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Capítulo 3 Trabalho de Campo Investigação Qualitativa em Educação, Robert Bogdan e Sari Biklen Ana Carolina Carvalho.

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1 Capítulo 3 Trabalho de Campo Investigação Qualitativa em Educação, Robert Bogdan e Sari Biklen
Ana Carolina Carvalho

2 O que vamos abordar? Introduzindo o assunto – por que ir a campo? Como definir o campo? Com o que nos deparamos quando vamos a campo: modos de acesso – autorização - e de investigação; estabelecimento de relações almejando o melhor para a investigação; imprevistos, sentimentos, modos de participação e de conduta; procedimentos e instrumentos utilizados na investigação – observação, entrevista, fotografia; final da investigação.

3 É difícil entender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é esta que vê, severina; mas se responder não pude à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu com sua presença viva; vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica. Vida e Morte Severina João Cabral de Melo Neto

4 Por que ir à campo? Que modo é esse de empreender uma investigação? Por que escolhemos ir à campo? Pela possibilidade de conhecer, observar, investigar nossos sujeitos em seu ambiente, nos seus afazeres cotidianos, em suas relações. E porque acreditamos que tudo isso faz parte do que queremos pesquisar, nos interessa, faz diferença e nos oferece respostas, novos questionamentos, enfim, elementos para que possamos compreender melhor o nosso objeto/nossos sujeitos. Elementos que estão neles, constituindo-os, e também sendo alterados por eles. Como diz o poeta, ver a fábrica que a vida – esta que queremos investigar – teimosamente se fabrica.

5 Dialogando com outra pesquisadora
Apoiando-me em Bogdan e Biklen (1994), compreendo que também na investigação qualitativa de cunho sócio-histórico vai-se a campo com uma preocupação inicial, um objetivo central, uma questão orientadora. Para buscar compreender a questão formulada é necessário inicialmente uma aproximação, ou melhor, uma imersão no campo para familiarizar-se com a situação ou com os sujeitos a serem pesquisados. Para tal, o pesquisador frequenta os locais em que acontecem os fatos nos quais está interessado, preocupando-se em observá-los, entrar em contato com pessoas, conversando e recolhendo material produzido por elas ou a elas relacionado. Procura dessa maneira trabalhar com dados qualitativos que envolvem a descrição pormenorizada das pessoas, locais e fatos envolvidos. A partir daí, ligadas à questão orientadora, vão surgindo outras questões que levarão a uma compreensão da situação estudada. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa, In: Cad. Pesqui.  no.116 São Paulo July 2002 Maria Teresa de Assunção Freitas Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora

6 O trabalho de campo não só possibilita que o pesquisador entre em contato com o seu objeto em seu ambiente natural, na totalidade de suas relações, mas, ao promover este contato, traz novas questões ao pesquisador, e estas lhe possibilitam que novas e essenciais compreensões sejam por ele realizadas. O pesquisador qualitativo também vai a campo para poder desenvolver e problematizar mais a sua questão inicial. E desta forma, aproximar-se mais do seu objeto. (dialogo também com a apresentação de Oton e Elizena).

7 Um exemplo sobre o que se encontrou indo a campo e suas relações com o objeto ou a riqueza do trabalho de campo Maria Helena Souza Patto – A produção do fracasso escolar. Nesta pesquisa, buscou-se investigar as causas de seguidas reprovações escolares e consequentes evasões de alunos ainda nas séries iniciais do hoje ensino fundamental. Foi realizada durante a década de 1980, em São Paulo, numa escola pública de um bairro de periferia. A produção do fracasso escolar pela própria escola, que estigmatiza crianças consideradas “problemáticas”, evidencia-se no modo como as relações se dão no cotidiano da escola, como esta trata essas crianças e suas famílias, algo que só foi possível constatar indo a campo, observando situações em sala de aula e entrevistando professores, as crianças e suas famílias.

8 Sobre a “força do trabalho de campo” desta pesquisa, Sylvia Leser de Mello escreve, no prefácio:
Aqui está a parte inestimável do trabalho de Maria Helena. Ele comove porque é, sem dúvida, um trabalho inconformado, que não vê com naturalidade o processo de exclusão que as crianças das camadas populares sofrem na escola pública de 1º grau. Escolhendo autores voltados para o estudo da vida cotidiana, em especial Agnes Heller, ela vai, muito coerentemente, às escolas, e senta nos bancos escolares, para conviver com a sala de aula, local privilegiado onde ocorre o verdadeiro ensino. Talvez fosse necessária a sensibilidade do psicólogo aos múltiplos e possíveis cenários onde os interiores se expõem, para que se pudesse ter a visão miúda do dia-a-dia da sala de aula, sem ser a visão corriqueira. O estudo do cotidiano da sala de aula possui um poder de revelação extraordinário, porque só através dele nos é dado acompanhar (e compreender) dramas amargos (...), mas que são diários, repetidos, transformados em comuns, banais. A mais elementar necessidade torna-se vulgar, a ofensa, a desqualificação, triviais. A sala de aula põe à mostra a distância que vai do sentimento à ação e desta à palavra.

9 A definição do campo está sempre de acordo com o objeto
Se vamos pesquisar situações de aprendizagem e práticas escolares não é difícil supor que escolheremos a escola como nosso campo de investigação. Se vamos pesquisar práticas de leitura, podemos escolher bibliotecas, mas será que o campo e sua escolha são sempre óbvios? A seguir, um trecho do relato de pesquisa de Maria Teresa Freitas, no qual ela problematiza a definição do campo, e mais adiante, o modo em que ela e pesquisadores obtiveram acesso ao campo e como as relações foram se estabelecendo.

10 Sobre a pesquisa Estudo que buscou investigar a construção/produção da escrita de adolescentes na internet. Aproximações com o campo – pesquisadores passaram a usar a internet como ferramenta de interação entre si, com trocas intensas de s, criação de um grupo para troca de mensagens e de uma home page.

11 Sobre a definição do campo e as interações com os sujeitos
Querendo focalizar o usuário da Internet em seu ambiente, pela observação participante, deparamo-nos com uma dificuldade. Como escolher os sujeitos e como realizar essa observação? De acordo com Vygotsky (1991) o estudo de situações fundamentalmente novas exigem inevitavelmente novos métodos de investigação e análise. Foi o que aconteceu, pois percebemos que a observação não poderia ser a usual, mas o novo meio exigia uma adequação dessa técnica. Deveríamos interagir com os potenciais sujeitos da pesquisa no interior de um espaço virtual, participando de chats, usando  s etc. Conscientes de que numa pesquisa qualitativa o movimento inicial deve ser o de aproximação, buscamos uma inserção no campo a ser investigado, visando compreender o que queríamos estudar, estabelecendo uma convivência com o novo meio, tornando-nos nós mesmos internautas. Assim, desejando desvelar essa nova realidade, ainda pouco vivenciada, percebemos que, para melhor compreendê-la, seria preciso partir de uma imersão mais profunda no mundo virtual6, convivendo com o próprio objeto de investigação. Navegamos por horas a fio, visitamos sites de nossos interesses e de possíveis interesses para os adolescentes, utilizamos o correio eletrônico como meio de comunicação. Pg. 7

12 A opção por essa observação virtual justificou-se pelo fato de não estarmos, assim, criando uma situação artificial de pesquisa, pois, interagindo com os internautas em seu meio natural poderíamos observá-los de forma completa e, simultaneamente, compreender sua escrita a partir do meio no qual estavam inseridos. Pg. 7

13 Como as condições ideais do trabalho de campo são apresentadas no livro?
No trabalho de campo, o investigador entra no mundo do sujeito, mas permanece do lado de fora. Registra de forma não intrusiva o que vai acontecendo, descreve situações. Tenta aprender algo através do sujeito, embora não tente necessariamente ser como ele. Aprende o modo de pensar do sujeito, mas não pensa do mesmo modo. É empático e, simultaneamente, reflexivo.

14 O trabalho de campo refere-se ao estar dentro do mundo do sujeito da forma acima descrita – não como alguém que faz uma pequena paragem ao passar, mas como quem vai fazer uma visita; não como uma pessoa que quer ser como o sujeito, mas como alguém que procura saber o que é ser como ele. Trabalha para ganhar a aceitação do sujeito, não como um fim em si, mas porque isto abre a possibilidade de prosseguir os objetivos da investigação (Geertz, 1979, p.241) Mas estas afirmações todas sobre a presença e a relação do investigador em seu campo guardam uma ideia ótima do que isto seja. Residem no campo do ideal.

15 Pelo que posso compreender, a partir do que estamos conversando até agora, estar no campo significa buscar esse ideal de relação, mas também ser surpreendido por fatores inesperados, desde a forma como poderemos ser recebidos, até o que podemos sentir ao estarmos no ambiente que vamos investigar, as surpresas boas ou ruins, os “desvios de rota” em relação às expectativas iniciais, os erros ou falhas de pesquisadores iniciantes. Enfim, tudo o que pode nos acontecer quando estamos em ambiente não controlado, mas natural. Se não podemos controlar o que vai nos acontecer, há certos cuidados que podemos tomar ao adentrar o campo.

16 Modos de investigação e abordagem
Nas palavras de Maria Teresa: “Enfim, no período de março a julho de 2000, mergulhamos no trabalho de campo realizando o que se denomina observação virtual, interagindo com adolescentes em salas de bate-papo, em chats do MIRC ou da WEB, em listas de discussão e por  s. Dessa forma, empenhamo-nos em uma coleta de artefatos e de dados significativos, mas sem uma preocupação de definir sujeitos específicos. Isso provocou uma profunda discussão acerca da ética, pois, estaríamos interagindo com adolescentes via chats e  s sem explicitar a situação de pesquisa e o nosso papel de pesquisadores. Contudo, chegamos à conclusão de que o próprio nickname já garantiria o anonimato dos sujeitos.” Os pesquisadores realizam dessa maneira o que entendemos por uma investigação dissimulada - obtenção dos dados sem o consentimento dos sujeitos.

17 Se a abordagem é direta, é necessário obter acesso ao campo
O investigador explicita os seus interesses e tenta que os sujeitos que vai estudar cooperem com ele. Neste caso, uma autorização deve ser solicitada. Autorização – obtê-la poderá facilitar aceitação do pesquisador, além do pesquisador se ver livre das obrigações de um participante – isso pode acarretar excesso de trabalho se o investigador coloca-se no lugar de um professor, por exemplo.

18 Questionamentos e informações importantes que podem surgir no início do trabalho
O que é que se vai fazer exatamente? A pesquisa irá causar algum tipo de perturbação? – procedimentos e instrumentos. O que é que se vai fazer com os resultados? 4. Por que nós? 5. Quais são os benefícios do estudo?

19 Outros cuidados e questões do início da pesquisa
Primeiros dias – expectativas do pesquisador (com o que ele pode de fato se comprometer?) e de quem é pesquisado, talvez seja necessário lidar com receios de quem é observado. Um dos modos de se lidar com esses receios é esclarecer ao máximo objetivos e usos - garantindo o retorno para a instituição – a pesquisa como instrumento real para reflexão e para melhorar melhorar a prática – compromisso ético. E também de valorizar a própria pesquisa. Sensações iniciais do pesquisador – sentimentos de estranheza em relação ao seu papel de investigador ou ao próprio ambiente.

20 Maria Teresa e a sensação de ser entranha no ninho
Foi muito rico o período em que penetramos na corrente da linguagem dos internautas. A princípio nos sentimos "estranhos no ninho", ao iniciarmos nossa incursão pelos chats. Convivemos com termos próprios aos quais não estávamos acostumados, tivemos que adotar um nickname, conhecer e seguir as regras estabelecidas para a comunicação virtual. Fomos identificados pelos internautas como calouros e novatos pelo nosso modo de expressar tão diferente do deles. Era como se fôssemos aprendizes de uma nova língua. Aos poucos, penetrando na corrente dessa linguagem, fomos adotando os termos próprios, a forma específica de escrever, de teclar. Já não mais éramos estranhos e começávamos a fazer parte no novo grupo cultural.

21 Por muitas vezes enfrentamos o desejo de desistir, o medo de não conseguir. Mas a cada novo navegar interagíamos com essa escrita teclada e percebíamos suas peculiaridades. A cada reunião ouvíamos relatos de observações que deram certo, que trouxeram frutos, e o trabalho seguia. E a cada leitura nova, renovávamos os interesses e buscávamos aprofundar os conhecimentos sobre o foco de análise.

22 Maria Helena e os sentimentos que sua pesquisa e presença da pesquisadora causaram numa das professoras observadas Desde nosso primeiro contato com Neide (uma das professoras) – no qual nos apresentamos e falamos sobre a pesquisa que pretendíamos desenvolver na escola do Jardim – estivemos diante de suas condições adversas de vida e de trabalho; abatida, apressada e ansiosa, mal conseguiu prestar atenção às nossas colocações. (...) Após poucos minutos conosco no hall de entrada, pediu licença e retirou-se, não escondendo a sua falta de condições para conversar ou para se propor a qualquer colaboração. Quando voltamos a encontrá-la, concordou que frequentássemos a sua classe mas imediatamente se defendeu, informando-nos que tinha 14 crianças problemáticas na classe.

23 Mostrou-se insegura e desconfiada com nossa presença mas não expressou esses sentimentos nem se sentiu no direito de recusá-la. O fato de que estaríamos simultaneamente em sua classe e na classe de Marisa (uma professora “boa” para os alunos) despertou-lhe muita ansiedade, ora de natureza persecutória, ora de natureza depressiva.

24 No final do trabalho, a professora pode falar sobre esses sentimentos que estavam presentes desde o início Vocês falaram que iam fazer uma comparação entre as duas classes, daí eu fiquei com medo – será que vou dar conta? Será que vou fazer a programação direito em casa? – o caderninho da Ianni eu queria saber o que era, cheguei a falar com a Maria José... Ainda mais os problemas de casa, ainda mais aquele dia você falou comigo calma e eu chorando, pensei: eu vou deixar uma péssima impressão... Daí tinha alguém me observando, pensei que estava me avaliando; daí comecei a mostrar pra elas as crianças problemáticas da classe, chamar atenção pra elas. “Vai sair um relatório da minha pessoa”, eu pensava. Eu vivia perguntando: o que ela vai falar? Ela não vai voltar? Depois a Ianni não veio mais, a outra continuou na outra classe, fiquei apavorada, achando que era eu... Estava até comentando: fiquei preocupada com aquele caderninho.

25 Será que as notas deveriam ter sido tomadas em sua frente?
A qualidade do trabalho de campo depende das relações que estabelecemos e da preocupação com detalhes A despeito da excelência da pesquisa de Maria Helena, a fala da professora pode nos trazer alguns questionamentos: A professora estava devidamente informada sobre a pesquisa e o porquê da observação em sua sala? Dizer que iriam (se é que disseram assim) realizar uma comparação entre duas salas foi positivo nesse caso? Em algum caso seria positivo? Será que as notas deveriam ter sido tomadas em sua frente? Ela foi avisada sobre a saída da pesquisadora?

26 Formas de investigação Observador participante - Quanto participar?
Entre dois extremos – do observador completo, que não participa de nenhuma atividade, só olha e do observador que está envolvido com a instituição, situam-se os demais modos de ser um observador participante. Como é estar na escola sendo educador? Os autores sugerem alguns cuidados – não tente corrigir práticas ou ensinar o que sabe, não tente posicionar-se diante de conflitos, ao contrário, mantenha a neutralidade e seja discreto, tanto em relação ao seu envolvimento, quanto à presença física.

27 Filmes que podem nos fazer sentir como um observador completo

28 E se o pesquisador for convocado a participar mais ativamente?
Os autores sugerem uma participação moderada. Mas, afinal, o que é uma participação moderada? A medida é um tanto pessoal. O modo de estar em campo vai sendo definido ao longo do trabalho e de acordo com o jeito de ser do entrevistador. Mas deve-se considerar sempre o foco do objetivo da pesquisa.

29 Sentimentos: ajudam ou prejudicam?
O pesquisador é também ativo na observação– ele está lá, sente, pensa coisas. Sentimentos podem ser usados como aliados, na medida em que facilitam a identificação com o sujeito e, desse modo, a compreensão do que ele vive.

30 Um texto que aborda tanto os sentimentos quanto a participação do observador
Seu nome é Bruno. (...) Sei que ele teve um longo processo de adaptação atrapalhado por muitas faltas, quase sempre por problemas de saúde. Quase 3 anos, mas não andava nem falava. Para completar, tomava um remédio fortíssimo por causa da epilepsia. Sem firmeza nas pernas, nos braços, não segurava nem o giz de cera. Como não sentava-se sozinho, eu o acompanhava nos momentos de atividade, quando estava lá. Era preciso apoiá-lo em meu peito como se fosse uma poltroninha e mesmo assim escorregava. Uma professora que trabalhara com deficientes visuais, disse que um diagnóstico mais atento poderia confirmar, mas pelos sinais que pode observar, existia a possibilidade de problemas de visão. Isto explicaria porque ele se apegava tanto ao colo das pessoas: não queria ficar sozinho. Que solidão devia ser! Bruno, suas professoras e as outras crianças. Silvana Augusto para Revista Avisa Lá, n. 1, setembro de 1999.

31 A entrevista na pesquisa qualitativa
Fizemos uso da entrevista, em acordo com Bogdan e Biklen (1994), que a consideram o melhor instrumento de abordagem para o estudo de pessoas que partilham uma característica particular. Aquilo que partilham entre si revelar-se-á mais claramente quando cada um puder falar de suas perspectivas, mais do que quando observado em suas atividades. (Maria Teresa Freitas, pg. 9)

32 Estratégia dominante ou de forma combinada com observação participante, análise de documentos, etc.
Objetivo: obter dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo.

33 Tipos de entrevista quanto ao grau de estruturação
Relativamente aberta – centra-se em tópicos determinados ou pode ser guiadas por questões gerais, mesmo com um roteiro, esse tipo de entrevista oferece ao entrevistador uma amplitude de temas considerável, que permitem levantar uma série de tópicos. Além disso, o sujeito molda o seu conteúdo. Muito aberta – o entrevistador encoraja o sujeito a falar sobre uma área de interesse para retomá-la mais profundamente, retomando temas e tópicos. O sujeito tem um papel crucial na definição do conteúdo da entrevista e condução da pesquisa. O tipo de entrevista é definido de acordo com o objetivo da investigação.

34 Entrevistas de histórias de vida
Material – vídeos do Museu da Pessoa. Entrevistas de Lourdes e Antonio. Objetivo das entrevistas: revelar a história de vida dos sujeitos, desde o seu ponto de vista, buscando uma narrativa bastante descritiva que nos possibilite conhecer quem é aquela pessoa, como ela viveu, o que pensa, quais foram as tramas de sua vida. “Entrevistar não é somente um mecanismo para reunir informações. São necessárias habilidades humanas como paciência, humildade, vontade de aprender com os outros e de respeitar seus pontos de vista, mesmo que você não compartilhe destes” Hugo Slim e Paul Thompson

35 Exemplos de perguntas feitas pelo entrevistador
Quais foram as perguntas que ajudaram os entrevistados a falar mais de si? Quais foram as que não ajudaram? Quais foram as perguntas que acompanharam o movimento dos sujeitos e que exploraram o que eles tinham a dizer?

36 Lourdes – valorização da história contada sobre o trem que ia a Mogi das Cruzes possibilitou que ela contasse sobre uma parte importante de sua juventude e que falasse sobre a sua relação com a música. Antonio – se o objetivo da entrevista for conhecer a história de vida do entrevistado, uma pergunta opinativa desvia nosso foco – o entrevistado deixa de falar de si para falar sobre o que pensa sobre determinado assunto. Por vezes, as opiniões fazem parte do senso comum. Eu penso que o senhor deve ter sentido isso ou aquilo... Quando o entrevistado exprime a sua opinião, ele acaba conduzindo ou quiçá alterando a visão do entrevistado sobre o assunto. Ao expressar a sua opinião, o entrevistador espera que o entrevistado concorde com aquilo. O entrevistado poderia ter falado algo sobre a viagem no navio alemão para cá? Parece que ele gostaria de contar algo sobre isso. Uma viagem a um país desconhecido no qual se vai morar deve ser uma experiência e tanto para o imigrante.

37 Fotografia efeito que a máquina tem nas pessoas – informação sobre o “melhor” que os sujeitos têm a mostrar, valores. Isso pode ser muito interessante, se for o objetivo da pesquisa. registro do que é típico e natural em um contexto. Invisibilidade do investigador. E muita clareza do que se quer fotografar!

38 Alguns registros fotográficos
As imagens a seguir revelam que o registro fotográfico tem sempre uma intenção e esta guia tanto a postura quanto às escolhas e como fotografar. No exemplo que se segue, a foto inicial não revelava o que se queria, que era na verdade, mostrar – a interação das crianças nas brincadeiras e como elas brincavam. Foi preciso um trabalho de formação com gestores e professores, para que eles pudessem proporcionar situações de interação entre as crianças, mas também desenvolver um olhar para a forma como elas brincavam e interagiam. A partir daí, houve uma mudança em relação a como as fotos eram tiradas. Programa Formar em Rede – Instituto Avisa Lá, SP. Fotos tiradas no município de Teixeira de Freitas, BA. Formadora: Kézia Duarte e Alessandra Souza. Consultora: Renata Frauendorf

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44 Trabalhar só com a fotografia?
Os autores expõe alguns problemas, mas também citam que há opiniões controversas. Quais seriam os problemas? Intrusão; Fotografia veicula relações ou comportamentos congelados – perde-se, por exemplo, toda a riqueza verbal. Sugestão dos autores: trabalhar de forma colaborativa – fotografia e observação com registros que possam proporcionar o sentido de toda a textura de relações que não podem ser veiculadas fotograficamente.

45 Abandonar o campo Se há sentimentos complexos na entrada, há outros com os quais o investigador poderá ter de lidar na saída: Sensação de abandono dos sujeitos – eles precisam de mim; Sensação de perder dados importantes, do que ainda poderia observar – já que percebeu que, quanto mais está no campo, mais questões emergem, mais relações se estabelecem; Deixando uma porta aberta... Possibilidades de volta ao campo – para mais obtenção de dados ou para estudos longitudinais.

46 Documentário 17m33s

47 Trecho da entrevista com João Jardim, por Solange Jobim e Souza
Uma questão que pontuou a entrevista em diferentes momentos diz respeito à linguagem do próprio gênero documentário no contexto cinematográfico. Indaguei se o processo de realização deste documentário não poderia ser comparado à tarefa do pesquisador em ciências humanas. Ou seja, será que o diretor João Jardim, concluídas as filmagens não se deparou com surpresas, com histórias imprevisíveis que poderiam até mudar o foco das questões planejadas, mesmo que o roteiro contasse com um fio condutor preciso? Tive a sensação de que ao longo do processo foram se revelando questões não imaginadas e que apareceram naquele contexto específico.

48 O processo de elaboração do filme também se aproxima de muitos temas que tratamos aqui
Entrevista de João Jardim ao jornalista Sérgio Rizzo, do UOL Educação. Como você chegou às escolas que aparecem no filme? Um dos objetivos principais era que elas fossem medianas. Nem muito ruins, nem muito boas. Não queria fazer um filme-denúncia. Duas delas, a de Duque de Caxias (RJ) e a de Itaquaquecetuba (SP), receberam da Unesco o prêmio de escolas inovadoras em Então, fui olhar como elas seriam, para pesquisar, ainda sem pensar em filmá-las. Entrando lá, vi a contradição que eu buscava: tinham coisas boas e coisas ruins. Ao mesmo tempo, foram escolas que se abriram muito para o filme. As diretoras foram muito simpáticas à ideia. Isso era importante porque escola é um lugar muito fechado. Em outras, eu entrava e as pessoas diziam: "você pode vir aqui só de segunda e quinta?". Entendi que essa limitação poderia não permitir fazer o que eu queria. Fui vendo que ou o filme iria ganhar uma cara de denúncia, porque algumas escolas são muito ruins, ou que então eu não teria liberdade. Acabei voltando para as primeiras. O critério geral foi a receptividade que eu tinha na escola, e a possibilidade de a escola ter contrastes entre o bom e o ruim, para que o filme não tomasse um caráter de denúncia.

49 E como você se inseriu no cotidiano escolar?
Foi um processo muito longo dentro das escolas. Como moro no Rio de Janeiro, fui à de Caxias no mínimo dez vezes, em dois ou três dias seguidos, para entender, ver como funcionava, antes de filmar. Depois, filmei em várias etapas. Filmava um pouco, aí voltava três meses depois. Nesse ínterim, eu retornava sozinho à escola. Precisava ter mais intimidade. Esta é a grande diferença do trabalho: ele foi feito num período longo, depois de um longo período de maturação, e um longo período de intimidade com as pessoas. Isso permitiu uma relação com eles que foi muito proveitosa para o filme. "Ih, lá vem o João", diziam. Como foi recebido pelos professores? Com muita desconfiança. Variava de professor para professor. Mas todos eles apoiavam o trabalho. Tinham medo de que eu falasse mal deles. Que eu fosse fazer um trabalho que dissesse que o professor não ensina ou sei lá o quê. 

50 Referências Bibliográficas e sites consultados
Freitas, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa, In: Cad. Pesqui.  no.116 São Paulo July 2002. Patto, M. H. S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T. A. Queirós, 1990. Augusto, S. Bruno, sua professora e as outras crianças. Revista Avisa Lá, n História falada, memória, rede e mudança social. SESC SP, Museu da Pessoa, Imprensa Oficial. Acesso 18/04/13 Acesso 15/04/13 Acesso 15/04/13


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