A Escola Positiva Llo,.

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Transcrição da apresentação:

A Escola Positiva Llo,

“Para nós é o método experimental que constitui a chave de todo o conhecimento; para eles (s.c., escola clássica) tudo deriva da dedução lógica e do argumento de autoridade. Eles substituem os factos por silogismos; nós consideramos que são os factos que governam”. (Ferri)

Não é arbitrário identificar o positivismo italiano com o aparecimento da criminologia científica. Além de contar com um clima filosófico e científico favorável, a antropologia criminal de LOMBROSO pôde também beneficiar dum conjunto diversificado de teorias precursoras, que tentaram encontrar causas do crime nos estigmas individuais do delinqüente.

- Teorias Fisionomistas: as quais pretenderam diferenciar o delinqüente a partir de traços específicos do rosto. (J.K Lavanter “Fragmentos Fisionômicos” – 1775); - Teorias da Escola Frenológica: procurou os sinais identificadores do delinqüente na configuração exterior do crânio. ( F. Gall – “Estudos da Craneoscopia” – de 1791);

Pertence ainda ao número das correntes precursoras mais influentes aquela que se liga ao desenvolvimento científico da Psiquiatria. A partir do século XIX começou, na verdade, a superar-se o quadro tradicional das representações mitológicas, religiosas e supersticiosas sobre a loucura. Esta passou a ser vista como doença mental, deixando de se atribuir a intervenções demoníacas ou das bruxas, ou mesmo à influência dos astros (concretamente da lua, como pretendia Paracelso).

Em conseqüência, fez-se sentir um forte movimento destinado a eliminar os tratamentos desumanos e cruéis e a submeter os loucos a tratamento hospitalar. Paralelarmente, procurou-se também explicar o crime a partir da idéia de doença mental, merecendo referência, neste contexto, os nomes de Ph. Pinel e J. Esquirol (1839), que atribuíam o crime a uma “monomania”, bem como o de Ferrarese com a sua investigação de antropologia psiquiátrica (1843).

Outros como B. Morrel (1857), imputavam o crime à degerescência, concebida como uma espécie de inversão da seleção natural. Também teorizou-se sobre a insanidade moral, como causa do crime J. Pritchard (1835), fazendo-se eco deste conjunto de idéias, também entre nós, Ayres de Gouveia (Resenha das Principais Cadeias da Europa) onde critica o princípio do livre arbítrio, e atribui ao crime a doença reclamando a necessidade de tratamento do delinqüente.

Entre os fundadores da Escola Positiva Italiana e discípulo de Lombroso viriam a se destacar Ferri e Garófalo. Persiste em todos eles o núcleo fundamental do positivismo, designadamente o postulado determinista e a rejeição do livre arbítrio. Entretanto, é importante observar que as obras dos três grandes do positivismo italiano divergem consideravelmente, tendo-se gerado entre eles inclusive, controvérsias, por vezes violentas.

Estas divergências são compreendidas tendo presente que se trata de autores que chagaram à criminologia científica oriundos de diferentes áreas dom saber, e que também praticaram no decurso de currículos pessoais muito díspares. Há toda uma diferença de caminhos entre o ex-médico Lombroso militar que foi lombroso e os homens públicos que, cada um a seu modo, foram Ferri e Garófalo. Daí que ao primado atribuído por Lombroso ao fator antropológico, Ferri tenha contraposto o peso das condicionantes sociológicas, enquanto Garófalo pôs em relevo o elemento psicológico.

Lombroso: sua vida caracterizou-se por uma intensa dedicação à investigação em matéria de antropologia criminal. Apersar da conhecida firmeza das suas posições, mostrou-se sempre aberto à discussão e disposto a reformulá-las em função dos contributos que reputava válidos. A tese central da teoria lombrosiana é o atavismo: o criminoso atávico, exteriormente reconhecível, corresponderia a um homem menos civilizado que os contemporâneos, representando um enorme anacronismo.

Ferri: Além de crimonólogo, autor de reformas legislativas, notabilizou-se também como advogado, homem público e militante político. Foi socialista, declarou-se marxista e acabaria por encarar o fascismo com complacência. Teve como obra fundamental Sociologia Criminale (1882), além de ser fundador da Revista La scuola positiva. Contrapôs a Lombroso outra classificação do criminoso em cinco categorias:criminoso nato, ocasional, passional, habitual e louco.

Ao contrário do monismo antropológico contrapôs uma teoria multifactorial. Dizia Ferri: “o crime é o resultado de multiplas causas, que não obstante extremamente interligadas, se podem identificar através dum estudo cuidado. As causas do crime podem, assim, analisar-se em individuais e antropológicas, físicas ou naturais e sociais.” As convicções ideológicas levaram Ferri a privilegiar naturalmente os fatores sociológicos. Foi pioneiro em tratar dos substitutivos penais (medidas preventivas de natureza técnica e econômico-social), visando a melhoria da condição de vida em sociedade. Também defendeu a idéia da pena indeterminada e da indenização à vítima como medida de índole penal.

Garófalo: deixou um amplo legado bibliográfico e sua obra ficou assinalada pela tentativa de definição dum conceito “sociológico” de crime, capaz de satisfazer as exigências da universalidade que a criminologia deveria respeitar para justificar o qualificativo de ciência. É teoria do delito natural, concebido como a violação dos sentimentos básicos e universais. Nesta linha, Garófalo preocupar-se-ia com a explicação psicológica da ausência ou inoperância de tais sentimentos a que, em última instância, se conduziria a explicação do crime.

É com os estudos da escola positiva que surge a chamada Ideologia do Tratamento (Therapeutic state), que representa a substituição da punição criminal pela terapia coativamente imposta. Esta, na verdade, inverte o sentido da Escola Clássica: em vez do recuo do poder sancionatório da sociedade, em nome da expansão do direito dos indivíduos, preconizava a ampliação das exigências e direitos da sociedade sobre o delinqüente; à idéia de responsabilidade pessoal faziam suceder a da responsabilidade social.

Não puniam segundo a gravidade da culpa mas para reforçar a defesa da sociedade; não reconheciam, por isso, à reação criminal outra medida que não a da necessidade em função da ameaça – da temebilitá (Garófalo) ou da pericolositá (Ferri) - delinqüente. O que leva Garófalo a considerar “natural” a eliminação do delinqüente: a morte será legítima sempre que o crime exprima uma anomalia psicológica permanente que torna o criminoso incapaz para a vida social.

Daqui derivou justamente a crise atual do pensamento, ou do mito, como querem já alguns, da ressocialização de delinqüente como força integradora principal do fim preventivo-especial da pena; crise de que hoje tanto se fala e conduziu a movimentos extremos e injustificados de sinal contrário, que de todo pretendem eliminar a finalidade ressocializadora da pena e substituí-la por um fim de pura retribuição factual e objetiva.