Interpretação clínica do exame de urina simples (EAS)

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Indicadores ácido-base
Advertisements

Interpretação clínica do exame de urina simples (EAS)
FACULDADE NOBRE DE FEIRA DE SANTANA
Amostras utilizadas em Imunoensaios Profa
Métodos diagnósticos nefrologia (cont) Estudo histológico Filtração Glomérulo -- arteríola aferente -- arteríola eferente Tufo capilar.
SISTEMA EXCRETOR.
URINÁLISE HISTÓRICO Introduzida na prática clínica em Paris no ano de 1837 por François Rayer e Eugene N. Vigla. Thomas Addis – 1920 Fairley e Birch –
1. Função Quais são as funções que o sangue exerce no corpo?
Sistema Excretor O Sistema Excretor tem como função eliminar os resíduos de origem celular e de manter regulação osmótica, isto é, o equilíbrio dos fluídos.
Sistema Urinário Humano
Indicadores ácido-base
PROF. VANEIR INOCÊNCIO BEZERRA (MESTRE EM CIÊNCIAS BIOMÉDICAS)
INTERPRETAÇÕES E AÇÕES DE ENFERMAGEM NOS EXAMES LABORATORIAIS
SISTEMA EXCRETOR Colégio militar de fortaleza 8º ano
SISTEMA EXCRETOR 1.
Abordagem da criança com Doença Renal (CRM)
SISTEMA URINÁRIO FUNÇÕES: A principal função do sistema urinário é auxiliar na homeostase (equilíbrio do organismo) controlando a composição e o.
SISTEMA EXCRETOR.
Cloretos Carolina Maximo Maldonado
O que é a doença renal crónica?
Avaliação da Função Renal
EXAME DE URINA (ELEMENTOS ANORMAIS)
URÉIA Acadêmica Carolina Maldonado
Indicadores ácido-base
ACIDOSE METABÓLICA.
EXAME DE URINA Ana Cristina Simões e Silva
DIABETES MELITO 1. Conceito 2. Curiosidades
Sistema Urinário.
Ciências Biológicas Componentes
Fisiologia Humana Sistema urinário.
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Dr. Marcel Jaqueto CCS – Nefrologia UEL
Déficit de volume plasmático
EXCREÇÃO. EXCREÇÃO O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA URINÁRIO - RIM.
Exame de Urina - Sedimentoscopia
Colégio Maria Imaculada
Tá olhando o que!? Caso Clínico.
SISTEMA URINÁRIO E GENITAL
CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO Da carne in natura
Quais são as funções do rim?
REGULAÇÃO DA OSMOLARIDADE DOS LÍQUIDOS CORPORAIS E EXAME DA URINA
UROANÁLISE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS
UROANÁLISE Prof. Narcizo A. Tonet
SISTEMA EXCRETOR.
Coleta de material para exames laboratoriais.
INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES DE URINA
1. Função Quais são as funções que o sangue exerce no corpo?
Cristais urinários Eurípedes Alvarenga Barbosa
ESTUDO DE CASOS Paciente jovem foi internada devido ao estado de inconsciência em que foi encontrada em seu apartamento. Informaram que a mesma era usuária.
Gasometria Arterial. GASOMETRIA A gasometria consiste na leitura do pH e das pressões parciais de O2 e CO2 em uma amostra de sangue. A leitura é obtida.
Fisiologia do Sistema Urinário
UROANÁLISE Prof. Narcizo A. Tonet
URINA Elementos anormais Relevância clínica
Glomerulonefropatias
Avaliação Clínica e Laboratorial da Função Renal
LÍQUIDO SINOVIAL.
LÍQUIDOS BIOLÓGICOS Mestranda: Michelli A. B. Silva
Sistema Excretor Amanda Dantas.
Narcizo A. Tonet Citologia Clínica
Distúrbios do Equilíbrio Ácido-Base
METABOLISMO BACTERIANO (PROVAS BIOQUÍMICAS)
Patologia Renal Doenças tubulo-intersticiais
Exames Físicos da Urina
Ciências Naturais – 9.o ano
Distúrbios Hidroeletrolíticos
PROVAS DE FUNÇÃO RENAL RODRIGO CÉSAR BERBEL.
Distúrbio ácido-básico Enf a Rita Nascimento. Quanto maior for a concentração dos íons de hidrogênio mais ácido será a solução e menor será o pH. Quanto.
Sistema Renal.
Avaliação do Equilíbrio hidroeletrolítico. Avaliação Importante para o controle de qualquer paciente gravemente doente Importante para o controle de qualquer.
Transcrição da apresentação:

Interpretação clínica do exame de urina simples (EAS) Prof. Luiz Carlos Bertges SUPREMA

O que é o EAS? O exame qualitativo de urina (EAS) é um conjunto de provas não-invasivas e baratas que fornecem informações sobre várias funções metabólicas do organismo.

Qual a utilidade do EAS Doenças renais Doenças do trato urinário Doenças metabólicas Outras doenças sistêmicas

Em que consiste o EAS? Verificação do aspecto e cor, pH e densidade Pesquisa de proteínas e glicose Pesquisa de corpos cetônicos Pesquisa de urobilinogênio e bilirrubinas Pesquisa de hemácias e leucócitos Pesquisa de nitritos e esterases Sedimentoscopia

Como deve ser feita a coleta? Primeira urina, pela manhã (mais concentrada) Limpeza suave dos genitais, com antisépticos ou água e sabão neutro Mulher: abrir os grandes lábios Coletar o jato médio Recipiente descartável, limpo, seco Etiquetar com nome, data e hora da coleta Examinar até 1 hora após a coleta (refrigerada/4horas)

O que é uma tira reagente? São tiras plásticas que possuem substâncias, revelando a positividade por modificações de cor Simples (medem um único parâmetro) Múltiplas

Qual é a técnica? Submergir totalmente a tira na amostra de urina (máximo de 1 segundo) Misturada, sem centrifugar Retirar o excesso de urina por capilaridade, na borda do frasco Comparar a cor das áreas reativas com a escala cromátic a correspondente. Fazer a leitura em local com boa iluminação.

Qual é a cor normal da urina? A cor da urina emitida por indivíduos normais varia de amarelo -citrino a amarelo âmbar fraco Pigmentos urocrômicos Uroeritrina Uroporfirinas Riboflavinas Etc

Quais as cores comumente encontradas? Amarelo claro ou incolor Amarelo escuro ou castanho Alaranjada ou avermelhada Marrom escuro ou enegrecida Azulada ou esverdeada Esbranquiçada ou leitosa

Amarelo claro ou incolor Poliúria Diabetes mellitus e insípidus Insuficiência renal avançada Hiperhidratação Diuréticos Álcool

Amarelo escuro ou castanho Oligúria Anemia perniciosa Febre Início de icterícias Exercício vigoroso Ingesta de argirol, mepacrina, ruibarbo e furandantoínas

Alaranjada ou avermelhada Hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria Icterícias hemolíticas Porfirinúrias Uso de anilina, eosina, fenolftaneína, rifocina, sulfanol, tetranol, trional, xantonina, beterraba, piridina, nitrofurantoína, vit. A, fenindio Contaminação menstrual

Marrom escura ou enegrecida CA de bexiga GNDA Meta-hemoglobinúria Alcaptonúria Paludismo Melanoma maligno Uso de metildopa, levodopa, metronidazol, argirol, salicilatos

Azulada ou esverdeada Pseudomonas Icterícias antigas Tifo Cólera Uso de azul de Evans, Azul de metileno, riboflavina, amitriptilina, metocarbamol, cloretos, indican, fenol, santonina

Esbranquiçada ou leitosa Quilúria Lipidúria maciça Hiperoxalúria Fosfatúria Pús

Qual o aspecto normal? Claro, transparente, límpida Não deve ser turva, opaca, conter coágulos, muco ou outros elementos estranhos

Qual a densidade normal, e quando se altera? 1.015 a 1.025 / urina de 24 h 1.002 a 1.030 / amostras ao acaso Sinaliza incapacidade de concentrar ou diluir Doença renal (túbulo distal) Deficiência de HDA

Exemplos de alteração da densidade Densidade aumentada Diabetes melitus Hipersecreção de ADH (meningites, TU etc) Densidade diminuída Diabetes insípidus Alcool

Qual o pH normal? 4,5 a 8 O pH urinário reflete a capacidade do rim em manter a concentração normal dos íons hidrogênio no liquido extracelular

Exemplos de pH alto ou baixo pH baixo Acidose metabólica ou respiratória pH elevado Alcalose metabólica ou respiratória Observação: alguns antibióticos funcionam melhor com pH ácido e outros com pH alcalino

Como é dado o resultado qualitativo das proteinúrias? Resultado em cruzes Resultado em mg/dL Traços <50 + <100 ++ <150 +++ >150

Quando há proteinúria? Lesão da membrana glomerular (distúrbios Autoimunidade Amiloidose Tóxicos Comprometimento da reabsorção tubular Mieloma múltiplo Nefropatia diabética Pré-eclampia Proteinúria ortostática ou postural.

O que é o mieloma múltiplo Distúrbio proliferativo de Plasmócitos, que produzem muita imunoglobulina (Proteína de Bence Jones) Pequenas Facilmente filtradas Ultrapassa a capacidade de reabsorção tubular

Como é dado o resultado qualitativo das glicosúrias? Resutados em cruzes Resultados em mg/dL Traços <100 + <250 ++ <300 +++ <500 ++++ >1.000

Quando aparece glicose na urina? Molécula pequena Facilmente filtrável Reabsorvida no TCP Aparece na urina: Quando acima de 180 mg/dL no sangue Defeito no TCP (Síndrome de Fanconi)

Como é dado o resultado qualitativo das cetonas? Resultado em cruzes Resultados em mg/dL Traços <5 + <15 ++ <50 +++ <150

Quando ocorre cetonemia e cetonúria? As cetonas são formadas por três substâncias: Acetoacetato, b-hidroxibutirato e acetona Produto do desvio do metabolismo glicídico / lipídico

É normal a presença de urobilinogênio na urina? Metabolismo das bilirrubinas: BI BD Urobilinogênio Fezes (estercobilina) Urina (urobilina)

É normal ter bilirrubinas na urina? BD Lesão hepatocelular Icterícia obstrutiva BI Não aparece na urina Observação: a bilirrubinúria D pode preceder a icterícia (limar entre 2 e 4 mg/dL)

Quando ocorre hematúria? Infecções do trato urinário Cálculo renal Tumor do trato Urinário Rim policísistico Glomerulonefrite pós-estreptocócica. A maior parte dos casos de hematúria são microscópicas Cilíndros hemáticos indica lesão renal

Quando ocorre hemoglobinúria? Síndromes hemolíticas: Síndrome hemolítico urêmica Púrpura trombocitopênica Hemoglobinúria paroxística noturna Reações transfusionais Toxinas bacterianas (sepse) Venenos (cobra, aranha etc) Malária Queimadura Exercícios extenuantes

Quando ocorre mioglobinúria? Com destruição aguda de fibras musculares Exercício excessivo Convulsões Hipertermia Queimaduras graves

Qual a importância do nitrito? Infecções por produtores de enzimas que reduzem o nitrato da urina a nitrito: Escherichia coli Enterobacter Citrobacter Klebsiella Espécies de

Qual o valor das esterases? O nível de esterase na urina está correlacionado com o número de neutrófilos presente Sinaliza infecção urinária

Quais as condições ideais para a sedimentoscopia? Três condições são necessárias: a) que a urina seja recente b) que a urina seja concentrada c) que a urina seja ácida Risco de deterioração dos elementos formados

O que pesquisar na sedimentoscopia? Células epiteliais Leucócitos Hemácias Cilindros Muco

Células epiteliais escamosas São as mais comumente encontradas na urina e com menor significado. Provêm do revestimento da vagina, da uretra feminina e das porções inferiores da uretra masculina.

Células transicionais ou caudadas O cálice renal, a pelve renal, ureter e bexiga são revestidos por várias camadas de epitélio transicional Cateterização ou instrumentação urinária Câncer

Células dos túbulos renais Isquemia aguda ou doença tubular renal, ou tóxica Necrose tubular aguda por metais pesados ou drogas Rejeição a transplante renal Intoxicação por salicilatos

Leucócitúria (Piúria) Normal: < 4 / campo Doenças infecciosas Pielonefrite Cistite prostatite e uretrite Doenças não infecciosas Glomerulonefrite Lúpus eritematoso sistêmico Tumores

Hematúria Normal: < 5 / campo Glomerulonefrites, Pielonefrites, Cistites Cálculos Tumores Traumas Menstruação Exercício extenuante Hemácias dismórficas sugere origem glomerular

O que são cilindros? São moldes mais ou menos cilíndricos do túbulo contornado distal e do ducto coletor

Cilindros hialinos A presença de 0 a 2 por campo de pequeno aumento é considerada normal Aumentados: exercício físico intenso, febre, desidratação e estresse emocional glomerulonefrites, pielonefrites, doença renal crônica, anestesia geral e insuficiência cardíaca congestiva.

Cilindros hemáticos Os cilindros hemáticos geralmente estão associados a doença renal intrínseca Aumentados: Glomerulonefrite Nefrite intersticial aguda Nefrite lúpica Hipertensão malígna Exercício extenuante

Cilindros leucocitários Indicam infecção ou inflamação renal e necessitam de investigação clínica Aumentados: Glomerulonefrite Pielonefrite

Cilindros de células epiteliais Têm origem no túbulo renal e resultam da descamação das células que os revestem Aumentados: Agressões nefrotóxicas Isquemia tubular Citomegalovírus

Cilindros granulosos São compostos primariamente de proteína Aumentados: Exercício extenuante Estresse Estase urinária Infecção urinária

Cilindros céreos Representam um estágio avançado do cilindro hialino Aumentados: Obstrução tubular Insuficiência renal crônica Rejeição de transplantes Síndrome nefrótica Glomerulonefrite Hipertensão malígna

Cilindros graxos São um produto da desintegração dos cilindros celulares Aumentados: Síndrome nefrótica Nefropatia diabética Doenças renais crônicas Glomerulonefrites

Muco O muco é uma proteína fibrilar produzida pelo epitélio tubular renal e pelo epitélio vaginal Não é considerado clinicamente significativo

Obrigado lcbertges@oi.com.br www.bertges.com.br