Um currículo para a infância inicial

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Transcrição da apresentação:

Um currículo para a infância inicial Educação Lúdica Aula: 06 Um currículo para a infância inicial Professora: Eleida da Silva Arce Adamiski

O currículo tem relação com intenções conteúdos, ações e resultados O currículo tem relação com intenções conteúdos, ações e resultados. Mas neste caso, o mais importante é que ele tem ligação com crianças pequenas e a variedade e riqueza que elas trazem consigo como um ponto de partida. É reconhecido numa ampla variedade de relatórios, que o currículo das séries iniciais que opera a partir de uma abordagem baseada em tópicos, experimental e integrada tem muito para recomendá-lo, e todos os relatórios preferem esta posição à abordagem de “habilidades básicas” diz, sobre um currículo nacional: “Longe de desvalorizar o trabalho dos professores de sala de aula.... aumentaria sue prestígio, ao reconhecer plenamente a formidável variedade e os níveis de exigências feitas a eles atualmente, e ao envolvê-lo não apenas no planejamento do trabalho de suas classes, mas também no estabelecimento de uma estrutura curricular para a escola toda” (KRAMER, 1994, 82).

A realidade da situação atualmente é a de um Currículo Nacional dirigido, e o nosso impulso é o de defender aquilo que já fazemos: qualquer coisa nova neste momento de intenções e conteúdos estabelecidos dentro de uma estrutura que todos preendemos e valorizamos, somos na verdade “liberados” para fazer um trabalho melhor como os principais agentes da educação de qualidade nós ainda colocamos o currículo em ação.

Usar a linguagem e os números de forma efetiva; Outro ponto que devemos mencionar aqui é o seguinte: embora o Currículo Nacional abranja crianças acima de cinco anos de idade, atualmente existem muitas crianças de quatro anos aceitas em classes em todo o país, para todos os propósitos e intenções, e às quais o Currículo Nacional, consequentemente, se aplica. O documento DES (1981), cujos objetivos foram reiterados no Currículo Nacional, afirma claramente que o propósito das escolas é ajudar a criança a: Desenvolver uma mente ativa e inquiridora e a capacidade de questionar e argumentar racionalmente e dedicar-se a tarefas; Adquirir conhecimentos e habilidades relevantes para a vida adulta e o trabalho em um mundo em rápida transformação; Usar a linguagem e os números de forma efetiva; Respeitar valores religiosos e morais, e ser tolerante com outras raças, religiões e maneiras de viver; Compreender o mundo em que vive e a interdependência dos indivíduos grupos e nações; Apreciar as realizações e aspirações humanas.

Entretanto, conforme Kramer (1994), objetivos como esses podem parecer excessivamente amplos e vagos para serem de grande ajuda prática para os professores. Eles são, mas ai também está a sua força, pois a maneira de atingi-los cabe às escolas e aos professores. Outra sugestão é que esses objetivos devem estar claros em um currículo cujo conteúdo precisa incluir nove áreas “especificas”: matemática, linguagem, ciência, tecnologia, geografia, história, arte e design, educação física, teatro e música. Nessas áreas, o currículo deve ser amplo, equilibrado, relevante, ter continuidade e considerar necessidades diversas.  

A BRINCADEIRA, OS BRINQUEDOS E A REALIDADE. No jogo simbólico as crianças constroem uma ponte entre a fantasia e a realidade. Freud observou uma criança que sofria a ansiedade da separação da mãe. A criança brincava com uma colher presa a um barbante. Ela atirava a colher e puxava-a de volta repetidamente. No jogo, a criança foi capaz de controlar ambos os fenômenos; Perda e recuperação. Quando se está aberto para tais simbolismos, pode-se reconhecer e apreciar o brincar das crianças. Elas não podem evitar que os adultos se envolvam em conflitos armados, nem que membros de uma gangue espanquem suas mães. Mas quando brincam, elas podem ter o controle que lhes falta da realidade.

As crianças são capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor, medo e perda. Lutam com conceitos de bom e mal. O triunfo do bem sobre o mal dos heróis protegendo vítimas inocentes é um tema comum na brincadeira das crianças (Bettelheim, 1988). Crianças que vivem em ambientes perigosos repetem suas experiências de perigo em suas brincadeiras. Por exemplo: no Brasil, crianças que vivem nas favelas onde predomina a luta entre policiais e bandidos têm como tema preferido de suas brincadeiras esses conflitos.

Quando a criança assume o papel de alguém que teme, a personificação é determinada por ansiedade ou frustração. Vários dos exemplos clássicos de Freud seguem esta linha: uma criança brinca de médico depois de ter tomado uma injeção ou de ter sido submetida a uma pequena cirurgia. Ana Freud relata o caso da criança que vence o medo de atravessar o corredor escuro fingindo ser o fantasma que teme encontrar. Escolhendo o papel do médico ou do fantasma, a criança pode passar do papel passivo para o ativo e aplicar a uma outra pessoa, a uma criança ou uma boneca o que foi feito com ela. O brinquedo aparece como um pedaço de cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à representação, a agir e a imaginar.

Assim, o brincar da criança não está somente ancorado no presente, mas também tente resolver problemas do passado, ao mesmo tempo em que se projeta para o futuro. A menina que brinca com bonecas antecipa sua possível maternidade e tenta enfrentar as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe representar seus sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do irmãozinho que recebe os cuidados maternos. Brincar com bonecas numa infinidade de formas está intimamente ligado à relação da menina com a mãe (Bettelheim, 1988). Bomtempo (1996), em uma pesquisa com a boneca Ganha-Nenê, verificaram que as crianças pequenas (3 a 5 anos) parecem usar a boneca não só como instrumento de ação, mas também como faz-de-conta e, à medida que aumenta a idade, a boneca passa a fazer parte de um contexto onde o faz-de-conta está presente de forma mais intensa.

Nas crianças de 6 a 8 anos há enriquecimento na representação de papéis que se tornam mais definidos, embora a gravidez e o nascimento ainda façam parte de um mundo mágico. É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde “ela restabelece seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros”.  No sonho, na fantasia, na brincadeira de faz-de-conta desejos que pareciam irrealizáveis podem ser realizados.

Referências: MOYLES, janet. Só brincar? : o papel do brincar na educação. 1ª ed. Porto Alegre: ARTMED, 2001. http://www.webartigos.com/articles/2985/1/Porque-Trabalhar-O-Ludico-Na-Educacao-Infantil/pagina1.html. Imagens: google imagens.