História da tradução.

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Transcrição da apresentação:

História da tradução

tradutografia  relativa às práticas A História da Tradução pode focalizar a prática a teoria ambas (Woodsworth 1999) tradutografia  relativa às práticas tradutologia  relativa às reflexões sobre as práticas (Vega 1994)

o que os tradutores disseram sobre sua prática / ciência História da teoria ou do discurso sobre a tradução o que os tradutores disseram sobre sua prática / ciência como as traduções foram avaliadas em diferentes períodos que tipo de recomendação os tradutores fizeram como a tradução foi ensinada como esses discursos se relacionam com outros discursos do mesmo período (Woodsworth 1999)

em quais circunstâncias em que contexto social, econômico, político História da prática da tradução o que foi traduzido por quem em quais circunstâncias em que contexto social, econômico, político História da teoria e da prática integradas como a confiabilidade ou a relevância dos textos sobre tradução pode ser determinadada qual a relação entre a prática tradutória e a reflexão sobre a tradução (Woodsworth 1999)

Início da história das reflexões Quando  46 a.C Onde  Roma (Cícero) Início da história das práticas Quando  vários milênios antes de Cristo Onde  espaços mediterrâneo e mesopotâmico (primeiros contatos internacionais e interlingüísticos de que hoje se tem notícia) Suposição: primazia da tradução oral e utilitária Considerável atividade de tradução poética do sumério para o acádico, no império sumério-acádico (García Yebra 1989)

Início da história das práticas Egito (testemunho de Heródoto) * casta de tradutores: dragomanes Cartago * casta profissional de tradutores (tatuagem de papagaio: habilidades lingüísticas especiais) Testemunhos * Pedra de Rosetta * Tradução da Bíblia (hebraico  grego) (Versão dos Setenta - encarregada por faraó da dinastia dos Ptolomeus)

Início da história das práticas Roma Primeiros testemunhos de uma prática por motivos culturais Lívio Andrónico  tradução da Odisséia Cícero  discurso de Demóstenes e Ésquines * Prevalência da finalidade literária * Texto original como motivo para recriação ou composição própria

Entre a Antigüidade e a Idade Média Oriente Médio Escolas de Nisibis, Damasco, Bagdá Bagdá  importante papel na história cultural do Ocidente Início das atividades 753, até fronteiras do século X Figura central  Hunayn Ibn Isak (+ de 100 obras) (médico, filósofo e filólogo) Foco principal  obras médicas da Antigüidade (Galeno) Maioria dos tradutores -> cristãos Traduções  “liberais” (empréstimos de termos) Ciência e filosofia gregas. Grego para siríaco (Nisibis) e deste para o árabe Criam-se as bases da cultura clássica que retornaria à Europa e ao Ocidente via tradutores de Toledo.

Idade Média Criação das bases literárias das diferentes culturas européias. Diferentes pontos da Europa Tradutores que traduzem às línguas vernáculas os Evangelhos ou as hagiografias latinas Legado da recuperação dos conhecimentos da Antigüidade “A tímida recuperação da Antigüidade, graças à qual a nova Europa vai saindo da época obscurantista das invasões e tendo acesso à civilização é [...] um ato de tradução”. (Vega 1994: 25)

Idade Média Atividades desenvolvidas pelo grupo de tradutores de Toledo Fundação em 1130, à raíz da conquista da cidade pelos cristãos Convivência de “três culturas” nessa cidade espanhola: a cultura árabe, a judia e a cristã. Apogeu da Escola de Toledo em meados do século XIII. Atuação do rei Alfonso el Sabio, que encarrega a tradução da Bíblia, entre outros textos. Caráter “utilitário” (pouca importância para a tradução poética)

Idade Média Traduções para o latim de obras de Avicena, Aristóteles, Hipócrates, Ptolomeu e Galeno Tradução “mediada” - árabe  romance  latim (lg de prestígio) A Escola de Toledo A anterior Bíblia de Alexandria A posterior Bíblia de Lutero Marcos na história da “tradução em equipe”

Renascimento europeu Fatores que (1) têm impacto sobre a tradução (2) devem-se à tradução Invenção da imprensa  impacto sobre a tradução Surgimento das línguas nacionais  em grande medida construído e consolidado pela tradução Papel de transportadora da cultura da Antigüidade se acentua e se amplia pelos vários países Multiplicam-se e variam os textos traduzidos (cf. Hurtado 2001: 107)

Renascimento europeu Processo de formação das línguas e identidades nacionais = recusa da influência da língua-fonte sobre a língua-meta Trazer a LF à LM  verdadeiros anacronismos tradutológicos (tendência que chegaria ao auge na França do século XVII, com as belles infidèlles) Lutero  “liberdades” tomadas na tradução da Bíblia têm importantes contrapartidas religiosas e políticas

Renascimento europeu São Paulo (em latim)  “Consideramos que o homem se salva pela fé sem as obras” Acrescida da palavra alemã allein, na Bíblia de Lutero: “Consideramos que o homem se salva somente pela fé, sem as obras” Questão tradutológica e lingüística de “salvar-se pela fé” ou “salvar-se apenas pela fé”  discórdia dogmática, teológica  marca registrada da Reforma

Renascimento europeu Passagem “toda pessoa se sujeite aos poderes superiores” Traduzida na Bíblia de Lutero como “toda pessoa se sujeite às autoridades que têm poder sobre ela” Sustenta uma concepção hierárquica e absolutista da sociedade Uma passagem de significado geral foi introduzida nas circunstâncias históricas do século XVI, “quando a concepção absolutista do Estado estava se transformando, em parte com ajuda dele [de Lutero], em dogma social” (Vega 1994: 31) “Circular sobre a tradução” (1530)

Renascimento europeu Importante papel da tradução:  consolidação das línguas nacionais  formação cultural dos povos Conseqüência  tradução transformada numa questão política

Renascimento europeu Étiene Dolet como “mártir da tradução”: Humanista formado na Itália, volta à França e se estabelece como impressor em Lyon. Publica livros de autores “suspeitos” aos olhos da ala conservadora da Igreja Católica, seja por suas idéias teológicas, como Erasmo, seja moralmente, como Marot. Contra-Reforma se difundia pela França  Igreja agindo contra os “perigos” do Humanismo. Traduções de Dolet condenadas à fogueira com ele (excessivamente livres).  

Renascimento europeu Tradução praticada regularmente como exercício de formação do poeta. Os escritores passam a se dedicar regularmente à tradução. Também imitam e recriam obras clássicas que constituem o cânone cultural da época. “A tradução adquire status de género literário e de formadora de estilo e de personalidade.” (Vega 1994: 30).

Do Renascimento ao Século XVII Renascimento (Dolet)  ater-se ao funcionamento próprio da língua-meta Momento de fixação da língua vernácula Ameaça:  prestígio da língua latina  traduções que transportavam características do latim à língua vernácula Muitos tradutores defendem e aderem à tradução “adaptativa” (respeito ao funcionamento da língua-meta; tradução do sentido)

Século XVII e belles infidèles Desenvolvimento  belles infidèles (especialmente na França) “... um tipo de tradução que levava o critério libertário ao extremo de adaptar o texto original aos gostos literários da época, modificando não apenas o sentido, mas também o significado do texto original, seus realia, que se modernizavam sem maiores problemas. Tratava-se, para utilizar a posterior terminologia de Schleiermacher, de transportar o autor ao país, ao costume e à língua do receptor” (Vega 1994: 8) Ablancourt  tradução de Luciano (1709)  melhorar o original Paradigma da tradução “libertária” durante os séculos XVII e XVII (França)

Século XVII – Atividade na Inglaterra e Alemanha Inglaterra: atividade frenética  autores da Antigüidade (primeiro plano: traduções de Horácio, Virgílio, Homero) Nobreza inglesa  traduzia ou encomendava traduções De 1600 a 1700  “Século de Ouro” da tradução inglesa (Amos) Dryden -> Eneida, Pérsio, Ovídio, Juvenal, Plutarco, Bocaccio Início da importação de material literário  primeira tradução do Quijote de Cervantes. Traduções de obras de Erasmo, Molière, Calvino. Todo Voltaire (36 volumes). Diana de Montemayor, Lazarillo, Novelas Ejemplares, Orlando furioso. Recusa do literalismo. Alemanha: obras espanholas e italianas  Quevedo, Gracián, Rojas, Montemayor, na primeira metade do século XVII

Século XVIII Racionalismo (suiço Breitinger)  fidelidade Gottsched  caráter formativo da tradução; tradução-cópia (pintor) Tradução cultural  reproduzir o pensamento, conservando figuras, expressões metafóricas e subdivisão de períodos do original Getstenberg (Dinamarca)  tradução historicamente fiel, vislumbrar época, ideologia e gosto do autor Contrate com franceses que continuam na linha da tradução mais liberal, calcada na déia da diferença entre as línguas Alambert (1763)  a diferença de caráter entre as línguas nunca permite traduções literais, portanto o autor fica liberado da fidelidade

Século XVIII - Alemanha Tradutografia  tradução de textos ingleses e espanhóis Impulso antifrancês percorre a intelectualidade alemã. Salvam-se apenas os ilustrados se salvam (Voltaire). Tradução do Paraíso perdido de Milton (1732)  inaugura tradição de culto ao gênio Novo cânone literário do gosto alemão  traduções de Defoe, Pope, Richardson, Swift Principalmente  Shakespeare, invocado em 1773 por Goethe como símbolo da época genial.

Século XVIII - Alemanha Espanhóis se unem a esse novo cânone  Gôngora, o Quixote, Calderón se tornam lugar-comum na estética alemã Na mesma linha popular e antifrancesa, Herder faz uma tradução- adaptação do Cid  O culto dos clássicos não é abandonado, mas passa a ser direto, sem mediação francesa. Voss traduz em hexâmetros a Ilíada (1781) e a Odisséia (1793) de Homero, dando impulso ao classicismo alemão. Escritores alemães (Goethe, Hölderlin, Schlegel...)  tradução de obras clássicas ou modernas.

Século XVIII - Alemanha O século XVIII como o mais fecundo em traduções e reflexões tradutológicas  especialmente o século XVIII alemão Humboldt  traduções de Píndaro e Ésquilo Antítese da visão lingüística racionalista de Leibniz. Cada povo e cada época são marcados por um espírito e uma cosmovisão peculiares, que diferenciam a estrutura de cada língua e dificultam a tarefa da tradução. Questionamento da traduzibilidade. Importância das conotações. “A tradução dos poetas é um dos trabalhos mais importantes de uma literatura [...] para a ampliação da significação e da capacidade de expressão do próprio idioma.”

Transição século XVIII ao XIX Incremento do intercâmbio intercultural. Preocupação histórica acentuada leva à tradução de histórias nacionais. Crescente interesse pela história e aumento do interesse pelas línguas estrangeiras. Anos de passagem para o século XIX especialmente  ampliação paulatina dos idiomas-fonte (incluem-se holandês, dinamarquês, russo, chinês, árabe e mesmo sânscrito). Certo exotismo na mudança para o século XIX  incorporam-se o húngaro, o turco, as línguas bálticas, as nórdicas. Parraud e Schlegel traduzem o Bhagavad-Gita. Traduções do Zend Avesta e do Sakuntala.

Século XIX “No século XIX acontece uma expansão industrial, comercial, científica e técnica e uma internacionalização das relações diplomáticas, técnicas e científicas, com a criação das primeiras organizações internacionais e a realização dos primeiros congresos internacionais, que multiplicam e diversificam os intercâmbios entre línguas. Obviamente, essa situação conduz ao auge da tradução e à multiplicação dos âmbitos nos quais ela é exercida”. (Hurtado 2001: 115) Deslocamento do interesse nas literaturas antigas pelo interesse nas literaturas contemporâneas e nas “exóticas”.

Século XIX Tradutores  retorno ao literalismo e exatidão do sentido.   Reação contra o gosto francês das adaptações livres. Literalismo manifesta-se duplamente:  literalismo lingüístico (baseado no princípio da arcaização)  literalismo como tradução de reconstrução histórica (Mounin 1955): manutenção da cor local e do exotismo das culturas alheias. Lisle  necessidade de abandonar a literalidade lingüística, mas procurar uma reconstrução histórica fidelíssima das obras antigas.

Século XIX Mme. de Staël  critica o gosto francês segundo o qual se procurava dar à tradução a “cor local” da cultura receptora, adaptando-a à língua e à cultura francesas. Defende a importância da tradução como importadora cultural, atribuindo-lhe o poder de presevar a literatura nacional da decadência. Segunda metade do século XIX  tradutologia rarefeita vs. aumento da prática da tradução, ao contrário, principalmente no campo das ciências.

Século XX Revoluções na tradutografia e na tradutologia. Início do século  panorama tradutológico se reanima Poéticas preceptistas cedem lugar a um novo pensamento hermenêutico, afim com as passadas reflexões de Herder e Humboldt, no sentido de ancorar-se numa concepção filosófica da linguagem. Idéia de uma tradução que transcende a função comunicativa primária e se caracteriza como viagem, ida ao alheio, encontro, projeção à linguagem universal, que está na mente divina. Benjamim e Ortega como expressões paradigmáticas.

Século XX Benjamim  tradutor de Baudelaire Defesa da literalidade na tradução (inclusive sintaxe estrangeira) Diferentes línguas são como fragmentos de uma língua única ideal, que vai sendo reconstruída no encontro das diferentes línguas (tradução)  “[...] a significação da fidelidade, garantida pela tradução literal, expressa através da obra o desejo veemente de completar a linguagem. A verdadeira tradução é transparente, não cobre o original, não lhe faz sombra, em vez disso deixa cair sobre ele, em toda sua plenitude, a linguagem pura [...] Isso pode ser conseguido principalmente pela fidelidade na transposição da sintaxe, e é ela precisamente que aponta para a palavra, e não a frase, como elemento primordial do tradutor.”

Século XX Ortega y Gasset  serviço histórico da tradução: transportar o leitor a um modo de pensar estrangeiro Impossível transmutar a obra escrita em um idioma a outro idioma. É preciso arrancar o leitor de seus hábitos lingüísticos e obrigá-lo a mover-se dentro do mundo do autor. Esse tipo de tradução não é bela. A finalidade da tradução não é estética, mas de de conhecimento e educação. A ciência é sempre feia. “[...] o público de um país não precisa de uma tradução feita no estilo de sua própria língua. Para isso já conta com a produção dos autores nativos. O que lhe é útil é o inverso: que levando ao extremo do inteligível as possibilidades de sua língua, transpareçam nela os modos de expressão próprios do autor traduzido.”

Século XX Rússia de pouco depois do triunfo da Revolução  Gorki colocado à cabeça de um órgão federal para o fomento da tradução e de sua qualidade (recuperação de obras clássicas). Vocação pragmática da cultura soviética e esse episódio abrem as portas para uma tradutologia que incorpora problemas relativos à tradução de textos técnicos e científicos. Linha lingüística que considera a problemática dos textos técnicos e da tradução mecânica  preocupação com a precisão terminológica e a inteligibilidade absoluta dos conteúdos. Vai surgindo a terminologia (vienense Wüster considerado criador da disciplina), que coloca as bases para a normalização dos textos científicos.

Século XX Auge dos avanços tecnológicos  século XX como era da tradução. Aumento das relações internacionais. Criação de organizações governamentais e não governamentais. (Interpretação simultânea...) = Incremento da necessidade de tradução e interpretação Surgimento do cinema e da televisão  aparecem novas modalidades de tradução. (Dublagem, legendagem) Tradução especializada atinge seu auge (científica, técnica, jurídica e administrativa) Primeiras organizações profissionais. Primeiros cursos de formação de tradutores e intérpretes. Culminação após Segunda Guerra mundial

Século XX Desenvolvimento da tradutologia no século XX  publicação de vários repertórios bibliográficos, estudos terminológicos, dicionários e enciclopédias dos Estudos de Tradução, histórias restritas ou gerais da tradução, periódicos especializados em todo o mundo, coleções especializadas em editoras, tratados sobre a disciplina. Tradutografia  nova revolução em curso. Surgimento de novas mídias e novas tecnologias de comunicação (DVD, Internet...)  mudanças nas modalidades e ferramentas de trabalho do tradutor, no ensino de tradução (localização, memórias de tradução, uso da Internet como ferramenta, uso de corpus eletrônicos como suporte são, talvez, as principais novidades). (Maior profissionalização e prestígio para o tradutor? )

Bibliografia sobre História da Tradução Dados apresentados aqui VEGA, Miguel Ángel (1994) Textos clásicos de teoría de la traducción. Madrid: Cátedra. HURTADO ALBIR, Amparo (2001) “Evolución de la reflexión sobre la traducción”. In: Traducción y traductología. Madrid: Cátedra. p. 99-132. Sobre História da Tradução (métodos, início dos estudos...)  WOODSWORTH, Judith (1998) “History of Translation” In Baker, Mona (ed.) Encyclopedia of Translation Studies. London / New York: Routledge. p. 100-105.  

Bibliografia sobre História da Tradução Sobre prática da tradução - FIT + para além da Europa DELISLE, Jean & WOODSWORTH, Judith (1998 [1995]) Os tradutores na História. trad. Sérgio Bath. São Paulo: Ática. BAKER, Mona (ed.) (1998) “Part II – History and Traditions”. In: Encyclopedia of Translation Studies. London / New York: Routledge. p.295-582. [p. 290 – 45%]

Bibliografia sobre História da Tradução História da tradução no Brasil BARBOSA, Heloisa Gonçalves; WYLER, Lia (1998) “Brazilian tradition”. In: Encyclopedia of Translation Studies. London / New York: Routledge. p.326-332. WYLER, Lia (2003) Línguas, poetas, bacharéis. Rio de Janeiro: Roco. Pensamento sobre a tradução, com dados sobre Haroldo e Augusto de Campos MILTON, John. Tradução: teoria e prática. São Paulo: Martins Fontes.

Por que escrever a(s) História(s) da Tradução? Perspectiva histórica pode contribuir para:  melhorar a imagem do tradutor e da tradução aos olhos de outros membros da sociedade,  legitimar os estudos de tradução como nova disciplina (Lambert 1993)  favorecer uma maior tolerância com respeito às diferentes abordagens da tradução, contribuindo para a unidade da disciplina (D’hust 1994).

FIM