Política Industrial e Comércio Exterior Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Seminário Desafios da Indústria Brasileira frente à Competitividade.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
1º SEMINÁRIO DO I2 BRASIL – INSTITUTO PRÓ-INOVAÇÃO
Advertisements

Contas Externas Brasileiras Carlos Thadeu de Freitas Gomes Seminário APIMEC 40 anos Rio de Janeiro, 17 de Maio de
SEMINÁRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA
ECONOMIA AGENTES ECONÔMICOS.
Sistemas Nacionais de Inovação: a experiência internacional e alguns desafios para o Brasil Referência: Linsu Kim & Richard Nelson (2005) (Introdução)
São Paulo, 08 de fevereiro de 2006.
Medidas Recentes de Estímulo ao Crescimento e Evolução do Câmbio
As políticas públicas setoriais: expectativas dos ministérios do Trabalho, da Educação, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Ciência.
1 O Papel do BNDES na Recuperação da Competitividade Industrial na Área de TICs Rafael Oliva Assessor da Presidência do BNDES 19 de setembro de 2007 Conferência.
Rio de Janeiro, 6 de julho de 2011
Diálogos de Futuro: Planejamento Estratégico da Indústria Farmacêutica Nacional O Poder de Compra do Estado como Instrumento para a Promoção do Desenvolvimento.
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
III CONGRESSO INTERNACIONAL BRASIL COMPETITIVO
PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, TECNOLÓGICO E DE COMÉRCIO EXTERIOR HORIZONTE 2008 Brasilia, 06 de julho de 2006 INICIATIVA NACIONAL DE INOVAÇÃO PROGRAMAS.
Plano de Negócio Elber Sales.
BRASIL MAIOR + BRASIL SEM MISÉRIA DESENVOLVIMENTO
Da crise ao crescimento: a experiência do Brasil MINISTRO GUIDO MANTEGA Rio de Janeiro, 07 de julho de 2004 II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE FUNDOS DE PENSÃO.
11ª Reunião Ordinária Do Comitê de Tecnologia e Inovação
Aula 2 Inovação Tecnológica, Sistemas Nacionais de Inovação, Estímulos Governamentais à Inovação Fernando Paiva.
MINISTRO GUIDO MANTEGA
O PLANO DE METAS Expandir e diversificar a indústria
A VALORAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL DA EMPRESA NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS PELO BNDES 64º Congresso da ABM Belo Horizonte 16/07/2009 João Carlos Ferraz.
Secretaria de Inovação Orientações Para Diagnóstico do Mercado de Nanotecnologias no Brasil: (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças)
Medidas de Incentivo à Competitividade Min. Guido Mantega 05 de Maio de 2010.
POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO – PDP Realizações e renovação
Suporte Financeiro para Cooperação com o Peru em TV Digital Apresentação realizada pelo Ministério das Comunicações com dados do BNDES.
Benefícios da participação em CGV
ANÁLISE SETORIAL. Análise Setorial Objetivo da análise: ► Entendimento da dinâmica dos mercados ► Conhecimento das forças atuantes na competição da indústria.
Design Bruno Amado Renan Sardinha Marco Aurélio Lobo 29 de maio de 2009.
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior 31 de Março de 2004 Construindo o Brasil do Futuro.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR Paraná na Agenda Internacional 29 de setembro de 2003 POLÍTICA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DAS.
INOVAÇÃO NA POLÍTICA INDUSTRIAL
ZONA FRANCA DE MANAUS Prof. Joel Brogio
ECONOMIA AGENTES ECONÔMICOS.
INOVAÇÃO – O BRASIL E O MUNDO
Prof. MSc. Cláudio Cabral.  Estabelecer o % da produção disponível para o exportar;  Selecionar os produtos;  Compatibilizar qualidade com o mercado.
Setor Têxtil e de Confecção Brasileiro Balanço 2009 e Perspectivas 2010 Apresentação: Haroldo Silva Economista Chefe - ABIT São Paulo, 05 de março de 2010.
MAIO DE 2002 INOVAÇÃO FINANCEIRA E CAPITAL DE RISCO PARA MPES -SEMINÁRIO ALIDE-
1 Assessoria Econômica da FEDERASUL Aumento das Tarifas de Importação: Protecionismo ou Legítima Defesa?
‘NÃO VAMOS REINVENTAR A RODA’
Planejamento da Divisão de tecnologia Balanços dos Meetings 2006 Aprovação da Proposta de Diretrizes Nacionais para TIC Divisão de Tecnologia Agenda.
Economia Brasileira1 Política Econômica Externa e Industrialização:
MATRIZ BCG.
Inovação Tecnológica, Exportação e Emprego no Brasil Março de 2006 IEA-USP Glauco Arbix Professor da USP Presidente do IPEA.
Secretário Adjunto de Política Econômica Fernando de Holanda B. Filho Crescimento e Inovação.
Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I Aula 20- Políticas de atração de empresas multinacionais e promoção da inovação tecnológica Professor.
Introdução à Macroeconomia
A MACRO E MICRO ECONOMIA
Ministério da Ciência e Tecnologia Brasília, 29 de maio de 2007 Augusto Gadelha Secretaria de Política de Informática Política Nacional de Tecnologia da.
PROTECIONISMO X LIBERALISMO
17 de fevereiro de 2016 Previdência: Aperfeiçoar para Fortalecer Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Ministro.
ZPEs: “DESTAQUE” DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO.
Planejamento Estratégico Prof. Marcelo Maia. 1) (FCC METRÔ SP 2008) Na matriz produto/mercado (ou matriz de Ansoff), as estratégias: I. de crescimento.
Competitividade como Instrumento do Desenvolvimento Reginaldo Arcuri Secretário do Desenvolvimento da Produção Ministério do Desenvolvimento, Indústria.
A Recente Política Industrial Brasileira Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Seminário A agenda de competitividade no Brasil Rio de Janeiro.
O Apoio do BNDES ao Setor de Telecomunicações Roberto Zurli Machado Chefe do Departamento de Telecomunicações 30 de maio de 2003 Florianópolis Banco Nacional.
Acordo Mercosul – União Europeia Câmara dos Deputados Carlos Eduardo Abijaodi Diretor de Desenvolvimento Industrial 27 de maio de 2014.
ESTADO PRODUTOR DE BENS E SERVIÇOS
Setor Industrial e Competitividade. Componentes: Alex J. Lorenzoni Paulo Cesar Pacheco Julio Cezar Morellato.
O BNDES Macapá - AP 04 de dezembro de Quem somos Fundado em 20 de Junho de 1952 Empresa pública de propriedade integral da União Instrumento chave.
Audiência Pública Câmara dos Deputados Comissão de Relações Exteriores & Defesa Sergio B. Varella Gomes Brasília, 14 mar 2006 Audiência Pública Câmara.
A Zona Franca de Manaus – modelo de desenvolvimento e integração nacional MDIC/SDP/DESIT Manaus, Outubro de 2015.
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC A Política Industrial para o Setor Automotivo Brasília – 23 de novembro de 2011.
A Recente Política Industrial Brasileira Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Seminário Desempenho Exportador e Políticas Públicas Rio de Janeiro.
1 A pesquisa: Procurou identificar as concepções, formatos, abrangência, e instrumentos das políticas, procurando avaliar o desenvolvimento e as possibilidades.
Seminário Internacional: A Nova Geração de Políticas para o Desenvolvimento Produtivo: Sustentabilidade Social e Ambiental Brasil: o novo impulso de desenvolvimento.
A Industrialização Brasileira:
Ministério da Fazenda 1 1 Panorama da Economia Brasileira Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Guido Mantega Brasília 01/04/2008.
A Recente Política Industrial Brasileira Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Seminário Os Desafios da Inserção Internacional Brasileira no.
1 BRASIL AGENDA PARA O SAIR DA CRISE APRESENTAÇÃO Brasília, 2016 Este documento foi desenvolvido tendo como referência a publicação Regulação.
Transcrição da apresentação:

Política Industrial e Comércio Exterior Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Seminário Desafios da Indústria Brasileira frente à Competitividade Internacional Painel 2: A Competitividade da Indústria Manufatureira Nacional e o Comércio Internacional Brasília ∙ 22 de maio de 2012

2 A partir do início da década passada, com o boom exportador brasileiro, o eixo das discussões passou da vulnerabilidade externa para primarização da pauta de exportação e o aumento da concorrência dos importados. Nesse sentido, o debate mais recente aponta para duas grandes questões: –Valorização cambial e restrição externa ao crescimento (da indústria). –Política industrial, política de comércio exterior e competitividade (da indústria). I. Introdução

3 Exportações (Acumulado em 12 Meses – Milhões de US$) I. Introdução

4 Participação nas Exportações I. Introdução

5 Objetivos da PITCE e PDP: –Ampliar capacidade de oferta pela elevação da taxa de investimento. –Preservar a robustez do balanço de pagamentos pela ampliação das exportações. –Elevar a capacidade de inovação pela ampliação dos gastos em P&D. –Fortalecer micro e pequenas empresas pelo incremento da inserção destas na atividade exportadora. I. Introdução

6 Objetivos da PITCE e PDP: –Ampliar capacidade de oferta pela elevação da taxa de investimento. –Preservar a robustez do balanço de pagamentos pela ampliação das exportações. –Elevar a capacidade de inovação pela ampliação dos gastos em P&D. –Fortalecer micro e pequenas empresas pelo incremento da inserção destas na atividade exportadora. I. Introdução

7 O Plano Brasil Maior também inclui metas associadas à exportação e medidas de apoio a setores ‘tradicionais’ mais expostos às importações. I. Introdução

8 Por que política industrial? I. Introdução Abordagem Neoclássica Síntese Schumpeteriana, Evolucionista, Estruturalista (SSEE) Correção de falhas de mercado, com balanço com falhas de governo Criação de assimetrias para exploração de possibilidades tecnológicas, principalmente em setores intensivos em conhecimento A atividade de inovação gera externalidades, o que justificaria política industrial Inovação como foco da política industrial

9 As ações da recente política industrial brasileira podem ser classificadas em cinco grandes grupos: –Desoneração tributária e incentivos fiscais. –Aumento dos desembolsos do BNDES. –Estímulo à formação de campeões nacionais. –Estímulo à P&D e inovação. –Poder de compra do governo e conteúdo local. I. Introdução

10 As ações da recente política industrial brasileira podem ser classificadas em cinco grandes grupos: –Desoneração tributária e incentivos fiscais. –Aumento dos desembolsos do BNDES. –Estímulo à formação de campeões nacionais. –Estímulo à P&D e inovação. –Poder de compra do governo e conteúdo local. I. Introdução

11 II. Estímulo à Inovação Instrumentos de fomento à inovação: –Operações não-reembolsáveis. –Operações reembolsáveis (crédito). –Capital de risco. –Incentivos fiscais. Tradicionalmente a FINEP tem sido a executora das políticas públicas de estímulo à inovação. Nas operações não-reembolsáveis os recursos costumam vir dos fundos setoriais no âmbito do FNDCT.

12 II. Estímulo à Inovação Entrada do BNDES no fomento à inovação: –Crédito. –Subvenção (FUNTEC). –Capital de risco (CRIATEC), junto com o INOVAR da FINEP. Incentivos Fiscais (Lei do Bem): –Depreciação acelerada. –Dedução de IPI na compra de máquinas e equipamentos para P&D. –Dedução de 160% das despesas com inovação para efeito do cálculo do IRPJ e da CSLL.

13 Apoio do governo complementa (e não desloca) os gastos privados em P&D [AVELLAR (2009), DE NEGRI, DE NEGRI & LEMOS (2009)]. II. Estímulo à Inovação 13

14 Competição e Inovação II. Estímulo à Inovação 14

15 Importação de insumos de alta tecnologia afeta positivamente a inovação e o crescimento [CONNOLLY (2003)]. Inovação é importante, mas o Brasil ainda tem muito a ganhar com a adoção de tecnologias já existentes [CANUTO et alli (2010)]. II. Estímulo à Inovação 15

16 Várias iniciativas: –Telecomunicações: redes 4G e PNBL. –Programação Audiovisual: Lei /2011, que institui cotas para programação nacional nos canais de televisão por assinatura. –Automóveis: aumento de IPI para empresas que não cumprem requisitos de conteúdo local. –Eletrônicos: Lei de Informática. –Lei /2010: margem de preferência de até 25% nas compras governamentais para produtos brasileiros. –Construção Naval: PROMEF, PROREFAM e EBN. –Petróleo e Gás. III. Conteúdo Local e Compras do Governo 16

17 Políticas de conteúdo local implicam balanço entre custos (acesso a bens mais caros e risco de impedir acesso a insumos e tecnologias de melhor qualidade) e benefícios (desenvolvimento de um setor competitivo). O balanço somente é positivo se os custos são temporários e os benefícios permanentes. III. Conteúdo Local e Compras do Governo 17

18 Não há indícios de que a ‘proteção’ seja temporária. –A Lei de Informática (em diferentes formatos) existe desde 1984 e, mesmo fracassando em tornar a indústria brasileira internacionalmente competitiva [LUZIO & GREENSTEIN (1995), BATISTA (2010)], não foi revista de forma significativa ou mesmo descontinuada (pelo contrário). –O mesmo pode ser dito sobre as políticas de conteúdo local associado ao setor de petróleo. –E mesmo as novas políticas de conteúdo local não sinalizam de forma crível regras de saída ou que o programa é temporário. III. Conteúdo Local e Compras do Governo 18

Muitos dos setores contemplados são setores ‘tradicionais’ pressionados por importações e não setores novos e potencialmente competitivos. III. Conteúdo Local e Compras do Governo

Muitos dos setores contemplados exibem externalidades, mas elas tendem a ser mais fortes na atividade de P&D. Nesse caso faz mais sentido fomentar essa atividade e não ‘proteger’ o mercado doméstico. III. Conteúdo Local e Compras do Governo

Se um dos objetivos declarados da política industrial é o fomento da inovação em território brasileiro, reduzir a pressão competitiva das importações em mercados que já são protegidos não é uma boa idéia. –Há grande chance de o setor se estabelecer com uma tecnologia pouco produtiva e não se tornar competitivo. –A experiência do Brasil no passado (inclusive com setores que atualmente são objeto de políticas de conteúdo local) confirma esse entendimento. III. Conteúdo Local e Compras do Governo

Os argumentos de que a política industrial deve direcionar a economia para setores mais produtivos ou sofisticados (indústrias, em geral) pressupõem que a produtividade dos setores objeto de fomento convirjam para a norma internacional. Nesse caso, mesmo quando algum tipo de proteção é justificada, ele deve ser temporária e decrescente ao longo do tempo. A política de conteúdo local deveria refletir esse entendimento. IV. Considerações Finais

Uma experiência brasileira bem sucedida ilustra muito bem esse ponto: a Embraer. –Seria a Embraer capaz de competir internacionalmente se estivesse sujeita a requisitos de conteúdo local muito grandes? O mesmo pode ser dito a respeito de experiências brasileiras mal-sucedidas no passado. A experiência bem-sucedida de outros países com política industrial também ilustra esse argumento. IV. Considerações Finais