Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Princípios do processo ensino aprendizagem:
Advertisements

Investigação Qualitativa: caminhos e possibilidades
Humanização em medicina e em Tocoginecologia
Residência Farmacêutica na Pespecitiva de Visão humanista
VIDA E MORTE ELIANE VELAME.
O QUE É ÉTICA?.
HUMANISMO E PSICOLOGIA Mauro Martins Amatuzzi
FILOSOFIA DE ENFERMAGEM
III CONGRESSO DE BIOETICA DE RIBEIRÃO PRETO 2010
Afeto e Comunicação Afetiva
GERENCIAMENTO CONFLITOS E NEGOCIAÇÕES
Relacionamento Terapêutico
EXCLUSÃO SOCIAL O conceito de exclusão : ato pelo qual alguém é privado ou excluído de determinadas funções. A exclusão social implica numa privação.
VIII Congresso Mineiro de Nefrologia
A Ética Médica na Informatização da Relação Humana Médico-Paciente
Terminalidade: aspectos frente à assistência
O CPVI: História e Objetivos
DOENÇAS AGUDAS E CRONICAS RELAÇÃO COM A DEPENDÊNCIA QUÍMICA
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
Discentes: Ione Andrade Melina Raimundi Andrade
ISCS-N CURSO INSTITUTO SUPERIOR CIÊNCIAS SAÚDE-NORTE
QUALIDADE DE VIDA Comer e beber Stress e sono Hábitos e vícios
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
TECNOLOGIAS DE GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
Ricardo Zaslavsky Médico de Família e Comunidade Novembro, 2012
Eutanásia.
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Cremesp
Dr. Antônio Pereira Filho Conselheiro do CREMESP
TERAPIA OCUPACIONAL NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES
Rayana Dias Santos Prof. Dr. Nilson Rogério da Silva
Autores:FÁTIMA BEATRIZ MAIA (UFRJ) PAULA DA CRUZ MORAES (UFF)
Ortotanásia e Dignidade no Processo de Morrer.
DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS
Qualidade de vida.
 Estimular o nascimento da consciência adulta, libertando as dores inconscientes e reunificando as partes rejeitadas em nós.
VIDA E MORTE
Nome : Kauany Souza n°: 12 Colégio da Policia Militar
Teoria Ambientalista Prof. Diego Louzada.
PASTORAL DA SAÚDE NO HOSPITAL
EUGENIO PAES CAMPOS PROF. DR. MÉDICO CARDIOLOGISTA
MORTE COM DIGNIDADE – DIRETRIZES ANTECIPADAS DE VONTADE
Paciente Terminal e o Tratamento
DILEMAS DO PARADIGMA BIOMÉDICO: O CAMPO DA NUTRIÇÃO ---AGOSTO 2010
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
2a. Jornada de ENFERMAGEM Hospital Pilar Cloves Amorim PUCPR/FEPAR.
Prof. Carlos Eduardo Nicoletti Camillo
HOSPITALIZAÇÃO Profª. Enfª. Paula.
Universidade Paulista Instituto Ciências da Saúde Curso de Graduação em Enfermagem Campus Jundiaí Prof.ª Filomena Coser Gabriela Aleixo A0129C-0.
TEORIA DO CUIDADO DE JEAN WATSON
CUIDADOS PALIATIVOS PROF. LUCIA.
I Jornada Interdisciplinar da Liga Acadêmica de Oncologia
Reforma Psiquiátrica: novas diretrizes.
A SAÚDE MENTAL DO PACIENTE E DA FAMÍLIA NA DESCOBERTA DO DIAGNÓSTICO
Semana de Psicologia PUC – RJ O Psicólogo no Hospital Geral O Psicólogo no Hospital Geral Apresentação: Decio Tenenbaum Apresentação: Decio Tenenbaum Material.
Psicologia Hospitalar
Avaliação de Risco: Comportamento Suicida
PROMOÇÃO DA SAÚDE.
Planejamento e gestão Alunos Hudson Mello- Jullya da Silva-
Adulto Maduro Aspectos físicos, psicológicos e sociais do envelhecimento: Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo;
Terapia Familiar.
 BIOÉTICA Objetivos Definir bioética Descrever a história da bioética Conhecer a influência da bioética no nosso cotidiano   Conteúdos Definição de bioética.
REAÇÕES EMOCIONAIS DIANTE DO SOFRIMENTO / MORTE
ortotanásia Discente: Viviane Lopes Garcia
Caracterização do Paciente Neurológico
Tema e Lema do Ano 2013 Esta apresentação é uma síntese do Texto Base do Tema e do Lema do Ano
Hospital Universitário Oswaldo Cruz
Aprendizagem da matemática
Bioética e cuidados paleativos na assistência à saúde O conceito de cuidados paleativos a pacientes terminais ficou conhecido a partir da década de 60,
Gabriel Barreto Gabriel Varjão Murilo Araújo
Transcrição da apresentação:

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Claudia L. Epelman Hospital Santa Marcelina/TUCCA

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar A medicina moderna fascina e inquieta. Os avanços alcançados não implicam, contudo, na completa supressão da dor e do sofrimento dos seres humanos O homem ainda está submetido à sua condição de precariedade e mortalidade

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar A morte faz parte da vida: (dimensão da finitude humana) linha da vida nascimento morte O questionamento sobre a morte faz parte do desenvolvimento intelectual, afetivo e social de todo indivíduo

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar História da medicina fase dos cuidados: baixa resolutividade fase da cura (incorporação técnico – científica): alta resolutividade fase dos limites: tratamento paliativo

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Fase dos limites Recupera as características da cultura milenar dos cuidados em reação aos reais ou supostos “defeitos”da medicina de alta tecnologia em situações limites como a do doente terminal

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar No mundo ocidental, foi a partir dos anos 70 que começou a difundir-se a necessidade de encarar os problemas relativos às últimas fases da vida e ao morrer com um novo olhar.

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Emerge uma nova preocupação com a humanização da prática médica dos profissionais com seus pacientes simpatia (‘‘sentir junto com o outro’’) empatia (‘‘sentir no lugar do outro’’)

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Passa a existir um consenso tanto no âmbito médico como no âmbito filosófico que quando o ato terapêutico não consegue atingir o objetivo de restaurar a saúde, tratar para curar torna-se um ato inútil; pode prolongar a vida do paciente, mas prolonga de fato o seu sofrimento e sua agonia.

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar O dever do médico de fazer sempre e em qualquer circunstância todo possível para prolongar a vida e postergar a morte, cria um paradoxo face o doente fora de possibilidade terapêutica Salvar a vida do paciente acaba em prejudicar a qualidade de vida do próprio paciente

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Paciente fora de possibilidade terapêutica Tratamento fútil: falha em beneficiar o paciente O alívio da dor e do sofrimento torna-se mais importante do que a preservação da vida

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Paciente fora de possibilidade terapêutica Desistir da ‘‘obstinação’’ em curar (prolongar a vida a qualquer custo) Intensificar os esforços capazes de propiciar a melhor qualidade de vida possível afim de respeitar o direito de todo ser humano em morrer com sua dignidade pessoal e auto-estima preservada

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Transição rumo a uma ética baseada no princípio da qualidade de vida Promoção do bem estar, da dignidade humana, dos direitos e deveres fundamentais: ‘‘morrer com dignidade ’’

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Os profissionais têm que decidir quando a preservação da vida torna-se inútil e ‘‘deixar’’ que a morte aconteça de maneira menos traumática possível Tal realidade é mais fácil de ser dita do que ser praticada

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Esta decisão não é simples, visto que implica também em crenças e valores dos profissionais e, sobretudo no envolvimento emocional de cada um com o paciente e seus familiares.

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Os profissionais devem encontrar a justa medida entre envolvimento e distanciamento A vida deve ser preservada até o ponto em que seja de fato sustentável para o próprio paciente e seus familiares

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Paciente fora de possibilidade terapêutica Neste contexto a questão relevante não é mais a de tratar ou não tratar, mas sim a de como tratar Prolongamento do morrer e não do viver…

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Pela primeira vez na sua história milenar, a medicina de hoje dispõe de uma tecnologia que torna possível intervir no começo e no fim da vida.

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Paciente fora de possibilidade terapêutica Hábil combinação de papéis Equipe de profissionais dedicada ao tratamento dedicada ao cuidado

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Equilíbrio: tratar da doença cuidar do sofrimento baseado na ciência baseado no indivíduo valor da evidência valor da experiência objetiva subjetiva X X X difícil decisão incerteza

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Tratamento Paliativo Dor Sofrimento

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar ‘‘Tratamento paliativo’’ é o conjunto de cuidados relativos a pacientes que não respondem mais, de maneira satisfatória, às tentativas de cura e cuja esperança de vida fica significativamente reduzida.

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar A palavra ‘‘paliativo’’ (do latim pallium) significa em sentido próprio: ‘‘coberto com capa’’ em sentido figurado: ‘‘dissimulado’’

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Quando as causas de uma doença não podem ser removidas e o doente não pode ser mais curado Os sintomas são ‘‘encobertos’’ através de tratamentos específicos que não curam propriamente, mas cuidam do paciente

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar ‘‘Dor’’ é uma sensação desagradável, concreta, dependente da fisiologia humana O médico deve, a princípio, eliminar

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar ‘‘Sofrimento’’ é um sentimento subjetivo, conseqüente da dor que depende da personalidade humana Se trata ou se elabora por outros meios que não apenas médicos

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar A expressão ‘‘cuidados paliativos’’ refere-se a uma assistência mais ampla que a mera sintomatologia: a dor física é um dos motivos do sofrimento que aflige o paciente com câncer em estado avançado Tratar o paciente na sua totalidade: sofrimento do corpo e da alma

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Modelo de qualidade do cuidar bem-estar físico bem-estar psicológico Paciente FPT bem-estar social bem-estar espiritual

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Uma ‘‘morte boa’’ dor controlada cuidado personalizado recursos esgotados observação de rituais presença do entorno desejado

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Paciente fora de possibilidade terapêutica Diagnosticar e tratar as complicações e as dificuldades do paciente garante não apenas a sua qualidade de vida, mas previne a persistência de seqüelas psicológicas dos seus familiares

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Na prática: desenvolver uma filosofia uniforme para as principais questões (comunicação, suporte, controle da dor) decidir em equipe um plano específico de cuidados paliativos para cada paciente ouvir o paciente e os familiares explicar/ensinar/planejar envolver os pais, (os irmãos) e o paciente [dependendo da idade e do nível do desenvolvimento no processo de transição]

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar tratar a dor física, psicológica e outros sintomas possibilitar que o paciente morra em casa quando for possível e desejado estabelecer contato com os familiares depois da morte do paciente trabalhar entre os profissionais as questões relativas à morte (dilemas éticos, fracasso, impotência, perda, luto…)

Cuidados Paliativos Abordagem Multidisciplinar Mitos: pacientes não entendem a gravidade da doença pacientes sempre falam o que realmente sentem pacientes ativos ou dormindo não sentem dor pacientes não são capazes de descrever a dor pacientes não sofrem tanto quanto os adultos pacientes não têm a noção do risco de morte