Marx e a Globalização Giovanni Alves. Dimensões da Globalização: o capital e suas contradições.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
BEM-VINDO À DISCIPLINA
Advertisements

Para abrir as ciências sociais:
Liberalismo, Neoliberalismo e Globalização
Empreendimentos Internacionais - V
Características e Especificidades do Modo de Produção Capitalista
MARXISMO UNIJUI- UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO
Guerra Fria Geografia.
Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista
MODOS DE PRODUÇÃO.
EXPANSIONISMO MARÍTIMO
Aulão de Revisão Geografia – 7ª série. Regionalização Regionalizar consiste em identificar áreas do planeta que possuam características comuns. Divisão.
3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PESQUISA,CONHECIMENTO, GLOBALIZAÇÃO
GF 115: Economia do Desenvolvimento Prof. Rui Albuquerque
Nova Ordem Mundial Quais são as modificações ocorridas no cenário mundial com a Nova Ordem imposta no final do século XX ? br.geocities.com.
EXPANSIONISMO MARÍTIMO
Tópicos Avançados II Elizabete Nunes
Geografia Politica.
UNIVERSIDAD DEL SALVADOR
A Economia Política de Karl Marx
A NOVA ORDEM MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO – FENÓMENO COMPLEXO
A Revolução Técnico-Científico-Informacional e a Globalização
Dimensões da Globalização
GLOBALIZAÇÃO: Interligação Interdependência - Atual
GLOBALIZAÇÃO & BLOCOS ECONÔMICOS.
Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista
Weber e a globalização como racionalização do mundo
Liberalismo, Neoliberalismo e Globalização
Turismo e desenvolvimento local: reflexões sobre o caso brasileiro
MUNDO DO TRABALHO.
PROFESSOR LEONAM JUNIOR CAPÍTULO 1 - GLOBALIZAÇÃO E AVANÇO TECNOLÓGICO
GEOGRAFIA E GEOPOLÍTICA
A economia Global.
A Nova Ordem Mundial Ordem ou Desordem?.
O Capitalismo e a construção do espaço geográfico
Introdução à Questão Social
Cada etapa da evolução percorrida, pela burguesia era acompanhada de um progresso político correspondente. Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação.
Capítulo 16 – Processo de desenvolvimento do capitalismo
“ ” Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. (Gandhi)
DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL Clarice Castro Tutela de bens imateriais, de natureza intelectual e de conteúdo criativo, assim como suas atividades.
Aula de Sociologia – Karl Marx
Apresentação do Livro da Maria Lúcia Barroco
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E SUSTENTÁVEL
ANÁLISE DA TEORIA SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
Regionalização mundial segundo o nível de desenvolvimento
FUNDAMENTOS DA GLOBALIZAÇÃO
“ ” Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. (Gandhi)
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
IDEOLOGIA.
Blocos Econômicos Década de 40 – pós – guerra .
Retomando....
ECONOMIA INTERNACIONAL E COMERCIO EXTERIOR
Origens e bases do mundo global.
CAP 20 – As teorias socialistas e o marxismo
FUNDAMENTOS DA GLOBALIZAÇÃO
O que é política? Permeia todas as as atividades humanas ao longo do tempo. Permeia todas as as atividades humanas ao longo do tempo. Ciência do governo.
A tirania da informação e do dinheiro e o atual sistema ideológico
A Globalização Economia Global.
Oficina – Cine Geo / redes de capitalismo
Globalização Um fenômeno social que ocorre em escala global. Consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes.
A ECONOMIA GLOBALIZADA
Globalização e Gestão com Pessoas
Karl Marx e o materialismo histórico
Karl Marx.
BOM DIA.
UNIP Prof. Fauzi Timaco Jorge 1/15 Ambiente Econômico Global BARBOSA, A. F. O Mundo Globalizado. São Paulo: Ed. Contexto, Aula 1 Diferentes Conceitos.
MAPA MUNDI. A HISTÓRIA DA GEOGRAFIA NO TERMO MAIS REMOTO A GEOGRAFIA “NASCEU” ENTRE OS GREGOS JUNTO COM A FILOSOFIA E A HISTÓRIA. NO TERMO MAIS REMOTO.
1 INTRODUÇÃO ÀS RELAÇÕES INTERNACIONAIS - RI (a) Conceituação, Histórico, Sistema de Estados, Política Interna e Externa, Bipolaridade e Multipolaridade,
A Globalização Globalização: fenómeno que traduz uma
A BASE ECONÔMICA DA SOCIEDADE
Transcrição da apresentação:

Marx e a Globalização Giovanni Alves. Dimensões da Globalização: o capital e suas contradições

Marx e a globalização Conforme Ianni, a globalização pode ser compreendida como uma nova condição e possibilidade de reprodução do capita surgida sobretudo após a II Guerra Mundial, quando passaram a predominar os movimentos e as formas de reprodução do capital em escala internacionais (161) Verifica-se uma metamorfose quantitativa e qualitativa no capital: ele adquire novas condições e possibilidades de reprodução (162)

Marx e a globalização A partir de Marx, Ianni buscou interpretar diferentes aspectos da globalização: a) empresas transnacionais; b) crise do Estado-Nação; c) fábrica global; d) shopping center global; f) penetração do capital nas economias socialistas; g) internacionalização da questão social (162) Para Marx, o capitalismo é um processo civilizatório mundial, de amplas proporções, complexo e contraditório, mais ou menos inexorável, avassalador, simultaneamente social, econômico, político e cultural, que ultrapassa fronteiras geográficas, históricas, culturais e sociais. É um todo complexo desigual, contraditório e dinâmico, expandindo-se, entrando em crise e retomando sua expansão com frequência inexorável. (Ianni apud Alves, 163)

Marx e a globalização Marx e Engels: “... Através da exploração do mercado mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países ... As antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser destruídas a cada dia. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão de vida ou morte para todas as nações civilizadas... Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela produção nacional, surgem necessidades novas, que para serem satisfeitas exigem os produtos das terras e dos climas mais distantes. Em lugar da antiga auto-suficiência e do antigo isolamento local e nacional, desenvolve-se em todas as direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações.” (in Alves, 164)

Marx e a globalização O capitalismo invade, pois, todo o globo, criando as bases de um “novo mundo”, influenciando, destruindo ou recriando outras formas sociais de trabalho, de cultura e de civilização (164) O capital se socializa ao expandir-se, realizando um “controle sócio-metabólico ampliado”, caracterizado pela “expansividade intensiva e extensiva” e pela “incontrolabilidade” (Mészáros apud Alves, 165)

Marx e a globalização Há uma dinamização das forças produtivas no processo expansionista do capital, a reforçar e redimensionar os “processos de concentração do capital” (contínua reinversão dos ganhos no mesmo ou em outros empreendimentos) e os “processos de centralização do capital” (contínua absorção de outros capitais) [Alves, 165] À medida em que se liberam e agilizam as forças produtivas com as relações de produção, intensifica-se e generaliza-se a reprodução ampliada do capital: “...o crescimento, a acumulação e a concentração do capital trazem consigo uma cada vez maior renovação das velhas máquinas e uma constante aplicação de novas máquinas: processo que segue ininterruptamente, com uma velocidade febril e em escala cada vez mais gigantesca” (Marx in Alves, 166)

Marx e a globalização Dos séculos XVI ao XX há um prenúncio do que ocorrerá no XXI: multiplicam-se as empresas, as corporações, os conglomerados – monopólios, trustes, cartéis, multinacionais e transnacionais. O mercantilismo, pois, além de ajudar a difundir o modelo de Estado-nação, quebrou fronteiras de tribos, clãs, povos, nacionalidades, culturas e civilizações, criou nações e colônias, metrópoles e impérios, geoeconomias e geopolíticas, ocidentes e orientes (Ianni apud Alves,167)

Marx e a globalização “A dinâmica da reprodução ampliada do capital, envolvendo concentração e centralização, produz e reproduz o desenvolvimento desigual e combinado, em escala nacional, regional e mundial” (Alves, 168) O capitalismo se reinventa, provocando reiteradamente algo que se assemelha à acumulação originária, provocando, repetitivamente, o divórcio entre a força de trabalho e as condições de trabalho (a propriedade dos meios de produção (168, 169)

Marx e a globalização “Se o processo produtivo torna-se esfera de aplicação da ciência, então... A ciência torna-se um fator, uma função do processo produtivo (...) Os homens de ciência, na medida em que as ciências são utilizadas pelo capital como meio de enriquecimento e, portanto, convertem-se elas mesmas em meios de enriquecimento, inclusive para os homens que se ocupam do desenvolvimento da ciência, competem entre si nos intentos de encontrar uma aplicação prática da ciência.” (Marx apud Alves, 170) Na era global, as metamorfoses da ciência em técnica e de técnica em força produtiva adquirem ritmos crescentes, impondo surtos de potenciação da força produtiva do trabalho em todos os setores da economia, nacional, regional e mundial, permitindo intensificar a reprodução do

Marx e a globalização capital e a concentração e centralização do capital. Tais metamorfoses são originadas, no mais das vezes, por corporações transnacionais (muitas vezes apoiadas por governos nacionais e organizações multilaterais). Sendo assim, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, na era global, não tem por fim a diminuição das desigualdades sociais, econômicas, políticas ou culturais (171) “Todos os nossos inventos e progressos parecem dotar de vida intelectual as forças materiais, enquanto reduzem a vida humana ao nível de uma força bruta.” (Marx apud Alves, 171)

Marx e a globalização O capital determina as direções e os ritmos da reprodução ampliada, desenvolvendo-se, desdobrando-se, articulando-se em distintas formas de organização do trabalho e da produção; adquirindo configurações singulares, particulares e gerais, reciprocamente referidas e determinadas, mas cada vez mais sob a influência do capital em geral, abstrato e real [o capital financeiro] (Ianni apud Alves, 172) A globalização como mundialização do capital pode ser vista como produto e condição do capital em geral (agora, o financeiro), ou seja, o capital financeiro se generalizou, hegemonizando-se nos quatro cantos do mundo (172)

Marx e a globalização A globalização cria formas de sociabilidades inovadoras e libertadoras mas, por outro lado, intensifica as limitações e até mutilações que atingem indivíduos e coletividades, nações e nacionalidades. Produzem-se novas formas de consciência, mas, também, novas formas de alienação. (173)