Línguas em contato In CALVELT, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcionilo, São Paulo, Parábola, 2002.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
O ser humano é um ser social
Advertisements

Linguagem: Formas e usos – Língua Portuguesa I
Nome: Thamires e Maria Eduarda Turma: 611 Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Chiele.
FARESE 4° PERIODO DE MATEMÁTICA ESCOLA E SEU PLANEJAMENTO GRUPO: 3° PROFESSORA: DALVA DICIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO I COMPONENTES:EDINEIA JOSIANE S.
Aulas Multimídias – Santa Cecília Prof. André Araújo.
O CONSUMO DA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA Qual a Visão do Banco Mundial Sobre a Classe Média Dos Países Emergentes? O Que Pensam os Analistas Brasileiros Sobre.
Classificação Decimal Universal E.B.2,3 Padre Joaquim Maria Fernandes CDU.
Contributos para uma Caracterização Os Estudantes Estrangeiros Nacionais de Países da CPLP no Ensino Superior em Portugal: Isabel Pedreira Cláudia Roriz.
O texto pode ser visto como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e um artefato sociohistórico. Pode-se dizer.
GRUPO DE DEBATE 4 Ensino de Língua Portuguesa nos espaços lusófonos Mediadores: Prof. Dr. Cássio Rúbio e Profa. Dra. Léia Menezes.
Os três mundos Durante o período da Guerra fria era comum regionalizar o espaço mundial em “três mundos”: Primeiro Mundo: constituído pelos países capitalistas.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul Lógica & Aritmética Aluno: Edgar Abreu.
HISTÓRICO, DELIMITAÇÃO DO CONCEITO, ORIGENS DA DINÂMICA DE GRUPO
O Papel das Organizações do Terceiro Setor e sua relação com o Estado e demais setores Márcia Moussallem IATS – Instituto de Administração para o Terceiro.
CONFLITOS E FOCOS DE TENSÃO
Instituições Sociais Instituição é toda forma ou estrutura social estabelecida, constituída, sedimentada na sociedade e com caráter normativo - ou seja,
Povos e Nações O que é política?. Em nosso cotidiano o termo política assume diversos significados. Falamos em política econômica, política educacional,
Psicogênese da língua escrita
Escolas Sustentáveis. Caderno temático Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis ://conferenciainfanto.mec.gov.br/index.php/
INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – IFRN CAMPUS JOÃO CÂMARA DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS PROF: CHICO ARRUDA Conceituação de Verbo.
Regionalização Brasileira Educador: Luiz Lourenço.
Conclusão de Umberto Eco Mas por agora o que nos interessava ressaltar era como um indivíduo normal, posto diante de um problema tão espontâneo e natural.
Jürgen Habermas (1929) Integra a segunda geração da Escola de Frankfurt. Foi integrado à escola só depois da publicação de sua teoria sobre a esfera pública.
Professora: Janaina Rigo Caierão.  Este, esta, estes, estas, isto → indicam o que está próximo de quem fala/escreve (locutor)  No texto → referem-se.
A língua de Eulália Capítulo 7: “Verbo pra que te quero” Grupo: Lilian
A cultura e suas transformações, ou seria imposições?
História Prof. Alan Grande parte da população não participou do processo de Independência- ou seja, a grande maioria não participava.
Crises Imperialistas e a Primeira Guerra Mundial ( ) Prof. Alan
HISTÓRIA DAS VIAGENS E TURISMO PROF. DR. LEANDRO B. BRUSADIN
3. CRESCIMENTO ECONÓMICO, PRODUTIVIDADE E NÍVEL DE VIDA Economia II – Estes materiais não são parte integrante da bibliografia da unidade curricular.
Lugar, paisagem e espaço geográfico
Mecânica Teórica Introdução e conceitos básicos da Mecânica Teórica:  Campos de Física Teórica;  Objecto de estudo;  Métodos da mecânica teórica; 
A União Ibérica. Regresso ao Norte de África Crise do Império do Oriente  Viragem para o Norte de África Marrocos estava mais próximo, tinha menos riscos.
Como Preparar Seminários Tipos de apresentação Cuidados com o apresentador Cuidados com o conteúdo.
A ANÁLISE DO DISCURSO. ORIGENS Atualmente o estudo da língua sob a perspectiva discursiva está bastante difundido, havendo várias correntes teóricas.
ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS REFLEXÃO ► LIVRO DIDÁTICO Matriz Curricular PCN/Orientações SPAECE ENEM Conhecimento de Mundo.
PROGRAMA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA - PAIC EDUCAÇÃO INFANTIL 2013 FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
Dialectos de Portugal.
DA COLÔNIA À POTÊNCIA ECONÔMICA, ATÔMICA E DEMOGRÁFICA
Filosofia/sociologia.  Como definir?  Para começar a pensar...  2/14/a-familia-e-a-base-da-sociedade/
A EXPANSÃO MUÇULMANA As três razões principais que levaram os muçulmanos a lançar- se à conquista de novos territórios: - A pobreza e o superpovoamento.
A NÚBIA E O REINO DE CUXE. NÚBIA, BERÇO DA CIVILIZAÇÃO NA ÁFRICA Situada a nordeste da África Serviu nos tempos antigos como elo entre povos da África.
Brasil: território e sociedade. Conjunto de pessoas que vivem em determinado espaço e tempo e de acordo com certas regras Grupo de pessoas que falam a.
ANÁLISE TEXTUAL Aula 1: Linguagem, língua e variação linguística.
MÉTODOS CIENTÍFICOS Prof a. Graça Pachêco. TODAS AS CIÊNCIAS CARACTERIZAM-SE PELA UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CIENTÍFICOS Há diversas formas de conceituar,
Projeto de Pesquisa em Psicologia Social – PPPS MÉTODOS DE COLETA DE DADOS na Pesquisa Qualitativa 06/06/2011 2o Bimestre.
L ITERATURA E ESTUDOS CULTURAIS Pontos para debate sobre a obra Teoria literária: uma introdução, de Jonathan Culler. Professor: Marcel Lúcio Matias Ribeiro.
Retomando o conceito de texto Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira I Professor: Marcel Matias.
IDADE MÉDIA CRISE DO FEUDALISMO
SEMINÁRIO – REFORMULAÇÃO DO ENSINO MÉDIO: MESA 2 - JORNADA ESCOLAR AMPLIADA E CONDIÇÕES DE OFERTA DO ENSINO MÉDIO Prof. Wisley J. Pereira Superintendente.
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO: O Estado é uma superestrutura administrativa destinada a cumprir a decisão do titular do poder,
AULA 6 - Povo: traços característicos e distintivos
População brasileira Indicadores das características da estrutura da brasileira Idade e gênero – Pirâmide Etária escolaridade – Taxa de analfabetismo.
Lingüística Aplicada ao ensino de língua portuguesa Primeira Aula – Valesca Brasi lrala
Instituições Sociais define regrasexerce formas de controle social Instituição é toda forma ou estrutura social estabelecida, constituída, sedimentada.
Preconceito linguístico: o que é, como se faz.
Movimentos Migratórios e suas Motivações
Professor responsável: Jorge Pacheco Feito por: Mafalda Aguiar nº22 6ºG.
OS ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
1 FAMÍLIA HISTÓRICO.. 2 A CONFIGURAÇÃO DE FAMÍLIA NO SEU SURGIMENTO ESTÁ ATRELADA AO CASAMENTO MONOGÂMICO, HETEROSSEXUAL, AO MODELO PATRIARCAL E A PROPRIEDADE.
Método para seu projeto Profa. Dra. Marina Moreira.
2ª REUNIÃO DO FNG (Agosto/2013) GT - INDICADORES Definição de indicador com exemplos de indicadores do Programa Bolsa Família, do Conselho Nacional de.
Estado Moderno Equipe Bruna Negromonte Elso Palharini Fabiane Andrade Gregory Carneiro Raimundo Gledson Elso.
1. Introdução ( 6 slides) 7. O mistério da Redenção (15 slides) 2. Natal (10 slides) 8. Mediador e cabeça ( 10 slides) 3. Encarnação (10 slides) 9. Mistérios.
1 Aula 8 – Modos de Produção e formações sociais Observação da imagem Leitura da introdução.
Aula 5 – Max Weber e o conceito de Ação Social
A Pastoral Urbana possui um caráter urgente e inevitável e só levando a sério esse trabalho é que seremos efetivamente fiéis ao espírito de Aparecida.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE A CRÔNICA ALÉM DA SALA DE AULA Ana Paula Fidelis RUFINO (UFRN)
IFTO-CAMPUS PALMAS CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA SOCIOLOGIA POLÍTICA PROF. JAIR JOSÉ MALDANER.
Transcrição da apresentação:

Línguas em contato In CALVELT, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcionilo, São Paulo, Parábola, 2002.

Introdução Existem em torno de 4 a 5 mil línguas no mundo; Cerca de 150 países; Teoricamente, 30 línguas por país, mas como a distribuição não é “matemática”, conclui-se: o mundo é plurilíngue; as línguas estão constantemente em contato (há muitos indivíduos bilíngues ou comunidades plurilíngues)

Empréstimos e interferências Interferência: introdução de elementos estrangeiros nos campos mais estruturados da língua: fonologia, morfologia, sintaxe e áreas do léxico (nomes de parentesco, cores, tempo etc.) Ex. de interferência fônica: entre um dialeto alemão, falado em uma região da Suíça, e uma variedade do romance, falado em outra, a oposição entre vogais breves e longas (como em sheep e ship, em inglês) cria problemas, confusões e “sotaques”.

Empréstimos e interferências Interferência sintática: organiza-se a estrutura de uma frase da língua B segundo a estrutura da língua A. Ex: falar em português com estrutura de inglês – Eu gostaria do leite um pingo no meu chá. Interferência lexical: as mais simples são os falsos cognatos (esquisito, no port. e exquisito, no espanhol); problema é maior nos casos em que as duas línguas organizam a realidade de modo diverso (fleuve/rivière/rio; pez/pescado/peixe)

Empréstimos e interferências Interferência lexical leva, no limite, ao empréstimo, quando utiliza-se diretamente a palavra, adaptando-se a pronúncia Interferênia é individual e o empréstimo coletivo. Todas as línguas receberam interferências e tomaram empréstimos de línguas próximas, por vezes de forma massiva.

Empréstimos Projeto de lei Aldo Rebelo (1999) – declarava lesivo ao patrimônio cultural brasileiro “todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira”. Reações contrárias de Academias de Letras, intelectuais, escritores e linguistas. Equívoco – “o uso de estrangeirismos vai descaracterizar o português” – falso, pois o empréstimo é de palavras e não de estruturas (e mesmo as palavras não são “sentidas” pelo falante como estrangeirismo).

Empréstimos Mito da legitimidade e da “pureza”. O que deveria ser considerado estrangeirismo? Palavras de línguas menos “nobres”, como as africanas, não deveriam ser vistas também como empréstimos? Coffee break ou home banking são empréstimos, mas também futebol, garçom, abajur, status, alface, bife, camundongo, bunda e caipira... Processos de mudança linguística, de criação de neologismos e gírias: tudo é absorvido e o falante usa sem saber que são empréstimos

Línguas aproximativas Quando o falante está em uma comunidade cuja língua não conhece, é possível que ele lance mão de uma “3ª. língua” ou língua veicular para se fazer entender. Exemplo de diálogo de um trabalhador migrante espanhol que vive em Paris: - Vous l’aviez connue avant de venir em France? Mais non, c’est porque yo habia metté unne announce sur um journal y elle me va escrivir.

Línguas aproximativas Quando a questão atinge um grupo social confrontado com outro de diferente língua pode surgir uma língua franca ou sabir, sistemas bem restritos, de poucas palavras, usados só para estabelecer relações comerciais, por exemplo. A tentativa será sempre a de reduzir ao máximo a dificuldade de compreensão. Por ex. pronomes são reduzidos a uma só forma (não usariam “tu”, “você”, “ti” e “te”); os verbos não são conjugados, aparecem sempre no infinitivo

Línguas aproximativas Quando uma língua franca passa a cobrir necessidades de comunicação mais amplas e seu sistema sintático se desenvolve passa a ser um pidgin. Ex. inglês pidgin que se desenvolveu no mar da China para contatos comerciais entre ingleses e chineses. (vocabulário inglês, sintaxe chinesa) Termo pidgin seria a deformação da palavra business.

Línguas aproximativas Pidgins não estão destinados a evoluir para uma prática “melhorada” da língua; permanecem como auxiliares em situações de contato.Mas nem sempre isso é regra. É preciso desfazer o mito de que um pidgin é a língua de um “lugar exótico”. Nossas línguas ibéricas são fruto de processos de pidginização.

O laboratório crioulo Contato de línguas provocam problemas de comunicação social. Ocorre quando as línguas primeiras não funcionam, pois as populações estão tão misturadas que ninguém fala a língua do outro. Emergência das línguas crioulas – ligada ao comércio triangular e tráfico de escravos. A relativa “juventude” dos crioulos faz com as respostas quanto à verdadeira origem dos crioulos ainda não esteja suficientemente debatido

O laboratório crioulo Hipótese poligenética: não seria possível provar relação entre a gramática dos crioulos e das línguas africanas; trata-se de uma “aproximação da aproximação” Por ex. na ilha da Reunião: primeiro os escravos, mais perto dos senhores, adquiriram um francês sumário; depois escravos recém-chegados aprenderam esse “francês” com os escravos mais antigos

O laboratório crioulo Seja como for, os crioulos são uma língua como qualquer outra, a particularidade está no modo como emergiram (grupo dominante e minoritário versus maioria de escravos sem uma língua comum). Por longo tempo considerados como “inferiores” e portanto, sem acesso a funções oficiais (ensino, administração), hoje estão sendo promovidos a línguas oficiais (p. ex. ilhas Seychelles, Cabo Verde, Antilhas francesas e Haiti).

Línguas veiculares Casos de plurilinguismo que criam dificuldades de comunicação entre grupos homogêneos que tem língua própria. P. ex., no Senegal, há 7 línguas principais (primeiras ou maternas). A cada uma correspondem famílias ou bairros. Uma língua (wolof) é usada para comunicação entre grupos que não tem a mesma 1ª. língua – língua veicular. Idem na costa leste africana, Cordilheira dos Andes, África Central e Ocidental

Línguas veiculares Para políticas públicas, calcula-se a taxa de veicularidade, ou seja, a relação entre os falantes de uma língua e os que não a tem como 1ª. língua. A função de uma língua afeta sua forma: o sistema de classe de palavras de uma língua veicular pode ser reduzido, simplificado, regularizado conforme seja falado na zona urbana ou zona rural (mais complexo nesta última).

Diglossia Bilinguismo é individual; diglossia é o bilinguismo coletivo (numa mesma comunidade, duas formas lgsticas, que podem ou não ser ligadas geneticamente) Variedade baixa (utilizada nas conversas familiares, literatura popular etc.), estigmatizada, adquirida “naturalmente” Variedade alta (utilizada na igreja, na correspondência, nos discursos, nas universidades etc.), prestigiada socialmente, adquirida na escola, fortemente padronizada (dicionários, gramáticas)

Diglossia e conflito lgstco A situação de diglossia pode ser estável e durar vários séculos; Exemplos Grécia – demótico/katharevoussa Mundo Árabe – dialetos/árabe clássico Haiti – crioulo/francês Suíça – suíço alemão/hochdeutsch Duas variedades que sejam ligadas geneticamente podem ter gramática, léxico e fonologia bem divergentes.

Diglossia e conflito lgstco 4 possibilidades: Bilinguismo e diglossia: todos conhecem a variedade alta e baixa (Paraguai – espanhol e guarani) Bilinguismo sem diglossia – muitos indivíduos bilíngues, mas que não as utilizam em situações especiais (situações instáveis entre uma diglossia e uma outra organização lgstica)

Diglossia e conflito lgstco Diglossia sem bilinguismo: um grupo só fala a variedade alta, outro só usa a baixa (Rússia cazarista: nobreza e povo; Brasil – variedades sociais) Nem diglossia, nem bilinguismo: uma só língua (só em comunidades muito pequenas)

Diglossia e conflitos lgstcos Embora a situação diglóssica de uma nação possa ser estável, ela pode gerar profundos conflitos lgstcos (p. ex., Catalunha) A História tem mostrado que o futuro das variedades baixas é tornar-se alta, e estas virarem línguas mortas (p. ex. Grécia, onde demótico tornou-se língua oficial e a outra está desaparecendo) O mesmo aconteceu com as variedades românicas (port. franc. italiano) e o latim.

Critérios Quando é possível dizer que duas variedades são a mesma língua? Durante muito tempo, tentou-se usar o critério da mútua inteligibilidade (se os falantes se entendem, é a mesma língua). Mas esse critério “fura” (veja-se o caso do Português brasileiro e europeu) Dois motivos:

Critérios 1 – Heterogeneidade das comunidades falantes - Ex: universitários brasileiros só se entenderiam com universitários portugueses e não com o camponês de Portugal 2 – Unilateralidade – um compreende o outro e o outro não compreende o primeiro. É mais fácil os portugueses nos entenderem do que nós compreendermos a eles; isso se deve a fatores fortuitos, nesse caso, elisão das vogais pelos portugueses.

Observações finais Por que um pidgin não vira língua materna? Pidgin surge sempre como língua de contato (guerras, portos, fronteiras). Estruturalmente frágil; fácil de identificar as línguas fontes; muito fácil de aparecer. Não vira língua materna por que há uma língua oficial. É possível dizer, de um ponto de vista da evolução lingüística ao longo da História, em que momento uma língua terminou e outra começou? Não, trata-se de um longo processo. Saussure: “ninguém dorme falando latim e acorda falando francês”

Observações finais Com base em que tipo de critério este momento costuma ser demarcado? O critério é sempre político. Se houvesse um reino, a variedade ali falada teria um nome? Sim. Português existe desde que existe um Estado português.

Observações finais Como as línguas mudam? Por pidginização ou evolução. Importante: entre o latim e o francês atual, quantas línguas houve? Várias, que foram sendo chamadas de latim tardio, francês arcaico etc. Mas isso era porque não havia um Estado. Só com o estabelecimento do Estado francês, tornou-se “a língua francesa”.

Observações finais Os rótulos das línguas induzem a erro, elas não são “naturais”. Inglês shakespeariano é muito diferente do inglês atual. Por que chamar tudo de inglês? Por razões políticas.