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A sedução como metonímia

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Apresentação em tema: "A sedução como metonímia"— Transcrição da apresentação:

1 A sedução como metonímia
Estratégias da sedução no audiovisual

2 Sedução As mensagens televisivas baseiam seu potencial socializador na utilização de mecanismos de sedução. Não pretendem convencer, mas seduzir. Não utilizam a via racional, mas a emotiva. Não se baseiam na argumentação, mas no fascínio. Os mecanismos de sedução são a manifestação televisiva do domínio da emoção sobre a razão.

3 Sedução O fenômeno de sedução torna manifesto as contradições do psiquismo humano. De uma perspectiva racional, é um fenômeno surpreendente, absurdo inclusive. Racionalmente todo mundo está de acordo em admitir que ninguém é perfeito. Em troca, a realidade sedutora é vivida como um todo, como um absoluto, como plenitude.

4 Sedução Poder-se-ia dizer que a sedução representa o triunfo da metonímia, no sentido de que consiste em conseguir a adesão total para uma pessoa a partir da adesão a uma parte dela.

5 Sedução A força da sedução se baseia em dois mecanismos do psiquismo humano que se ativam a partir do ofuscamento provocado pela fragmentação seletiva: O adormecimento da racionalidade, como conseqüência do domínio das emoções, e a transferência globalizadora que se realiza pela ativação do pensamento primário.

6 O caráter da sedução A força da sedução está, principalmente, numa hipertrofia da emoção, e se sabe que as emoções intensas ofuscam, até o ponto de adormecer toda capacidade reflexiva, analítica, crítica. O fascínio dificulta ou inclusive impede a ativação de mecanismos reflexivos. Possivelmente tenha algo que ver com isto o sentido etimológico da palavra seduzir.

7 Seduzir Provém de se-ducere, que significaria levar à parte, deslocar, desviar de seu caminho. Talvez por este caráter soporífero o termo seduzir aparece em todos os dicionários vinculados a conceitos tão negativos, ou ao menos tão ambíguos, como cativar, que por sua vez tem conotações com fazer prisioneiro, embargar, alienar.

8 Sedução Seduzir supõe levar o outro a um certo grau de perturbação, de loucura, de alienação, no sentido etimológico do termo, supõe de renúncia à própria personalidade, ultrapassada ou engolida por uma personalidade alheia. Seduzir é enganar. A sedução é como uma espécie de roubo.

9 Sedução O Dicionário da Real Academia Espanhola a define como “enganar com arte e manha”. E associam a ela conotações tão negativas como as que derivam de outra definição: “Persuadir suavemente para o mal”.

10 Sedução A visão ofuscante, fascinada, parcializada e descontextualizada que a sedução tende a impor é o que dificulta a análise pormenorizada de todas as dimensões da realidade sedutora, facilitando o escamoteio daquelas que não respondem às expectativas.

11 Sedução O caráter soporífero da sedução pode ser comprovado quando se observam desapaixonadamente – quer dizer, de fora do processo – as atitudes e os gestos de quem tenta seduzir. Desprovidos da força emotiva que geram em quem os compartilha, estes gestos e atitudes seguidamente parecem ridículos ou até grotescos.

12 A transferência globalizadora
À potencialidade soporífera das emoções é preciso acrescentar sua capacidade globalizadora, como conseqüência da ativação do pensamento primário. A sedução, que parte da fragmentação, fundamenta-se na hiperestimulação emotiva, e a emoção é globalizadora, tende a projetar sobre o conjunto o valor da parte. A emoção aproveita o caráter elementar, simplista, do pensamento primário e dos mecanismos associativos que ativa.

13 O que é Gestalt? A palavra Gestalt (plural Gestalten) é um termo intraduzível do idioma alemão para o português. O Dicionário Michaelis apresenta como possibilidades as palavras figura, forma, feição, aparência, porte; estatura, conformação; vulto, às quais ainda se pode acrescentar estrutura e configuração.

14 O que é Gestalt? No final do século 19 (1870), alguns pesquisadores alemães começaram a estudar os fenômenos perceptuais humanos, especialmente a visão. Eles procuravam entender como se davam os fenômenos perceptuais, utilizando-se de obras de arte.

15 O que é Gestalt? Queriam entender o que ocorria para que determinado recurso pictórico resultasse em tal e tal efeito. A estes estudos convencionou-se denominar de Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus expoentes mais conhecidos foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer. Assim, eles criaram as Leis da Gestalt relativas à percepção humana, que até hoje se mantêm válidas.

16 Gestalt A Gestalt demonstrou que a percepção, enquanto fenômeno primário, tende a buscar a ordem, e neste sentido tende a completar aqueles estímulos que são fragmentários, e que tende a fazê-lo seguindo os princípios mais elementares, os mais cômodos, os que exigem menos esforço.

17 Gestalt As leis da percepção falam, pois, da tendência da mente primária a completar seguindo parâmetros de simplicidade e de comodidade. O pensamento primário tende a organizar a percepção da forma mais simples, mais elementar, continuidade, da unificação, da regularidade.

18 Percepção primária Quando se escuta no rádio um locutor ou uma locutora a que não se conhece, tende-se a projetar o fascínio de sua voz sobre o conjunto de sua pessoa. O ouvinte tende a imaginar como atraentes um locutor ou uma locutora apenas pelo fato de que sua voz é fascinante.

19 Processo de sedução O processo de sedução tem, pois, uma primeira fase fragmentadora, de decomposição da realidade, com o objetivo de eliminar as dimensões que interessa camuflar, e uma segunda fase globalizadora, de reconstrução, que consiste em transferir para o conjunto os valores da dimensão fascinante selecionada.

20 Sedução publicitária O caráter globalizador da sedução se torna manifesto nos anúncios publicitários. A publicidade televisiva é o reino do tudo ou nada. Os objetos publicitários são apresentados sem nenhum tipo de recato: Como o todo, como o absoluto, como a garantia de plenitude, como o certificado de uma felicidade sem falhas. A promessa total. A encarnação perfeita do desejo.

21 A lógica da sedução A lógica da sedução é, pois, a lógica do pensamento primário, a lógica do simplismo frente à complexidade da realidade. O caráter malévolo da sedução, o que tem de engano, provém precisamente de que a sedução é mascaradora, de que escamoteia uma parte significativa da realidade.

22 Processo de sedução De onde provém o caráter ofuscante do processo de sedução? Em virtude de que mecanismo consegue a realidade sedutora adormecer o pensamento reflexivo e crítico? Freud dizia que no fascínio o objeto ocupa o lugar do ideal do eu. Em todo elemento sedutor (um rosto, um olhar, um corpo, um canto, uma imagem, uma maquilagem, uma obra de arte...), o sujeito seduzido encontra a si mesmo, o estado de paixão é automaticamente interiorizado.

23 Sedução e narcisismo No fundo de toda experiência sedutora, há, pois, uma experiência narcisista. A sedução não é outra coisa do que a busca inconsciente do Eu no Outro. Na experiência de se deixar seduzir, reflete-se uma busca e, em conseqüência, uma aceitação da própria limitação.

24 Eros: Filho de Vênus e Deus do Amor
Sedução e narcisismo O narcisismo da experiência sedutora se torna manifesto quando se nota que no seduzido se ativam as dimensões mais profundas e contraditórias de seu psiquismo. Ativam-se tanto Eros como Thanatos. Eros: Filho de Vênus e Deus do Amor Thanatos: Deus da Morte. Um dos mais poderosos guerreiros de Hades, submundo.

25 Sedução e narcisismo Eros porque, ao se deixar seduzir, o sujeito revela uma atitude de busca de plenitude vital, de busca do absoluto. E Thanatos porque, ao se deixar seduzir, o sujeito se aliena, perde-se, dilui-se.

26 Sedução e narcisismo A sedução é a um tempo uma experiência de plenitude e de vazio. Neste sentido, não é estranho que seduzam tanto a beleza como a monstruosidade, tanto a luz como a treva, tanto o cume como o abismo, tanto a vida como a morte.

27 Sedução e televisão A televisão é, consequentemente, uma experiência narcisista porque é uma experiência sedutora. O fascínio que os personagens e as situações exercem sobre o espectador provém de que o põe em contato com o mais profundo e oculto de suas tensões e pulsões, de seus conflitos e ânsias, de seus desejos e temores. A televisão seduz porque é espelho, não tanto da realidade externa representada quanto da realidade interna de quem a vê.

28 Sedução e transferência
Jean Baudrillard (1989, p ) conta uma fábula realmente sugestiva e que é muito indicada para compreender a força perturbadora da sedução e seus ambíguos efeitos. Uma criança pede para a fada que lhe conceda o que deseja. A fada aceita a proposta com uma só condição: Nunca deve pensar na cor vermelha da cauda da raposa. “Se é só isso!”, responde satisfeita a criança.

29 Sedução e transferência
Em sua interpretação da fábula, Baudrillard indica que o que fascina a criança, o que a seduz, é a ausência de sentido, signos vazios, o insensato, o absurdo da proposição da fada. É certo e não é certo. É certo que a falta de sentido fascina. É certa a sedução do absurdo.

30 Transferência A força irresistível da imagem do vermelho da cauda da raposa está num processo de transferência, num processo associativo e, portanto, no domínio do pensamento primário sobre o secundário. A fixação obsessiva está no fato de que, a partir da promessa da fada, a imagem do vermelho da cauda da raposa ficou vinculado ao que, para a criança, é o mais importante, mais apreciado: A felicidade, o cumprimento de seus mais íntimos desejos. A partir dai, se vai feliz.

31 Transferência Mas em nenhum momento consegue se desfazer da imagem absurda e insignificante. Apesar do seu esforço, não consegue afastar de sua mente o vermelho da cauda da raposa. Nunca poderá se livrar desta imagem. Quanto mais se esforça para esquecê-la, mais consistência e contundência adquirem a imagem em sua mente. A criança não só perderá a promessa da fada, como a alegria de viver.

32 Sedução e transferência
Desde o domínio do pensamento primário, as imagens adquirem, pois, a significação e a força daqueles valores que lhe são associados. A força da sedução é a força da transferência. É este caráter metonímico, narcisista, soporífero e globalizador, é o fato de que ative mecanismos de associação e transferência, o que confere aos processos da sedução sua eficácia socializadora.

33 Sedução do mal Nas palavras de Jung, “o cinema nos permite viver sem perigo toda a excitação, a paixão e o desejo que num mundo humanitário temos de reprimir”. Este caráter compensatório do cinema e da televisão é vivido também do ponto de vista ético. Neste sentido, o cinema e a televisão tornam manifesto o fascino que o mal exerce sobre a pessoa, o fascínio que normalmente se reprime como conseqüência da pressão social e da própria auto-estima. Também o mal tem suas armas de sedução.

34 Sedução pela maldade Fascina o proibido, seduz a maldade. Só assim se explica o sucesso de alguns filmes tipo série negra ou dos programas de televisão sobre o mundo cão. Do mesmo modo que a beleza e harmonia, a maquilagem ou um olhar seduzem, seduzem também a fealdade, a monstruosidade, o fracasso, a morte, a loucura, a ausência, a máscara....

35 Sedução pelo mal Nietzche falava do poder de atração que tem sobre a pessoa tudo aquilo que lhe é oposto, o que aparentemente se encontra nas antípodas de seu ser. O nojento provoca ao mesmo tempo uma reação de rejeição e de atração, a necessidade de se distanciar dele e, ao mesmo tempo, a incapacidade de fazê-lo.

36 Sedução Do mesmo modo que em psicoterapia não pode haver bons resultados sem que o paciente se relacione de alguma maneira com o mal, nas experiências cinematográficas e televisivas não se podem obter bons resultados sem que o espectador empreenda uma viagem metafórica a seu inferno particular.

37 Sedução pelo mal Apenas assim se explica o sucesso cinematográfico e televisivo dos monstros. Representam o fascínio do horror: Desde Frankenstein e king Kong até o homem-invisível, Drácula, o homem lobo e o Doutor Jekyll e Mr. Hyde.

38 Sedução pelo mal Somente destas colocações pode-se entender também o sucesso do cinema de suspense. Poderia surpreender que se encontrasse prazer no medo. Na realidade, todos lembramos de ter brincado, durante a infância, de ter medo. Freud fala de que o prazer associado ao desprazer é o setor mais obscuro e impenetrável da vida anímica

39 Sedução pelo mal A este mesmo princípio obedece a atração que a crueldade, a agressividade, o sadismo ou o masoquismo exercem. E nos leva a espetáculos muito anteriores à era do audiovisual. Basta pensar nas exibições montadas no Coliseu de Roma. Robin Wood expressou-o de maneira pertinente ao escrever que os monstros que aparecem na tela representam “o que está reprimido (mas nunca destruído) no eu e projetado para fora para ser odiado e negado”

40 Sedução e crueldade Desde estes mecanismos narcisistas se compreende que no cinema fantástico e de terror ou nos psicothrillers se recorra às vezes à câmera subjetiva para adotar o ponto de vista do assassino. Nas primeiras cenas de Tubarão (Jaws, 1975) de Spielberg, por exemplo, utiliza-se em duas ocasiões a câmera subjetiva do tubarão para apresentar a jovem que vai ser devorada.

41 Fascínio A audiência cresce quando as televisões oferecem duras cenas de guerras, atentados, catástrofes naturais, suicídios frente às câmeras, execuções públicas... A crueldade vende. O mal fascina. Não é de estranhar que entre os grandes sucessos da televisão contem-se tragédias transmitidas ao vivo ou gravadas por cineastas amadores.

42 Sedução Comprovou-se que a utilização demagógica da dor alheia vende, e foi explorada tanto nos noticiários como nos reality shows. Na maior parte dos casos, não se pretende analisar as situações de dor, acrescentando racionalidade à emotividade, mas embotar as sensibilidades e as consciências, anulando toda racionalidade e convertendo a lágrima em espetáculo.

43 Transferência Violência, sexo, mau gosto frequentemente enchem as telas. Não é de estranhar que em 1992 Gabe Pressman, repórter da NBC, exclamasse: “Transmitimos uma tonelada de lixo por dia”. Certamente se o lixo seduz é porque remete o inconsciente do espectador às dimensões mais obscuras de si mesmo, porque dá corpo narcisicamente a seu fascínio pelo mal, pela dor, pela destruição e pela morte, porque atua como espelho inconsciente das zonas turvas do próprio psiquismo.

44 Publicidade Referindo-se à utilização da música na publicidade, o prestigiado criador norte-americano David Ogilvy escreveu: “Quando não tiver nada para dizer, cante-o”.

45 Publicidade Ogilvy pretendia dar a entender que a palavra falada é adequada e pertinente quando existem vantagens racionais que avalizam o produto; quer dizer, quando se pode recorrer a um discurso lógico, racional. Quando não é assim, a música servirá para ocultar o vazio argumental, garantindo idêntico resultados: Provocar a compra.

46 Publicidade Realmente, a música tem, por um lado, uma grande força emotiva. Servirá, pois, para seduzir. Se os anúncios falados se revelam especialmente indicados para induzir à compra por convencimento, os anúncios cantados serão adequados para induzir a ela por sedução.

47 Sedução e música A música é um aliado poderoso nos discursos sedutores. Segundo Tina Raver, célebre producer da televisão norte-americana, “uma imagem vale mais do que mil palavras; acrescente-lhe música e valerá mais do que um milhão”. E, segundo Luis Bassat, “a música permite a repetição da marca ou do slogan muitas vezes mais do que se poderia repetir de forma falada sem irritar o espectador”

48 Sedução e publicidade Escreveu-se que o desaparecimento dos valores éticos provocou o ressurgimento dos valores retóricos. Hipertrofia da aparência para escamotear a redução da substância. A cultura do contexto, a cultura do envoltório. Embalagens de maior qualidade do que os produtos que contêm. O valor da aparência acima do valor da pessoa. O valor acrescentado sobre o valor real.

49 Formas A era da informação se converte assim na era da forma. E a forma cumpre a função de fôrma, porque se converte em molde em que se formam as consciências. Os grandes comunicadores são os grandes sedutores, os que sabem manejar as formas. A era da informação como era da forma pura.

50 Sedução e vazio O pensador e artista italiano Lamberto Pignotti (1976, p ) fala do supernada para se referir não apenas ao discurso publicitário como à sociedade em geral, à sociedade do vazio. Pignotti fala da sociedade superíssima, construída com superlativos, mas carente de substantivos. É a sociedade da retórica vazia, da parafernália expressiva, dos efeitos especiais… Quer dizer, dos fogos de artifício, do envoltório sem conteúdo, do adjetivo sem substantivo.

51 Publicidade Mas além da publicidade, os criadores de mensagens televisivas utilizam a sedução dos recursos formais para conferir valor aos temas representados. Assim se utiliza, por exemplo, o movimento. Os comunicadores audiovisuais conhecem estes mecanismos. Conhecem-nos e os aproveitam. Basta pensar, mais uma vez, na publicidade televisiva.

52 Movimento Dinamismo constante quanto a mudanças vertiginosas de planos, quanto a movimentos de câmera, quanto a movimentos dos sujeitos e dos objetos. Movimento, muitas vezes, na apresentação do logotipo ou do nome do produto…

53 Movimento O cineasta espanhol Luis Buñel destacou – e denunciou – o caráter soporífero dos movimentos de câmera. É este fascínio soporífero o que muitas vezes pretendem os comunicadores audiovisuais. Leni Riefenstahl, que trabalhou como cineasta às ordens de Hitler queria que nos documentários que exaltavam sua figura e seu partido tudo se movesse.

54 Televisão A televisão representa o triunfo da cultura da sedução, da cultura do desejo, não apenas porque ela mesma é expoente do desejo A televisão, enquanto expoente da cultura do desejo, é o incitador máximo de desejos e de temores e, a partir deles, o máximo indutor de crenças, atitudes, valores e pautas de comportamento.


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