Análise e criação: flo menezes do métier à invenção
17 Criar bem em composição, ou simplesmente compor bem, implica basicamente ser possuidor de três coisas, mensuráveis científicamente: talento musical: saber entoar um trítono em menos de 1 capacidade de invenção: saber evocar a sensação do Novo neurose compulsiva (Zwangsneurose, na terminologia freudiana): lavar as mãos mais de 10 vezes ao dia e trabalhar obstinadamente métier = responsabilidade = responder pelo Velho e pelo Novo: disciplina = saber reler o Velho pelo Novo, respeitar o Novo no Velho, desconfiar do Velho no Novo retrabalhar o já trabalhado, desconfiar do já atingido, desafiar o próprio cansaço domínio técnico-musical, destreza de escritura
17 talento musical: saber entoar um trítono em menos de 1 capacidade de invenção: saber evocar a sensação do Novo neurose compulsiva (Zwangsneurose, na terminologia freudiana): lavar as mãos mais de 10 vezes ao dia e trabalhar obstinadamente métier = responsabilidade = responder pelo Velho e pelo Novo: disciplina = saber reler o Velho pelo Novo, respeitar o Novo no Velho, desconfiar do Velho no Novo retrabalhar o já trabalhado, desconfiar do já atingido, desafiar o próprio cansaço domínio técnico-musical, destreza de escritura É possível, então, ensinar composição????? Se sim, em que medida??? talento, ou se tem, ou não se tem! neurótico, ou se é, ou não se é! ??????
A capacidade de invenção também não se ensina, mas a responsabilidade diante da História com H maiúsculo, diretamente implicada pelo intuito que norteia a invenção, esta, pode-se ensinar através da... ANÁLISE
17 Analyse was das Fundament von Weberns Unterricht: Formanalyse und Kompositionsunterricht gingen bei ihm Hand in Hand Neil Boynton in: Anton WEBERN, Über musikalische Formen, Schott / Paul Sacher Stiftung, Mainz, 2002, p. 23 Ich denke an Formanalysen (als Kompositionsunterricht) und möchte auch Werke von Dir analysieren... Anton Webern em carta a A. Schönberg do outuno europeu de 1928, in: A. WEBERN, idem, p. 43 (itálicos de Webern; grifos de Menezes)
17 Mon auditeur aura la possibilité dentendre la musique différemment: dune façon sil arrive à repérer les références, dune autre façon sil ne les connaît pas Luciano Berio apud Ivanka STOÏANOVA, Luciano Berio – Chemins en Musique, La Revue Musicale 375-7, Éditions Richard-Masse, Paris, 1985, p. 17 Primeiro eu acho, depois eu procuro Pablo Picasso apud Amnesia Flo Menezensis annum 47, despágina π, ca. -10 anos-luz/sombra
duas linhas-de-força da análise musical: detecçãoespeculação = constatatória = ela mesma inventiva passiva ativa ouve-se lá o que lá há para se ouvir ouve-se lá o que a partir de lá pode-se ouvir
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processo direcional alargamento do registro
17 talento musicalcapacidade de invenção neurose compulsiva Conclusões: a atividade analítica (não a análise propriamente dita) assume as seguintes funções quanto às três condições sine quae non da composição: função de teste (exercício auditivo) função de cura (psicanálise) função reflexiva (ampliação do conhecimento) = função a ser assumida pelo professor de percepção, não de composição! = função a ser assumida pelo psicanalista, que provavelmente acabará com um potencial compositor! = esta sim a função a ser assumida, com gozo pleno, pelo professor de composição!!!
... pois como dizia Freud... Nur die Neuheit kann die Bedingung des Genusses sein (ainda que se reportando às especulações sexuais infantis) Apenas a Novidade pode constituir a condição do prazer
16 Exemplos sonoros: Beethoven: Transfigurações Diabelli Stravinsky: Le Sacre du Printemps Beethoven: Sonata op. 31, n. 3 Arrivederci, amici neurotici!