DILEMAS DO PARADIGMA BIOMÉDICO: O CAMPO DA NUTRIÇÃO ---AGOSTO 2010

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DILEMAS DO PARADIGMA BIOMÉDICO: O CAMPO DA NUTRIÇÃO ---AGOSTO 2010 Curso de aperfeiçoamento em Alimentação e Cultura-ENSP/FIOCRUZ Madel T. Luz

O Paradigma biomédico e o campo da Nutrição: alimentação, comida, cultura 1- A questão cultural do comer, nutrir-se e alimentar-se: distintos sentidos e significados 2- Tensões geradas no campo da nutrição em função de sentidos e significados que implicam outros campos ou saberes/práticas 3- As ciências sociais no campo da Nutrição: a antropologia, a sociologia, a história

SOBRE A NOÇÃO DE DILEMA 1- O dilema supõe uma tensão dramática de opção entre duas propostas igualmente importantes mas contraditórias; 2-Terá o paradigma biomédico tensões em nível de dilema na atualidade? 3-As tensões internas do campo biomédico se situam no nível de sua racionalidade/prática; 4- As tensões da biomedicina inerentes a seu paradigma podem ser vistas também como contradições entre arte e ciência, ou teoria e prática.

DILEMAS DO PARADIGMA BIOMÉDICO CLÁSSICO: CONTRADIÇÕES ATUAIS 1 A tensão “clássica” (inerente ao nascimento da medicina moderna): o objeto da clínica é a a patologia e o objetivo da medicina é o combate das doenças: como encarar sujeitos doentes e o sofrimento de indivíduos e coletividades com um paradigma objetivante? 2 A tensão decorrente do objetivismo:como trabalhar com a terapêutica (e mais geralmente com a cura) estando o paradigma centrado na diagnose?

DILEMAS INERENTES AO PARADIGMA BIOMECÂNICO: a morte tem mais importância que a vida (vencer a morte mais que defender a vida) 1- O doente é identificado à doença: como salvar vidas, se a vida é sempre a vida de alguém, e não uma patologia que se abate? 2- A doença é a doença de uma parte e não de uma totalidade orgânica e pluridimensional de um ser vivo (humano):como curar “partes” sem atingir o todo vivo? 3- A cura é banida do cenário da medicina, mas a noção de normalidade sintomática é insuficiente para garantir a estabilidade somática e psicoemocional do paciente, ou do sujeito em sofrimento.

Irrupção das ciências humanas na Nutrição 1- Irrupção teórico-conceitual: as teorias e o paradigma interpretativo das C.H. X ao paradigma da causalidade das biociências 2- Irrupção metodológica: o trabalho de pesquisa em Nutrição com instrumentos metodológicos das ciências sociais 3- Irrupção no nível dos saberes sobre a alimentação (“horizontalização” dos discursos sobre o comer e a comida)

CONTRIBUIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARA O CAMPO DA SAÚDE: POSSIBILIDADES 1- A convivência com conhecimento e práticas não doutos (“saberes laicos”): não “ensinar a comer” 2- A prática da interculturalidade com sistemas tradicionais de alimentação; integrando saberes consolidados; 3- A luta por uma alimentação sadia, isto é, portadora de vida e saúde nos espaços sociais onde possa intervir, sobretudo no campo da saúde; 4- Mais atenção aos saberes populares sobre alimentação: “aprendendo com os pobres”.