Fabiana Santos Marco Crocco Mauro B. Lemos

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Transcrição da apresentação:

Fabiana Santos Marco Crocco Mauro B. Lemos As MPMEs em “Espaços Industriais” Periféricos: os casos de Nova Serrana e da Rede de Fornecedores da Fiat Fabiana Santos Marco Crocco Mauro B. Lemos CEDEPLAR - UFMG

Objetivos: analisar a inserção das MPMEs em dois tipos de sistemas locais periféricos: o distrito industrial centro-radial da rede Fiat de fornecedores e a aglomeração horizontal calçadista de Nova Serrana; Através da comparação destes dois tipos de sistemas locais é possível não somente investigar a influência de diferentes estruturas de governança sobre o universo de MPMEs, mas também explicitar os constrangimentos ao pleno desenvolvimento da capacitação tecnológica associados às peculiaridades do ambiente sócio-econômico, institucional e organizacional de países periféricos. CEDEPLAR - UFMG

Características do Sistema Produtivo Local Calçadista de Nova Serrana Baseado em Crocco et all. (2001) Grande concentração de pequena e micro empresas - o tamanho médio de firma no arranjo é de 8,70 empregados dados da RAIS, 1999); Inexistência de um agente de coordenação consolidado; Pequena capacidade inovativa - a cópia de produtos é a principal fonte de informação para a introdução de inovações de produto; A atividade principal do arranjo apresenta pequenas barreiras à entrada. Pequena especialização inter-firmas e pequena cooperação. O baixo nível tecnológico do arranjo como um todo pode ser identificado como a principal razão para esta não especialização; CEDEPLAR - UFMG

Características do Sistema Produtivo Local Calçadista de Nova Serrana Pode ser classificado como um cluster informal (Mytelka & Farinelli, 2000) ou cluster de sobrevivência (Altembrug & Meyer-Stamer, 1999); a dimensão estática do “milieu” encontra-se parcialmente em funcionamento, como comprovado pela existência de economias externas aglomerativas. CEDEPLAR - UFMG

Características do Sistema Produtivo Local da Rede Fiat de Fornecedores Baseado em Lemos et all. (2000) Distrito industrial “Centro-Radial” (Markusen 1999); a indústria de autopeças de Minas Gerais vem passando por um rápido processo de desnacionalização, com muitos fornecedores locais sendo adquiridos por fornecedores globais, seguindo a tendência mundial; Produção baseada em sistemistas; Dois tipos de MPMEs: pequena planta de multinacional e pequena empresa nacional. Capacidade Inovativa do arranjo é limitada: Montadora: a unidade operacional local se restringe a aspectos incrementais de desenvolvimento do produto, relacionados a testes do esforço de adoção e adaptação às condições locais, denominados pela literatura de tropicalização; Concentração do esforço tecnológico na matriz resulta da significativa indivisibilidade locacional exigida por esta atividade; CEDEPLAR - UFMG

Características do Sistema Produtivo Local da Rede Fiat de Fornecedores Sistemistas Limitação tecnológica local ainda maior devido ao co-design ser centralizado na plataforma da montadora. MPMEs nacionais: fornecedores de terceira linha fornecendo insumos de baixíssimo conteúdo tecnológico Esforço de cooperação entre a montadora e fornecedores concentrados em inovações organizacionais, produtivas e gerenciais; MPMEs multinacionais e a montadora possuem capacitação produtiva; Sistema de governança passivo ou reativo: sistema baseado em uma empresa âncora, que nada mais é do que uma plataforma produtiva em um país periférico, que formula suas estratégias a partir de fora sem a interveniência de agentes locais. CEDEPLAR - UFMG

Aglomeração Industriais Comparadas apesar de pertencerem a dois tipos distintos de clusters, tanto as MPMEs do arranjo produtivo da Fiat quanto às MPMEs de Nova Serrana possuem comportamentos que pouco contribuem para o desenvolvimento da capacitação tecnológica do sistema produtivo local. É interessante notar que os diferentes tipos de governança implicam em limitados linkages com atores locais para o desenvolvimento das capacitações tecnológicas CEDEPLAR - UFMG

Aglomeração Industriais Comparadas CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos Similaridades entre os arranjos de Nova Serrana e da rede Fiat de fornecedores se devem ao fato deles pertencerem a uma mesma macrolocalização, caracterizada como um espaço econômico periférico. Constrangimentos Periféricos: 1) Progresso Técnico não endógeno; 2) Instabilidade macroeconômica; 3) Constituição do espaço urbano; 4) Qualidade do entorno urbano; 5) Porosidade da demanda. CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos 1) Progresso Técnico Retorno à idéia Cepalina acerca da não endogenização do progresso técnico; Necessidade de incorporar o “Know-why” e não apenas o “Know-how”; Papel da multinacional na geração de progresso técnico na periferia (caso Fiat); Ambiente organizacional periférico passivo (incapaz de interferir na trajetória tecnológica e estrutura de mercados mundiais) e fechado (sua área de mercado não ultrapassa o espaço regional). CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos 2) Instabilidade Macroeconômica Dificulta a criação de ambientes estáveis necessários à criação de confiança nas relações de longo prazo. Propicia o surgimento de relações não cooperativas não somente entre os diversos atores, mas entre estes e as instituições governamentais e não - governamentais. 3) Constituição do Espaço Urbano Necessidade de aglomerações capazes de produzir atividades complementares, notadamente serviços; Requer densidades urbanas mínimas para o surgimento de economias de aglomeração; CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos Desenvolvimento capitalista implica em um processo de concentração e centralização do setor serviços: Concentração: relaciona-se com o processo de urbanização; Centralização: consiste no desenvolvimento desigual de centros urbanos implicando na concentração relativa das atividades econômicas em grandes centros urbanos; Produz um desenvolvimento desigual não só entre países mas também entre regiões. Limitado pela dimensão da renda e da desigualdade de sua distribuição: Possibilita o surgimento de um maior número de aglomerações urbanas completas nos países centrais. Periferia: Poucas e incompletas CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos 4) Qualidade do entorno: entorno urbano na periferia é geralmente de subsistência, dificultando a geração de estruturas produtivas complementares; Dificulta a desaglomeração de atividades econômicas do núcleo urbano para o seu entorno. 5) Porosidade da demanda local: área de mercado regional geograficamente extensa, mas com uma baixa intensidade de demanda por unidade de distância, dificultando o surgimento de escalas de produção capazes de gerarem economias externas de aglomeração CEDEPLAR - UFMG

Desenvolvimento Constrangido de MPMEs em "Espaços Industriais" Periféricos Todos estes fatores estão presentes nos arranjos produtivos de Nova Serrana e da Rede Fiat de Fornecedores, guardadas as respectivas diferenças A grande pergunta que fica no ar é em que medida é possível reproduzir tais densidades urbanas tanto em Nova Serrana quanto no caso da indústria de autopeças da Fiat. Dito de outra forma, quantas Novo Hamburgo são possíveis no Brasil? A dimensão da renda no Brasil permite a reprodução plena de relações cooperativas e inovativas como as existentes em Turim? As condições periféricas permitem concluir que as respostas a tais afirmativas serão bastante pessimistas. A conclusão deste processo é o surgimento de um espaço social construído baseado em relações sociais frágeis CEDEPLAR - UFMG