Dimensões da Globalização Os sociólogos usam o termo globalização para referirem-se àqueles processos que estão intensificando as relações e a interdependência sociais globais. É um fenômeno social com vastas implicações e não pode ser entendido simplesmente como o desenvolvimento de redes mundiais (sistemas sociais e econômicos que estão distantes de nossas preocupações individuais), mas também como um fenômeno local (um fenômeno que afeta a todos nós no nosso dia a dia). A globalização significa que cada vez mais estamos vivendo “num mundo único”, em que os indivíduos, os grupos e as nações tornaram-se mais interdependentes. A globalização é muitas vezes retratada apenas como um fenômeno econômico. Mas embora as forças econômicos sejam uma parte integrante da globalização, seria errado sugerir que elas sozinhas a produzam. A globalização é criada pela convergência de fatores políticos, sociais, culturais e econômicos.

Por mais que a globalização esteja associada a mudanças dentro de grandes sistemas, a globalização é um fenômeno que está afetando nossa vida íntima e pessoal de diversas maneiras. Inevitavelmente, nossas vidas pessoais têm sido alteradas à medida que as forças globalizantes penetram dentro de nossos contextos locais, em nossas casas, em nossas comunidades, através de fontes impessoais (tais como a mídia, a internet e a cultura popular) e também do contato pessoal com indivíduos de outros países e culturas. Como as sociedades nas quais vivemos passa por profundas transformações, as instituições estabelecidas que outrora a sustentavam perderam seu lugar. Isso está forçando uma redefinição de aspectos íntimos e pessoais e nossas vidas, tais como a família, os papéis de gênero, a sexualidade, a identidade pessoal, as nossas interações com outros e nossas relações com o trabalho. O modo como pensamos nós mesmos e nossas ligações com outras pessoas está sendo profundamente alterado pela globalização. Os indivíduos têm muito mais oportunidade de moldar suas próprias vidas do que antes.

A globalização desencadeou profundas transformações no mundo do trabalho. Novos padrões de comércio internacional e a mudança para uma economia de informação tiveram um significativo impacto sobre os antigos padrões de emprego. Muitas indústrias tradicionais tornaram-se obsoletas pelos novos avanços tecnológicos ou pela perda de sua parcela do mercado para os concorrentes do exterior, cujos custos de trabalho são mais baixos que nos países industrializados. Antigamente a vida de trabalho das pessoas era dominada pelo emprego garantido por apenas um empregador ao longo de muitas décadas (emprego pra vida inteira). Hoje, um número mais de indivíduos traça sua própria carreira, perseguindo metas individuais exercendo a escolha para sua realização.. Muitas vezes isso envolve trocar de emprego várias vezes durante a carreira, constituindo novas capacidades e habilidades e transferindo-as aos diversos contextos de trabalho. Os modelos tradicionais de trabalho em tempo integral estão se transformando em formas mais flexíveis: trabalho em casa auxiliado por tecnologia de informação, trabalho por equipe, projetos de consultoria de curta duração, horário flexível de trabalho.

Os impactos culturais da globalização receberam muita atenção Os impactos culturais da globalização receberam muita atenção. As imagens, as idéias, nos bens e os estilos disseminam-se hoje com muito mais rapidez pelo mundo do que anteriormente. O comércio, as novas tecnologias de informação,a mídia internacional e a migração global contribuíram com o livre fluxo da cultura através das fronteiras nacionais. Alguns se preocupam com o fato de que a globalização esteja conduzindo à criação de uma “cultura global” em que os valores de maior poder e riqueza (como filmes produzidos em Hollywood) tenham um efeito devastador sobre a força dos costumes locais e da tradição. De acordo com essa visão, a globalização é uma forma de “imperialismo cultural” em que os valores, os estilos e as visões do mundo ocidental são difundidos de modo tão agressivo que sufocam culturas nacionais particulares. Outras, em contrapartida, relacionam os processos de globalização a uma diferenciação crescente nas tradições e formas culturais. A sociedade global, argumentam, caracteriza-se hoje por uma homogeneidade cultural do que por uma enorme diversidade de culturas que existem lado a lado. Não uma cultura global unificada, mas a fragmentação de formas culturais.