Caso Clínico COQUELUCHE

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Caso Clínico: Defeito no septo atrioventricular
Advertisements

Coqueluche Doença infecciosa aguda, transmissível, de distribuição universal, que compromete especificamente o aparelho respiratório (traquéia e brônquios)
ANAMNESE DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Anamnese DIH: 11/05/09 Identificação: D.C.S., 55 anos, natural da Bahia, procedente da Ceilândia, auxiliar de serviços gerais. QP: Febre, calafrios e sudorese.
Caso clínico 3  Identificação:
Caso clínico 2 Identificação:
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
PNEUMONIAS CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SUGESTÃO Livro do estudante Seidel Terence Blanchard.
Natália Silva Bastos Ribas R1 pediatria/HRAS
CASO CLÍNICO Pneumonia
Caso clínico Abscesso pulmonar
Pneumonia em institucionalizados
A criança internada na Unidade Intermediária
Coqueluche: Estamos em epidemia? Como agir?
CASO CLÍNICO Dengue Hemorrágica
Acidente Vascular Encefálico Caso Clínico
CASO CLINICO: FEBRE REUMÁTICA
CASO CLÍNICO Hospital Infantil João Paulo II 09/01/2013
Caso Clínico: Pneumonia Comunitária
Prevenção de doenças – Caso clínico
Caso clínico Calasar Priscila Carvalho (Interna ESCS)
III Curso Nacional de Infecções Respiratórias
CASO CLÍNICO CARDIOPATIA E FEBRE
Influenza / Gripe → DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO (CID-10: J.09 a J.11)
DANIEL DE ALMEIDA BALTHAZAR Universidade castelo branco
CASO CLÍNICO Relatório de Admissão- UTI Adulto
CASO CLÍNICO : Anemia Falciforme Ana Cláudia de Aquino Dantas
CASO CLÍNICO Neurologia infantil Doenças DESMINIELIZANTES
Caso Clínico.
CASO CLÍNICO: Cetoacidose diabética HRAS – PEDIATRIA
Saulo da Costa Pereira Fontoura
Caso Clínico: Convulsão Febril
CASO CLÍNICO: PNEUMONIA BACTERIANA ADQUIRIDA EM PEDIATRIA
Síndrome hemolítico-urêmica
Caso Clínico Síndrome do Lactente Sibilante
Caso Clínico: Convulsão febril
CASO CLÍNICO:COMA A ESCLARECER
Caso clínico 1 Menina de 6 anos de idade é atendida no Posto de saúde com história de disúria e polaciúria há 2 dias. Nega febre. ISDA: obstipação; corrimento.
“GRIPE” A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório que tem distribuição global e elevada transmissibilidade. Classicamente,
Gripe influenza tipo A (H1N1)
Caso Clínico: ASMA Débora Maria Ribeiro Raulino Mariana Mesquita Gomes
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
Coqueluche.
Caso Clínico: Tosse seca Eula Leisle Braz Lima e Priscilla Sampaio Coordenação: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/ESCS/SES/DF
Natacha Feitosa Eleutério R2 Pediatria Geral
DISCIPLINA DE PEDIATRIA II
GRIPE H1N1: Manifestações clínicas e tratamento
Hospital Santo Antônio
Caso Clínico 1 Diagnóstico Diferencial dos Derrames pleurais
CASO CLÍNICO 4 – ASMA/DPOC
Prof. Ana Veronica Mascarenhas
Taquipnéia Transitória do recém-nascido
Em relação à dengue, é correto afirmar:
Acadêmico(a): Julia Amorim Cruz Coordenação: Carmen Lívia
HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS
HIV Infecção oportunista
SINAN Caso Clínico Elisa Trino de Moraes Fernanda R. Canteli Nathália dos Reis de Moraes.
Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento deEpidemiologia e Bioestatística Epidemiologia IV Universidade Federal Fluminense.
Diarreia em crianças FUPAC – Araguari Curso de medicina.
Sessão Anátomo-Clínica
Flávia Maria Borges Vigil
Leonardo Gebrim Costa Julho 2009 Internato em pediatria ESCS
INFECÇÃO HUMANA PELO VÍRUS INFLUENZA A (H1N1)
Bronquiolite viral aguda APRESENTAÇÃO: BRUNA CAIXETA COORDENAÇÃO: DRA CARMEN MARTINS INTERNATO EM PEDIATRIA – 6ª SÉRIE-FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE.
Elane Sousa - R1 Acupuntura Saulo Alencar – R1 Clínica Médica Joaquim e Rita - R2 Clínica Médica Maria – R3 Clínica Médica Dr. Clésio e Dr. Daniel Kitner-
PATOLOGIA NASOSINUSAL
COQUELUCHE José Wilson Zangirolami Infectologista - GVE XXI
Transcrição da apresentação:

Caso Clínico COQUELUCHE Internato em Pediatria – HRAS Luciana Maria Mendes Santiago Coordenação: Luciana Sugai Brasília, 17 de julho de 2012 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (ESCS) www.paulomargotto.com.br

IDENTIFICAÇÃO: LMR, 3 meses, branco, masculino, Natural de Brasília IDENTIFICAÇÃO: LMR, 3 meses, branco, masculino, Natural de Brasília. DN: 11/03/12 Informante: Mãe (Boa informante). QP: “ Tosse e cansaço há 14 dias” Caso clínico

HDA: Mãe refere que há 14 dias criança iniciou quadro de tosse intensa, seca, pior durante a noite e madrugada, associada a intenso desconforto respiratório e chiado no peito. Há 13 dias procurou o posto de saúde, sendo suspeitado de sibilância e prescrito prednisolona (1,5mg/kg/dia) + NBZ com Fenoterol por 5 dias. Criança não teve melhora do quadro com medicações, segundo a mãe. Evoluiu, há 4 dias, apresentando tosse produtiva, emetizante, com expectoração esverdeada, associada a hiporexia. Mãe resolveu procurar novamente o posto, onde foi orientada a continuar usando a Prednisolona, agora na dose de 1,1mg/kg/dia e a NBZ com Fenoterol. Por não apresentar melhora, deu entrada no PS do HMIB. No momento da admissão, a criança estava bem, mantendo desconforto respiratório leve e tosse. Mãe se queixa de diminuição da diurese. Não apresentou nenhum pico febril desde o início do quadro. Caso Clínico

Caso Clínico Antecedentes Fisiológicos: Mãe realizou pré-natal (8 consultas), refere ter apresentado colelitíase e pancreatite por volta da 21ª sem de gestação, nega outras intercorrências. Nasceu de parto normal, a termo, 40semanas. Peso de nascimento: 4145kg, GIG, comp: 53,5 cm, PC: 36 cm. Apgar 8/9. Parto sem intercorrências. Vacinação em dia. Caso Clínico

Antecedentes Patológicos: Nega doenças e internações anteriores, nega alergias, transfusões, traumas. Antecedentes Familiares: Nega asma na família Pai: 33, Mãe: 34, Irmãos: 10 e 5 anos. Todos hígidos. Caso Clínico

Hábitos de Vida: - Mora em casa de alvenaria com mãe, pai e irmãos, local tem água encanada e fossa. - Nega contato com tabagistas - Não possui animais de estimação - Em aleitamento materno exclusivo Caso Clínico

Exame Físico da admissão: BEG, ativo, normocorado, hidratado, acianótico, anictérico, taquidispnéico. - Pele - Sem alterações - AR - MV rude, com creptos finos em base e sibilos leves expiratórios difusos. FR=70irpm. Sat O2: 89-94% (em ar ambiente). - ACV - BNF, RCR 2T sem sopros - ABD - Plano, flácido, RHA +, sem visceromegalias. - EXT- Bem perfundidas e sem edemas, TEC <3s - Neuro: ausência de sinais meníngeos. Caso Clínico

Exames Complementares: Hemograma: - Hem: 4,32 milhões Hg: 10,7 Ht: 32,3% VCM: 74,8 Plaq: 652 mil RDW: 35% Hipocromia +/ microcitose + - Leucometria: 59.600 NT 37% (22.1 mil) / Bast 0% Eos 0% /Baso 0%/ Mono 8% (4.8 mil)/ Linf 55% (32.8 mil) Bioquímica: TGO: 23 TGP: 4 Exames Complementares:

Exames Complementares: RX de tórax (24/06/12): Infiltrados pneumônicos na língula. Opacidade projetada na região paravertebral direita, hemitórax superior. Exames Complementares:

-HV 62,5% do Holliday -Penicilina Cristalina – 150 -HV 62,5% do Holliday -Penicilina Cristalina – 150.000UI/kg/dia (D1) – trocada por Azitromicina 10mg/kg/dia no dia seguinte -Prednisolona – 1,1mg/kg/dia (D4) -Salbutamol – 3jatos 4/4h Conduta na Admissão

Desde sua admissão, ocorrida há 17 dias, evoluiu com tosse em crise, produtiva, frequente, emetizante, associada a cianose e pletora facial. Ao exame, apresentava-se taquipneico, com creptos em bases e poucos sibilos. Saturando bem, em uso de O2 suplementar sob CN. Há 11 dias mãe relata redução das crises de tosse, dos episódios de cianose e vômitos. Ausculta pulmonar com creptos em base direita, sem sibilos, saturando 94-95% com CN a 0,5 L/minuto. Restante do exame físico sem alterações. Criança foi retirada do isolamento. Evolução

Há 6 dias paciente havia terminado antibioticoterapia e aguardava desmame de O2 para alta hospitalar. Então, evoluiu com 2 episódios de taquiarritmia em dias consecutivos, revertidas com cardioversão elétrica e drogas. Foi encaminhado à UTIP, onde apresentou estabilização do quadro. Evolução

Exames Complementares Hemograma (03/07) 03/07 Valor absoluto Leuco 50.600 Seg 36% 18.2 mil Bast 4% Linf 35% 17.7 mil Mono 2% 1 mil Eos 1% Baso 0,0% Miel 3% 1.5 mil Metamiel 0.5 mil Linf.atíp 26% - Hem: 4,7 milhões Hg: 11,5 Ht: 35% VCM: 74,5 Plaq: 650 MIL RDW: 18,3% Anisocitose + Microcitose + Leucocitose com granulações tóxicas + Bioquímica (03/07): CL 99 / FÓSF 3.9 / Mg 2.4 / K 4.5 / NA 137. Exames Complementares

Coqueluche

Doença infecciosa aguda, altamente contagiosa, de distribuição universal, que compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. Definição

Epidemiologia Era pré-vacinal:200-1000 casos/100.000 Inicio de vacinação em massa na década de 50 – houve redução da incidência. No Brasil essa redução ocorreu em meados da década de 80. Atualmente há elevação de incidência em adultos nos países desenvolvidos. No Brasil não há documentação até o momento. Epidemiologia

Epidemiologia Doença de notificação compulsória Agente Etiológico: Bordetella pertussis (bacilo gram negativo capsulado, aeróbio, imóvel) Reservatório: Homem – Ainda não foi demonstrado se há portadores crônicos Período de incubação: média de 5-10 dias, podendo variar de 1-3 semanas Epidemiologia

Epidemiologia Modo de transmissão: Inalação de aerossóis (Transmissão por objetos é pouco frequente). Período de transmissibilidade: final do período de incubação (5 dias) até 3 semanas após o inicio da fase paroxística. Epidemiologia

Fisiopatologia Resposta inflamatória – muco (obstrução) Inalação de aerossois Aderência ao epitelio ciliado das VAS Liberação de toxinas (TP), Adenilatociclase, FPL Resposta inflamatória – muco (obstrução) Necrose epitelial – paralisia ciliar Fisiopatologia

Clínica Fase Catarral Duração: 1-2 semanas Inicia-se com febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca seguidos pela instalação gradual de surtos de tosse. Fase Paroxística Duração: 2-6 semanas Geralmente afebril ou com febre baixa. Apresenta paroxismos de tosse seca, finalizadas pelo guincho, seguidas de vômito. Os episódios de tosse paroxística aumentam em frequência e intensidade nas duas primeiras semanas Fase de Convalescença Duração: 2 a 6 semanas. Até 3 meses Episódios de tosse comum Lactentes jovens (< 6 meses) são propensos a apresentar formas graves, muitas vezes letais Clínica

Pulmonares: Pneumonia e otite media por B Pulmonares: Pneumonia e otite media por B. pertussis, pneumonias por outras etiologias, ativação de tuberculose latente, atelectasia, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma; Neurológicas:Encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intracerebrais, hemorragia subdural, estrabismo, surdez; Ocorrem devido ao aumento da pressão intra- abdominal: Hemorragias subconjuntivais, epistaxe, edema de face, hérnias (umbilicais, inguinais e diafragmáticas). Ocorrem devido aos vômitos: desidratação, desnutrição, alcalose metabólica Complicações

Diagnóstico - Caso Suspeito: Indivíduo com tosse seca há 14 dias ou mais, associada a :tosse paroxística, guincho inspiratório ou vômitos pós-tosse. Indivíduo com tosse seca há 14 dias ou mais e com história de contato com um caso confirmado de coqueluche pelo critério clínico. Diagnóstico

Diagnóstico - Confirmado: Critério laboratorial – Caso suspeito com isolamento de B. pertussis (cultura de nasofaringe). Pode ser coletada até 3 dias após início de antibioticoterapia Critério clínico-epidemiológico – Caso suspeito que teve contato com caso confirmado pelo critério laboratorial durante o período de transmissibilidade. Critério clínico – Caso suspeito com alteração no leucograma: leucocitose (acima de 20 mil leucócitos/mm3) e linfocitose absoluta (acima de 10 mil linfócitos/mm3), desde que não exista outro diagnostico confirmatório. Métodos sorológicos não são recomendados devido à demora com que exibem positividade. Obs: RX: Normal, hiperinsuflação, padrão intersticial, atelectasias, coração felpudo Diagnóstico

Tratamento Macrolídeos – Eritromicina O período catarral é o único onde uma melhora clínica pode ser evidente com o uso de antibiótico. Durante o episódio de tosse paroxística a criança deve ser colocada em lateral ou decúbito de drenagem para evitar a aspiração de vômito e/ou de secreção respiratória. Manter o paciente em isolamento por 5 dias após início de antibioticoterapia Lactente em apneia ou cianose - oxigenoterapia Tratamento

Vacinação – Profilaxia - não confere imunidade permanente. - Esquema do MS: 2, 4 e 6 meses (tetravalente). Reforço aos 15 meses e 4- 6 anos (DTP). DTP não deve ser aplicada em >7 anos (opção: vacina acelular) Medidas de Controle

Controle de Comunicantes Com vacinação básica completa: - Se menores de 7 anos, devem receber profilaxia com eritromicina por 10 dias e uma dose de vacina como reforço. Se maiores de 7 anos: Eritromicina por 7 dias. Sem vacinação completa: - Iniciar/completar vacinação em menores de 7 anos. Oferecer eritromicina por 7-10 dias Pesquisa de novos casos Controle de Comunicantes

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica 8ª edição revista BRASÍLIA / DF – 2010 Luz PM, Codeço CT, Werneck GL -A reemergência da coqueluche em países desenvolvidos: um problema também para o Brasil? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(4):1209-1213, jul-ago, 2003 PIOVENSANA, A.M.S.G.; J.A; LIMA, C.L.A,et al .BEHRMAN, R. E KHEGMAN, R. M; JENSON, H.B.Nelson - Tratado de Pediatria. 16ª edição. Riode Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002 Bibliografia

Obrigada!