Gestão Social e Gestão Pública: interfaces e delimitações

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Transcrição da apresentação:

Gestão Social e Gestão Pública: interfaces e delimitações ENAPEGS 2010 Gestão Social e Gestão Pública: interfaces e delimitações o valor da imprecisão Armindo dos Santos de Sousa Teodósio PPGA / PUC Minas Lavras, mai/2010

O Estado em direção à Esfera Pública Narrativas “Estadocêntrica” “Mercadocêntrica” “Sociocêntrica”(Vieira) “Desestatização” (Morales) Estado Neoliberalismo Pluralismo de de Bem-Estar Bem-Estar (Vernis et al) Direitos sociais sem políticos - BR (Carvalho) Desafios Regulação OSCs Avanços na Provisão PPs Cidadania Administração Pública Societal (Paula, 2005)

Dilemas da Participação nas Políticas Sociais PERSPECTIVAS AMEAÇAS Alta densidade de participação Padrão de planejamento debilitado Governança Facilitada Governança Bloqueada Participação autêntica Pseudoparticipação e/ou pasteurização da participação Formação de conselhos atuantes e mecanismos transparentes de governança empresarial Prefeiturização de conselhos e composição com grupos cooptados Ruptura do clientelismo tradicional Novas formas de clientelismo Visão estratégica da gestão de políticas sociais Supremacia de grupos organizados Ênfase nos aspectos simbólicos Participação reduzida à estratégia de marketing Parceria com a população Parceria espúria com as partes interessadas Sensibilidade às especificidades locais Políticas Sociais esfaceladas Negociação entre interesses divergentes Jogo de soma zero (desigualdade + recursos escassos) Diálogo com as partes interessadas Hegemonia da sedução e da retórica Fortalecimento das instâncias participativas Esvaziamento de poderes constituídos, sobretudo o legislativo Negociação democrática de conflitos Acobertamento de conflitos Interlocução entre burocratas e cidadãos Insulamento Tecnocrático e Lei de ferro das oligarquias Fonte: Elaboração própria a partir de Jacobi (2006), Paraíso (2005), Sachs (2005), Guivant (2003), Olson (1999), Benevides (1998), Soares; Gondim (1998), Najam (1996), Weber (1994), Diniz (1992), Pateman (1992), Lélé (1991), Olstron (1990) e Michels (1969).

Promessas de Modernização das Políticas Sociais OSCs Proximidade Desburocratização Utilização mais Ampliação Cidadão Políticas Públicas adequada de recursos da Cidadania Atenção crescente nas discussões acadêmicas e de políticas sociais Valorização das Rompimento Geração de Controle Social soluções locais do Assistencialismo Emprego & Renda Accountability Questionamentos “ONGs – orgs que não querem ser orgs” (Fischer, T.) Concentração na Provisão de Serviços Públicos Empresariamento” (Oliveira, 2002; Tenório, 1999) Desresponsabilização do Estado e “Solução Neoliberal” (Montaño, 2002) Hegemonia dos interesses dos financiadores (Bebbington, 2002) Accountability para financiadores distanciamento das comunidades (Najam, 1996) Promessas de Modernização das Políticas Sociais

OSCs na Esfera Pública Polissemia e Uso Indiscriminado Sociedade Civil, Movimentos Sociais, ONGs, Terceiro Setor Racionalidade Econômica ou Estatal – Terceiro Setor (Sbottka) Idealização da Racionalidade. Substantiva (Alves, Teodósio) Mobilização de Recursos e Mob. Política (Gohn) Heterogeneidade do Terceiro Setor (Alves) Desconstrução da expressão TS (Landim; Oliveira) Repolitização da noção de Sociedade Civil (Alves) Auto-regulação (Cohen, Arato)

Mercado e Sociedade na Esfera Pública Liberalismo Doutrinário Fisiocracia Preocupações de Adam Smith – Regulação Mercados (Bernardo; Sen; Hirchman; Fonseca) Variáveis Exógenas X Endógenas – Modelos Econômicos (Abramovay) Natureza e Dinâmica – Mercados e Sociedade Nem “santificação”, nem “diabolização” (Abramovay) Ação e Racionalidade Atores no Mercado Superação de Dicotomias Mercados x Sociedade Competição X Solidariedade Auto-interesse x Altruísmo Nova Sociologia Econômica (Lévesque; Abramovay)

Estratégias Empresariais na Intervenção Social Relações de Parceria com OSCs e Comunidades - Stakeholders Parcerias Preferenciais: OSCs estruturadas, com capacidade gerencial e voltadas a bens públicos de 1º. nível Grandes e PMEs capazes de intervir Projetos Auto-Sustentáveis Múltiplos retornos competitivos para as empresas Articulação intrínseca com as estratégias de negócios “Neofilantropia” – Assistencialismo e Paternalismo (Beghin; Garcia; Paoli) Substituição do Estado (Parcerias “Um a Um”) Competição por recursos Concentração em temáticas Infância & Adolescência, MA e Educação Meirelles (2005), Garcia (2004), Azevedo (2002), Corrulón (2002), Paoli (2002), Falcão (2002), FIRJAN (2002), Fischer (2002), Tachizawa (2002a), GIFE (2001), Chianca; Marino; Schiezari (2001), Mcintosh, M. et al. (2001), Melo Neto; Froes (2001), Pereira (2001), Carrion (2000), Cruz; Estraviz (2000), FIEMG (2000), Peliano (2000), Pringle; Thompson (2000), Melo Neto; Froes (1999) e Marcovitch (1997).

Estado, Soc. Civil e Mercado na Esfera Pública Esfera Pública para Habermas origem na articulações de interesses privados (setor trocas mercadorias e trabalho) entre Esfera Poder Público e Setor Privado Agonia da Esfera Pública necessidade e transitoriedade Esfera Privada (Arendt) Vieira interstícios, sobreposições e interdependência entre esferas (inexistente em Habermas) Cidadania como acesso a serviços e relações políticas (Janoski) Ação e racionalidade não emancipatórias das OSCs (Pérez-Diaz) Narrativas sobre a Esfera Pública Pressupostos Éticos e Morais – Atores (Seligman) Pluralismo Comunitarismo Estado-Nação Democracia Representativa (Held) Democracia Participativa (Habermas, Santos)

Diagrama Conceitual das Esferas Sociais segundo Janoski (1998) Polícia Forças Armadas Polícia Secreta Espionagem Executivo Judiciário Burocracia ESFERA ESTATAL Estado de welfare público, mídia, educação e P&D Partidos políticos Contratos de Defesa Corporações de direito público com controle tripartite Regulação ESFERA PÚBLICA Federações sindicais Sindicatos Educação, saúde e mídia privada ESFERA DO MERCADO Associações voluntárias: welfare, interesse Grupos de auto-ajuda Associações de empregados Empresas Movimentos Sociais Associações de consumidores Mercados Redes de empresas Familiares e de clubes de elite Vidas privadas reveladas na mídia e nos tribunais ESFERA PRIVADA Amor e afeição Famílias Relações sexuais Amigos e conhecidos Fonte: VIEIRA, 2001, p. 66.

Contribuições do Modelo de Esferas Sociais (Janoski) Sobreposições, justaposições e interdependência; Comparações entre realidades; Incorporação da ação dos atores (perspectiva dinâmica e não categórica); Incorporação de relações de mercado pautadas na esfera pública; Discussão da Esfera Privada – ação social (“INGs”); Permite se evitar idealizações ou “demonizações” dos atores.

Considerações Finais Gestão Social como Construção Artesanal Esfera Pública como encontro de saberes Para além dos porquês

Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo) Obrigado! Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo) PPGA / PUC Minas teodosio@pobox.com www.teodosio.xpg.com.br www.armindoteodosio.blogspot.com