LACUNAS HISTÓRICO-POLÍTICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EJA NA REDE MUNICIPAL PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DE VITÓRIA-ES AUTOR DO TCC: GEORGIA SIMPLICIO DA SOARES.

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Transcrição da apresentação:

LACUNAS HISTÓRICO-POLÍTICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EJA NA REDE MUNICIPAL PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DE VITÓRIA-ES AUTOR DO TCC: GEORGIA SIMPLICIO DA SOARES [1] ORIENTADOR DO TCC: HELAINE BARROSO DOS REIS [2] [1]] Professora da Prefeitura Municipal de Vitória, ES. Escola Municipal José Lemos de Miranda. Graduada em Ciências Econômicas( UVV) e em Administração (Estácio de Sá- ES). E-mail: georgia_camburi@hotmail.com [2] Mestre em Astrometria pelo ON-CNpq. Professora do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória. E-mail:helainebarroso@gmail.com 1. INTRODUÇÃO Sobre os programas educacionais da PMV, os professores informaram que: - em relação ao PROEJA-FIC (2009) - parceria Ifes, 40,4% conhecem e 33,3% acham eficaz. - em relação ao PROJOVEM - Programa Nacional de Inclusão de Jovens: educação, qualificação e ação comunitária - (2005) - parceria com o governo federal, 68% conhecem e 31,6% acham não eficaz. - em relação ao Programa de Apoio a Estados e Municípios para Educação Fundamental de Jovens e Adultos, parceria com o governo federal, 47,4% não conhecem e 15,8% acham não eficaz. - em relação ao programa Alfabetização é um Direito-(2004), 47,4% não conhecem e 17,5% acham não eficaz. - em relação à Educação de Jovens e Adultos no ensino noturno regular (2005), 63,2% conhecem e 42,1% acham eficaz. Esse trabalho analisa lacunas existentes na formação de professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na rede municipal pública de educação de Vitória-ES, refletindo com seus professores sobre questões histórico-políticas, sociais e didático-pedagógicas em 10 das 19 escolas da rede. Para isso contamos com teóricos como Almeida, Saviani, Barreto, Ribeiro, Freire, Moreira e outros, além de legislações dentro do contexto da EJA. A educação capixaba possui as mesmas lacunas na formação do professor que as retratadas no cenário nacional, haja vista que a postura histórica de desvalorização nacional, má remuneração e formação do professor é fruto das patologias sociais e educacionais que historicamente se estabeleceram como mecanismo de conservação de privilégios econômicos, políticos e sociais das classes dominantes. 2. OBJETIVO Objetivou-se analisar as lacunas histórico-políticas e os mecanismos de superação relativos à formação de professores na rede municipal pública de Vitória, estado do Espírito Santo, na modalidade EJA. Para tanto, objetivou-se levantar com vistas ao olhar dos docentes da EJA da rede municipal de Vitória: o nível de satisfação com a formação continuada da Secretaria Municipal de Educação de Vitória (SEME); o nível de conhecimento e aprovação dos professores da modalidade EJA para os programas educacionais oferecidos pela SEME individualmente ou em parcerias com diferentes níveis governamentais; a percepção relativa entre o esforço para alcançar uma formação adequada e os problemas sócio-familiares daí decorrentes; e a opinião dos professores sobre a contribuição dos espaços/tempos formativos da rede . Por fim, buscou-se traçar considerações sobre as lacunas e mecanismos de superação levantados. Figura 3: Programas educacionais da prefeitura municipal de Vitória. Há outros programas que historicamente foram marcos positivos na história da EJA no Brasil e quando questionados, os professores disseram que os mais significativos foram: 13% dos docentes marcaram Formação Continuada de Educadores; 12% MEB - Movimento da Educação de Base (1960); 11% PNA-PLANO Nacional de Alfabetização (1962); 11% MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização (1970) e 11% Centros de Estudos Supletivos. 3. METODOLOGIA Essa pesquisa foi descritiva, qualiquantitativa, exploratória e de campo com vistas ao estudo de caso, sendo a população amostral selecionada de forma estratificada sobre o universo das escolas da rede municipal pública de educação em Vitória-ES; em um conjunto de 10 escolas aplicamos um questionário semiestruturado com 8 questões  que foi respondido por 57 professores da EJA, o que representa 32% da população real. 4. RESULTADOS ALCANÇADOS A análise dos resultados mostrou que os professores confirmaram alguns dados que a pesquisa já assinalava em relação à questão das lacunas existentes na formação dos professores, perpassando pelo nível de satisfação docente com a formação continuada, pelos esforços despendidos e seus problemas sócio-familiares, pela falta de conhecimento da verba destinada ao EJA, além disso, pelos espaços formativos que ocorrem nas escolas e pelos programas educacionais. Figura 4: Lacunas na formação do professor da EJA. Quanto às lacunas na formação do professor da EJA, 56% de todas as escolhas dos professores questionados apontaram para o baixo salário, a falta de uma formação continuada específica para a EJA e a desvalorização e desrespeito à docência como sendo as maiores carências, configurando 22%,14% e 20%, respectivamente . Outras lacunas foram mapeadas e dadas as conjunturas, não se trata de um trabalho a ser executado a curto prazo, demanda um planejamento estratégico amplo e ponderações quanto a implementação destas ações. Figura 1: Satisfação e esforço docente com a formação continuada e conhecimento da verba investida. 5. CONCLUSÕES Quanto ao nível de satisfação dos professores com a formação continuada aplicada pela SEME, os resultados mostram que 58% dos entrevistados estão insatisfeito (satisfação baixa ou nenhuma), 42% está um pouco satisfeito (satisfação média) e somente 2% está satisfeito (satisfação alta); 59% dos docentes da EJA que foram entrevistados, relatam que os esforços despendidos para se ter uma formação continuada, acarretam problemas em as suas famílias. Em relação ao conhecimento sobre a verba investida na formação de professores pela SEME na EJA, 73% dos docentes nunca ouviram falar. As lacunas na formação dos professores da modalidade EJA da rede municipal pública de educação em Vitória - ES existentes hoje no cenário capixaba são consequências do processo histórico e político de formação de professores que se revelou ineficiente e precário desde a época da educação jesuítica, aculturando os índios e seus “mestres” nas aldeias. Os melhoramentos significativos só ocorreram na república velha, nas primeiras décadas do século XX, sob os governos de Jerônimo Monteiro, e posteriormente, Florentino Ávidos, passando depois pela ditadura militar quando a partir de 1970 foi implantado a nível nacional, o MOBRAL, que apesar de contar com poderosa infra-estrutura, rede de disseminação e grande corpo de funcionários, não trouxe os avanços esperados. Atualmente, na visão docente, as lacunas mais citadas apontam em ordem decrescente de relevância para baixos salários, falta de formação continuada específica para a EJA, desrespeito e desvalorização à docência, rotatividade de docentes, falta de equipes dedicadas a EJA e falta de disciplinas especificas na graduação. Os mecanismos que deveriam ser usados para suprir as suas carências a médio prazo na visão dos docentes pesquisados foram:  - ter políticas de recuperação salarial, que se encontram defasados há muito tempo; - investir na formação docente: é preciso entender formação como investimento; oferecer cursos aos docentes; - estabelecer idade mínima de ingresso na EJA de dezoito anos; - evitar a fragmentação de carga horária dos profissionais; - ter uma equipe exclusiva de professores em cada escola; estabelecer parcerias com as universidades para uma possível reformulação do currículo das graduações e licenciaturas; criar nos departamentos um sistema de análise de sugestões; rever a segurança dentro das escolas, de forma que o docente trabalhe com tranquilidade, sem a violência que acontece no cotidiano. Sugere-se em trabalhos futuros a investigação de como articular as políticas municipais para suprir as lacunas levantadas. Quanto aos espaços formativos no atenderem a EJA: 52,6% dos docentes responderam sim em relação ao planejamento coletivo e teceram esses comentários: “atende pela nossa própria formação acadêmica e não a continuada”; “Na EMEF existem esses espaços formativos bem desenvolvidos pelos professores”. 57,9% dos docentes responderam sim em relação ao trabalho interdisciplinar em dupla e teceram esses comentários: “No meu caso o trabalho funciona muito bem”; “há uma responsabilidade compartilhada”. 43,9% dos docentes responderam sim em relação à intervenção em sala de aula e comentaram: “[...] quando essa possibilidade é permitida ao pedagogo”. 38,6% dos docentes responderam sim em relação às Atividades Curriculares Complementares (ACC) e explicaram: “Neste momento, oportunizamos aos alunos uma reflexão coletiva acerca de temática proposta para estudos”. 43,9% dos docentes responderam não em relação ao relatório diário e semanal e comentaram que ele é feito trimestralmente e não funciona; e, raramente refletem a ação efetiva de sala de aula. REFERÊNCIAS 1- FABIAN, C. Projeto: A educação de jovens e adultos no ensino noturno regular. 2006. 2-FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,1997. Figura 1: Espaços formativos d escola.