Avaliação, comunicação e desenvolvimento Leiria, Abril de 2007 Isabel Galhardo
. Professora de Ensino Especial do Ministério da Educação (23 anos em trabalho na educação e saúde) . Investigação na área da surdez e Responsável de Projectos na área da surdez, da criança e sua família . Professora do Instituto Politécnico de Setúbal Curso de Educação de Infância para Apoio à Comunicação Bilingue da Criança Surda . Associada da Associação Portuguesa de Surdos, Associação de Famílias e amigos dos Surdos e Presidente da Luz Mater Associação
Consulta multidisciplinar - Otorrinolaringologista - Professor Ensino Especial - Educadores de infância - Técnicos de audiologia - Terapeutas da fala - Psicólogo - Técnico de Serviço Social - Enfermeiros - Técnico de audiovisual - Pessoal administrativo
Surdez - caracterização . Idade em que surgiu surdez (período pré ou post linguístico) . Tipo de perda auditiva (surdez) . Grau . Causa
. Período pré-linguístico Idade . Período pré-linguístico . Post linguístico
Tipo . Surdez de condução ou transmissão . Surdez sensorioneural ou de percepção . Surdez mista
Surdez de Condução Ouvido médio . Problema de transmissão da onda sonora
Surdez Sensorioneural Ouvido interno . Problema na perceção do som
Surdez Mista . Problema na transmissão e na perceção do som
Surdez sensorioneural profunda 1: 1000 nascimentos Surdez condução (otite média c/ derrame) 1: 100 (10% da população escolar)
Avaliação Desenvolvimento Geral Desenv. Psico-Motor: (Ex. Motric.grossa, fina) Audição (Ex.Volta a cabeça, distingue sons?) Visão (Ex: Segue objectos? Aproxima mto objectos?) Desenv. Social (Ex. Interage? Procura comunicação?) (avaliação / observação – registo / alerta) RN 6 meses - 10 meses 18 meses - 2 anos
Surdez – Avaliação (exames mais comuns) Jogos Sonoros Timpanometria Oto emissões acústicas (OEA) Potenciais evocados auditivos (BERA) tonal simples Audiograma c/ condicionamento vocal
Audiograma Tonal Audição normal
Surdez sensorioneural profunda bilateral Audiograma Tonal Surdez sensorioneural profunda bilateral
Grau de surdez Perda em dB = perda auditiva em dB a 500 + 1000 + 2000 + 4000 Hz / 4 (Bureau International the Audiophonologie - BIAP Jan/98)
Grau de surdez Audição normal: perda auditiva inferior a 20 dBs . Surdez Ligeira (entre 21dB e 40 dB) . Surdez Média (entre 41 dB e 70 dB) . Surdez Severa (entre 71 dB e 90 dB) . Surdez Profunda (entre 91 dB a 119 dB) . Cofose (perda média igual ou superior a 120 dB)
Surdez - Causas mais frequentes 1) Congénita . Hereditária: sindrómica / não sindrómica . Infecção na gravidez: rubéola / toxoplasmose / viral . Problema no parto . Outros 2) Adquirida . Infecção: meningite, otite média . Traumatismo craneano . Sarampo / papeira . Ototóxicos . Ruído
ou Surdez Sensorioneural (grau ligeiro a médio) Surdez Condução ou Surdez Sensorioneural (grau ligeiro a médio) . Língua Portuguesa . Resolução clínica do problema (s. condução) Não Implica: grande mudança do tecido familiar . Apoio escolar especializado e/ou medidas adaptativas . Terapia da fala . Em alguns casos aconselha-se LGP
(severo a profundo bilateral) Surdez Sensorioneural (severo a profundo bilateral) Implica – MUDANÇA de vida familiar . Aceitação da surdez e Identidade . Adaptação e aprendizagem de uma nova língua . Mudança familiar: de vida, pensamento e atitude perante os outros familiares e amigos Mudança tecido social . Mudança de escola: Modelos surdos, Formadores LGP, Intérpretes . Convívio c/ grupos “diferentes”: modelo de identificação, movimento Associativo, ...
Surdez Precoce: Diagnóstico Habilitação e desenvolvimento precoce: - Comunicação - Língua (LGP) - Estimulação (auditiva; modelo educativo- família / escola; regras) - Escolaridade - Convívio c/ outros surdos (modelos) - Família: habilitação familiar e trabalho com a família
Ajudas Técnicas (alguns exemplos) Ajuda técnica individual: prótese digital, implante coclear, aparelho FM No domicílio, na escola Serviços Públicos: fax ou tlm sms, avisos escritos, sinalética, interpretação (...) Computador - Internet Telemóvel: msg; 3ª geração (3G) Televisão: interpretação LGP, legendagem, Digital Câmara video, DVD (...)
Ajuda técnica domicílio
Cada criança, jovem ou adulto surdo é um ser único
Surdez: Problema Comunicativo
(oral / gestual) Provoca: Ausência de comunicação precoce . Isolamento, dor, sofrimento, agressividade . Barreira linguística e incorrecto modelo linguístico . Alterações comportamento . Grave probl psicológico, problema do foro mental- psiquiátrico- social e escolar . Doença . Morte
Presente desde período embrionário Comunicação Presente desde período embrionário
Do som à palavra (1) Vínculo/ Relação: Mãe, Pai Filho Fase embrionária: Acalma-se c/ voz conhecida: materna / paterna c/ música suave e relaxante
Do som à palavra (2) Quando bébé nasce reconhece: 1) voz materna 2) voz feminina 3) voz paterna 4) língua materna
Comunicação não verbal É a base sobre a qual a linguagem vai ser construída
Linguagem Condição central para a estruturação do funcionamento psíquico da criança
Comunicação . Comunicação receptiva . Comunicação expressiva
Comunicação da criança surda (Recepção) Visão Audição (resídios auditivos; ajudas técnicas...) Escrita . Colocação . Distância . Iluminação . Ruído ambiente
Criança ouvinte Criança surda 1 Balbúcio 1 Balbúcio 2 Lalação 2 Lalação 3 Vocalização 3 Vocalização 4 Gesto: próprio; familiar 4 Gesto: próprio; familiar 5 Língua Portuguesa 5 Língua Gestual Portuguesa Oral e Escrita Escrita e Oral
Criança Surda . Modalidade Gestual . Modalidade Oral
. Língua “natural” (filhos de pais ouvintes) Criança surda Língua Gestual - Língua de identificação . Língua “natural” (filhos de pais ouvintes) . Língua materna (filhos pais surdos)
A criança surda (Aos 6,10 e 12 meses de idade) Filha pais Surdos Filha Pais ouvintes * Produzem - 2 tipos de movimentos c/ mãos - *1 tipo de movimento c/ mãos Inv. Laura Petitto, Canadá
Ensino de LGP a crianças ouvintes Língua gestual Ensino de LGP a crianças ouvintes Melhoria competência linguística (oral) * Estudos científicos EUA, Reino Unido e Portugal
Educação multidisciplinar Família: Pais, irmãos, outros Escola: . Educador creche, Jardim de Infância . Educador Ensino Especial, de Apoio . Outros Técnicos: Formador de LGP, Terapeuta da fala, Psicólogo,Terapeuta ocupacional Associação: Modelos surdos, referência cultural
Aprendizagem / evolução na língua Modelos Ouvintes e Modelos Surdos (identificação e língua) . Estimulação 1: “banho” de língua- gestual; oral . Ensino curricular da língua: gestual; escrita e oral . Importância da Família – amor, comunicação e partilha: Aceitação e identidade - pais, irmãos, avós, tios, primos, amigos, visitas da família, vizinhos ... . Comunidade surda: identidade, partilha cultural, modelos: correctos e menos correctos . Estimulação 2: Livros, jornais, cinema, rádio, tv, música, software, internet, telemóvel, fax... . Estimulação 3: Brincar, Férias, passeios, compras, ...
Pais de criança surda . Aceitação surdez . Identidade . Regras e comunicação . Estimulação linguística (bilingue) . Promover o Brincar
Aceitação Criança surda - Sentir-se amada - Alta auto estima - Confiante nas suas capacidades - Pais equilibrados - Boa comunicação em família
. Recepção e expressão da língua Identidade Tudo é visual: . Recepção e expressão da língua . Sentimentos e emoções
Fundamental no desenvolvimento Brincar Fundamental no desenvolvimento afectivo, cognitivo, imaginário e linguístico da criança
Preferencialmente na comunicação que ambas entendam A Criança Surda -Brinca . C/ Crianças ouvintes . Crianças surdas Preferencialmente na comunicação que ambas entendam
Variedade de recursos linguísticos usados: Olhar Como brinca a criança surda Variedade de recursos linguísticos usados: Olhar - Expressão facial e corporal – Mímica – Gestos familiares – Sons – Palavras soltas – Língua Gestual Portuguesa - Língua Portuguesa
– Língua Gestual Portuguesa Como brinca a criança surda Variadas formas de uso simultâneo das mãos: Brinquedo - Gestos – Expressão corporal – Língua Gestual Portuguesa
Através de LGP: Apresenta capacidades Como brinca a criança surda Através de LGP: Apresenta capacidades e recursos imaginativos diversificados Fundamental Relação entre cognição e linguagem
Profissional Conhecimento e reciclagam em Língua Gestual (LGP) Trabalho em Equipe: família, colegas (...) Encarar profissão não como emprego mas como Serviço
Sociedade Civil Ouvintes e surdos O que nos compete fazer? - Mudança de atitude - Restabelecer nossos laços familiares Partilha de línguas e culturas Criar novos projectos - Sermos solidários e socialmente intervenientes
Se oiço, esqueço Se vejo, lembro Se faço, compreendo Provérbio Chinês
Isabel Galhardo T: 91 943 84 19 isabelgalhardo@netcabo.pt