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PublicouRegina Madalena Castro de Almada Alterado mais de 8 anos atrás
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A leitura sem prazer
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O espetacular avanço tecnológico que envolve a sociedade contemporânea ainda não foi capaz de substituir a importância da leitura no desenvolvimento cultural e existencial do ser humano.
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Por maior que seja o arsenal de recursos audiovisuais à nossa disposição, o secular hábito de ler continua sendo fundamental para a multiplicação do conhecimento, o enriquecimento do vocabulário e a interpretação da vida e do mundo.
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Televisão, cinema, rádio, computador e internet, assim como os demais meios de comunicação, são hoje fontes de consulta indispensáveis,
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mas fornecem conteúdos rápidos, fragmentado e, com freqüência, sem qualquer contextualização. Nesse ambiente, os livros seguem insubstituíveis como provedores de informação completa e confiável.
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Conscientes desse fato, os educadores lutam para desenvolver o gosto pela leitura entre os jovens. A tarefa, porém, tem se revelado inglória: a gurizada quer distância cada vez maior dos livros.
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Existem exceções, é claro, mas apenas para confirmar a regra que leva o adolescente a considerar a leitura coisa chata, enfadonha e desnecessária.
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A rejeição, obviamente, tem múltiplas causas, mas não tenho dúvida de que, apesar da boa vontade em ajudar, boa dose de culpa é da escola, dos professores e das sumidades que, em plano superior, determinam o que deve ser lido pelos estudantes.
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O primeiro erro está na exclusão da leitura da rotina escolar. Sabendo que os alunos não gostam de ler e para não entrar na rota de colisão com eles, os docentes optam pelo cômodo caminho do ensino por meio das apostilas que preparam.
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Preferem dar a matéria mastigada em vez de traçar linhas gerais e incentivar a turma a ampliar o conhecimento na biblioteca.
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Ao longo do ano, a atividade de leitura fica restrita às disciplinas de língua portuguesa e literatura, quando um segundo erro é cometido.
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Como é difícil convencer o jovem da necessidade de ler, o mestre substitui a tática do convencimento por mecanismos de pressão.
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O mais comum é anunciar que a tarefa vale nota e que perderá pontos quem deixar de cumpri-la. No caso do Ensino Médio, outro argumento recorrente é a advertência de que o conteúdo do livro será matéria do vestibular.
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Ora, nem adulto “devorador” de livros gosta de leituras impostas.
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As pessoas querem ter o direito de ler o que lhes interessa ou é agradável.
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Claro que indivíduos maduros compreendem melhor a presença de textos de abordagem compulsória no currículo de seus cursos.
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Juntos aos jovens, no entanto, a imposição não dá certo. Poucos são os que, mesmo contrariados, procuram ler a obra indicada com a devida atenção.
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A maioria o faz de má vontade, de forma dispersiva, para captar o mínimo de conteúdos necessário para garantir nota.
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Pouco, quase nada, é efetivamente assimilado. Isso quando a leitura acontece, pois é grande o número de alunos que, espertamente, apela para resumos prontos, disponíveis aos lotes na internet.
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Além do escasso manuseio de livros no dia-a-dia escolar e das tarefas impostas, um terceiro ponto é decisivo para afugentar as novas gerações da literatura: o tipo de leitura determinado pelos acadêmicos e autoridades que definem os currículos escolares.
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Exigir que meninos e meninas do século 21, cercados por variados e atraentes apelos de lazer, entretenimentos e informações, passem horas lendo clássicos de linguagem difícil e enfadonho é um erro que só faz aumentar o abismo que separa a garotada do hábito de ler.
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O aluno só deveria ser apresentado à obra de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Eça de Queiroz, José de Alencar e outros grandes mestres da literatura brasileira depois de passar por autores mais atuais.
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Existem outros livros e autores bons e agradáveis que podem servir de porta de entrada para o mundo dos clássicos.
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Se passar primeiro por uma leitura mais prazerosa, o jovem tem muito mais chances de pegar gosto pela leitura e, assim, poder tirar real proveito da herança dos grandes mestres.
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Para aproximar a juventude das letras, clássicos não pode ser ponto de partida. Precisa ser a linha de chegada. Antonio Carlo Macedo Jornalista- Radio Gaucha
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