IFSC/Joinville Disciplina: Sociologia Professora: Danielli Vieira

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Aula 1- Parte I Somos todos seres sociais
Transcrição da apresentação:

IFSC/Joinville Disciplina: Sociologia Professora: Danielli Vieira O que nos torna humanos? O impacto da cultura para a existência do homo sapiens e da interação social para o desenvolvimento de cada ser humano IFSC/Joinville Disciplina: Sociologia Professora: Danielli Vieira

Victor do Aveyron (França, 1800,foi confiado à Jean Itard, filme: “O garoto selvagem”)

“O homem é o animal que fabrica instrumentos, que fala, que adota símbolos. Somente o homem ri, somente o homem sabe que morrerá, somente ele não mantém relações sexuais com sua mãe ou sua irmã, somente ele tem visões de uma vida em outros mundos [...] Apenas o homem possui não só inteligência, mas consciência; não só necessidades, como também valores, não só temores, mas também senso moral; não só um passado, mas também uma história. Somente o homem, em suma, tem cultura” (Geertz, 1980).

Como o ser humano se diferenciou tanto dos outros animais? Foi o desenvolvimento do cérebro humano que possibilitou a vida em sociedade, a produção de cultura? Por que as “crianças selvagens” criadas entre os animais comportam-se como animais? Não há uma natureza humana?

Pesquisas recentes em Paleontologia (estudo da vida na Terra a partir de fósseis) levam a crer que a maior parte do crescimento cortical (cerebral) humano foi posterior e não anterior ao início da cultura. A capacidade de aquisição de cultura (simbolização, ferramentas, grupos familiares) surgiu, então, gradual e continuamente, pouco a pouco e em interação com a evolução biológica.

Assim, o ser humano não é apenas produtor da cultura, mas também produto dela. A constituição genética e inata do homem atual (que pouco sofreu alterações desde o homem do neolítico) é um produto tanto cultural quanto biológico. Um ser humano desprovido de cultura não seria um macaco talentoso, mas um ser desprovido de mente. O cérebro do homo sapiens tendo se desenvolvido na estrutura cultural humana, não seria viável fora dela.

Instrumentos, caça, organização familiar e, posteriormente, arte, religião e certa forma primitiva de ciência moldaram o homem somaticamente, sendo necessários não apenas à sua sobrevivência, mas a sua realização existencial...

A singularidade, aquilo que distingue a natureza humana pode ser expressa em termos de quantas e quão diferentes coisas o homem é capaz de aprender. Poderíamos dizer também que a particularidade do ser humano é aquilo que ele TEM que aprender.

Diferentemente dos outros animais não nascemos com padrões de comportamento pré determinados, viemos inacabados, e, talvez por isso mesmo com tantas possibilidades... Dependemos de um conjunto de códigos e de símbolos (dados primordialmente pela linguagem) para ordenar nosso comportamento, para organizar nossos modos de entrar em contato com o mundo e viver nele.

Voltando às crianças selvagens A situação das crianças que passaram por um longo período de isolamento do contato humano, vivendo isoladas ou em meio a animais nos ajudam a pensar sobre a importância da vida em comum com outros seres humanos; do aprendizado dos códigos culturais para que cada homo sapiens desenvolva as características consideradas humanas.

Como dissemos, nos animais já estão inscritas em seu programa genético suas condições de vida. O “filhote” do homem nasce desprovido de comportamentos inatos ou de uma inteligência preestabelecida. “A natureza do homem realiza-se somente na cultura que o acolhe” (Le Breton, 2009).

Diante da criança recém-nascida estão virtualmente à disposição todas as condições humanas. A criança que nasce hoje dispõe da mesma constituição física do homem do período do neolítico (10.000 A.C). Aquilo que cada criança se torna depende de sua socialização, de tudo aquilo que ela aprende na interação com outros humanos de uma determinada cultura, de uma determinada época.

Através desse aprendizado que se dá na vida em sociedade (dentro da família e depois de grupos mais abrangentes) é que se desenvolve a linguagem e o pensamento, a fala e comunicação, os gestos e a expressão dos sentimentos, etc.

As crianças ditas selvagens não ilustram o que seríamos fora da vida em sociedade... pois não há uma natureza humana em estado puro, fora da cultura, fora da sociedade... Elas mostram que o que construímos como “vida humana” depende do contato com os outros. Além disso, evidenciam outras possibilidades, outras possibilidades corporais que a cultura negligencia, não desenvolve, como a visão noturna, a resistência ao frio, etc.

Seus corpos e suas virtualidades não escapam à humanidade, todas as modalidades físicas que utilizam para sobreviver longe de mostrar algum problema mental congênito evidenciam o enorme poder de adaptação de que dispõe o homem, mesmo sob situações extremas.

Referências Bibliográficas LE BRETON, David. Corpo e simbolismo social. In: As paixões Ordinárias. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. GEERTZ, Clifford. A transição para a humanidade.In: O Papel da Cultura nas Ciências Sociais. Porto Alegre: Editorial Villa Martha, 1980