Maria Emília Lisboa Pacheco Presidenta do Consea

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Seminário Internacional “Agricultura Familiar e Soberania Alimentar no MERCOSUL” Políticas Públicas, Integração e Participação Social no MERCOSUL Crispim.
Advertisements

Algumas provocações para se pensar DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Conferência Enquanto Instrumento de Controle Social da Política de SAN
SEMINÁRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Educação Alimentar e Nutricional no contexto das Políticas Públicas
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
Atuação do nutricionista no Sistema Único de Saúde
APOIO INTEGRADO À GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUS – SANTA CATARINA
SECRETARIA NACIONAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA
Programa Nacional de Alimentação Escolar
Projeto de Inclusão produtiva e social
SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Direito humano a alimentação adequada
O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS GESTORES MUNICIPAIS: RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA NA GARANTIA DO DIREITO À CIDADANIA.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de.
Políticas Públicas Municipais
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Histórico Até 2003 Projetos de Financiamento pelo PRONAF Cama e Café
Região Sul Florianópolis, Outubro-2009
ENCONTRO REGIONAL SUL DE CONSEAS PARANÁ, SANTA CATARINA E RIO GRANDE DO SUL SISAN NO BRASIL E NOS ESTADOS DA REGIÃO SUL Onaur Ruano Consultor.
O nutricionista contemporâneo: muito além da prescrição da dieta...
Desafio da Gestão Intersetorial na Segurança Alimentar e Nutricional
Profa. Luciana Tolstenko Nogueira
CONHECENDO O SISTEMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL /SISAN
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
FÓRUM ESTADUAL de ASSISTÊNCIA SOCIAL e do TRABALHO
RESPONSABILIDADE DOS ENTES DA FEDERAÇÃO E FINANCIAMENTO DO SUS
Nancy Aguiar Presidente do CRN-6
SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISAN
PLANEJAMENTO MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Luciene Burlandy Universidade Federal Fluminense 2006 Forum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional.
Assistência Social Avanços e Desafios na implantação do SUAS
Segurança Alimentar e Nutricional como ferramenta da PAS
Segurança alimentar e mercados institucionais
Curso de Especialização para Formação de Gestores e Equipes Gestoras do SUS Módulo I: Políticas de Saúde e os Desafios Contemporâneos Para a Gestão do.
Plano Nacional de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira e Aqüícola
De forma participativa é possível começarmos a resolver os problemas ambientais, sociais e econômicos do nosso país, da nossa região, da nossa cidade ,
SISTEMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – AVANÇOS E DESAFIOS
Conselho Estadual de Saúde – Paraná
SIMPÓSIO SOBRE POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE
Curso de Especialização para Formação de Gestores e Equipes Gestoras do SUS Módulo I: Políticas de Saúde e os Desafios Contemporâneos Para a Gestão do.
PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE ÁREAS PROTEGIDAS - PNAP
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL
A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO BRASIL: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS PARA A PROMOÇÃO DA INTERSETORIALIDADE NO ÂMBITO FEDERAL.
Gestão de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável
1 Oficina Técnica AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS
Objetivos Específicos:
DIREITO À SAUDE.
1.
SEMANA MUNDIAL DO COMÉRCIO JUSTO E SOLIDÁRIO
Desenvolvimento Agrário e Industrial: Oportunidades para o Brasil
Estatuto da Juventude Direitos e Políticas Públicas
Direito à Saúde Direitos Humanos Eduardo Dias S. Ferreira
Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional - CAISAN
Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional - CAISAN
ou seja, resultado de determinações históricas estruturais
CONTROLE SOCIAL FINANCIAMENTO DO SUS LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE Vide Lei nº 8.689, de 1993 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão.
5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
Comunidades Tradicionais
A regulamentação do Sistema Único de Saúde - SUS
A definição da agricultura familiar como público estratégico e prioritário vem seguido de uma serie de elementos norteadores das ações: O enfoque sistêmico.
FÓRUNS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO SUS AVANÇOS: Maior integração entre.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
SECRETARIA DE ESTADO DA ASSISTÊNCIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
Seminário Indicadores e Monitoramento da realização do Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil...no contexto do SISAN.
SISTEMA CONTAG DE ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO – SEC. DE POLÍTICA AGRÍCOLA - CONTAG –- 1 SISCOP SISCOP.
Ministério do Desenvolvimento Agrário Audiência Pública Situação dos Quilombos no Brasil Brasília – DF 28 de setembro de 2011 Ministério do Desenvolvimento.
Transcrição da apresentação:

Maria Emília Lisboa Pacheco Presidenta do Consea DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Maria Emília Lisboa Pacheco Presidenta do Consea

Direito Humano à Alimentação Adequada Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (EC nº 64/2010)

Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil Lei n° 11.346 (15/09/2006) Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional Institui o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional A alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição Federal, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população. (art. 2º)

Direito Humano à Alimentação Adequada A realização do DHAA está fortemente relacionado ao conceito de Segurança Alimentar e Nutricional. INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL = VIOLAÇÃO DO DHAA

CONCEITO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Insegurança Todo mundo tem direito a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Ela deve ser totalmente baseada em práticas alimentares promotoras da saúde, sem nunca comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Inclui respeito às particularidades e características culturais de cada região. Conceito multidimensional Insegurança alimentar e nutricional pode ser detectada a partir de diferentes tipos de problemas, tais como: Fome, Obesidade, Doenças associadas à má alimentação, Consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde, Estrutura de produção de alimentos predatória em relação ao ambiente e bens essenciais com preços abusivos; e Imposição de padrões alimentares que não respeitem a diversidade cultural. INSEGURANÇA ALIMENTAR = VIOLAÇÃO DO DHAA

Escopo da Segurança Alimentar e Nutricional (art. 4º - LOSAN) Práticas alimentares e estilos de vida saudáveis Respeito à diversidade étnica e racial e cultural; Produção de conhecimento e o acesso à informação; Políticas públicas e estratégias sustentáveis de produção, comercialização e consumo de alimentos; e Participação Social Acesso aos alimentos Valorização da agricultura familiar Geração de emprego e da redistribuição da renda; Conservação da biodiversidade; Promoção da saúde e da nutrição Garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos

ACESSO À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ADEQUADA Segurança Insegurança Em 2009, 65,6 milhões de brasileiros se alimentavam inadequadamente (Pnad, IBGE).

ALIMENTO SAUDÁVEL X AGROTÓXICOS Segurança Insegurança Feira de alimentos agroecológicos e orgânicos em João Pessoa – PB Menos de 3% do crédito do Plano Safra 2012/2013 é destinado à produção sem agrotóxicos Trabalhador aplicando veneno Brasil consome 20% dos agrotóxicos do mundo 5,3 kg/habitante/ ano É possível o “uso seguro”?

Segurança Insegurança SOBREPESO E OBESIDADE Segurança Insegurança Academia da Cidade, no Recife Programa de academias do SUS 50,1% dos homens e 48% das mulheres brasileiras estão acima do peso no Brasil 80% da população brasileira é sedentária (IBGE, 2012)

Segurança Insegurança PUBLICIDADE DE ALIMENTOS Segurança Insegurança A publicidade é um dos principais fatores formadores dos hábitos de consumo, inclusive alimentares. Em dezembro de 2011, o Procon multou a rede de lanchonetes McDonald’s em mais de R$ 3 milhões pela venda de alimentos com brinquedos. 1/3 das crianças de 4 a 9 anos está acima do peso (IBGE 2009).

Segurança Insegurança CRISE DO SISTEMA ALIMENTAR Segurança Insegurança A valorização dos circuitos locais de abastecimentos garante alimentos com menor custo, mais frescos e menos dependentes de aditivos químicos Também propicia a oferta diversificada de alimentos, contribuindo para uma dieta diversificada. A concentração mercadológica concentra o poder de decisão nas mãos de poucas empresas; No Brasil, 46% do setor varejista pertence a 5 grupos empresariais.

Segurança Insegurança CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA Segurança Insegurança A biodiversidade e seu manejo sustentável é uma das principais garantias de soberania e SAN, todavia, as 10 maiores empresas de sementes do mundo controlam 67% do mercado mundial.

SOBERANIA ALIMENTAR SOBERANIA ALIMENTAR Cada país tem o direito de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de Alimentos que garantam o direito à alimentação para toda população (soberania alimentar), respeitando as múltiplas características culturais dos povos. Manifestação em prol da soberania alimentar em Faro, Portugal, onde os impactos da crise financeira agravou a crise de preços de alimentos.

VIOLAÇÃO DA SOBERANIA ALIMENTAR = VIOLAÇÃO DO DHAA Modelo de produção insustentável e desvinculado das necessidades da população

Como promover, garantir e proteger o DHAA? A construção do Sistema e da Política Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional

O QUE É O SISAN? O enfoque de Segurança Alimentar e Nutricional desenvolvido no Brasil atribui a essa noção o estatuto de um objetivo de política pública, estratégico e permanente, característica que a coloca entre as categorias nucleares para a formulação das opções de desenvolvimento de um país. Ela reúne as imensões alimentar e nutricional. Para articular as diversas políticas e atores envolvidos na promoção da SAN no Brasil foi criado o SISAN, um sistema aberto e intersetorial de políticas públicas, que objetiva estar presente em todos os níveis de governo.

Referências do SISAN Princípios orientadores Promoção da segurança alimentar e nutricional Universalidade e equidade preservação da autonomia e respeito à dignidade das pessoas; Direito humano à alimentação adequada Soberania alimentar Intersetorial: integração de programas e ações Participação social: formular e implementar programas; dar visibilidade às distintas concepções e pactuar conflitos

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL Controle Social (participação nos conselhos de políticas públicas, comitês gestores, etc) Participação Social (Conselhos, Comissões, Comitês Gestores, Audiências Públicas, Conferências, Referendos, etc.) Democracia

CENTRALIDADE DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL IV Conferência Nacional de SAN – Salvador, BA, 2011

INSTÂNCIAS E INSTRUMENTOS DO SISTEMA VISÃO DE FUTURO: Deverá existir em cada esfera de Governo (União, Estados e Municípios): I - Conselho de SAN – participação e controle social II – Câmara intersetorial de SAN – gestão intersetorial e interfederativa III – Conferência de SAN – estabelecimento de diretrizes e prioridades IV – Plano de SAN – programas e ações

Órgãos e entidades de SAN que atuam em todas as esferas da Federação INTEGRANTES DO SISAN SISAN Conferências de SAN CONSEAs Órgãos e entidades de SAN que atuam em todas as esferas da Federação Instituições com ou sem fins lucrativos Câmaras Inter- setoriais de SAN CPCE

A POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Para que essa estrutura? A POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Decreto 7.272 - regulamenta a LOSAN: - SISAN – avança no financiamento e nas relações intersetorial e interfederativa - Institui a Política de SAN - Estabelece prazo para os planos de SAN

DIRETRIZES DA PNSAN 1. Promoção do acesso universal à alimentação saudável e adequada Programa Bolsa Família Benefício de Prestação Continuada Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição Distribuição de Cestas de Alimentos a Grupos Populacionais Específicos 2. promoção do abastecimento e estruturação de sistemas justos, de base agroecológica e sustentáveis de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos; Reforma agrária Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO Programa de Aquisição de Alimentos Ações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) Pesca e Aquicultura

DIRETRIZES DA PNSAN 3. Produção de conhecimento, educação e formação em soberania e SAN e DHAA; Educação Alimentar e Nutricional Pesquisa em SAN 4. Ações de segurança alimentar e nutricional para povos e comunidades tradicionais; Demarcação e titulação de territórios Promoção do etnodesenvolvimento Apoio ao desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas e povos tradicionais

DIRETRIZES DA PNSAN 5. fortalecimento das ações de alimentação e nutrição em todos os níveis da atenção à saúde Alimentação e nutrição para a Saúde Vigilância Sanitária Segurança alimentar e nutricional na saúde 6. Apoio à soberania e à SAN em âmbito internacional; Cooperação internacional para promoção da SAN 7. Promoção do acesso universal à água Acesso à água para consumo humano na zona rural Implantação de obras e equipamentos para oferta de água Acesso à água para produção de alimentos Dessalinização de água Doce - BSM

OPERACIONALIZAÇÃO DA PNSAN: PLANO DE SAN RESULTADO DE PACTUAÇÃO INTERSETORIAL O Plano é o principal instrumento de planejamento e gestão da Política Nacional de SAN. Também poderão ser firmados acordos entre a CAISAN e cada um dos órgãos e entidades da União com o objetivo de detalhar atribuições e explicitar as formas de colaboração entre os sistemas setoriais de políticas públicas.

“A fome não é um fenômeno natural, mas um fenômeno social, produto de estruturas econômicas defeituosas.” Josué de Castro Secretaria-Executiva do CONSEA Palácio do Planalto, Anexo I, Sala C2 CEP 70.150-900 – Brasília - DF Tel (61) 3411.2747 – Fax (61) 3411-2301 www.planalto.gov.br/consea secret.consea@planalto.gov.br