LÚPUS DISCÓIDE HIPERTRÓFICO: relato de três casos Felipe Cupertino de Andrade Jessika Orellana Arnez Arandia Tullia Cuzzi Beatriz Moritz Trope Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse
INTRODUÇÃO O lúpus discóide crônico hipertrófico foi descrito pela primeira vez em 1942 por Bechet É considerado uma variante rara do lúpus eritematoso discóide (LED), ocorrendo em apenas 2% destes pacientes Acomete preferencialmente mulheres (3:1) entre 20-40 anos e tem relação importante com tabagismo
RELATO DE CASO CASO 1 Feminina, 41 anos, branca, tabagista Em acompanhamento clínico de LED crônico há 8 anos, evolui com lesões verrucosas em áreas fotoexpostas Histopatológico compatível com lúpus discóide hipertrófico Iniciado tratamento com hidroxicloroquina 400mg/dia, clobetasol 0,05% creme e fotoproteção, evoluindo com melhora das lesões cutâneas
RELATO DE CASO CASO 2 Feminina, 63 anos, negra e tabagista Apresenta-se com pápulas eritemato-violáceas, ceratósicas, pruriginosas algumas com aspecto verrucoso em áreas fotoexpostas há 10 anos Histopatológico compatível com lúpus discóide hipertrófico Inicialmente com resistência terapêutica à cloroquina 150mg/dia, fuorato de mometasona 0,01% e fotoproteção Apresentou bons resultados com infiltração intralesional de triancinolona acetonida 40mg/ml (diluição 1:1 com soro fisiológico a 0,9%) 1x/mês, durante 5 meses Houve reativação das lesões após alguns meses em decorrência da falha na fotoproteção
Caso 2 Antes do tratamento
Caso 2 Hiperceratose compacta e acantose irregular. Processo inflamatório de interface acometendo principalmente estrutura folicular presente Aumento de mucopolissacarídeos dérmicos (ferro coloidal)
Caso 2 Após tratamento
RELATO DE CASO CASO 3 Feminina, 51 anos, negra, tabagista Em acompanhamento clinico de LED desde 1997, em tratamento com cloroquina 150mg/dia e fotoprotetor, com boa resposta e sem reativação do quadro por longo período Apresenta-se com pápulas ceratósicas pruriginosas em áreas fotoexpostas há 2 anos Histopatológico compatível com lúpus discóide hipertrófico Paciente apresentou melhora pouco significativa com clobetasol 0,05% creme
Caso 3
DISCUSSÃO Clinicamente, caracteriza-se por lesões cutâneas pruriginosas com ceratose proeminente em áreas fotoexpostas. Habitualmente, os pacientes apresentam lesões prévias de lúpus discóide O curso clínico é crônico, porém com bom prognóstico, pois a progressão para a forma lúpus sistêmico é menor quando comparada ao LED “clássico” O exame histopatológico mostra hiperceratose, hiperplasia epidérmica, papilomatose e atipia queratinocítica, além das características encontradas no LED “clássico” (tampões foliculares, acantose, degeneração vacuolar da camada basal)
DISCUSSÃO As lesões hipertróficas de LED tem grande resistência terapêutica. Dentre as opções com melhores resultados estão: corticoesteróides tópicos de média e alta potência (aplicados sob ou sem oclusão) durante 3 a 4 semanas infiltração intralesional de esteróides, que tem se mostrado mais eficaz
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Wolff K, Goldsmith LA, Katz SI, Gilchrest BA, Paller BA, Leffel DJ. Fitzpatrick Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter. 2011:1514-35. Berbert A, Mantese S. Lúpus eritematoso cutâneo – Aspectos clínicos e laboratoriais. An Bras Dermatol. 2005;80(2):119-31. Bechet P. Lupus erythematosus hypertrophicus ET profunds. Arch Dermol Syphilol. 1942;45:33-9. Silva E, Labrador N, Sehtman A, Cabrera H, Allevato A. Lupus eritematoso discoide crónico hipertrófico, buena respuesta terapeutica. Act Terap Dermato. 2005;28(1):170-6. Miteva L, Broshtilova V, Schwartz R. Verrucous systemic lupus erytematosus. Acta Dermatovenerol Croat. 2009;17(4):301-4.