de valor real do salário mínimo Enquanto o salário mínimo passou 10 anos sem reajustes (entre 1997 e 2007), o crescimento exponencial da remuneração dos executivos em 2005 passou a 262 vezes maior que o salário médio! 30/11/09

Redução do grau de progressividade dos impostos nos Estados Unidos. Explicação razoável à tendência ao forte crescimento destas remunerações dependem de alguns fatores: Redução do grau de progressividade dos impostos nos Estados Unidos. Perda de poder dos sindicatos que exerciam forte pressão para a normatização e o controle do leque das remunerações e salários relativos dentro das empresas. Combinação das mudanças na tributação com a crescente desregulamentação financeira. Consequência: Esses fatores levam muitas empresas a pagar seus CEOs com suas próprias ações – a baixa taxa de ganhos de capital tem feito com que, cada vez mais, as empresas americanas paguem menos dividendos e recomprem mais ações, o que faz a renda dos acionistas depender cada vez mais dos movimentos dos preços das ações. 30/11/09

Subvalorização: Argumento principal: A liberalização financeira externa que se espalhou por muitos países em desenvolvimento nos anos 1990 teve um efeito bastante contraditório porque apesar de ampliar os recursos externos para os mercados emergentes, acabou criando problemas de liquidez e de solvências das contas externas . A maioria das “reformas neoliberais” e das políticas atreladas à liberalização financeira, faz com que seja cada vez mais difícil para um país que as adote conseguir as divisas estrangeiras demandas e isso acontece por diversos fatores, sendo eles: Alto diferencial entre juros internos e externos Tendência a apreciação da taxa de câmbio real Endividamento externo IED em setores que não produzem divisas Políticas de desnacionalização no setor de infra-estrutura 30/11/09

A abertura financeira na América Latina começou nos anos 90… Principais problemas: A demanda mundial por commodities crescia a taxas baixas e os termos de troca estavam desfavoráveis Boom de importações e receitas de importações que cresciam a uma taxa inferior à taxa de juros Consequências: Crescentes e insustentáveis déficits em conta corrente Piora nos indicadores de liquidez Acumulação de passivos externos 30/11/09

Os movimentos especulativos gerados por essa abertura financeira levaram vários países à crise entre os anos 1990 e 2000, entre eles: Coréia do Sul, México, Rússia, Brasil e Turquia desacelerando o crescimento da economia mundial no final do século XX e a forma encontrada por muitos países em desenvolvimento para reduzir as importações e o déficit em conta corrente foi adotar políticas macroeconômicas de ajuste das contas externas, contraindo a demanda e desvalorizando o câmbio. Em 2002 a expansão da economia mundial se acelereou e o crescimento chegou, mas desta vez, não só impulsionada pelos Estados Unidos, mas também cada vez mais, pelo crescimento acelerado da demanda interna dos países asiáticos. E as razões foram: Recessão rápida e suave dos Eua Contribuição dos países asiáticos que adotaram políticas expansionistas China mantendo sua taxa de câmbio fixa em relação ao dólar 30/11/09

Nos anos 2000 a expansão dos países em desenvolvimento ocorreu com a rara combinação de altas taxas de crescimento do produto com manutenção de superávits em conta corrente. Para muitos, esse superávits está diretamente ligado a uma expansão mercantilista na qual a China e os demais países asiáticos tem um crescimento liderado pelas exportações, acumulando reservas externas e mantendo uma taxa de câmbio desvalorizada. Para o autor, o crescimento de seus mercados internos não pode ser caracterizado como “liderado pelas exportações” já que não há nenhuma relação necessária entre acumulação de reservas e superávit em conta corrente. É difícil definir se as taxas de câmbio asiáticas em geral estão “subvalorizadas” . A verdade é que para esses países em desenvolvimento a acumulação de reservas em grande quantidade é necessária para evitar possíveis crises de liquidez e essas reservas têm que cobrir os passivos externos de curto prazo para evitar movimentos especulativos como aconteceu antes e a valorização nominal de seu câmbio pode levar à deflação dos preços internos, o que pode prodizir mais problemas financeiros para o sistema de crédito doméstico. 30/11/09