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O «problema oriental» do Ocidente (1)

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Apresentação em tema: "O «problema oriental» do Ocidente (1)"— Transcrição da apresentação:

1 O «problema oriental» do Ocidente (1)
A ideia estabelecida entre nós de uma supremacia europeia baseia-se nos avanços da Renascença, da revolução científica do séc. XVII e do Iluminismo, que permitem explicar, nesse sentido, a ênfase no conhecimento, na razão, no poder e no comércio. Considerava-se tradicionalmente que as sementes destes acontecimentos tinham origem num passado remoto, na estrutura da própria cultura, na herança dos Gregos e na adopção do cristianismo. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

2 O «problema oriental» do Ocidente (2)
O contraste entre Ásia e Europa, com a respectiva desvalorização do Oriente, tem uma origem antiga na história do Ocidente. O conflito entre Gregos e Persas (década de 490 a. C. e a.C.) fez com que os asiáticos fossem associados a uma autoridade despótica e «à imagem de um esplendor bárbaro» [Goody]. Na Política, Aristóteles considerou-os mais servis que os outros povos e Montesquieu ( ) opôs o «génio da liberdade» europeu ao espírito da servidão asiático. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

3 O «problema oriental» do Ocidente (3)
No seguimento da expansão do comércio europeu, nos sécs. XVII e XVIII, este antagonismo foi posto em causa. O conhecimento mais aprofundado da realidade Oriental permitido pelo contacto dos jesuítas com a China e dos mercadores, viajantes e administradores com a Índia não abalou, porém, a crença de superioridade ocidental. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

4 O «problema oriental» do Ocidente (4)
Com o advento da Revolução Industrial o contraste político tomou um matiz mais económico, impulsionado pelos grandes economistas britânicos. Adam Smith ( ) considerava, n’ A Riqueza das Nações que a pobreza das massas tem origem no facto de a economia não se poder desenvolver ao mesmo ritmo que o crescimento demográfico. A China «permanecia estacionária, negligenciando os recursos naturais da liberdade em favor de regulações artificiais que refreavam o progresso do comércio.» [Goody] História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

5 O «problema oriental» do Ocidente (5)
Karl Marx ( ) igualmente realçou o estado imóvel em que se encontrava a Ásia: uma economia agrícola assente na irrigação e uma classe camponesa servil dominada por um poder despótico. No entender de Marx, por motivos insondáveis, os povos asiáticos não conseguiam acompanhar o processo de desenvolvimento que os conduziria da sociedade arcaica ao feudalismo, desta ao capitalismo e, por fim ao socialismo. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

6 O «problema oriental» do Ocidente (6)
Em finais do século XVIII, a Europa Ocidental encetou um período de crescimento auto-sustentado, o que fez com que, comparativamente, a Ásia parecesse estática. Achou-se, portanto, que esta vantagem comparativa consubstanciava uma diferença social de longa duração. O Oriente não havia experimentado o crescimento do feudalismo e o desenvolvimento dos centros de comércio medievais, as comunas (cidade emancipada) que se expandiram a partir do Norte de Itália e que prenunciaram o surgimento de uma sociedade civil. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

7 O «problema oriental» do Ocidente (7)
No século XIX, a ideia de Singularidade do Ocidente consolidou-se com a expansão do capitalismo competitivo. Julgava-se que a natureza estática da economia da sociedade oriental se devia ao facto de ela carenciar de sistemas apropriados de racionalidade, de parentesco ou de capacidades empreendedoras, consideradas características exclusivas do Ocidente. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

8 O «problema oriental» do Ocidente (8)
Max Weber ( ), sociólogo, pensava que a Europa tinha sistemas próprios de racionalidade e de ética económica que favoreceram o fomento do capitalismo. Ainda segundo o mesmo autor, na Ásia o desenvolvimento do capitalismo foi tolhido pelo sistema de castas e de parentesco, bem como pela ética religiosa. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

9 O «problema oriental» do Ocidente (9)
Estes argumentos - que pretendem ser o Ocidente possuidor de uma vantagem de longa duração - não conseguiram, contudo, explicar porque é que na Idade Média o Oriente se revelou superior ao Ocidente em inúmeros domínios. Aliás recentemente o crescimento acelerado das economias, da tecnologia e dos sistemas de conhecimento primeiro no Japão e, na actualidade, em vários países da região (e. g. China), vieram subverter esta teoria. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

10 O «problema oriental» do Ocidente (10)
A China nunca (até muito recentemente!) desenvolveu o capitalismo, só conseguindo industrializar-se através do comunismo que conseguiu libertá-la da dependência do capitalismo externo. Mas o Japão é já há algumas décadas uma das nações mais desenvolvidas do mundo… História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

11 História Geral da Civilização
Fig. 7: A guerra do ópio (1ª Guerra: ; 2ª Guerra: ) Fonte: ve.kalipedia.com História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

12 O «problema oriental» do Ocidente (11)
Tal singularidade era explicável, segundo alguns autores, devido «às grandes orientações ético-religiosas do Japão anterior à restauração Meiji» [Goody], Tais orientações constituíram um estímulo ao desenvolvimento económico e social japonês comparável ao do protestantismo no Ocidente. Outros autores consideraram que na Ásia Oriental, que era incapaz de proceder à nossa maneira, se tinha formado um tipo original de capitalismo (colectivista) característico de regimes não democráticos e culturas não-individualistas. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

13 O «problema oriental» do Ocidente (12)
Para Goody, as grandes realizações do Ocidente não devem continuar a ser vistas como aspectos de longa duração ou mesmo eternos das culturas ocidentais, mas antes «movimentos pendulares que ao longo do último milénio têm afectado essas sociedades.» Em consequência deste domínio, os sistemas europeus nas áreas da produção industrial, da actividade intelectual (escolas e universidades), da saúde, do governo burocrático e - em alto grau - a cultura em geral, estabeleceram-se com adaptações, pelo mundo inteiro. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

14 O «problema oriental» do Ocidente (13)
Autores têm atribuído à Europa uma capacidade de modernização que outras regiões teriam somente copiado. Porém, a economia da Europa medieval floresceu devido, não tanto à sua capacidade de invenção, mas pela sua capacidade de aprender, de imitar, de dominar certas utensílios e técnicas de outras regiões do mundo, de as tornar mais eficazes ou de utilizá-las para fins diversos. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

15 O «problema oriental» do Ocidente (14)
Nenhuma região do mundo dispõe de características singulares e perenes que lhe permitam, por si só, inventar ou adoptar as evoluções cruciais da humanidade. As mesmas explicações devem ser usadas para analisar quer a antiga superioridade do Oriente, quer os sucessos mais recentes do Ocidente. Um certo etnocentrismo levou autores ocidentais a empolar o papel das determinantes sócio-culturais profundas, a despeito das provas existentes. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

16 O «problema oriental» do Ocidente (15)
O confucionismo (sistema filosófico chinês) outrora considerado um entrave ao progresso, é hoje visto como um seu motor. Determinados elementos da tradição ocidental «um activismo notável, uma capacidade racional de inovação e um sentido de autodisciplina» são agora tomados como pertencendo à civilização do Extremo Oriente. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

17 O «problema oriental» do Ocidente (16)
Por vezes existe a tendência (errada) de considerar só dois tipos de sociedade: modernas e tradicionais, avançadas e primitivas; sociedades que adoptaram o capitalismo industrializado e aquelas que se quedaram por um capitalismo pré-industrializado. De igual modo, não se deve incluir as grandes sociedades asiáticas e africanas numa mesma categoria, «tanto do ponto de vista do desenvolvimento contemporâneo, como da história das culturas.» [Goody] História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

18 O Oriente no Ocidente (1)
Uma análise comparativa falsa entre Oriente e Ocidente pode prejudicar igualmente a compreensão que o Ocidente tem de si próprio. Pode-se ver a história do território euroasiático de duas maneiras: sublinhando a divisão entre os dois continentes, com duas tradições eminentemente diferentes: a ocidental e a oriental. Ou colocando a tónica na herança comum da Idade do Bronze. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

19 O Oriente no Ocidente (2)
A tradição ocidental deriva, como já vimos, da herança clássica das sociedades mediterrânicas da Grécia e de Roma, que terão sido sublimadas com o Renascimento, a Reforma, o Iluminismo e a Revolução Industrial da Europa Ocidental. Na Ásia, segundo os orientalistas, o tribalismo prevaleceria arraigado nos povos. Porém, para Goody, pode-se valorizar uma herança comum aos dois espaços da Eurásia desde a revolução urbana da Idade do Bronze (3000 a.C a.C.). História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

20 Fig. 8 – Eurásia Fonte: wikipédia
História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

21 O Oriente no Ocidente (3)
Nessa Era introduziram-se novos meios de comunicação (a palavra escrita), novos meios de produção (uma agricultura e um artesanato evoluídos com a metalurgia, o uso do arado, etc.). Assim, ainda segundo Goody, a linha de separação entre Europa e Ásia foi sobrevalorizada ocorrendo a uma série de deformações e de distorções na compreensão do Oriente e do próprio Ocidente. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

22 O Oriente no Ocidente (4)
É impossível explicar o avanço temporário – modernização - atribuindo vantagens permanentes a cada um dos lados. O processo de modernização ocidental, como vimos, teria ficado ligado à emergência de um modelo de cidade politicamente organizada, que assegurou algumas liberdades aos seus habitantes e distinguiu esfera privada de esfera pública. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

23 O Oriente no Ocidente (5)
Igualmente a cidade foi o lugar onde triunfou a racionalidade, tanto a nível jurídico como económico. Tendo-se preparado o caminho, na Idade Média, para uma primeira forma de capitalismo. O primeiro modelo de cidade aqui aduzido estabeleceu-se com a comuna do Norte de Itália no século IX, e foi posteriormente difundido por toda a Europa Ocidental. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

24 O Oriente no Ocidente (6)
Não obstante, na Índia, Ahmadabad, já possuía o essencial das características supostamente exclusivas das congéneres europeias. Algumas cidades indianas e chinesas ofereciam já um ambiente adequado à expansão das trocas comerciais e «um futuro terreno de aterragem para a produção manufactureira e o saber ocidentais»[Goody]. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

25 O Oriente no Ocidente (7)
No que diz respeito ao desenvolvimento proto-industrial, algumas regiões do extenso Império Chinês estavam bem mais avançadas nos finais da Idade Média do que a Europa. Quando Marco Polo, no séc. XIII, chegou à capital do sul da China, julgou que Hang-chou era a maior cidade do mundo, uma cidade onde o progresso económico não era em nada comparável ao que era conhecido na Europa. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

26 As viagens de Marco Polo Fonte: wikipédia
História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

27 O Oriente no Ocidente (8)
Na China, a horticultura estava muito desenvolvida, bem como os rituais, os espectáculos e as artes em geral, mas também as suas pesquisas técnicas e científicas (e.g. invenção da bússola, pólvora, imprensa). Ainda que tenham limitado a sua participação no comércio marítimo depois das grandes viagens do séc. XV (por todo o Oceano Índico e a África Oriental), os Chineses beneficiavam de um mercado interno mais vasto do que a Europa. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

28 O Oriente no Ocidente (9)
A intensidade da produção de tecidos, sobretudo rural, de uma mão-de-obra doméstica e assalariada é representativa da riqueza chinesa. Assim sendo, a produção asiática estava longe de passar por um momento de estagnação. Antes do século XV já existiam oficinas e fábricas, muitas delas organizadas pelo Estado. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

29 O Oriente no Ocidente (10)
Durante a dinastia Tang ( ) e Sung ( ), era o governo que recrutava trabalhadores no mercado livre. Enquanto indústrias como a do armamento estavam nas mão do governo, outras como a da exploração mineira e siderurgia eram amiúde privadas. A indústria têxtil chinesa que, no caso das sedas de maior qualidade, era exercida por artesãos e trabalhadores das cidades foi uma actividade sazonal secundária exercida durante mais de 2000 anos. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

30 História Geral da Civilização
Pintura chinesa do século XII mostrando mulheres fabricando seda Fonte: wikipédia História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

31 O Oriente no Ocidente (11)
A cultura comercial do algodão foi introduzida na China nos finais do séc. XII. A produção era desigual de região para região. O mercado dos tecidos de algodão estava centrado em Xangai, sendo posteriormente os produtos distribuídos para as regiões mais remotas do país, através de agentes locais e de mercadores itinerantes que acumulavam um capital avultado. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

32 O Oriente no Ocidente (13)
Cerca de 1730, as exportações de algodão chegaram à Europa e à América do Norte e do Sul, antes que a concorrência da indústria europeia, em 1833, redundasse no seu declínio drástico. De acordo com Goody, «os saberes e as artes da China e do Japão estavam ao mesmo nível do Ocidente, grosso modo até pelo menos ao século XV e, em certos domínios, estavam mais desenvolvidos.» História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

33 O Oriente no Ocidente (14)
Assim, as realizações da Antiguidade não forneceram ao Ocidente uma vantagem permanente até à época contemporânea. Os mil anos que constituíram a Idade Média, testemunharam um recuo da Europa em diversos domínios: conhecimento, artes e economia. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

34 O Oriente no Ocidente (15)
A longo prazo, verificou-se uma alternância nos progressos (movimento pendular) ou evoluções comparáveis (que podiam ser adoptadas ou ocorrer em paralelo) decorrentes dos conhecimentos comuns adquiridos nas duas regiões durante a Idade do Bronze. Existiam factores que impediam ou favoreciam os avanços. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

35 O Oriente no Ocidente (16)
Os obstáculos podiam ser: uma invasão exterior, convulsões internas, interferência da Igreja ou Estado ou, tão-só força da inércia. Os progressos podiam ser favorecidos por novos meios de produção ou de comunicação, novos avanços nos conhecimentos teóricos ou práticos, novos recursos, etc. O movimento pendular continua ainda nos nossos dias: o Oriente está na iminência de se tornar o farol da economia mundial. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

36 O Oriente no Ocidente (17)
A China testemunhou progressos a nível da botânica, produzindo inúmeras espécies de plantas ornamentais (que só posteriormente seriam introduzidas no Ocidente), graças a técnicas de horticultura intensiva. No séc. IV, a botânica chinesa era aproximadamente igual (pelo menos em número de espécies identificadas) à de Teofrasto, discípulo de Aristóteles. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

37 O Oriente no Ocidente (18)
Na Alta Idade Média ( ), o conhecimento da botânica no Ocidente estagnou e declinou, só chegando ao nível oriental com os botânicos alemães do séc. XV. O estudo das estruturas matemáticas inicia-se com as civilizações da Mesopotâmia, China e Índia. Como tal não lhes faltava a mentalidade matemática! Na matemática registaram-se avanços paralelos, ainda que distintos, no Oriente e no Ocidente que contribuíram para o desenvolvimento de outras ciências. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

38 O Oriente no Ocidente (19)
Quanto à geometria, o seu desenvolvimento inicial aconteceu na Mesopotâmia e no Egipto, ainda que esta disciplina só se tenha imposto e sistematizado no mundo grego. A primeira geometria chinesa não chegou ao apuro atingido pela civilização grega. Todavia, as matemáticas chinesas, nos primeiros séculos da Idade Média, eram as mais avançadas do mundo e o seu declínio posterior é um enigma. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

39 O Oriente no Ocidente (20)
O que terá subjazido ao êxito do Ocidente terá sido «o desenvolvimento de uma perspectiva científica única» [Goody] ou mesmo possivelmente uma mentalidade. Existe alguma discussão quanto ao local e ao momento da revolução do conhecimento na Europa. Os medievalistas ressalvam a importância do século XIII, os historiadores da época moderna, valorizam o Renascimento e períodos sequentes. Os filósofos enfatizariam o desenvolvimento do ensino na Época das Luzes. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

40 O Oriente no Ocidente (21)
Até à aparição da ciência moderna, a China estava muito mais avançada do que a Europa em domínios como a matemática e a astronomia, a teoria das marés, a geografia humana, a cartografia quantitativa e a paleontologia. Na Europa, a Reforma implicou uma emancipação dos actores sociais e culturais em relação aos contrangimentos (explícitos: censura/ implícitos: controlo dos sistemas de conhecimento) impostos pelo regime estabelecido. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

41 O Oriente no Ocidente (22)
A rejeição da autoridade papal, traduziu-se para a Inglaterra e Holanda, na possibilidade de afrontar os monopólios comerciais que o Papa tinha atribuído a Espanha e Portugal, na África Ocidental e em outras regiões. Os mercadores destes países deixaram de estar sob tutela eclesiástica e ficaram livres para vender qualquer mercadoria, não importando em que região. Criou-se assim tanto na Ásia como na Europa uma cultura mercantil específica. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

42 O Oriente no Ocidente (23)
No século XIV, a China dispunha de máquinas de fiar cânhamo que podiam ser accionadas pelo homem, pelo animal ou por uma roda hidráulica. O facto da revolução industrial não ter sucedido antes na China deve-se, segundo Elvin (apud Goody) à «paralisia no ponto de equilíbrio do nível elevado atingido.» História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

43 O Oriente no Ocidente (24)
Certos autores explicam também o sucesso do Ocidente opondo a escrita alfabética grega (morfologicamente mais desenvolvida) aos sistemas logográficos chineses (menos flexíveis). Contudo, tanto uma escrita como a outra permitiram a «acumulação, sintetização e a formalização de saberes» [Goody]. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

44 O Oriente no Ocidente (25)
O facto de tanto na Europa, como na Ásia terem prosperado, nas sociedades urbanas da Idade do Bronze, a escrita, a agricultura e o artesanato, contrasta com África. Este último continente não tinha neste período nem agricultura avançada nem escrita (excepto nas regiões sob a influência do Islão.) História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

45 O Oriente no Ocidente (26)
O aparecimento de culturas específicas permitido pela diferenciação hierárquica que decorre da obtenção de lucro numa economia excedentária e da diferenciação de acesso aos recursos, levou a que a sociedade se complexificasse (vd. Módulo 1). Estas contradições não ocorrem em sociedades sem escrita, como em África, permanecendo implícitas, enquanto que nas sociedades euro-asiáticas elas são vertidas na palavra escrita «atingindo uma proeminência e um poder reflexivo muito maiores.» História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

46 O Oriente no Ocidente (27)
A Renascença testemunha uma grande expansão da actividade mercantil da Europa. Seguiu-se, no séc. XVIII, o desenvolvimento de um capitalismo industrial de grande escala (i.e. uma produção em massa baseada na utilização de máquinas hidráulicas e a vapor) no Ocidente. Os historiadores, porém, situam o início do capitalismo em Veneza, depois do século XII. Mas o comércio aí praticado não diferia muito da actividade levada, durante séculos, a cabo por outras comunidades (inclusive chinesas.) História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

47 O Oriente no Ocidente (28)
O fundamental da ciência dos Gregos, não se prende com o facto de terem sido eles a inventar a medicina, as matemáticas ou a astronomia (o que de resto não é verdade). Os Gregos foram sim os primeiros no Ocidente, a envolverem-se «numa reflexão sobre os estatutos, os métodos e a fundação da investigação científica, os primeiros a levantar questões de ‘segundo grau’.» [Lloyd apud Goody] História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

48 O Oriente no Ocidente (29)
A reflexão científica foi promovida pela escrita que favoreceu uma auto consciência e um processo de explicitação do implícito. As dificuldades inerentes à escrita cuneiforme mesopotâmica podem ter desencorajado reflexões discursivas sobre os métodos anteriores à civilização grega. A auto consciência tem, indubitavelmente, muitas raízes na cultura grega. A argumentação explícita, vai ser favorecida pelo uso da escrita, do alfabeto e do papiro. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

49 História Geral da Civilização
Fig. 9 – Escrita cuneiforme e alfabeto grego Fonte: História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

50 O Oriente no Ocidente (30)
A noção de demonstração exacta, segundo Lloyd (citado por Goody), pelo menos na geometria, foi uma invenção grega. Os Indianos também desenvolveram uma geometria, para erigirem os seus templos, actividade na qual revelaram um verdadeiro domínio dos «problemas relacionados com as superfícies dos quadrados, dos rectângulos, dos trapézios e dos triângulos rectos.» História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

51 O Oriente no Ocidente (31)
Os sulbasutras (tratados indianos redigidos entre 500 a.C. e 100 a. C.), estavam preocupados com os resultados práticos, pelo que não versaram os métodos de demonstração; Os Indianos não conseguiram distinguir resultados aproximativos de um resultado exacto. De acordo com Lloyd, os gregos teriam estabelecido uma distinção explícita entre os enunciados metafóricos e os enunciados literais. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

52 O Oriente no Ocidente (32)
Os Egípcios, os Babilónios, os Indianos e os Chineses teriam desenvolvido uma protociência. Platão e Aristóteles ao rejeitar a metáfora (através do silogismo em Aristóteles) teriam fundado um novo estilo de investigação. Outras diferenças seriam a ênfase dada pelos gregos à dialéctica (arte do diálogo, da contraposição e contradição de ideia que leva a outras ideias) «sobre a lógica formal nos modos de argumentação, ou da investigação empírica sobre a teorização especulativa abstracta.» [Goody] História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

53 O Oriente no Ocidente (33)
As diferenças espelhariam uma herança e uma experiência politica diferentes. As similitudes entre China e Grécia: o mesmo grande interesse pela moral, pela filosofia natural, pelas matemáticas, medicina, astronomia, por certos aspectos da lógica, da epistemologia e da crítica literária. Da história chinesa poderíamos também referir - com Lloyd - outras semelhanças: os raciocínios derivados da reflexão, o eclodir de tradições de pensamento críticas e cépticas, e de uma procura explícita da inovação,etc. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

54 O Oriente no Ocidente (34)
Tais similitudes resultarão do facto de ambas as sociedades terem beneficiado das consequências da revolução da Idade do Bronze. No âmbito intelectual essas consequências derivam do desenvolvimento da escrita. Do ponto em cima descrito decorreria a explicitação do implícito levando o indivíduo a confrontar-se com as suas próprias palavras. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

55 O Oriente no Ocidente (35)
Como já vimos, as causas aduzidas pelos investigadores para explicar as diferenças de evolução destas sociedades foram atribuídas a uma série de factores tidos como exclusivamente ocidentais. Estes factores foram: o individualismo, uma racionalidade específica, o espírito de iniciativa empresarial e um determinado tipo de estrutura familiar. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

56 O Oriente no Ocidente (36)
Contudo, segundo Goody, uma boa parte do desenvolvimento económico indiano deveu-se a firmas familiares, o que levou a falar-se de um capitalismo colectivista distinto do capitalismo individualista ocidental. Para Goody porém a participação de um círculo de parentesco alargado numa mesma empresa económica revelou-se muitas vezes um trunfo. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

57 O Oriente no Ocidente (37)
Porém, na sociologia germano-americana houve uma forte tendência para considerar a família como uma «realidade corroída da modernidade» [Goody]. A modernidade teria testemunhado uma substituição das redes de parentesco pelos laços fundados nas trajectórias individuais. História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

58 O Oriente no Ocidente (38)
Para Goody, antropólogo, os avanços mais relevantes da modernização económica, prenderam-se com uma produção extensiva de mercadorias – daí derivando as carências da África Negra, cujo volume de produção sempre foi e continua a ser assaz limitado. Estes avanços estiveram ligados aos progressos da informação e da tecnologia , eles próprios dependentes de uma acumulação de conhecimentos, permitida pelas mutações dos meios de comunicação (i. e. representação gráfica das palavras) História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA

59 O Oriente no Ocidente (39)
O capitalismo mercantil teve vários inícios: na China, entre os Semitas (e.g. árabes e judeus), Indianos e católicos italianos. Não se deve, contudo, confundir os elementos sociais e culturais que permitiram uma industrialização avançada (que aconteceu no Ocidente) e aqueles que autorizaram o seu primeiro impulso. O factor decisivo é a capacidade de utilizar uma nova tecnologia e não tanto a sua invenção (e.g. empréstimo inglês da tecnologia do ferro alemã do séc. XVI.) História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA


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