História do Teatro III Meyerhold e a biomecânica

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Transcrição da apresentação:

História do Teatro III Meyerhold e a biomecânica INSTITUTO DE ARTES E DESIGN DEPARTAMENTO DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS CURSO DE TEATRO - LICENCIATURA História do Teatro III Meyerhold e a biomecânica Profa. Marina de Oliveira 1° semestre/2010

Vsevolod Meyerhold (1874-1940) Ator, diretor e teórico teatral russo; idealizador da biomecânica. Em 1896, ingressou no Instituto Dramático e Musical, mantido pela Sociedade de Filarmonia, sendo aluno de Dantchenko. Em 1898, passou a integrar o grupo do TAM (Teatro de Arte de Moscou). Em 1902, deixou o TAM, fundando a “Trupe de artistas dramáticos russos”, com quem viaja pelas províncias do Império. Em 1903, a equipe foi rebatizada de “Confraria do Novo Drama”, dado que constituiu o primeiro passo de Meyerhold em busca de uma estética não realista.

Em 1905, criou, com o apoio de Stanislavski, o Teatro Estúdio (vinculado ao TAM), para experimentações simbolistas. O projeto fracassou. Em 1906, reativou a “Confraria do Novo Drama”. De 1906-1907, efetuou parceria com a atriz Vera Komissarjévskaia, montando dramas simbolistas. Em 1913, fundou sua própria escola. Em 1920, proclamou o “Outubro Teatral”, movimento que promoveu a politização absoluta da arte dramática.

- Em 1938, o Teatro Meyerhold foi fechado pelo regime stalinista - Em 1938, o Teatro Meyerhold foi fechado pelo regime stalinista. Stanislavski deu abrigo ao encenador, que voltou a trabalhar em um dos estúdios do TAM. Em 1940, através de decreto de Stalin, Meyerhold foi fuzilado pela ditadura soviética. Pouco depois, sua esposa, a atriz Zinaída Raikh, foi encontrada morta em seu apartamento.

Foto de Meyerhold, depois de preso

Para Guinsburg, as atividades de Meyerhold, já como diretor reconhecido, podem ser divididas em quatro fases: simbolista, esteticista, construtivista e sintética.

Fase simbolista (1906-1907) Objetivos de Meyerhold: Deixar à imaginação do espectador a liberdade de completar o que não foi dito; Fazer com que o gesto corporal propicie a revelação do espiritual, já que a palavra, sozinha, não dá conta de expressar o universo sobrenatural; Exprimir o indizível através de posturas corporais e faciais. Alguns dos textos montados: Hedda Gabler (Ibsen); Irmã Beatriz, Pelleas e Mélisande (Maeterlinck); O casamento de Zobeida (Hofmannstahl); A vitória da Morte (Sologub)

Cena de Irmã Beatriz (1906), de Maeterlinck

Fase esteticista Assume-se a convenção; Rampa é abolida e o palco desce ao nível da orquestra; Espectador é considerado o 4° criador (junto com o autor, o encenador e o ator); O grotesco é visto como operador essencial de uma nova teatralidade; Ex. de montagem A barraca de feira, de Blok. ( ulização da linguagem do circo, do teatro de feira, das marionetes, do grotesco, da hipérbole e da pirotecnia, sempre valorizando o estilo popular).

Fase construtivista Vincula-se ao “teatro da revolução” (Outubro teatral); O ilusionismo pequeno-burguês é condenado; O repertório de peças, em geral, é reinterpretado a partir da perspectiva marxista-comunista; Cada elemento da produção teatral devia ser de natureza dinâmica e funcional (atores utilizavam calça e blusa ou macacão operário) O ator devia atuar primeiro fisicamente e não começar pelas emoções, como propunha Stanislavski. Auge da biomecânica. Algumas montagens: Mistério bufo, de Maiakóvski (1918 e 1921) O corno magnífico, de Crommelinck (1922) A floresta, de Ostróvski

Biomecânica Conjunto de exercícios básicos que ajudam o ator a exercer maior controle sobre o seu corpo em situações dramáticas. Influências: Ideias produtivas – Frederic Taylor (1856-1915) Teoria das emoções – William James (1842-1910) Teoria dos reflexos condicionados – Ivan Pavlova (1849-1936) Arte: produção Corpo: máquina Biomecânica: controle

Exercícios da biomecânica tem como princípio a articulação de opostos Exercícios da biomecânica tem como princípio a articulação de opostos. Tudo é analisado sob a perspectiva de causa e efeito. Característica dos exercícios: Têm caráter lúdico ou teatral. Os objetos são imaginários. Se realizam sempre em grupo (mesmo os solos). Criação do espaço dividido em: relação das partes do próprio corpo (oposição) em busca de equilíbrio. O corpo e a sua construção geométrica no espaço. Corpo espaço em relação ao tempo. Relação do corpo do ator com o seu parceiro. Precisão entre pergunta e resposta. Relação do corpo com o objeto imaginário. Relação do corpo com o observador. Toda parada é a preparação para o movimento e todo o movimento termina numa pausa.

Exercícios da biomecânica

Sobre o construtivismo russo - Movimento que defende a arte funcional, capaz de atender às necessidades do povo. (socialização da arte) - Inspira-se nas conquistas da Revolução Russa de 1917. - No teatro, abarcou o estilo de cenografia e encenação desenvolvido por Meyerhold a partir dos anos 20. O texto tem menos importância que os elementos não-verbais, como a expressão corporal. Os cenários são elaborados por pintores que quebram a perspectiva convencional. As cenas são despojadas, e no palco há apenas os elementos indispensáveis ao trabalho dos atores.

Montagens construtivistas

Design do cenário de O corno magnífico

O corno magnífico, de Fernand Crommelinck (1922)

O corno magnífico, de Fernand Crommelinck (1922)

O corno magnífico, de Fernand Crommelinck (1922)

Cenário de Mistério bufo, de Maiakóvski (1918 ou 1921)

Cenário construtivista e figurino de macacões Cena de A Morte de Tarelkin (1922), de Sukhovo-Kobilin Cenário construtivista e figurino de macacões

A floresta, de Ostróvski (1924)

Fase sintética Para Guinsburg, constitui a fase realmente criadora. Encenador transforma o texto, o remaneja; No caso da montagem de O inspetor geral, de Gogol, considerada marco dessa fase, dirigida por Meyerhold em 1926, há uma retomada dos elementos hoffmanescos, grotescos, expressionistas e uma mistura entre a perspectiva construtivista e uma luxuosa decoração.

Imagens de O inspetor geral, Montagem de 1926 de Meyerhold

Klestakov Por E. Gárin

O Major

(Anna Andreyevna) por Zinaída Raikh

(Maria Antonovna)

(Rastakovsky)

(Osip)

Episódio 9, os subornos

Cena muda em que manequins substituem os atores Cena muda em que manequins substituem os atores. Ao centro, o chefe dos correios segura a carta.

Fontes GUINSBURG, J. Stanislavski, Meyerhold e Cia. São Paulo: Perspectiva, 2001. Portal Meyerhold http://www.meyerhold.org/ Imagens de O inspetor geral: http://www.glopad.org/pi/de/record/production/567