Introdução Estudos sobre o perfil nutricional de escolares sinalizam processos gerados nos diferentes territórios por determinantes econômicos e sociais.

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Transcrição da apresentação:

Introdução Estudos sobre o perfil nutricional de escolares sinalizam processos gerados nos diferentes territórios por determinantes econômicos e sociais e auxiliam na avaliação do impacto de políticas públicas. O presente estudo constitui parte de um projeto sobre a avaliação do estado nutricional de escolares matriculados na rede pública estadual do Paraná, uma parceria entre o Departamento de Nutrição- UFPR e a Secretaria de Estado da Educação e apoio do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sul. Objetivos Identificar os municípios do Paraná com as escolas que apresentaram as maiores prevalências de má nutrição, apontando as mesorregiões em situação de maior vulnerabilidade. Material e métodos A amostra por conveniência incluiu escolares de 10 a 18 anos, matriculados em 324 escolas de 99 municípios de todas as mesorregiões. Tanto a baixa estatura, o baixo peso como o sobrepeso e a obesidade foram considerados como má nutrição. A baixa estatura foi identificada quando o escore Z do índice altura para idade da referência NCHS/OMS[1], foi < -2Z. Para o diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade foi utilizado o IMC com a classificação adotada pela OMS[2]. As mesorregiões consideradas de maior vulnerabilidade à situação de má nutrição foram aquelas, cujos municípios apresentaram prevalências superiores à média estadual. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Setor de Ciências da Saúde- UFPR.[1][2] Resultados Dos 99 municípios com escolares avaliados, 35 apresentaram prevalências de baixa estatura e sobrepeso superiores à média estadual que foi de 3,7% e 9,8% respectivamente; 33 apresentaram prevalências de baixo peso e obesidade superiores a 7,0 e 3,8%, respectivamente (médias do Estado). A mesorregião Centro-Sul apresentou os municípios com as maiores prevalências de baixa estatura o que pode indicar a existência de má nutrição a ponto de que em muitas situações o ritmo de crescimento infantil possa ser afetado. Tal quadro pode ser associado à condições de vida precárias. Em 2002, a taxa de mortalidade infantil na maioria dos municípios da região Centro-Sul assim como na mesorregião Sudeste, apresentava-se muito acima da média estadual, indicando que situações mais críticas possam estar persistindo nessas áreas do território estadual. Dentre as demais mesorregiões do Estado, a Centro-Sul, juntamente com a Centro-Ocidental e a Sudeste são as que contam com a maior concentração de domicílios de baixa renda. É importante também ressaltar que na mesorregião Centro-Sul encontram-se os dez municípios mais pobres do Estado do Paraná, destacando-se o município de Turvo, que registrou a maior prevalência de baixa estatura (16,4%) entre os escolares avaliados. As maiores prevalências de baixo peso ocorreram nos municípios da região Centro Ocidental, Sudoeste e Norte Central. A região sudeste conforme já mencionado, conta com uma das maiores concentrações de famílias com baixa renda do Estado, sendo uma região menos urbanizada que, segundo dados do IPARDES (2003), apresenta 46% da população no meio rural. A mesorregião Centro Ocidental apresenta todos os seus municípios abaixo da renda média estadual, com 32% das famílias vivendo em situação de pobreza. A concentração de terras é elevada, contando com altos números de trabalhadores rurais assalariados e bóias-frias. Já a mesorregião Norte Central, tem características rurais, porém com práticas agrícolas modernas, de produção intensiva de grãos e de fortalecimento de suas agroindústrias. No entanto a situação de seus municípios é heterogênea, registrando os piores indicadores sociais nos municípios rurais ao sul da mesorregião. As maiores prevalências de sobrepeso e obesidade foram registrados municípios das regiões Norte Central e Pioneiro, Oeste e Metropolitana. Os municípios da mesorregião do Norte Pioneiro apresentaram uma melhora progressiva do IDH-M na última década, segundo o IPARDES (2003). A mesorregião Oeste vem contando com uma dinâmica econômica importante e crescente, apresentando um marcante ritmo de crescimento populacional nos últimos anos, segundo informações do IPARDES (2003). A mesma tendência é observada na mesorregião Metropolitana, só que com um componente de urbanização mais concentrado que as demais regiões. Apesar de contar com municípios com uma situação socioeconômica melhorada em relação ao restante do Estado, apresenta as maiores concentrações de pessoas vivendo “em situação de carência, observada nas várias dimensões sociais” (IPARDES, 2003, p.31). Tais informações permitem inferir que regiões que apresentaram uma dinâmica econômica mais acentuada registraram também aumento da prevalência de sobrepeso nos escolares avaliados, não assinalando um aumento da situação de eutrofia. Estes indicativos podem sugerir que o aumento da renda regional não garante necessariamente uma melhora da qualidade do padrão alimentar e do perfil nutricional. Referências Bibliográficas: IPARDES. Famílias pobres no Estado do Paraná. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Curitiba, IPARDES, _____. Paraná: diagnóstico social e econômico.. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Curitiba, IPARDES, NCHS. National Center for Health Statistic. Growth Curves for Children Birth – 18 years. United States Department of Health, Education and Welfare, Publication n0 78, WHO. Physical status: use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. WHO Technical report series, 854. Geneva, 1995 Perfil Nutricional de Escolares no Paraná: uma indicação da situação de pobreza e de caracterização regional AMORIM, Suely, T.S.P.; RIGON, Sílvia A; FARIAS, Gisele; STOLARSKI, Márcia C. Diagrama de Dispersão entre IDH e IMC em 93 Municípios Analisados A figura ilustra a associação entre o valor médio de IMC nos adolescentes e o IDH em 93 municípios do Estado do Paraná que fizeram parte do levantamento dos dados. Uma reta traçada pelo ajuste de mínimos quadrados indica associação positiva entre estas duas variáveis, ou seja, o aumento no IDH está associado, em média, ao aumento no IMC. Conclusão Os resultados obtidos sugerem uma relação entre as situações de má nutrição observadas nos municípios estudados e a pobreza do Estado, pois cerca de 80% desses municípios apresentaram taxas de pobreza superiores a média estadual (20,8%)[1]. Apontam também a existência de dinâmicas complexas e heterogêneas, podendo uma mesma região apresentar características distintas e paradoxais, que se refletem no estado nutricional dos escolares constituindo um verdadeiro “mosaico nutricional”. Os resultados apontam que muitos desafios ainda devem ser enfrentados para garantir a qualidade de vida necessária a todos os paranaenses. Nesse sentido é que se justifica a urgência da implantação de uma Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, com ações emergenciais e estruturantes que modifiquem os determinantes do quadro observado, contribuindo para a promoção do direito humano à alimentação adequada. [1][1] Colaboradores: Joel Maurício Correa da Rosa: Departamento de Estatística-UFPR Rebeca Duarte, Sibelly Cordeiro, Simone Salim: acadêmicas de Nutrição Cleverson