Mortalidade e morbidade dos acidentes de trabalho no Brasil Vilma Sousa Santana Elizabeth Dias Letícia Nobre Jorge Machado Graziela Oliveira Maria Claudia.

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Transcrição da apresentação:

Mortalidade e morbidade dos acidentes de trabalho no Brasil Vilma Sousa Santana Elizabeth Dias Letícia Nobre Jorge Machado Graziela Oliveira Maria Claudia Peres Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva Programa Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador PISAT

Introdução Acidentes de trabalho são comuns no Brasil Mas ainda carecem de estatísticas divulgadas sistematicamente...e de programas de prevenção de âmbito nacional, com avaliações rigorosas sobre desempenho e impacto

Acidentes de trabalho no Brasil Alto coeficiente de mortalidade comparados com as estimativas de países desenvolvidos Ainda não se publicam boletins com estatisticas, exceto pela Previdência Social

Figura 1 -Coeficiente de mortalidade anual de AT (x ), entre trabalhadores segurados, por sexo (1:10). Brasil. Fonte: MPAS - disponível na RIPSA, IDB A população empregada (denominador) corresponde ao número médio anual de vínculos mensais.

Figura 1. Coeficiente de mortalidade anual por acidente de trabalho, por região no, Brasil, Ano CM-AT/ contribuintes Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Figura 2 - Coeficiente de mortalidade anual por AT, por região, no Brasil entre 2000 e Fonte: MPAS, RIPSA, IDB-2009.

Resultados Dentre os AT fatais registrados no SIM: Não estão disponíveis nas bases RIPSA, que se baseiam em dados de benefícios do MPS Embora nas CAT figurem registros de vários detalhes dos acidentes de trabalho, AT – não conformam bases disponíveis Consulte o SIM ou o SINAN, apesar dos seus grandes sub-registros ou sub-notificações...e a falta de dados fundamentais, a exemplo da ausência de dados da CNAE, e tipo de AT no SIM Acidentes de trabalho fatais – caracteristicas

Resultados Dentre os AT fatais registrados no SIM: Homens – 44 a 42% (entre ) Mulheres – 67% a 58% Seja por atropelamento, choque ou queda de veículos Mas não foi possível saber se foram devido a acidentes típicos ou de trajeto 1o. Lugar – AT fatais /acidentes com veículos

Implicações Maior gravidade dos AT de trânsito Sendo a causa imediata da morte o traumatismo craniano, seguido pelas lesões múltiplas Que afeta igualmente homens e mulheres

Isto aponta para que… A prevenção deve ocorrer pela via da melhoria das condições de segurança no trânsito Ocupações que envolvem veículos de duas rodas, como as motocicletas, têm começado a ocupar lugar importante

2o. Lugar AT fatais - Quedas Afetam principalmente os homens (17%) entre as mulheres foram 7 a 9% Entre os homens, principalmente de lajes em edificações, andaimes, e escadas

3o. Lugar AT fatais - Eletrocussão Afetam principalmente os homens app 7 a 9,6% dos casos Pouco menor entre as mulheres (4 a 6,5%)

4o. Lugar AT fatais – Máquinas e equipamentos Entre os homens - - 6,1 a 7,8% Entre as mulheres - 1,6 a 3,2%

5o. Lugar AT fatais – Violência interpessoal Homicídios (metade dos casos com arma de fogo) Entre os homens - - 2,5 a 3,7% Entre as mulheres - 1,6 a 4,2% Chama a atenção a pouca diferença de sexo.

A região do corpo mais comumente atingida é cabeça/pescoço Seguida pelo tórax entre os homens Em mulheres não se observou padrão definido de outras lesões

Como usar essas informações para a prevenção? São poucos os dados sobre riscos, situações de risco nas empresas ou no trabalho para AT fatais Não há monitoramento das exposições ou do número de empresas em não- conformidade com as NR

Mas podemos fazer uma aproximação com a CNAE

Enquanto a mortalidade por AT no Brasil vem caindo Caindo 1- Prod. Equipamentos eletrônicos (-62,7%) 2- Educação (-46,0%) 3- Petróleo (-36,1%) 4- Metalurgia (-29,2%) 5-Transporte (-29,1%) E se elevando Todas as indústrias conjuntamente 1- Papel e celulose (75,4%) 2- Comunicação (45,2%) 3- Prod. Máquinas e Equip (43,5%) 4- Borracha e plásticos (35,4%) 4- Química (18,6%)

Figura 1. Coeficiente de mortalidade por acidentes de trabalho (x ) em trabalhadores segurados, por , Brasil.

Figura 2. Coeficiente de incidência anual de AT (x1000) por ramo de atividade econômica, entre segurados do sexo masculino. Brasil

Acidentes de Trabalho não- fatais

Fontes de informação 1- SUB (MPS) – - poucos descritores, apenas Cap XIX - muito boa qualidade 2- SINAN (SUS) - muitos descritores, Cap XIX e XX - alta sub-notificação - má qualidade do registro

Com dados do SUB A incidência anual de AT não-fatal compensado foi : Entre homens variou de 4,7 a 7,6 x Entre mulheres variou 1,6 a 2,5 x trabalhadores

Os AT não fatais foram mais comuns: Em homens que mulheres (3:1) Mulheres Na faixa de idade anos região Sul Homens Na faixa de idade anos região Sul

Dentre os AT não fatais registrados no SINAN: HomensMulheres Fonte: SUB

Figura 4. Distribuição de AT não-fatais registrados no SINAN, Brasil. MulheresHomens

Conclusões AT no Brasil ainda ocorrem em níveis muito elevados, tanto fatais como não fatais É 10 vezes maior a mortalidade por AT do que na Inglaterra Homens, residentes na região norte e centro- oeste estão em maior risco

Conclusões Jovens do sexo masculino, residentes nas regiões Sul, trabalhadores da indústria estão em maior risco de sofrer AT não fatais

Conclusões A prevenção deve se dirigir prioritariamente para as Indústrias manufatureiras em geral E em particular as Ind Extrativas E a Ind da Construção

Recomendações Redução do sub-registro da relação dos traumas com o trabalho Ações: - Campanhas de sensibilização - difundir implicações éticas do diagnóstico

Recomendações Melhoria da qualidade do preenchimento da ficha SINAN-AT Ações: - Revisão dos protocolos de notificação - Treinamento de profissionais dos serviços de emergência

Recomendações Melhoria da equidade no registro Ações: - Ações específicas para grupos discriminados - Implantar comissão de investigação dos óbitos por causa externa

Recomendações Divulgar relatórios trimestrais com medidas epidemiológicas Ações: - Analisar dados - AT como categoria especial para violência - Pesquisa sobre subregistro/subnotificação