Jaqueline Sun Mariana Marcelli Toxicologia Forense Jaqueline Sun Mariana Marcelli no. USP 5671523 no. USP 5671652

Caso 4 M. W.; sexo masculino; 70kg; 1,75m; negro Encontrado morto em seu carro, um fusca 86, que estava com as janelas abertas e com a chave na ignição. Sem sinais aparentes de violência. Engenheiro químico, trabalhou em multinacional por dez anos. Atualmente trabalhava como assistente de vendas. Separado devido ao seu comportamento boêmio, tem filho de 3 anos e morava sozinho. No porta luvas, foi encontrado um blister de Tryptanol (amitriptilina, antidepressivo tricíclico) com 11 comprimidos faltantes e uma caixa de Tylenol com 4 comprimidos faltantes Também foi encontrada no assoalho do carro uma garrafa de água de 500mL pela metade

Hipóteses SUPERDOSE de antidepressivo (TRYPTANOL® ) Podem ocorrer mortes por superdose com essa classe medicamentosa. A ingestão de mais de uma medicação (incluindo álcool) é comum em superdose deliberada de antidepressivo tricíclico. Os sinais e sintomas de toxicidade desenvolvem- se rapidamente depois da superdose com um antidepressivo tricíclico; portanto, é necessário monitoramento hospitalar o mais rápido possível. Intoxicação por monóxido de carbono A exposição a altos níveis de monóxido de carbono causa morte por asfixia ao inibir o transporte de oxigênio pela hemoglobina

Suicídio?!? Fatores de risco: Aspectos sócio-econômicos (desemprego); Aspectos sociais e afetivos (divórcios, sentimento de solidão); Diminuição do envolvimento em atividades religiosas, Distúrbio psicológico (depressão, alcoolismo, dependência de drogas, esquizofrenia); Sofrer de doenças crônicas, incuráveis, dolorosas e terminais.

Anti depressivos Amitriptilina é um potente antidepressivo com propriedades sedativas. Agentes “indutores” de suicídios Uso de antidepressivos preciptariam suicídio?? Neutralizariam a passividade e inibição antes de afetar o humor – risco de suicídio nas primeiras semanas de tratamento (uso de 11 comprimidos).

Teste para antidepressivo e seu metabólito no sangue femoral  Resultado: amitriptilina 2,1 ng/mL; nortriptilina 3,9 ng/mL amitriptilina/nortriptilina = 0,54 A razão amitriptilina/nortriptilina > 1 indica ingestão pouco antes da morte Conclusão : não foi a causa mortis

Monóxido de Carbono Gás incolor, insípido e não irritante, subproduto da combustão incompleta de combustíveis orgânicos. Em emissões de incêndios, de motores de explosão: 3 a 7% de monóxido de carbono e da indústria siderúrgica. Deve-se esperar grandes emissões de queimadores de gás sujos ou defeituosos.

Monóxido de Carbono Ao nível do alvéolo pulmonar, combina-se irreversivelmente com a hemoglobina, formando a carboxiemoglobina. Hemoglobina: afinidade pelo CO é 210 x maior do que pelo O2. Intoxicação aguda: a absorção do monóxido de carbono e os sintomas resultantes dependem da concentração do mesmo no ar inspirado, do tempo de exposição no ambiente contaminado e da atividade do indivíduo exposto, ou melhor, do ritmo respiratório. Entre 10% e 50%, podem produzir sintomas neurológicos como dores de cabeça, tonturas, debilidade, náuseas, vômitos e colapso. A partir de 50%, já existe a possibilidade de morte, que ocorre mais rapidamente com concentrações mais altas.

Níveis de carboxihemoglobina considerados normais. Relação entre concentração de monóxido de carbono, níveis de carboxihemoglobina e efeitos clínicos.

Teste para carboxiemoglobina em sangue Resultado Carboxiemoglobina em sangue = 55% Muito acima dos níveis normais, já atingindo valor capaz de causar bloqueio das funções respiratórias, paralisia, coma e morte. Causa da morte: Intoxicação por monóxido de carbono.