CAP 14 – A IMPORTÂNCIA DA CULTURA

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Transcrição da apresentação:

CAP 14 – A IMPORTÂNCIA DA CULTURA

1. Cultura Humana A organização em grupos e o desenvolvimento da cultura foram alguns dos fatores que favoreceram a imposição de indivíduos ou grupos uns sobre os outros. Ciro, o Grande. Rei Persa.

Ao se observar a vida cotidiana, identificam-se diversos comportamentos padronizados e regulados não apenas pela vontade, desejo ou crença individual, mas também por hábitos e costumes estabelecidos socialmente. A educação ou socialização é o processo que adapta o indivíduo a essas expectativas, transformando-o em membro de um grupo. Os estímulos externos e as respostas internas são os elementos formadores do indivíduo.

O conjunto de regras e princípios que guia os seres humanos e os faz agir de modo semelhante e compatível, capazes de entender as intenções e expectativas uns dos outros, tanto na vida familiar quanto no trabalho, chama-se cultura. A cultura é elaborada numa relação dupla na qual aquele que sofre suas influências ajuda a produzir novas relações.

2. Os sentidos da palavra cultura Veio do latim e designava ao mesmo tempo cerimônia religiosa de homenagem a uma divindade e cultivo da terra. Foi durante a Ilustração, na Europa, entre os séculos XVII e XVIII, que a palavra começou a significar “o cultivo abstrato de ideias”.

Assim o termo “cultura” popularizou-se como o conjunto de princípios, conhecimentos e saberes que os homens são capazes de acumular. Entre os séculos XVII e XIX, a burguesia ascendeu como classe social, e surgiu a maior parte das nações modernas na Europa. Unificação de ideias e sentimentos em relação ao território que então se tornava comum às pessoas que nele viviam (nacionalismo).

Cultura, desse modo, veio a designar um conjunto de tradições e hábitos para os quais os homens de uma nação se voltavam e com os quais se identificavam.

3. O conceito de civilização. Para Norbert Elias, civilização diz respeito a um conjunto quase ilimitado de atitudes e comportamentos que vão de aspectos superficiais a disposições mais profundas que envolvem o gosto estético, a ética, os sentimentos e a auto imagem. Está relacionado à posição social elevada.

4. O conceito científico de cultura na antropologia Foi na antropologia que o conceito de cultura adquiriu cientificidade, tendo se tornado ferramenta essencial para o estudo das sociedades não europeias.

A cultura para Edward Tylor e Franz Boas O primeiro autor a formular um conceito de cultura foi Edward Burnett Tylor, que a definiu como o conjunto composto de conhecimento, crenças, arte, moral, costumes e direito, adquirido pelos homens na vida em sociedade. Racionalista e evolucionista.

Através da aplicação da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin analisou diferentes sociedades e culturas, procurando mostrar que todas elas têm um passado comum e um processo histórico progressivo e necessário, que as leva de um estágio selvagem ao caminho da civilização. Tylor classificou essas culturas como primitivas ou avançadas.

Foi muito importante para o desenvolvimento das ciências sociais e da antropologia em particular, a concepção de Tylor de cultura como um conjunto de traços comportamentais e psicológicos adquiridos e não herdados biologicamente. Franz Boas acrescentou importantes elementos ao conceito de cultura e às teorias que explicavam as diferenças culturais.

Ele recusou o evolucionismo e lançou as bases da antropologia moderna ao pensar cada sociedade como um sistema integrado, resultante de um processo histórico peculiar. Ao contrário de Tylor, Boas se recusou a comparar culturas diferentes como parte de um mesmo processo histórico. Desenvolveu o método indutivo na pesquisa de campo, que consiste na análise pormenorizada e individualizada de cada sociedade.

5. As contribuições da teoria funcionalista: Malinowski e Radcliffe-Brown No início do séc. XX, surgiu uma escola antropológica que sucedeu ao evolucionismo: o funcionalismo (críticas ao eurocentrismo e etnocentrismo). Cada sociedade deve ser estudada como uma totalidade integrada e constituída de partes interdependentes e complementares, cuja função é satisfazer necessidades essenciais de seus integrantes.

Malinowski, principal sistematizador do funcionalismo, definiu o conceito de função como a resposta da cultura às necessidades básicas do homem, como alimentação, defesa e habitação. Se a sociedade estudada aparece ao pesquisador como desordenada, isso se deve somente ao seu desconhecimento em relação a ela, que será superado somente após um longo processo de investigação em que o antropólogo deixará seu gabinete de trabalho para conviver com o grupo estudado.

É a chamada observação participante. O investigador, inserido na cultura, desvenda seus significados. Malinowski foi o primeiro a organizar e a sintetizar uma visão integrada e totalizante do modo de vida de um povo não europeu. Conseguiu reconstituir os principais aspectos da vida trobliandesa.

A tarefa do antropólogo se inicia com a observação de cada detalhe da vida social tentando descobrir seus significados e inter-relações. A etapa seguinte é um esforço de seleção daquilo que é mais importante e significativo para o entendimento da organização do todo integrado. Finalmente, o antropólogo deverá construir uma síntese na qual se revele o quadro das grandes instituições sociais.

Outro funcionalista importante foi o inglês Alfred R Outro funcionalista importante foi o inglês Alfred R. Radcliffe-Brown, que, influenciado pelas teorias e pelo método de Émile Durkheim, procurou adaptá-los ao estudo das sociedades não-europeias. Considerava essas sociedades como totalidades integradas de instituições que têm por função satisfazer necessidades básicas de alimentação, segurança, abrigo e manutenção da vida social.

Podemos dizer que os evolucionistas e os funcionalistas iniciaram o estudo científico da cultura, que passou a ser um objeto privilegiado da pesquisa empírica. Começaram a combater preconceitos e estereótipos. Os antropólogos funcionalistas foram os primeiros a dar as costas à Europa e ao evolucionismo para estudar o mundo não europeu como uma realidade de igual qualidade e capaz de ser entendida em si mesma.

Apesar disso, foram acusados de conivência com a política colonial europeia e com as elites brancas, que se estabeleceram em países africanos e asiáticos colonizados. Nessa atitude de contemporização, deixaram de enfocar em seus estudos os abusos praticados pelas metrópoles em suas colônias e o desrespeito à diversidade étnica e cultural dos povos colonizados.

6. Padrões culturais, cooperação, competição e diversidade. Considerado por uns como funcionalista e por outros como culturalista, Ralph Linton se dedicou ao estudo da cultura em sociedades tribais e complexas. Procurando entender o esforço da sociedade em manter a integração de seus membros em torno de determinados princípios de vida coletiva, focou suas pesquisas no conceito de padrão cultural (funcionamento e conservação).