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Introdução ao problema filosófico de Deus

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Apresentação em tema: "Introdução ao problema filosófico de Deus"— Transcrição da apresentação:

1 Introdução ao problema filosófico de Deus
Aula 4: Deus como “problema” contemporâneo

2 Filosofia contemporânea
Filósofos pós-hegelianos: buscam uma alternativa ao Espírito/à Razão Absoluta: Schopenhauer e a “vontade” (desejo irracional); Nietzsche e a “vontade de poder” (forças físicas); Marx e a “infraestrutura” (as potências materiais, econômicas diante da “ideologia”) e a “luta de classes” (diante da dialética conceitual); Freud: o “inconsciente” (forças primitivas pré-racionais); Kierkgaard: a “fé” do indivíduo que o coloca perante Deus. Fenomenologia (Brentano e Husserl): “intencionalidade”, “voltar às coisas mesmas”; as essências se dão ao conhecimento (recai no idealismo). Heidegger: realismo e idealismo como falsos problemas: o homem é “aberto” ao mundo e não é sem o mundo; o mundo é “aberto” à interpretação do homem. Vias a partir de Heidegger: existencialismo (o homem que se faz, “a existência precede a existência”), hermenêutica (o mundo/o texto como âmbito de uma infinita interpretação); inteligência senciente/”reísmo” zubiriano. Estruturalismo (a partir das Ciências Sociais e da Linguística): não há sujeito humano, não há “eu”, mas “estruturas” materiais e impessoais que nos dominam: a “vontade”, o “poder”, o “inconsciente”, a “sexualidade”, a “gramática”, a “escritura”... (síntese das filosofias antihegelianas) Contra a hermenêutica, a filosofia não é um processo de “construção” (de sentido), mas de “desconstrução” das “verdades” estabelecidas. Filosofia analítica: a linguagem só pode falar do que tem significado, isto é, dos fatos (positivismo lógico do 1º Wittgenstein); os vários “jogos de linguagem” (2º Wittgenstein). ic

3 Hegel e o Espírito Absoluto
Ponto de partida do Idealismo Alemão é o ponto de chegada da Crítica da Razão Prática: a existência do Incondicionado, do Absoluto. Este é de índole espiritual e se manifesta no tempo e no espaço. O problema não é “existe Deus?”, mas “qual a relação do mundo com Deus?.” A resposta: manifestação de Deus. Deus precisa do mundo para Se conhecer, já que Ele, no princípio, é Pura Indeterminação. Do ponto de vista metafísico: “Ser, puro ser – [...] Ele é a pura indeterminidade e o vazio. – Não há nada a intuir nele, caso seja aqui possível falar de intuir; ou ele é apenas este intuir puro, vazio mesmo. Tampouco é possível pensar algo nele ou ele é igualmente apenas esse pensar vazio. O ser, o imediato indeterminado é de fato o nada e nem mais nem menos do que nada” (Hegel, Ciência da Lógica; grifos da tradução portuguesa). Do ponto de vista gnosiológico: “[...] essa certeza [sensível] se faz passar a si mesma pela verdade mais abstrata e mais pobre. Do que ela sabe, só exprime isto: ele é. Sua verdade apenas contém o ser da Coisa..” (Hegel, Fenomenologia do Espírito; grifos da tradução portuguesa). “O que distinguia a posição de Hegel do panteísmo, em sua própria opinião, era a necessidade racional, que, é certo, não poderia existir sem o mundo enquanto conjunto de coisas finitas, mas que era superior ao mundo no sentido de ter determinado sua estrutura de acordo com suas próprias exigências” (Charles Taylor, Hegel).

4 Feuerbach e a teoria do ateísmo
“qual é esta diferença essencial entre o homem e o animal? [...] a consciência [...] Consciência no sentido rigoroso existe somente quando, para um ser, é o objeto o seu gênero, a sua quididade. [...] somente um ser para o qual o seu próprio gênero, a sua quididade torna-se objeto, pode ter por objeto outras coisas ou seres de acordo com a natureza essencial deles”. “A vida interior do homem é a vida relacionada com o seu gênero, com a sua essência. O homem pensa, i.é., ele conversa, fala consigo mesmo [...] O homem é para si ao mesmo tempo EU e TU”. “Mas qual é então a essência do homem [...]? A razão, a vontade, o coração. [...] Vontade, amor ou coração não são poderes que o homem possui –porque ele nada é sem eles, ele só é o eu é através deles- [...] poderes divinos, absolutos, aos quais ele não pode oferecer resistência” “O ser absoluto, o Deus do homem é a sua própria essência”. “até onde se estender a tua essência, até onde se estender o sentimento ilimitado que tens de ti mesmo, até aí serás Deus” “A consciência de Deus é a consciência que o homem tem de si mesmo, o conhecimento de Deus o conhecimento que o homem tem de si mesmo”. “A essência divina não é nada mais do que a essência humana, ou melhor, a essência do homem abstraída das limitações do homem individual, i.é., real, corporal, objetivada, contemplada e adorada como uma outra essência própria, diversa da dele –por isso todas as qualidades da essência divina são qualidades da essência humana” (Feuerbach, A essência do Cristianismo)

5 Marx e o materialismo ateísta
“A religião é a teoria geral deste mundo [...] sua sanção moral, seu complemento solene, sua base geral de consolação e de justificação. Ela é a realização fantástica da essência humana, porque a essência humana não possui uma realidade verdadeira. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, contra aquele mundo cuja aroma espiritual é a religião”. A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o oprimida, o ânimo de um mundo sem coração, assim como o espírito de estados de coisas embrutecidos. Ela é o ópio do povo” A supressão da religião como felicidade ilusória do povo é a exigência da sua felicidade real. A exigência de que abandonem as ilusões acerca de uma condição é a exigência de que abandonem uma condição que necessita de ilusões. A crítica da religião é, pois, em germe, a crítica do vale de lágrimas, cuja auréola é a religião”(Marx, “Introdução à Crítica da filosofia do direito de Hegel”).

6 Nietzsche, a “morte de Deus” e “O anticristo”
“Deus está morto”: mais do que uma teoria, é a declaração de um fato cultural: a crença em Deus, que seria responsável pela decadência do mundo moderno (que o extraviou dos instintos vitais), já não funciona como fundamento da realidade. O que é bom? – Tudo o que aumenta no homem o sentimento do poder, a vontade de poder, o próprio poder. O que é mau? – Tudo o que nasce da fraqueza. O que é a felicidade? – O sentimento de que o poder cresce, de que uma resistência foi vencida. Não o contentamento, mas mais poder. Não a paz finalmente, mas a guerra; não a virtude, mas a excelência... Os fracos e falhados devem perecer: primeiro princípio da nossa caridade. E há mesmo que os ajudar a desaparecer! O que é mais nocivo do que todos os vícios? – A compaixão da acção por todos os falhados e fracos: o Cristianismo...” (Nietzsche, O anticristo). “Chamam ao Cristianismo a religião da compaixão. A compaixão está em contradição com as emoções tónicas, que elevam a energia do sentimento vital [...] a compaixão contradiz a lei da evolução que é a lei da selecção. Conserva o que está maduro para o declínio, luta em prol dos deserdados e dos condenados pela vida [...] Schopenhauer tinha razão ao dizer: ‘A vida é negada pela compaixão [...]’ –compadecer-se é a prática do niilismo [...] a compaixão incita ao nada!... Não se diz ‘nada’: menciona-se em seu lugar ‘o além’, ou ‘Deus’, ou ‘a verdadeira vida’... (Nietzsche, O anticristo).

7 Freud e Girard: violência e religião
Freud (Totem e tabu): postula o assassinato primordial do pai, nas sociedades primitivas: os filhos expulsos se revoltam e matam o pai, obstáculo para suas reivindicações sexuais, e o comem (para apropriarem-se de seu “poder”); surge a proibição do incesto para evitar a espiral de violência, e o totemismo, onde a veneração pelo totem, enquanto substituto do pai, aplaca o sentimento de culpa. Girard (A violência e o sagrado): o “desejo mimético” (desejo do desejado por outrem) dispara a rivalidade mimética; um “bode expiatório” é escolhido para aplacar a violência nascida da rivalidade; posteriormente, o bode expiatório é reconhecido como o “reconciliador”, é divinizado. No judaísmo, o sacrifício humano é proibido. No cristianismo, Cristo, Inocente, assume tanto o papel de bode expiatório no lugar das vítimas, quanto o de Modelo infinitamente imitável, que não pode ser propriedade particular e, portanto, resolve verdadeiramente o problema do desejo mimético.

8 Wittgenstein e o “místico”
“Como é o mundo é perfeitamente indiferente para o que está além. Deus não se manifesta no mundo”. Os fatos fazem todos parte da tarefa mas não da solução”. O que é místico não é como o mundo é mas que ele seja”. “A intuição do mundo sub especie aeterni é a intuição dele como um todo limitado”. “É místico o sentimento do mundo como um todo limitado”. “Para uma resposta inexprimível é inexprimível a pergunta” (Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus).

9 Zubiri, o “problema de Deus” e a “religação”
Inteligência e realidade. Vida humana é realização na realidade: “última, possibilitante e impelente”. A “realidade” é o “poder do real”: estamos “religados” ao poder do real. O poder do real não é nada “fora” das coisas reais, mas é “mais” que elas. Domina-as e não se funda nas coisas reais. É um “enigma” (Gabriel Marcel: diferença entre “problema” e “mistério”). O que é? Vontade de fundamentalidade: vontade de entregar-se ao que se mostre como Fundamento da realidade. Respostas religiosas: politeísmo (“poderosidades”, mana; confusão entre “realidade” e “algumas coisas reais”), panteísmo (confusão entre “realidade” e “conjunto das coisas reais”), monoteísmo: “a” realidade/o poder do real se funda na Realidade Absolutamente Absoluta (“Deus enquanto Deus”), ao mesmo tempo Transcendente e Presente nas coisas reais (não como “parte” ou “momento” das mesmas, mas como Fundamento de sua realidade e de nossa religação; nem o agnosticismo do “Totalmente Outro” nem o panteísmo da “Identidade”), Última, Possibilitante e Impelente (daí a adoração, a súplica e o abrigar-se em Deus). O homem como “experiência de Deus”. Respostas não religiosas (desvios na vontade de fundamentalidade, ou seja, exercício da mesma): agnosticismo (vontade de buscar), indiferença (vontade de ser), ateísmo (vontade de viver, que não é atitude básica).

10 A cosmologia contemporânea e a existência de Deus
A teoria do Big Bang, por si só, não prova a criação divina (como nenhuma teoria científica ou cálculo matemático pode “provar” a existência divina). Imagem científica atual do Universo: sistema evolutivo em expansão, com determinadas leis e configuração (estruturas). As coisas do Universo procedem de outras: nenhuma repousa sobre si mesma (dá razão da própria existência). O Universo é a unidade do real enquanto real (se houvesse um multiverso no sentido de vários cosmos, haveria um único mundo). É essencialmente existente (repousa sobre si mesmo)? Não! As estruturas iniciais jamais poderiam determinar por si mesmas sua própria configuração inicial (Hawkins atualmente: a Lei da Gravidade cumpriria o papel divino; mas então ela seria Deus; os cientistas, para “não dar o braço a torcer” à metafísica, preferem sustentar teses inconsistentes). O Universo depende, para ser real, de uma Realidade Transfísica, de uma Natura Naturans. Imanente ou transcendente (existente por si mesma)? Se não fosse transcendente, seria homogênea ao estado inicial (não repousaria sobre si mesma, não sendo, portanto, a causa primeira do Universo); logo, é transcendente (a via “cósmica” zubiriana é uma versão atualizada da primeira via de Tomás).

11 O “neoateísmo” (Dawkins)
Comentando as três primeiras vias de Santo Tomás, Dawkins começa implicando contra a ideia de que a “regressão infinita” tenha de ter um término. Considerando a primeira via: se um motor for, por sua vez, um móvel, explicará o movimento seguinte, mas precisará de um motor que o explique; se todos os motores fossem assim, haveria uma série inumerável de movimentos que não têm em si mesmos a razão última de sua existência. Mesmo que esta série fosse eterna (possibilidade considerada por Santo Tomás no opúsculo Sobre a eternidade do mundo), ela não se explicaria a si mesma sem um Primeiro Motor Imóvel (sua primariedade não é cronológica, mas ontológica). Depois, Dawkins afirma que não há razão para atribuir a esse término, Deus, as características que frequentemente lhe são conferidas, como onisciência, onipotência, bondade... Ora, o Primeiro Motor Imóvel é Ato Puro, isto é, sem potência passiva, portanto, não material, ou seja, Puro Espírito, logo Inteligente e Volente. Também, como é Ato Puro, é o Ser Perfeito, logo sua Inteligência e Vontade são perfeitas, ou seja, Ele é Onisciente e Onipotente, sendo também Perfeita Bondade, já que o ser e o bem são convertíveis entre si. Finalmente, Dawkins afirma que Deus não é onipotente porque não pode mudar suas ideias acerca das intervenções que fará na história. Ora, em Deus há um perfeito acordo entre sua inteligência e vontade, entre sua onisciência e sua onipotência. Aliás, a distinção entre os atributos divinos é de razão, e não real. Deus quer o que conhece, sabe o que quer, sem nenhuma espécie de tensão. “Mudar de ideia” ou “mudar de decisão” são imperfeições, que só cabem a quem, como nós, possui uma inteligência e uma vontade limitadas.

12 Epílogo “o desarraigamento da inteligência atual não é mais que um aspecto do desarraigamento da existência inteira. Só o que torne a fazer arraigar a existência em sua primigênia raiz pode restabelecer com plenitude o nobre exercício da vida intelectual. Já desde muito tempo esse arraigamento da existência tem um nome preciso: chama-se religação ou religião” (ZUBIRI, Natureza, história, Deus). “o homem voltará a Deus não para fugir deste mundo e desta vida, dos demais e de si mesmo, mas ao contrário voltará a Deus para poder sustentar-se no ser, para poder seguir nesta vida e neste mundo, para poder seguir sendo o que inexoravelmente jamais poderá deixar de ter que ser: um eu relativamente absoluto” (ZUBIRI, El hombre y Dios). “Só a revivescência da religação pode injetar novo vigor à astenia do absoluto, só este vigor pode fazer ver a tensão constituinte da vida, e só esta tensão pode voltar a descobrir a Deus presente no seio do espírito humano e em toda realidade” (ZUBIRI, El hombre y Dios).


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