PERCEBENDO AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIAS NO CONTEXTO DA EJA

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Transcrição da apresentação:

PERCEBENDO AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIAS NO CONTEXTO DA EJA AUTOR DO TCC: MARIA APARECIDA SOUZA COELHO [1] ORIENTADOR DO TCC: SANDRA APARECIDA FRAGA DA SILVA [2] [1] Pedagoga da Secretaria Municipal de Alegre disponibilizada à Coordenação do Polo UAB de Alegre-ES. E-mail: aparecidacoelho1@hotmail.com [2] Licenciada em Matemática, Doutora em Educação, Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória, ES. E-mail: sfraga@ifes.edu.br 1. INTRODUÇÃO Os professores entrevistados acreditam que a capacitação de professores tem sido fundamental para a qualidade da educação ofertada na EJA e que é muito gratificante ver o esforço dos alunos na realização das tarefas, na assiduidade mesmo com o cansaço após um dia de trabalho. Eles acreditam que o desenvolvimento dos alunos tem sido notável e muito recompensador. Todos os 16 (dezesseis) alunos da EJA responderam ao questionário aplicado e segundo o professor aplicador os alunos mostraram-se muito interessados em respondê-lo. Mediante a pesquisa realizada percebemos que os alunos da EJA estão satisfeitos com os resultados alcançados e com os níveis educacionais da escola, gostam muito dos professores e acham que eles se esforçam muito para ajudá-los. Identificamos que no ambiente extra sala os alunos da EJA estão bem adaptados conversam e tem amizades com alunos de outras séries. Quanto a relação desses com funcionários da escola, notamos que eles têm bons relacionamentos, e afirmaram ser muito bem tratados e percebem que são até admirados pelo esforço em voltar a estudar por alguns desses funcionários. Percebe-se claramente entre os alunos que a atenção a eles dispensada por professores e toda equipe da escola tem sido fundamental para a perseverança nos estudos e a continuidade apesar das dificuldades. Nove dos dezesseis alunos entrevistados estão vencendo a timidez e gostam de participar das aulas e apresentações, e dizem gostar de falar de suas experiências pessoais, dar opiniões, pois professores e colegas valorizam e respeitam o que foi dito. Eles relataram a dificuldade de não ter tempo para estudar, e que é fundamental que a escola compreenda isso e os ajude na disponibilização das tarefas com antecedência. No Ensino Médio vinte e cinco (25) alunos responderam e deram ênfase a igualdade entre os alunos, isso é perceptível na seguinte afirmação de um aluno: “Professora nós estamos estudando, todos somos alunos iguais, alguns mais novos outros mais velhos ... Eles sentiram que não dá pra viver sem estudo isso é uma lição pra gente aproveitar nosso estudo enquanto somos mais novos.” Os gestores entrevistados relataram o empenho para a diminuição da evasão e exclusão na EJA, o diretor afirmou que: “A ação mais importante é a visita a alunos faltosos.”, e afirmou ainda que: “na batalha contra a evasão todos os agentes da escola tem seu papel e que é fundamental que cada pessoa, cada funcionário, cada professor e cada aluno cumpra o seu.” A história da Educação de Jovens e Adultos foi marcada pela exclusão, alunos enfrentaram preconceitos, exclusão precoce da escola, dificuldade de se erguer profissionalmente, vivência de escolarização tardia, inquietações e desafios nos ambientes escolares.O público da EJA é formado por pessoas que têm consciência de que sem o conhecimento torna-se difícil uma participação ativa no mundo produtivo e, por isso, retornam à escola. Esse retorno é marcado por alegrias e incertezas (FREIRE, 2004). Já existe no campo educacional pesquisas sobre exclusão, uma concepção que se apresenta sobre o fracasso escolar nas camadas populares identifica a descontinuidade dos antes de concluir a educação básica “como resultante de um silencioso processo de exclusão que o sistema educacional põe em funcionamento desde o ingresso desses alunos na escola” (SANTOS, 2003, p. 112). A conquista desse direito à educação é fonte de uma satisfação que nenhum cidadão formado em tempo regular saberá explicar e entender. Gentili (2000, p. 143) se expressa com a afirmação de que o século XX deixou, entre outros, um legado fundamental que pode ser traduzido na “educação da cidadania, assim como os direitos que a garantem, como um requisito fundamental para a consolidação e o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática”. Esta pesquisa se propôs traçar relações internas de convivências entre os agentes da educação básica e os da modalidade EJA numa escola do município de Alegre, na tentativa de perceber como essas relações se apresentam e como influenciam a educação dos jovens e adultos da EJA nesse ambiente. Algumas questões nos deixou intrigadas e com vontade de buscar respostas, dentre elas, destacamos: como favorecer debates sobre a EJA? Como os alunos de EJA são atendidos na escola? Qual a taxa de evasão de alunos na EJA em nosso estado? Como professores das escolas trabalham com a EJA? Suas experiências e conhecimentos prévios são levadas em conta? Quais as relações que se estabelecem nas escolas entre os alunos da EJA e os alunos do ensino regular? Como os professores reagem à modalidade EJA e seus sujeitos? 2. metodologia A pesquisa foi um levantamento aplicado descritivo, orientada por uma análise qualitativa das percepções de professores e alunos do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada no município de Alegre-ES. O distrito em que foi realizada a pesquisa tem uma população em torno de 900 habitantes na sede, tendo como principal fonte de renda o plantio do café. Realizamos a pesquisa no turno noturno, que possui 86 alunos distribuídos no ensino médio e Educação de Jovens e Adultos. O trabalho de coleta de dados foi realizado com profissionais da educação e alunos de forma voluntária. Tais sujeitos tiveram sua identidade preservada e poderiam desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem sofrer nenhuma punição ou dano. Os procedimentos metodológicos que foram utilizados seguiram a linha de pesquisa explicativa, onde aplicamos questionários compostos de perguntas abertas e fechadas acerca das relações estabelecida no cotidiano da escola, entrevistas aplicadas a professores do Ensino Fundamental e da EJA, funcionários e alunos da escola escolhida. Foram entrevistados seis (06) professores da EJA e três (03) professores do Ensino Fundamental e Médio, importante dizer que os seis (06) professores da EJA entrevistados trabalham também com o Ensino médio. Entrevistamos também gestores administrativos e pedagógicos, analisamos as documentações da EJA na escola e observamos alguns eventos e apresentações de trabalhos. 4. CONCLUSÃO Conseguimos identificar algumas relações entre os sujeitos no contexto da EJA na escola analisada e percebemos que essas relações, a princípio, não são de exclusão, mas de encorajamento, confiança, dedicação, preocupação, respeito e compromisso. Trabalhar este projeto foi uma experiência que oportunizou para todos os envolvidos e, principalmente para nós, perceber que a educação de jovens e adultos vem tomando novos rumos. Notamos que os professores buscam uma integração importante entre os alunos das séries mais avançadas com os alunos das séries iniciais na turma multiseriada da EJA, uma relação de colaboração entre esses alunos. Uma fala de um aluno mostra uma vantagem da turma multiseriada, ele afirma o seguinte: “quando eu termino as atividades da minha turma fico prestando atenção nas atividades das outras turmas assim aprendo muito mais”. Acreditamos, assim como Arroyo (2005) que a educação de jovens e adultos, seja por sua especificidade, “é uma modalidade de ensino que deve ser pensada de forma diferente das outras modalidades educacionais” (ARROYO, 2005, p.165). Um dado importante da pesquisa que foi pontuado com muita ênfase e precisa ser pontuado sempre é a necessidade e a vontade que os professores sentem na capacitação específica para a modalidade da EJA. Ao concluir essa pesquisa observamos que as convivências traçadas na escola investigada entre seus atores é muito incentivadora, acolhedora e, portanto, oferece à comunidade um ambiente propício à aprendizagem e a construção de sujeitos capazes e responsáveis   3. Resultados e discussão Ao concluir o trabalho de pesquisa foi observado que a EJA funciona do 5º ao 8º ano em uma sala multisseriada, bem ampla e arejada. Logo no início da pesquisa foi percebido que durante as aulas os professores trabalham com materiais diversos e tentam envolver os alunos incentivando-os a refletir e expor suas ideias. Os professores buscam uma integração importante entre os alunos das séries mais avançadas com os alunos das séries iniciais. Os alunos que tem facilidade na aprendizagem e que avançam com sucesso buscam auxiliar os outros alunos que têm dificuldades de aprendizagem. O projeto político pedagógico na escola é bem organizado, os conselhos de classe e planejamentos são feitos em dias separados e tem toda atenção dos professores, pedagoga e diretor da escola. Quando acontece projetos ou evento organizados pela escola os alunos da EJA participam apresentando seus trabalhos como os demais alunos do ensino regular. Os professores que atuam na EJA, atuam também no Ensino médio, isso faz com que eles sejam elos entre um seguimento e outro. Os professores se ajudam e se respeitam buscando a interdisciplinaridade das disciplinas com projetos que facilitam a compreensão dos alunos. Os entrevistados acreditam que a EJA é um programa que faz a diferença para jovens e adultos na sociedade atual, principalmente, na comunidade onde a escola está inserida. Um exemplo marcante foi a fala de uma professora que citou: “Uma aluna da EJA se formou professora e atua numa escola do ensino fundamental no distrito da Roseira , também distrito de Alegre.” Todos os professores afirmam que nos últimos anos o governo tem investido muito na EJA e que o material pedagógico que está chegando às escolas tem atendido e as especificidades desse público. aGRADECIMENTOS Agradeço a Deus. As minhas filhas, aos meus netos Guilherme e Maria Luiza netos que me dão forças para continuar. À direção, aos professores, aos alunos da escola onde aconteceu a pesquisa. A minha orientadora de TCC pela atenção, dedicação e compreensão, à coordenação do curso e tutores à distância e a tutora presencial. REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel G. Educação de Jovens-Adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, L.; GIOVANETTI, M. A.; GOMES, N. L. (Orgs.). Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 19-52. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. SANTOS, L. G. Educação ainda que tardia: a exclusão da escola e a reinserção de adultos das camadas populares em um programa de EJA. Revista Brasileira de Educação.  no. 24. Rio de Janeiro Set./Dez., 2003. GENTILI, Pablo. Qual educação para qual cidadania? reflexões sobre a formação do sujeito democrático. In: AZEVEDO, José Clóvis et al. Utopia e democracia na educação cidadã. Porto Alegre: Universidade / UFRGS / Secretaria Municipal de educação, 2000.