X X X X Aula 3: Ciência e Tecnologia na perspectiva diferenciacionista

Apresentação em tema: "X X X X Aula 3: Ciência e Tecnologia na perspectiva diferenciacionista"— Transcrição da apresentação:

1 X X X X Aula 3: Ciência e Tecnologia na perspectiva diferenciacionista
Professor Adalberto Azevedo Santo André, 02/10/20134

2 Quando surge a Ciência (ou melhor, o que caracteriza esse campo de atividade)?
Cientistas renascentistas/iluministas? - Galileu, Copérnico, Newton, Descartes, Hobbes, Locke, Maquiavel, (...)? Perspectiva histórica para explicar a C&T: material abundante e interessante, mas insuficiente para explicar o fenômeno sociológico do surgimento/estabilização da C&T “Anedotas” (cientistas, ideias, teorias, fatos): descrição de componentes da C&T sem teorização (generalização) Perspectiva mais utilizada em materiais de divulgação científica (documentários, livros, revistas, folhetos...) Divulga também mitos sobre o cientista e sua atividade (neutralidade, objetividade, progresso, benefícios comuns...)

3 Quando surge a Ciência (ou melhor, o que caracteriza esse campo de atividade)?
Para Merton, a ciência, enquanto fenômeno sociológico, é definida por: Um conjunto de métodos para a criação e avaliação do conhecimento gerado; Um estoque de conhecimento acumulado a partir da aplicação desses métodos; Um conjunto de valores culturais e normas que presidem as atividades realmente científicas; Qualquer combinação dos itens anteriores. Para Merton, critérios de validade, métodos, teorias, não são objeto da sociologia da ciência- que deve se ocupar de tudo que não é científico

4 Divulgação científica e concepções de ciência
Divulgação científica: em geral, visão histórico-descritiva com elementos da teoria Mertoniana Exemplo de documento de divulgação, em que se difundem algumas visões do senso comum: Triunfalismo da C&T (só cientistas extremamente bem sucedidos são mencionados) Evolucionismo da C&T (descobertas parecem sempre gerar mais e melhores resultados) Comunismo dos resultados (os benefícios gerados são mostrados como igualitariamente distribuídos) Cientistas sociais: pequena parte desse documento... (Disponível em )

5 A perspectiva diferenciacionista de Merton
Funcionalismo (Durkheim): regras e instituições desempenham funções que permitem a sobrevivência/expansão dos grupos sociais Ciência: Institucionalização (sistema de normas reguladoras da prática associado a um sistema de recompensas/punições) Robert K. Merton ( ): condições religiosas, profissionais, econômicas, políticas e institucionais no surgimento da ciência Origem da ciência moderna e definição socio- lógica da Ciência Considerada a fundadora da sociologia da ciência contemporânea, com conceitos, terminologias e métodos muito influentes nesse campo 1938

6 Merton e as comunidades científicas
Comunidade científica: subsistema social com grande autonomia, distinto de outros subsistemas (economia, religião, política, arte,...) Royal Society (1662, Londres) Normas/valores específicos, demarcados em relação a outros subsistemas sociais (“papéis” Científicos) Apenas a elaboração de teorias, descobertas e instrumentos não são suficientes para a consolidação da ciência (e sua centralidade) Fatores sociais: Quais?

7 Merton e as comunidades científicas
Para Merton, quais fatores contribuem para a consolidação da ciência como atividade central na modernidade? 1. Novas profissões intelectuais: arte, direito, finanças, administração, medicina...inclui o cientista profissional 2. Cientista profissional: valores e papéis distintos dos outros trabalhadores intelectuais (divisão do trabalho social e cognitivo) 3. Instituições como a Royal Society (espaço para trabalhar, critérios de entrada e avaliação) 4. Transformações da economia Inglesa: novos mercados ligados à tecnologia (navegação, metalurgia, mineração), expansão global, política imperialista 5. Pensamento religioso puritano: correspondência com os valores da ciência (texto da aula 4)

8 Merton e as comunidades científicas
Pensamento religioso puritano: ordem da natureza atesta a existência de Deus; Rigor e esforço como condições do sucesso: aquisição de conhecimento, importância do aprendizado Realização material: sinal de recebimento da graça divina Reflexão e crítica: importância do indivíduo, transformação do conhecimento

9 Merton e as comunidades científicas
Instituições: avaliação, critérios de certificação/validação científica, sistemas de retibuição/punicões- criação de uma hierarquia científica, autonomia Resistência à interferência de fatores econômicos, políticos, ideológicos (...)

10 O ethos das comunidades científicas
Membros das comunidades: pesquisadores, professores, administradores e sentinelas (topo da hierarquia) Quatro normas seguidas pelos membros (e fornecidas pela formação científica): Universalismo: aceitação ou rejeição de proposições científicas deve estar separada de atributos pessoais/sociais do cientista; Comunalismo: Ciência é uma atividade pública que gera bens públicos, que circulam e promovem o progresso, e a recompensa do cientista é o reconhecimento público; Desinteresse: motivações extra científicas não afetam a busca da verdade; Ceticismo organizado: valores são garantidos pelo controle da comunidade científica (revisão pelos pares), que está sempre aberta a críticas e reformulações Ciência como deveria ser, não como realmente é...

11 O ethos das comunidades científicas
Normas morais e técnicas: quebrá-las, além de uma infração ética, gera disfunções que prejudicam o avanço da ciência Teoricamente, o ethos científico protege a ciência de abusos internos (padrões de conduta anormal) e garantem autonomia com relação a outros sistemas sociais Normas da ciência pura são diferentes das aplicadas/industriais (propriedade intelectual, relações de autoridade) Ciências mais “disciplinares” (específicas): critérios menos universais, oposição de grupos disciplinares Oportunismo, fraude, conchavos... fazem parte do mundo da Ciência?

12 Ciência e democracia O sistema Mertoniano exige espaços democráticos de decisão para a comunidade científica Merton, R.K., Science and technology in a democratic order. Journal of Legal and Political Sociology 1, 115–126 Contexto: Auge da II Guerra Mundial. Objetivo: provar que nazismo e ciência são incompatíveis. Posteriormente, essa ideia é extendida ao regime soviético Para Merton, o autoritarismo inibe o pensamento científico e prejudica seus resultados (por exemplo, as teorias genéticas de Lysenko e o envio de Vavilov para a Sibéria)

13 Ciência e democracia O sistema Mertoniano exige espaços democráticos de decisão para a comunidade científica Merton, R.K., Science and technology in a democratic order. Journal of Legal and Political Sociology 1, 115–126 Contexto: Auge da II Guerra Mundial. Objetivo: provar que nazismo e ciência são incompatíveis. Posteriormente, essa ideia é extendida ao regime soviético Para Merton, o autoritarismo inibe o pensamento científico e prejudica seus resultados (por exemplo, as teorias genéticas de Lysenko e o envio de Vavilov para a Sibéria)

14 Alguns problemas da abordagem Mertoniana
Projeto político: transformar a ética científica da sociedade liberal ocidental (meritocracia, não-intervencionismo) em ética universal The Matthew Effect on Science .Science, 159 (3810), January 5, p : Meritocracia gera mais efeitos positivos que negativos Porém... A ciência livre de controle social não significa uma ciência livre de interesses econômicos, políticos e ideológicos (Erro de Merton) Por exemplo, a Big Science: ciência na sociedade contemporânea é muito diferente daquela realizada pelos primeiros cientistas (intensiva em capital, com muito menos autonomia)

15 Ciência Moderna: revisão pelos pares
Artigo Aceito!!

16 Temas para ensaios CTS Ensaios: problematização de uma situação atual- afastamento das pré-noções do problema, enquadramento com base em teoria(s) sobre os elementos relevantes Análise crítica que amplia horizontes de percepção e reflexão, pode mudar opiniões sobre um assunto